terça-feira, 31 de julho de 2018

Ricardo Cappelli: Distraídos venceremos

por esmael
O jornalista Ricardo Cappelli afirma que se o PT não oferecer a vice ao PCdoB e o PSB for para neutralidade, a tendência é que Manuela siga candidata até o final.


Ricardo Cappelli*

Para onde vai a esquerda? Faltando poucos dias para o registro das chapas, o cenário permanece indefinido.

A bola parece estar com o PT e com o PSB. O PDT já definiu seu rumo. Marchará com Ciro, mesmo que isolado. O PCdoB, o irmão menor, mais velho e mais responsável é o único que ainda clama por unidade.

A convenção comunista confirmará a candidatura de Manuela. A gaúcha responde a um antigo anseio do partido de construir identidade própria e sair das “barbas do PT”. Na vida real, nem sempre vontade e realidade andam juntas.

Se o PT colocar na mesa a vice de Lula, este deverá ser o destino dos marxistas. A direção petista aprova a ideia, mas ela não avança. Há duas hipóteses. Pra fora o discurso é que o PT ainda espera o PSB. Os socialistas são maiores, parece um argumento razoável.

O problema é que todos sabem que o partido de Arraes está entre a neutralidade e Ciro. Não existe hipótese de apoio ao plano B do PT. O governador de Pernambuco luta para que o partido fique neutro. Carlos Siqueira, presidente da sigla, afirma que esta hipótese não existe, “que o PSB não nasceu para ser satélite de ninguém”.

A segunda hipótese para a o PT não oferecer a vice parece mais verossímil. Quando a proposta foi levantada, Gleisi foi taxativa: “é preciso consultar Lula”. O cálculo do ex-presidente se relaciona com a estratégia definida pelo PT.

Se o objetivo central é fortalecer e proteger a legenda, faz sentido deixar Manuela (65) rodar o país durante 45 dias em nome de Lula? Com o candidato preso, o vice será a grande estrela até a provável troca.

Nos últimos dias cresceram os sinais de que o PSB pode apoiar Ciro. O jornal Diário de Pernambuco afirmou que será a primeira vez, desde que Arraes ingressou no PSB, que o diretório do estado será derrotado internamente. Os movimentos de Alckmin assustaram Márcio França, que teria se deslocado em direção ao pedetista.

A convenção do PSB será no domingo. Circula ainda que o mineiro Márcio Lacerda teria declinado da vice de Ciro e que o PSB pode defender que a vaga seja oferecida a Manuela.

Mesmo com a preferência pelo PT, se isto acontecer os comunistas estarão diante de um dilema. Não será fácil dizer não a uma Frente envolvendo PDT, PSB e PCdoB.

Se o PT não oferecer a vice ao PCdoB e o PSB for para neutralidade, a tendência é que Manuela siga candidata até o final. Prevalecendo a lógica do “cada um no seu quadrado” a esquerda irá para a eleição brincar de roleta russa.

Bolsonaro tem 11% na espontânea. Pode ter 15% dos votos? Alckmin com tempo de TV gigantesco e uma imensa máquina pode chegar a 15%? É razoável imaginar que um candidato do PT alcance 15%? Ciro, sem Lula, tem 9%. Se ampliar, pode chegar aos 15%?

Marina está isolada, parece fadada a desidratação. Entretanto, quem acompanha o noticiário percebeu que a Globo continua a bater no ex-governador paulista. Ela pode ser uma reserva?

Apesar das “vacas sagradas” da análise da política brasileira cravarem que será mais do mesmo, um segundo turno entre PT e PSDB, não me parece que o jogo será tão simples assim.

A “Aliança do Coliseu”, bloco liderado pela Globo com setores neopositivistas da burocracia estatal, por enquanto só observa. Os acontecimentos recentes recomendam não subestimá-los.

Possuem um canhão midiático e, tudo indica, munição estocada.

A unidade garantiria um candidato do campo “vermelho” no segundo turno. Com a divisão, a esquerda abriu mão da frieza do cálculo político e adentrou na linda poesia do anarquista curitibano Paulo Leminski: “Distraídos venceremos”. Será?

*Ricardo Cappelli é jornalista e secretário de estado do Maranhão, cujo governo representa em Brasília. Foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) na gestão 1997-1999.

Nicarágua: multidão nas ruas em defesa da Igreja atacada pelo governo


Nicarágua a favor dos bispos

...Mas a mídia mundial, para variar, fingiu que nem viu

ANicarágua está vivendo dramáticas convulsões sociais e políticas, com forças do governo ou ligadas a ele agredindo desproporcionalmente os milhões de manifestantes que exigem a renúncia do presidente Daniel Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo – que, aliás, é mulher dele. Ortega é ex-guerrilheiro e está no poder há 11 anos pelo partido socialista Frente Sandinista de Libertação Nacional, fundado em 1961 e do qual é líder. Em janeiro de 2014, a Assembleia Nacional da Nicarágua havia aprovado a sua reeleição sem limite de vezes. Ortega conseguiu assim ser reeleito em 2016 para o seu terceiro mandato, sob questionamentos da oposição.
Mais de 440 pessoas já foram mortas nos confrontos entre manifestantes, polícia e milícias pró-governo desde o começo dos protestos populares, em 19 de abril. Entre as vítimas fatais está a jovem brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, morta a tiros na segunda-feira passada, 23.
Igreja católica tem sido um dos alvos principais do governo e dos grupos paramilitares, embora tenha sido convidada pela própria presidência nicaraguense a intermediar os conflitos no país. As milícias e o governo a acusam de incitar a população ao “ódio” – narrativa típica dessa orientação ideológica, para a qual o que é diferente da sua impositiva visão de mundo costuma ser midiaticamente vendido como “ódio”.
Foi nesse contexto que milhares de cidadãos saíram às ruas da capital Manágua neste último sábado, 28, a fim de prestarem apoio aos bisposdo país, vistos pelos participantes da marcha como “defensores da verdade e da justiça”.
cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua, agradeceu à multidão mediante mensagem via página arquidiocesana no Facebook:
“[Agradeço] aos leigos da nossa Igreja Católica, aos nossos fiéis, assim como a muitos membros de outras igrejas irmãs que se uniram a esta peregrinação, assim como a outros organismos, homens e mulheres de boa vontade que se uniram para apoiar a gestão de serviço que a Conferência Episcopal está realizando.
Sem dúvida, todos nós, bispos da Nicarágua, assumimos este pedido da Presidência de participar como mediadores e testemunhas e fazemos isto com uma atitude de serviço. Nós oferecemos um serviço, mas não buscamos ser reis, nem presidente, nem ministros, nem nada disso; apenas servidores.
“Queremos agradecer a todos estes irmãos que se manifestaram aqui em Manágua e em outras dioceses, mas pedimos especialmente as suas orações, pois isto nos fortalece”.
Confira algumas das imagens compartilhadas no Facebook pela página da Arquidiocese de Manágua:

Reportagens sobre os conflitos na Nicarágua têm sido frequentes no noticiário internacional. Para variar, porém, tanto as reiteradas agressões contra a Igreja quanto esta marcha popular de apoio a ela foram solenemente ignoradas pela maior parte da mídia mundial.

