sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Promoção e vivência da paz: compromisso para as pessoas de boa vontade

A paz precisa ser promovida e vivida, e não apenas ansiada. Ela não vem por si só; é preciso conformar nossa vida a ela.


A paz, ensina-nos as Sagradas Escrituras, é fruto da justiça.

A paz, ensina-nos as Sagradas Escrituras, é fruto da justiça. (Milada Vigerova by Unsplash)
Por Felipe Magalhães Francisco*
Passados os festejos de Natal e Réveillon, com seus muitos bons votos, o desejo de paz permanece? A pergunta parece inocente, pois, quem não desejaria viver em paz, sempre? Essa pergunta, no entanto, quer chamar a atenção para o fato de que a paz precisa ser promovida e vivida, e não apenas ansiada. Ela não vem por si só; é preciso conformar nossa vida a ela. Além disso, faz-se necessário que compreendamos a paz – uma que seja realmente possível – fora da idealização. Paz não significa ausência de conflitos.
Para as religiões, essa temática é fundamental, apesar de muitas vezes elas trabalharem contra a promoção e a vivência da paz. O estar e o viver em paz estão necessariamente ligados ao sentido da vida: quem está reconciliado com o próprio viver, geralmente, está e vive em paz; e mais: promove e constrói a paz. O serviço espiritual das religiões, nesse sentido, faz-se bastante importante: é um serviço que leva as pessoas ao melhor de si, o que influencia, sobremaneira, nas relações, micro e macro.
Buscar a paz é tarefa de toda pessoa, e não apenas das religiosas. Estas últimas, porém, carregam um imperativo ético-espiritual que reclama, com bastante força, o empenho na construção de uma sociedade pacificada e pacifista. Mas, aqui, é preciso ressaltar algo muito importante: a paz não é sinônimo de sossego. Este está mais relacionado ao silêncio dos cemitérios. A paz, ensina-nos as Sagradas Escrituras, é fruto da justiça. Tão logo, a busca pela paz pressupõe busca por justiça, no sentido de que todas as pessoas tenham sua dignidade garantida e exercida, sem critérios. Muitas vezes, então, a promoção da paz nos exige adentrar em alguns conflitos, que visem reafirmar e garantir a dignidade para as pessoas, sobretudo as que são mais feridas por esse sistema que corrompe e mata.
No momento em que vivemos o fortalecimento – com as inevitáveis consequências – de um discurso que promove intolerância, violência e ódio, o comprometimento de todas as pessoas de boa vontade, na busca pela promoção da paz é inevitável. Eis uma exigência ética, à qual não devemos nos furtar! A paz que precisamos é a paz que não se conforma com esse estado de morte que nos assombra e que, sem dúvidas, ameaça-nos de modo real. Buscar a paz, a verdadeira paz, que não se esconde atrás de falsas seguranças, tal como aquela querida pelos defensores do armamento.
Inspirações
A arte também é um serviço à paz. Na riqueza do repertório que compõe o cenário musical de nosso país, há muitas canções que nos inspiram a refletir sobre o verdadeiro sentido da paz, bem como nos interpelam à sua promoção e vivência. Neste Dom Especial, selecionamos três letras, a partir das quais nossos autores pautam suas reflexões e nos ajudam a aprofundar nossa temática, tão necessária. No primeiro artigo, Sorrir em paz ou com sossego?, Vitor Fernandes abre nossa conversa, chamando-nos a refletir sobre a vivência da paz no cotidiano. Na sequência, Tânia Mayer propõe sua reflexão, com forte aceno ético, no artigo Pessoas melhores, dias melhores de paz! Por fim, César Thiago Alves, no artigo A paz como revolução, leva-nos a refletir sobre o real significado da paz e sua urgência para nossos tempos.
Boa leitura!

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