Padre Geovane Saraiva*

A ressurreição é a grande verdade
que deve mexer com a nossa vida, assim como sucedeu com as comunidades, no
início do cristianismo. É uma mística a invadir toda nossa existência, ao mesmo
tempo em que se renova a nossa esperança, trazendo-nos um novo sentido, certos
de que, pela graça do ressuscitado, experimentamos a certeza da plenitude em
Deus, dom maior da vida humana. O Evangelho dos discípulos de Emaús tem a sua
parte central na explicação das Escrituras e no anúncio da ressurreição, pelo
próprio Jesus ressuscitado, tornando-se nosso irmão, amigo e companheiro de
caminhada, ao revelar o projeto salvífico do nosso Deus e Pai.
Eles sentiram a necessidade de
retornar para junto dos outros e contar a maravilhosa novidade: O Senhor está
vivo! Nós o vimos! Ele nos falou das Escrituras e comeu o pão conosco. Nosso
coração ardia pelo caminho (cf. Lc 24,13-35). O coração deles ardia,
consumia-se em chamas e inflamava-se de amor, porque ele é eterno e nele está o
sentido da vida, causando-lhes profundas motivações. Jesus ressuscitado, o qual
os discípulos reconheceram ao partir o pão, quer ficar conosco, abrir nossos
olhos e ficar no nosso meio e caminhar com o seu povo.
Emaús hoje é a nossa comunidade,
é o nosso dia a dia. Embora, muitas vezes não reconheçamos Jesus nos caminhos
da nossa vida e não acreditamos que ele está ao nosso lado, também não
acreditamos que ele ressuscitou de verdade. Mas é indispensável um profundo
desejo de encontrá-lo, num contexto de desânimo, semelhante ao percurso dos mesmos
discípulos. Falar com o Senhor ressuscitado, ouvir falar do Senhor ressuscitado
é maravilhoso! Ele quer ser consolo para nossas vidas, força nas nossas
dificuldades, luz a iluminar nossos caminhos e, sobretudo, abrir nossos olhos e
fazer arder nossos corações. Quando será que o nosso coração irá arder em
profundidade com a sua presença?
Que a experiência da Páscoa arda
em nossos corações, ao reconhecermos que, verdadeiramente o Senhor ressuscitou!
O Papa Francisco disse neste Sábado Santo de 2014: “Cada um de nós também tem
uma Galileia, o lugar da redescoberta do nosso batismo, a fonte viva, de onde
encontramos a energia, a raiz da nossa fé e da nossa experiência cristã.
Galileia significa retorno à Graça de Deus, que nos toca no início do caminho da
nossa vida cristã: a experiência do encontro pessoal com Jesus, que nos chama a
segui-lo e a participar da sua missão”. O caminho de Emaús, na nossa visão é o
mesmo. Que seja ardente o desejo do encontro com o Senhor ressuscitado, não nos
cansando de dizer: Fica conosco, Senhor!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor,
colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza,
da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente
da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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