Flávio Dino: “Sarney sofre síndrome de abstinência de privilégios”

 por esmael

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que o ex-presidente José Sarney sofre de síndrome de “abstinência de privilégios” e por isso o acusa de perseguição.

“Sarney está no poder há 50 anos, de Juscelino Kubitschek a Michel Temer. Imagina euzinho perseguir alguém? Não tem aderência, é meio jocoso ele dizer isso. Ninguém aqui leva a sério”, disse Dino à Folha.

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No domingo (29), o ex-presidente acusou o governador do Maranhão de perseguir o “coitado” do Zé Sarney.

“O governo atual, a minha impressão é que tem os olhos no retrovisor, só olha para trás e o escolhido é o Zé Sarney. Coitado de mim! Nesta idade, era para ser respeitado. Entretanto, só é acusado. Acusado de ter passado a minha vida a serviço do Maranhão”, discursou durante o lançamento de sua filha, Roseana Sarney, para concorrer com Dino na eleição de outubro.

Para Flávio Dino, a vitimização talvez seja um linha que o clã Sarney venha a adotar na sua retórica do desespero.

O governador do PCdoB não poupou o velho Sarney: “É síndrome de abstinência de dinheiro público, de privilégios. Eles sempre tiveram acesso amplo aos cofres públicos para seus negócios privados e para manter seus luxos”.

Recorde: 65 milhões de pessoas estão sem ocupação no Brasil

Revista Fórum


O dado mostra crescimento de 1,2% sobre o trimestre anterior e é recorde na série iniciada em 2012, fazendo a desocupação ser a maior da história


O número de pessoas sem ocupação ou sem procurar emprego chegou a 65 ,6 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2018, segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), divulgada nesta terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado mostra crescimento de 1,2% sobre o trimestre anterior e é recorde na série iniciada em 2012.

Para o IBGE, desocupados são pessoas em idade para trabalhar, mas que desistiram de procurar emprego. A situação, chamada tecnicamente de desalento, acontece quando a pessoa deixa de procurar emprego após 3 semanas sem ocupação.

Já o número de ocupados chegou a 91,2 milhões de pessoas, uma alta de 0,7% em relação ao trimestre anterior. Nesses 3 meses foram criadas 675 mil vagas de trabalho – a maioria delas, informais. Também segundo a PNAD, ao menos 40% dos 91,2 milhões de ocupados estão em vagas informais. Isso significa dizer que 37 milhões de brasileiros têm ocupação precária.

Esses dois movimentos ajudaram a baixar a taxa de desemprego oficial. Na passagem do primeiro para o segundo trimestre, a taxa caiu de 12,6% para 12,4% Na comparação com o segundo trimestre de 2017, a queda foi de 0,6% – no segundo trimestre de 2017, a taxa era de 13%

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“Aumento da população ocupada, com base na informalidade e na geração de vagas no setor público, ajudou na queda do desemprego. Por outro lado, o aumento das pessoas que deixaram de procurar emprego, por motivos que desconhecemos ainda, também ajudou a baixar a taxa”, afirmou o coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, Cimar Azeredo.

Vídeo: Santo Inácio de Loyola


Indígenas Xikrin abrem nova batalha judicial contra a Vale

domtotal.com
Etnia do sudeste do Pará processa mineradora por retirada de cobre em área de uso tradicional, corte irregular de castanheiras e poluição de rios que servem aldeias.
A comunidade Xikrin se divide oficialmente entre as terras Xikrin do Cateté e Trincheira-Bacajá.
A comunidade Xikrin se divide oficialmente entre as terras Xikrin do Cateté e Trincheira-Bacajá. (José Cícero da Silva/ Agência Pública)
Por Naira Hofmeister

No dia 10 de julho os indígenas Xikrin deram início a mais nova investida judicial contra a companhia mineradora Vale S.A., a terceira maior empresa do Brasil, que na semana passada anunciou volumes recordes de produção e distribuição de minério.

Parte desse resultado se deu graças ao sucesso das operações no sudeste do Pará: entre vários outros êxitos produtivos da Vale, o aumento nos volumes de cobre, no segundo semestre de 2018, ocorreu especialmente pelo “forte desempenho da operação de Salobo” − justamente o alvo da recente ação judicial dos Xikrin contra a companhia.

Salobo não é a mais antiga, nem a maior, nem a mais polêmica operação da Vale no entorno da Terra Indígena (TI) Xikrin do Cateté, mas, segundo os indígenas, está fazendo estragos consideráveis no cotidiano da etnia. Encravada no coração da Floresta Nacional de Tapirapé-Aquiri, de onde extrai 100 mil toneladas anuais de cobre, entrou em operação no ano de 2012, depois de ser alvo de denúncias dos Xikrin e de cobranças de explicações por parte do Ministério Público Federal (MPF).

Com a licença de operação de Salobo vencida, os advogados dos Xikrin querem evitar que a renovação aconteça após análise do Ibama. No xadrez jurídico que essa etnia joga nos tribunais federais contra a Vale, já existem 15 processos ativos entre as duas partes, incluindo Salobo:

“Em razão da ausência de estudos de componente indígena e pelo descumprimento de condicionantes, as licenças emitidas até agora são nulas. Apenas após a apresentação dos estudos e da oitiva das comunidades indígenas é que o Ibama deverá emitir ou não uma nova licença de operação, conforme julgue viável o empreendimento”, argumentam os representantes legais dos indígenas no processo.

Eles cobram o cumprimento de um princípio básico do direito indígena, inscrito na Constituição Federal e objeto de uma norma internacional (a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho), da qual o Brasil é signatário: serem ouvidos sobre qualquer empreendimento que incida sobre seu território, seu modo de vida ou sua cultura. Esse direito estaria representado no Estudo de Componente Indígena, que deveria ter sido feito, segundo argumentam os Xikrin, antes da emissão da primeira licença à Salobo, ainda nos anos 1990.

“A Constituição do Brasil não consagrou um estudo póstumo de impacto ambiental às comunidades indígenas; ela consagrou um estudo prévio de impacto ambiental, por meio de componente indígena específico (CF, art. 225, § 1º, IV) e os órgãos ambientais, infringindo o princípio da precaução, permitiram o funcionamento” de Salobo, lamentam os advogados na inicial da Ação Civil Pública, que tramita no Tribunal Federal da 1ª Região, em Marabá.

O processo acusa de negligência Ibama, Funai, ICMBio e Iphan por não terem exigido com suficiente ênfase que a Vale projetasse os impactos de Salobo sobre os indígenas Xikrin. Por isso são réus na ação, ao lado da Agência Nacional de Mineração (o antigo DNPM) e até do BNDES, que os Xikrin esperam impedir de financiar projetos da mineradora.

Procurados pela reportagem, os órgãos públicos enviaram notas oficiais. A do Ibama foi sucinta e citou a Funai: “No momento, o Ibama analisa o pedido de renovação da Licença de Operação (LO) do Projeto Cobre Salobo. O Instituto solicitou posicionamento técnico da Funai, órgão interveniente, sobre o cumprimento da condicionante 2.11 da LO 1.096/2012, que trata das comunidades indígenas Xikrin, e aguarda as informações”. A condicionante 2.11 impõe a “preservação da integridade física e cultural das comunidades Xikrin que apresentem interface com o empreendimento”. Para os indígenas, isso significa realizar o estudo de componente indígena; mas o texto da licença obriga a empresa apenas a “demonstrar o status” das tratativas nesse sentido em relatórios anuais.

Já a Funai defendeu que os indígenas sejam ouvidos adequadamente e que eles “têm autonomia para buscar seus direitos”. O órgão indigenista deixou explícita uma insatisfação com o processo licenciatório: “A Funai tem a obrigação de proteger e promover os direitos indígenas, buscando intervir em processos que possam afetar povos e terras indígenas. No caso, a Funai não foi consultada adequadamente ao longo do processo de licenciamento”, diz a nota.

A companhia Vale S.A. se manifestou em uma linha: “A Vale ainda não foi citada na ação”.

Cultura tradicional impactada

O fato de não haver estudo de componente indígena não é mero problema burocrático. No caso de Salobo, esse documento poderia ter alertado a companhia de que a área em que o projeto se instalou é considerada pelos Xikrin de uso ancestral, embora esteja de fato fora dos limites legais de suas terras.

Todos os anos, em novembro, os Xikrin deixam as aldeias no interior da TI Xikrin do Cateté e vão até o vértice dos rios Itacaiunas e Aquiri, onde está localizado um dos melhores castanhais da área, que eles chamam Piu Prodjô. Nesse local eles montam acampamento e permanecem até março, quando termina a safra da castanha-do-pará. Mas ao abrir as clareiras por onde passam as linhas de transmissão de energia, o mineroduto e a estrada de escoamento de Salobo, a Vale derrubou, segundo a nova ação, cerca de 300 castanheiras, que foram abaixo junto com o resto da mata que estava nesses trajetos, informação confirmada pelo ICMBio.

“Nesse ambiente de mata nativa, a mineração do Projeto Salobo se desenvolveu às custas de derrubadas de centenas de árvores castanheiras, prejudicando sobremaneira a subsistência física e cultural da comunidade Xikrin do Cateté”, ressalvam os advogados dos indígenas na peça jurídica que deu início à ação.

A Vale foi autorizada pelos órgãos ambientais [ICMBio e Ibama], o que não reduz o prejuízo indígena conforme admite o próprio ICMBio: “Todas as supressões vegetais no período de 2009 a 2018 impactam áreas de coleta dos indígenas dentro da Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri. O fato dos indígenas da aldeia Xikrin coletarem castanha no interior da floresta é histórico e de conhecimento do órgão licenciador (Ibama), inclusive esta informação está presente nos estudos de impacto ambiental”, reitera o órgão em manifestação à reportagem.

Fora dos gabinetes de Brasília, o cacique Tunira Xikrin explicou com as suas palavras o tamanho do problema: “Lá tinha uma castanheira, todo o inverno a gente ia prá lá, mas agora já foi tudo acabado pela mineração de Salobo”.

Segundo o ICMBio, a mineradora já providenciou o plantio de 50 mil mudas de castanheiras para compensar as derrubadas e “atualmente está recompondo uma área de aproximadamente 500 hectares” − o que para os indígenas não é animador, pois a árvore demora 20 anos para começar a produzir.

Local de formação de guerreiros

O castanhal de Piu Prodjô está situado em uma área maior, que os mais velhos chamam Gnognhogô, que, além de ser referência para a coleta da castanha-do-pará abrigava, uma importante parte da preparação dos jovens Xikrin na dura caminhada para se tornarem guerreiros da etnia.

Se um menino é admitido como guerreiro, ele se torna liderança: pode assumir cargos de chefia nas aldeias e até nas associações, ganha responsabilidades perante os outros Xikrin e é respeitado de igual para igual pelos mais velhos. Mas para isso, passa por provas nas quais precisa demonstrar conhecimentos tradicionais e também resistência e valentia. Em Gnognhogô, as novas gerações recebiam ensinamentos sobre “elementos culturais e saberes tradicionais relacionados a caça, a pesca e a coleta de uma infinidade de espécies vegetais e não somente a castanha”, segundo anotou o antropólogo Waldenir Bernini Lichtenthaler, em um parecer encomendado pelo MPF em 2012 sobre o conflito.

Depois de ser treinado pelos mais velhos, um aspirante a guerreiro deve “caçar sozinho no mato sem medo de onça”, “braçar roça sozinho” e ser o último a voltar da pescaria tradicional indígena − que eles chamam “bater timbó”, em referência a um cipó abundante na região, que em contato com a água retira o oxigênio, obrigando os peixes a subir para a superfície, tornando-os mais vulneráveis às flechas dos Xikrin. Há provas mais ingênuas, como sentar sozinho no meio do nhobi (uma construção no centro da aldeia) e lá permanecer da tarde de um dia até a manhã seguinte sem comer nem beber água. Mas outras são assustadoras mesmo para os indígenas, como precisar derrubar uma casa de marimbondos da árvore e suportar sem chorar as picadas dos insetos, explicou à Pública um dos guerreiros da aldeia Djudje-kô, da TI Xikrin do Cateté, Bep-Krá.

Reduto da memória dos velhos

Os velhos, por sua vez, também se ressentem do que consideram uma invasão do território Xikrin pela Vale − eles sabem que existe uma área demarcada, mas sua memória tem registradas excursões que extrapolavam em muito esse domínio registrado oficialmente.

Em um relatório sobre a etnia, a antropóloga Isabelle Vidal anota esse fato: os Xikrin ocuparam e transitaram “por um vasto território que incluía o igarapé Sossego, o rio Parauapebas, percorrendo trilhas até o rio Bacajá”, além de terem chegado, ao sul, “até os limites da atual Terra Indígena Kayapó, chegando perto da cidade de Conceição do Araguaia”. “A oeste, transitavam por áreas que ultrapassam a região das serras do Onça e do Puma. Em toda essa região, há locais com referências históricas dos Xikrin”, completa.

Bem no ponto onde a Vale instalou Salobo, e que está fora dos limites oficiais das duas terras que a etnia habita, os velhos asseguram que estava assentada uma antiga aldeia Xikrin, a “aldeia grande” chamada Pukati ãgore.

“A aldeia Pukati ãgore está situada no caminho do Kakarekré para o Bacajá – tem um rio que chama Mruiaroti nho gnõ – rio Boto na língua de branco. Fica para lá do rio Aquiri, indo em direção ao Salobo”, registrou Bepkaroti Xikrin em entrevista a Isabelle Vidal.

Esse local guarda um cemitério indígena, e, embora os Xikrin não tenham costume de fazer culto aos ancestrais − conforme salienta o antropólogo Cesar Gordon, da Universidade Federal do Rio de Janeiro −, eles têm o hábito de fazer uma manutenção anual no local. Segundo o cacique Tunira, os indígenas limpam a área e assim prestam reverência aos mortos − é um ritual parecido com o que fazem os ocidentais católicos no Dia de Finados, quando é comum levar flores ao cemitério e limpar as lápides de entes queridos que já partiram. Mas no ano passado, quando os velhos se embrenharam na mata para essa missão, não reconheceram o caminho até o local e acabaram perdidos. “Ninguém não achou, só encontrou a estrada, tá tudo mudado, tem entrada pra trator, picada, essas coisas”, lamenta o cacique Tunira.

“Independentemente dessa ausência de elemento religioso, toda a área guarda um sentido histórico e identitário para os índios. Mesmo considerando que a região tem uma importância econômica para o país, era de se esperar da Vale e do órgão indigenista mais respeito à história dos Xikrin. Por que a Vale não ajuda a criar um projeto sério de estudo histórico e arqueológico daquela área, com produção de documentos e registros?”, provoca Gordon.

Encontro da paz

A comunidade Xikrin se divide oficialmente entre as terras Xikrin do Cateté, mais ao sul, e Trincheira-Bacajá, cujo limite norte chega quase até Altamira. No ponto em que estão mais próximas uma da outra, são cerca de 150 quilômetros de distância − exatamente pelo corredor onde foi aberta a mina de cobre e instalada a usina de beneficiamento de Salobo.

No passado, a etnia vivia toda junta, andando por esse vasto território. Mas, em algum momento do século XX, houve essa cisão e os Xikrin se dividiram entre as 13 aldeias ao norte e as três ao sul. A partir do projeto da Vale, os indígenas passaram a ser obrigados a fazer um desvio na rota tradicional para visitar os parentes. Tunira, que vive na aldeia Kateté, na TI Xikrin do Cateté, planejava visitar os avós em Trincheira Bacajá, e, mesmo se programando para sair cedo da manhã, chegaria apenas de tarde: “Vou ter de pegar a rota grande”, justificou.

Chegou a haver guerra entre os dois lados e, quando a paz finalmente se instalou, a região onde hoje está Salobo se transformou em espaço de convívio.

“É uma área reconhecida pelos mais velhos como a região de andança dos povos juntos, uma coisa que une esses povos, hoje separados por esta obra. Eles iam até esse lugar, conviviam e depois se separavam novamente”, revela a antropóloga Thais Mantovanelli, que pesquisa impactos da Usina de Belo Monte sobre os indígenas da Volta Grande do Xingu, os Xikrin de Bacajá inclusos.

Os índios se queixam ainda de que houve piora nas condições ambientais de vários rios no entorno do empreendimento e até de que os animais que caçam estão escasseando em razão do ruído provocado pela operação de Salobo. “Peixe virou punura [ruim, estragado] também. Nem dão coisa nenhuma para a gente, tão só tirando, tirando, acabando com tudo aqui”, se revolta o cacique Tunira.

A questão está em aberto até agora, conforme assinala o procurador da República Ubiratan Cazetta, que acompanha diversos processos judiciais que opõem os Xikrin e a Vale: “Há muito os Xikrin questionam essa operação. Não é difícil imaginar que é historicamente habitada por eles, embora do ponto de vista formal não esteja dentro da área demarcada. A questão toda acaba em uma pergunta: quanto o projeto influencia a área indígena? Esse é o parâmetro para se ter a consulta prévia, haver impacto comprovado. A legislação é complexa, é difícil dizer, mas eu não afastaria essa possibilidade”.

Estrangulados pela mineração

A frente contra Salobo não é a única batalha dos Xikrin contra a Vale na região da bacia do Itacaiunas, onde está localizada a TI Xikrin do Cateté. Eles questionam também a operação de Onça Puma, acusada de contaminar com metais pesados as águas do rio que é o centro da vida dessa comunidade e dá nome à sua terra − o Cateté. Esse processo está em fase de perícia técnica, que pode detectar com precisão os impactos da extração e beneficiamento de níquel sobre o rio.

Eles se voltaram também contra S11D, que a empresa apresenta na internet como “o maior projeto de mineração do mundo”, e discutem, ainda, na Justiça, um mecanismo capaz de garantir que as compensações financeiras que a Vale paga pelo empreendimento mais antigo na região − Ferro Carajás − sejam aplicadas segundo uma lógica comunitária pelos indígenas, com o objetivo de assegurar a futura autonomia produtiva e econômica da etnia.

Mas a Vale possui 14 empreendimentos em funcionamento no entorno da TI Xikrin do Cateté. Embora todos tenham impacto sobre o modo de vida tradicional dos Xikrin, não há nenhum cálculo sobre a ação em conjunto desses projetos na vida indígena. Eles se sentem estrangulados pela mineração, que reduz suas possibilidades de deslocamento fora dos limites estabelecidos e é fator de poluição de ar e água na região. No caso em questão, as vistorias do Ibama no igarapé Salobo e no rio Itacaiunas, em trechos próximos à lavra e à usina, revelaram turbidez maior nas águas, o que pode modificar as características de fauna e flora aquáticas. Também foram registrados níveis de elementos químicos e de metais acima dos permitidos − a empresa foi alertada para tomar providências. Os Xikrin temem que esses cursos d’água acabem como o próprio Cateté, rio que dá nome à TI e que apresenta volumes de metais pesados incomuns em seu leito desde que Onça Puma entrou em operação. Uma complexa perícia técnica está em andamento para estabelecer a responsabilidade da mineradora na contaminação.

“Os impactos como um todo são cumulativos. Há Onça Puma, Salobo, um conjunto de operações que não podem ser vistas autonomamente, porque fecham um bloco de influência que atinge a comunidade”, concorda o procurador da República Ubiratan Cazetta.

Entretanto, nem os estudos de impacto nem as decisões judiciais levam em consideração essa sinergia de projetos. “Nesse aspecto, eles estão invisibilizados”, lamenta o representante do MPF.

A profusão de jazidas minerais nessa região habitada pelos Xikrin foi, inclusive, responsável pela retirada de uma parcela de suas terras a oeste, onde hoje está localizada a Mineração Onça Puma, fatos já denunciados pelos indígenas.

“Se olhar o mapa de mineração, essa terra indígena está inteiramente requisitada pelas empresas: tanto dentro como fora de seus limites, no entorno, ela está todinha cheia de requerimentos”, alerta a coordenadora do programa de monitoramento de áreas protegidas do Instituto Socioambiental (ISA), Fany Ricardo.

De fato, o levantamento anual da entidade sobre interesses minerários em terras indígenas mostra que 99% do subsolo dentro da TI Xikrin do Cateté já possui protocolos formalizados na Agência Nacional de Mineração para extração de minérios. Onça Puma, por exemplo, que opera lavras a poucos quilômetros da borda da reserva, já possui alvos registrados dentro de seus limites − e eles são muito maiores do que os explorados atualmente.

Por enquanto, a mineração em terras indígenas está vedada porque falta regulamentar um artigo da Constituição Federal que organiza a atividade, assegurando a soberania dos povos silvícolas sobre a decisão e a participação deles nos resultados financeiros de mineradoras.

Agência Pública, 30-07-2018.

Hélio Bicudo, um dos autores do impeachment de Dilma, morre aos 96 anos

 por esmael
O jurista Hélio Bicudo, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, morreu nesta terça-feira (31) aos 96 anos.
Apesar de ser um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Bicudo não titubeou em assinar a petição para derrubar a presidenta eleita juntamente com Janaina Paschoal e Miguel Reale Junior.

Após o golpe contra Dilma, Hélio Bicudo mostrou arrependimento. Na montagem do ministério por Michel Temer, o jurista disse que Geddel Vieira Lima (MDB-PR) jamais deveria ter cargo no governo.

Há mentes parvas dizendo que Bicudo ‘se foi’ ao saber que Janaina seria vice de Jair Bolsonaro (PSL).

Hélio Bicudo morreu na manhã de hoje em sua casa, nos Jardins, em São Paulo.

Netflix garante 'final à altura' para 'House of Cards' sem Kevin Spacey

 domtotal.com
A nova fase da série foca em Robin Wright, que interpreta a inescrupulosa esposa de Frank, Claire.
Cena da série House of Cards, quinta temporada.
Cena da série House of Cards, quinta temporada. (Divulgação)
Por Lisa Richwine

Uma executiva da Netflix prometeu no domingo um "final à altura" para a elogiada série política da plataforma "House of Cards", mas não divulgou como os produtores do programa vão explicar a saída do protagonista Kevin Spacey após escândalo sexual.

"House of Cards" fez o nome da Netflix como produtora de conteúdo original quando foi lançada em 2013, estrelando Spacey como o ambicioso político Frank Underwood. A nova fase da série foca em Robin Wright, que interpreta a inescrupulosa esposa de Frank, Claire.

"Estamos muito orgulhosos da série, e é um final à altura", disse Cindy Holland, vice-presidente de séries originais da Netflix, respondendo a uma pergunta durante evento da associação de críticos de TV, onde emissoras promovem novos programas.

"Sempre planejamos para a sexta temporada ser a última, e estamos orgulhosos do trabalho de Robin" e do resto do elenco e da equipe, acrescentou. A plataforma de streaming ainda não anunciou a data de estreia da nova temporada.

"House of Cards" foi um divisor de águas para a televisão, com a Netflix lançando todos os episódios da primeira temporada de uma única vez. A série foi amplamente elogiada pela crítica.

Em novembro de 2017, a Netflix cortou laços rapidamente com Spacey após alegações de assédio sexual. O ator foi acusado por mais de 20 homens e não fez nenhuma declaração pública desde que pediu desculpas sobre o primeiro caso em outubro de 2017.

Cinco anos após apostar em "House of Cards", a plataforma pretende lançar cerca de 700 séries, filmes e outros conteúdos originais em todo o mundo neste ano. A grande quantidade tem levantado dúvidas sobre se a Netflix pode continuar produzindo programas com alto nível de qualidade.

"Estamos mantendo a qualidade à medida que crescemos contratando talentos brilhantes que são apaixonados pelas histórias que querem contar e os dando espaço criativo".

Reuters

Lula poderá aparecer no horário eleitoral da TV, diz advogado

31 de julho de 2018 por esmael


O advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira afirma que a Lei Eleitoral garante a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no horário eleitoral gratuito.


Portanto, segundo o jurista, é falsa a ideia de que “ex officio” os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderão barrar a aparição do petista no programa de TV do PT.

Segundo Pereira, o artigo 16-A da Lei Eleitoral permite que candidato “cujo registro esteja sub judice” participe de “todos os atos” da campanha, inclusive na TV.

“Excluir o ex-presidente seria descumprir o rito processual”, rebate o advogado de Lula.

A propaganda no horário eleitoral começa no próximo dia 31 de agosto. O PT anunciou o registro do ex-presidente dia 15 de agosto, em Brasília, durante uma marcha até o TSE.

Inácio, o santo peregrino na busca da vontade de Deus

domtotal.com
Dia 31 de julho é a festa de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, (Jesuítas).
Inácio foi um peregrino de Deus, um buscador da vontade divina.
Inácio foi um peregrino de Deus, um buscador da vontade divina. (Reprodução)
Por Carlos César Barbosa, SJ*

A vida dos santos sempre nos provoca de algum modo. Seja pelo heroísmo, pelo martírio, pela humildade, pela audácia, ou pela síntese desses e outros tantos méritos. Contemplar a vida de um santo hoje deveria nos desafiar. Não se trata de começar por onde os santos terminaram, mas de trilhar um caminho próprio à luz do encontro pessoal com Cristo e seu projeto de Reino. Como seria bom se os muitos santos e santas que ostentamos em nossos altares nos inspirassem mais que apenas devoção e piedade. Contemplar a vida dos santos é aprender deles e fazer despertar em nós o desejo de viver a radicalidade do Evangelho, nas coisas simples do nosso cotidiano e frente às dificuldades de nosso tempo.

Dia 31 de julho é a festa de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, (Jesuítas). Ele foi um desses homens que em seu tempo, uma vez se encontrado com o Cristo pobre e humilde, desejou segui-lo.

Nascido em Azpeitia, Espanha, em 1491, Íñigo, que adotaria o nome de Inácio, seguiu carreira militar, mas ao cair ferido na batalha de Pamplona, em 1521, teve sua vida mudada radicalmente. Durante sua recuperação, em Loyola, quis ler livros de cavalaria, porém, na casa em que estava os únicos livros que havia eram a Vida de Cristo e a Vida dos Santos. Sem muito interesse, começou a ler e acabou tomando gosto pela leitura. O jovem Inácio sentiu-se provocado a tal ponto pela vida dos santos, que sentiu o desejo de imitá-los em suas façanhas. Ele pensava consigo: "E se eu fizesse isso que fez São Domingos? Ou isto que São Domingos praticou?”. A partir desse episódio, Inácio trilhará um longo caminho de conhecimento de si, de Deus e do mundo, que o transformará por inteiro, levando- o a se tornar o santo que conhecemos hoje. Passando os seus últimos anos em Roma, governando a Companhia de Jesus, Inácio morreu em 31 de julho de 1556 e, em 1622, foi canonizado pelo papa Gregório XV, no mesmo dia que outros grandes santos: Isidoro Lavrador, Teresa de Ávila, Felipe Neri e Francisco Xavier.

Olhando para a história de Inácio podemos nos perguntar o que a sua vida pode nos inspirar ainda hoje. Para ficarmos em apenas dois pontos, dos muitos que mereceriam ser destacados, deixemos nos provocar pelo Inácio Peregrino, que busca sempre encontrar a vontade de Deus em sua vida e em seus projetos.

Inácio foi alguém em constante peregrinação interior, acompanhada muitas vezes de uma peregrinação exterior, tanto que em sua autobiografia, ele é identificado como “o Peregrino”, pois a sua vida nova começa justamente com uma partida, com o pé na estrada. Em 1522, ele abandona sua casa em Loyola para ir a Jerusalém, passando por experiências significativas em Montserrat e Manresa. A peregrinação do santo continuou pela Itália, onde visitou Veneza e Roma, passando pelo Chipre e embarcando, por fim, para a Terra Santa.

Ao ler a experiência do peregrino, trazendo-a para os nossos dias, podemos dizer que peregrinar hoje é mais do que traçar longos caminhos e empreender grandes viagens. Ao exemplo de Inácio, é dar um passo a mais, encontrar o novo e estar sempre em busca da “maior glória de Deus”. O Inácio Peregrino contempla a novidade do caminho e vive com profundidade, até os limites extremos. Ele vive o despojamento radical de si e de tudo o que tem. Tornar-nos peregrinos é contemplar uma face nova da nossa vida, é sair da acomodação ou, ainda, como lembra Dom Helder Câmara, “é parar de dar voltas ao redor de nós mesmos, como se fossemos o centro do mundo, da vida; é não deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos, pois, a humanidade é maior”.

Um segundo ponto da vida de Inácio que pode nos iluminar hoje é buscar e encontrar a vontade de Deus, à luz do discernimento. Em 1538, Inácio e seus primeiros companheiros chegam a Roma para se colocarem à disposição do Papa para que ele os enviasse aonde julgasse mais útil. Eles, portanto, teriam que decidir se iriam permanecer unidos enquanto grupo de amigos e de qual modo se daria isso. Surge então um grande questionamento: qual será a vontade de Deus para cada um e para todo o grupo?

Nesse processo de descoberta da vontade de Deus esteve presente o discernimento, a oração e a escuta atenta de si, dos outros e de Deus. Tal processo de busca e discernimento culminou na fundação da Companhia de Jesus, que acabou sendo aprovada pelo papa Paulo III em 1527.

Nossa vida, igual a de Santo Inácio, também se vê envolta por questões que exigem discernimento e a busca da vontade de Deus, que nem sempre se apresenta de modo claro e explícito. Sucessiva e indefinidamente, as dificuldades surgem e devemos solucioná-las. Então também podemos nos perguntar: como buscar e encontrar a vontade de Deus, em meu cotidiano, em  meus projetos? Esse exercício de fé e confiança passa por nossa liberdade e por nossas decisões. Aqui, cabe o constante exercício do discernimento, da oração e da escuta: de si, do outro e escuta de Deus. Que espaço e protagonismo Deus tem tido em minhas decisões, dúvidas e questionamentos? Como tenho buscado e encontrado a sua divina vontade? É sempre oportuno nos perguntarmos.

Inácio foi um homem com os defeitos e qualidades próprios do seu povo e de sua época. Nós também o somos hoje. Inácio foi um peregrino de Deus, um buscador da vontade divina, alguém que escutou e discerniu constantemente, que transmitiu sua experiência, que se apaixonou por Cristo e inspirou outros tantos a fazerem o mesmo. E isso nós também podemos fazer, em nosso tempo, em nosso cotidiano, do nosso modo.

*Carlos César é graduado em Relações Internacionais pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Estudou na Universidad de La República (UdelaR), em Montevideo. Atualmente estuda na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. (FAJE); é jesuíta. E-mail: carloscesarsj@outlook.com

SOMOS MILHÕES! Lula É Líder Até No Facebook, Aponta Levantamento

Por Redação Click Política  Em 30 jul, 2018

 

POR MARIA LUIZA ABBOTT E MARCELO STOPPA, jornalistas

O engajamento com o ex-presidente Lula no Facebook vem crescendo nos últimos três meses, ultrapassando o de todos os pré-candidatos, segundo indicam os dados da pesquisa da AJA Solutions. Desde o começo de maio até o fim de julho, o total de curtidas, reações, compartilhamentos e comentários em postagens com a página LulaOficial fechou acima da marca dos 15 milhões.



Em julho, o engajamento com a página do ex-presidente passou de 5,6 milhões, um crescimento de 12,57% em relação a maio. Na comparação, o deputado Jair Bolsonaro vem perdendo a guerra da comunicação no Facebook. Em maio, o engajamento com sua página superava a de Lula, mas a perda de ritmo lhe tirou a liderança, e em julho registrou 4,5 milhões, mais de 1 milhão a menos do que a página do ex-presidente.

O desempenho do perfil @LulaOficial no Twitter oscilou bastante em julho, depois de bater recorde no domingo, dia 8, como o vai-e-vem da Justiça sobre sua saída da prisão.

Fechou o mês com uma fatia de 16,9% de relevância e visibilidade (R&V) no Twitter, pouco maior que a do fim de junho (16%). Já Bolsonaro recuperou sua fatia de (R&V) na terceira semana de julho, que voltou a cair entre 20-27 julho (27%), mas ainda está acima do que era no fim de junho (22%).

Os indicadores de eficiência da campanha de Bolsonaro mostram ainda que apesar de o perfil ocupar uma parcela maior do total de R&V no Twitter esta semana, sua comunicação enfrenta dificuldades em alcançar usuários que acompanham a eleição, mas não estão entre seus seguidores.

As métricas também indicam que a visibilidade de outros candidatos têm crescido, e isso acaba por dividir a atenção dos internautas de maneira mais uniforme, ameaçando grandes percentuais de predominância. É de destacar ainda que a limpeza que o Twitter fez para eliminar perfis inativos e falsos afetou todos os candidatos. Ainda assim, Lula fechou julho com 20,5 mil seguidores a mais, enquanto Bolsonaro obteve apenas 240 a mais. O número de seguidores não significa eleitores, porque as pessoas podem seguir por curiosidade ou estratégia, por exemplo, mas o seu aumento significa que mais pessoas estão interessadas na mensagem do candidato. Especialmente em ambiente de faxina, um aumento no número de seguidores está diretamente ligado à melhor qualidade da audiência.

Entre os demais políticos que tem boas posições nas pesquisas de intenção de voto, Marina Silva (Rede) teve o melhor desempenho no Facebook na comparação com Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). O engajamento com o perfil dela cresceu 154% entre maio e julho, mas ainda assim, o total de curtidas, reações, compartilhamentos e comentários ficou em modestos 653 mil em julho.

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) foi o que obteve maior expansão da fatia de relevância no Twitter, que saltou de pouco mais de 3% na primeira semana de julho para mais de 12% no período entre 20-27. Porém, ele não tem motivos para comemorar. A agenda da semana foi dominada pelas notícias de seu acordo com os partidos do Centrão e o forte aumento de sua R&V foi causado pela rejeição. Suas postagens provocaram comentários e tuítes negativos que elevaram a visibilidade dele.

O candidato do PDT, Ciro Gomes, teve baixo desempenho no Facebook, com queda de engajamento em julho comparado a junho, e perdeu relevância no Twitter entre a primeira e a última semanas de julho. Entre os candidatos com menos votos nas pesquisas de opinião,João Amoêdo (Partido Novo) obteve o terceiro maior aumento de engajamento no Facebook nos últimos três meses. No entanto, perdeu fôlego em julho, com queda no engajamento de 9,3% em relação a junho. No Twitter, a fatia de R&V de Amoêdo vem crescendo e nas últimas duas semanas, ele ficou acima do patamar de relevância – piso de visibilidade para que os pré-candidatos consigam gerar diálogo em volume suficiente para que sua mensagem seja ouvida e tenha potencial para ser usada como instrumento de persuasão na busca de votos.

O engajamento com Manuela D’Ávila (PC do B) no Facebook cresceu 30% em relação a maio – chegou a 1,2 milhão em julho, mas caiu em relação a junho. No Twitter, sua fatia no total de R&V manteve-se estável em 11,7% no período de 20-27 de julho. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, registrou queda de engajamento no Facebook na comparação de julho com maio. No entanto, sua fatia no total de R&V passou de 10.8% na última semana de junho para 13.1% no período de 20-27 de julho.

A definição do tempo de TV dos candidatos já está praticamente fechada e cresce a disputa pela atenção do eleitor em potencial nas mídias sociais. Houve aumento de postagens e mudanças de estratégias dos candidatos na busca de elevar a ressonância entre seguidores do Twitter e do Facebook. Ao mesmo tempo, já se observa uma iniciativa de reduzir a importância da TV, especialmente entre aqueles candidatos que terão pouco ou nenhum espaço no programa eleitoral gratuito.

A timeline de Amoêdo no Twitter começou ostensivamente a boicotar o programa eleitoral. Bolsonaro também critica as alianças para aumentar o tempo de TV – embora tenha tentado fechar com outros partidos em busca de maior exposição. Sem sucesso, ele prometeu criar um “horário eleitoral do B” para concorrer com o programa na TV. No outro extremo, está Alckmin, que tem baixo desempenho nas mídias sociais e fechou um acordo com os partidos do Centrão para aumentar seu tempo na TV – terá cerca de 40% de todo horário eleitoral gratuito.

Os indicadores métricos e a análise de campanhas eleitorais realizadas até aqui mostram que a combinação de espaço nas mídias – tradicional e redes sociais – é o melhor caminho para atrair a atenção do eleitor. A eleição no Brasil pode ser uma batalha decisiva na guerra que vai definir se a TV mantém o poder que tinha ou foi superada pelas mídias sociais.

Mecanismos da guerrilha ideológica nas redes sociais

Os diálogos nas mídias sociais ganharam relevância na medida em que a grande mídia passou a reconhecê-los como um indicador de assuntos relevantes. É uma prática comum olhar os “trending topics” no Twitter, por exemplo, em busca de inspiração para pautas, sobretudo quando movimentações sociais importantes utilizaram as redes para coordenar ações como os Indignados na Espanha ou a Primavera Árabe. Muitas vezes, são parte integral da cobertura de grandes eventos e manifestações feita pelo meios de comunicação clássicos.

Predominam as evidências de que as pessoas, em sua maioria, subscrevem apenas a tópicos e usuários próximos de suas preferências e criam no entorno uma zona de conforto que valida suas opiniões, ajudados por algoritmos que detectam as preferências de acordo com a atividade de cada um nas redes. Nesse contexto, os “trending topics” são uma janela curiosa que oferece uma vista do que é incomum, oferecendo a oportunidade de sair da “bolha”. Para ver o que está acontecendo no mundo, outras narrativas, basta dar um clique na lista de hashtags.

Há entre os usuários a confiança de que os assuntos do momento sejam realmente sobre o que está se falando nas redes, mas, na verdade, as tendências podem ser criadas artificialmente por mecanismo bem conhecido e exaustivamente discutido em textos acadêmicos: (1) uma mensagem que se encaixa em uma narrativa existente, mesmo se obscura; (2) um grupo de seguidores fiéis e sensíveis à mensagem; (3) um pequeno time de agentes ou guerrilheiros cibernéticos; e (4) uma rede de robôs. Em seguida, a mensagem ligada aos trending topics é distribuído.

Por exemplo, um dos assuntos do momento no Twitter nesse instante é o jogador Neymar (personagem de narrativa existente e recente, por conta da Copa do Mundo), ao clicar no link para saber o que está acontecendo (por ser um fã de futebol ou ter conhecimento pré-existente sobre a atuação do jogador no Mundial), não se vê apenas usuários que são apaixonados por futebol. Há comentaristas políticos, sites de humor e guerrilheiros cibernéticos que seduzem a audiência com memes, humor, duras críticas: todos tentando ganhar visibilidade, mantendo-se relevantes à pauta do dia (os agentes).

Durante a Copa, alguns pré-candidatos teceram comentários ou fizeram memes relacionados ao futebol com este objetivo. Além de aderir aos tópicos pré-existentes, é possível coordenar ações de curtidas e compartilhamentos com seguidores fiéis ou robôs, uma segunda tática para criar uma realidade alternativa em torno de um assunto com o objetivo de formar opinião. A imagem abaixo mostra o processo de formação de opinião e distribuição de propaganda utilizando um assunto do momento.

Essa maneira de distribuir propaganda em redes sociais foi observada e estudada de forma aprofundada em ações online praticadas pelo Estado Islâmico e durante a eleição presidencial americana de 2016. O abuso dessa prática e o resultado da eleição americana levaram redes sociais como Twitter e Facebook a um esforço de eliminar robôs, usuários que praticam ações coordenadas.

Recentemente, o Movimento Brasil Livre teve páginas apagadas pelo Facebook. Enquanto o Facebook pratica governança demandada por investidores e usuários, o MBL acusa a plataforma de perseguição ou censura, o que se encaixa na narrativa existente da propaganda que o grupo veicula. O Facebook tem apresentado queda acentuada no número de usuários por dois motivos principais: a preocupação crescente dos internautas com a privacidade (sobretudo depois do escândalo da Cambridge Analytica) e as guerras de informacionais, que têm trazido um sentimento desagradável aos usuários.

A empresa espera recuperar-se priorizando novos algoritmos que deixam os usuários mais protegidos em bolhas informacionais e adotando formatos de publicação mais efêmeros, como os Stories. Nesta semana, a pesquisa da AJA analisou 850.710 interações entre 417.021 usuários no ecossistema das eleições no Twitter. Os mapas de relevância e visibilidade e de influência e afinidade dos pré-candidatos revela os erros, acertos e os caminhos que podem ser feitos para ganhar relevância na rede.

Redação Click Política

segunda-feira, 30 de julho de 2018

A NECESSIDADE DE CONSTRUIR PONTES, NÃO MUROS

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O mundo precisa de uma nova liderança para construir pontes, não muros, afirma o Papa na mensagem aos 500 teólogos reunidos em Sarajevo.
Por Joshua J. McElwee
Entre os dias 26 a 29 de julho realizou-se uma reunião inédita em Sarajevo, com cerca de 500 teólogos morais e eticistas com o apoio do Papa Francisco. Em uma carta ao evento, o Pontífice elogiou o foco em discernir como os acadêmicos podem responder melhor à mudança global no atual ambiente geopolítico.

A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter. A tradução é de Victor D. Thiesen.

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Em uma nota de três páginas lida em voz alta no início da conferência “A Critical Time for Bridge-Building: Catholic Theological Ethics Today” (Momento Crítico para Construir Pontes: Ética Teológica Católica Atual, em português), Francisco afirmou que tem “apreciado esse esforço” desde que se reuniu com os organizadores do evento no início do ano.

O tema do evento, disse Francisco, foi "a necessidade de construir pontes, não muros".

"Eu continuo repetindo isso na esperança de que as pessoas em todos os lugares prestem atenção a essa necessidade, que é cada vez mais reconhecida embora às vezes sofra resistência por medo. Somos chamados a reconhecer todos os sinais e mobilizar toda a nossa energia para remover os muros de divisão e construir pontes de fraternidade em todos os lugares do mundo", afirmou o Papa.

Mencionando que a conferência considerou particularmente como os teólogos podem abordar questões como a mudança climática e o tratamento de migrantes e refugiados, o Papa disse que no atual ambiente geopolítico "complexo e exigente", há uma necessidade de indivíduos e instituições capazes de assumir uma liderança renovada.

"Não há necessidade, por outro lado, de lançar slogans que muitas vezes permanecem vazios, ou de antagonismo entre os partidos que disputam a posição da frente. Precisamos de uma liderança que possa ajudar a encontrar e colocar em prática um modo mais justo de todos nós vivermos neste mundo compartilhando um objetivo comum", ressaltou Francisco.

A conferência de Sarajevo foi organizada pela Teologia Ética Católica na Igreja Mundial, uma rede de acadêmicos que começou em 2002 e agora possui cerca de mil membros. Pessoas de quase 80 países participaram do evento que durou quatro dias, e se desenvolveu com palestras plenárias, painéis de discussão e algumas sessões.

A carta de Francisco aos participantes da conferência foi lida em voz alta durante a cerimônia de abertura do evento, na noite de 26 de julho, pelo arcebispo Luís Pezzuto, núncio apostólico na Bósnia-Herzegovina.

O evento de Sarajevo foi a terceira conferência internacional organizada pelo grupo de ética teológica após os eventos em Pádua, em 2006, e Trento, em 2010, ambos na Itália. O primeiro focou principalmente em como os teólogos podem se envolver numa sociedade mais ampla. Em sua carta, Francisco elogiou a iniciativa pela maneira como conectou acadêmicos de vários continentes.

Citando o documento apostólico de dezembro de 2017, Veritatis Gaudium, que atualizou as normas das universidades e faculdades pontifícias, Francisco observou "a necessidade urgente de fazer contatos entre as instituições de todo o mundo que cultivam e promovem estudos eclesiásticos".

"Eu encorajo vocês, como homens e mulheres que trabalham no campo da ética teológica, a serem apaixonados por tal diálogo e rede de trabalho", disse Francisco à conferência.

"Essa abordagem pode inspirar análises que serão ainda mais perspicazes e atentas à complexidade da realidade humana. Vocês mesmos aprenderão ser cada vez mais fiéis à palavra de Deus, e mostrar solidariedade com o mundo ao qual vocês não são chamados a julgar, mas a oferecer novos caminhos”, completou.

A conferência de Sarajevo foi aberta em 26 de julho com um discurso do padre jesuíta James Keenan, um dos três co-presidentes do evento. Keenan, que também é diretor do Instituto Jesuíta do Boston College, disse que os acadêmicos se reuniram porque reconheceram que, em meio às recentes mudanças geopolíticas, "precisam estar engajados".

"Em um mundo onde o populismo nacionalista destrói qualquer cooperação global, onde o abandono do acordo de Paris espelha o abandono de migrantes e refugiados, onde a civilidade é sacrificada pela banalidade do interesse próprio e o comum é pisoteado, precisamos ser globalmente conectados e ativos, abandonando a dominação do Norte e olhando além dos interesses locais", disse Keenan.

"Precisamos continuar crescendo, aprofundando nossa rede de trabalho, fazendo com que ela se torne mais eficaz e responsiva a um mundo e a uma Igreja em extrema necessidade. Temos a capacidade, os recursos e o compromisso para fazer isso", acrescentou.

Keenan, que fundou a rede de trabalho em teologia ética, também anunciou que ele e a teóloga do Trinity College, em Dublin, Linda Hogan, estão deixando o cargo de co-presidentes do grupo global como parte de uma nova fase em seu crescimento.

Kristin Heyer, do Boston College, permanecerá como co-presidente da rede e será acompanhada pelo carmelita indiano, Shaji George Kochuthara, do Dharmaram Vidya Kshetram e Andrea Vicini, italiano também do corpo docente do Boston College.

"Hoje devemos começar novamente, atentos à urgência, mas ainda mais conscientes dos diversos talentos aqui presentes. A partir de agora, devemos crescer, incluir, inovar e expandir. Temos que ir além de nós mesmos", afirmou Keenan.

Francisco mencionou a mudança de liderança em sua carta, dizendo que gostaria de se juntar aos participantes da conferência para agradecer a Keenan e Hogan por seu trabalho e que vai lembrar dos novos co-presidentes em suas orações.

Também falando na inauguração estavam o cardeal de Sarajavo, Vinko Puljic, e Elma Belsic, membro da Youth for Peace, organização da cidade que tem como objetivo ajudar a educar os jovens e incentivar o ativismo pela paz.

Belsic disse que seu grupo quer formar uma comunidade ética que saiba questionar o que é certo e errado e entende que "escolher um caminho certo exige trabalho duro".

"Eu realmente espero que este grande encontro nos ajude a lutar juntos pelos valores certos de amor, paz e convivência", disse ela.

Nota IHU On-Line

Sarajevo foi uma cidade cercada do dia 5 de abril de 1992 até 29 de fevereiro de 1996, completando um total de 1.425 dias, na Guerra da Bósnia, um dos conflitos armados na grande Guerra Civil desencadeada com a fragmentação da Iugoslávia. Esse foi o maior cerco de guerra à uma cidade que se tem registro. Calcula-se mais de 13.900 mortos durante o cerco. Estima-se que a população de Sarajevo reduziu em quase 200 mil habitantes no período da guerra, passando de 525 mil, no censo de 1991, para algo entre 300 e 380 mil, em 1996. O cerco foi feito pelo exército da Sérvia depois de a Bósnia-Herzegovina declarar independência à antiga Iugoslávia.

A Bósnia-Herzegovina é um território constituído de uma população predominantemente muçulmana. Dentro do território iugoslavo compunham uma minoria religiosa e étnica, exterminada por séculos, e negligenciada pelo Ocidente. Durante a Guerra da Bósnia os exércitos dos novos países, Croácia, de maioria católica, e Sérvia, de maioria ortodoxa sérvia, impulsionaram uma limpeza étnica, significando um dos maiores genocídios da história, perpetuado por séculos até o final do século XX.

Fontes: National Catholic Reporter / IHU On-Line

Em Sites De Todo O Mundo: PRA DESESPERO DA GLOBO E DE MORO! Festival Lula Livre Repercute

Twitter do Brasil e foi tema de matérias publicadas em jornais de todo o mundo.
A agência estadunidense Associated Press (AP) publicou uma matéria intitulada “Celebridades brasileiras realizam show ‘Lula Livre’ no Rio”, onde afirma que, apesar de preso, Lula segue como o mais popular político brasileiro e lidera com folga as pesquisas eleitorais do país.

“A imagem de Da Silva podia ser vista em toda parte: em camisas, bandanas e máscaras, enquanto sua imagem animada dançava nas telas ao lado do palco. Entre os sets, seus apoiadores começaram a gritar ” Lula Livre!”, enquanto os organizadores incentivavam a gritar alto o suficiente para que Lula ouvisse da cidade de Curitiba”, destacou o texto da AP.

A reportagem foi reproduzida em importantes jornais como The New York Times, Washington Post, o site do canal de TV alemã ZDF e muitos outros veículos, como Arizona Daily Sun, St. Louis Post Dispatch, Journal Gazette & Times-Courier, a rádio KRMG de Oklahoma, entre outros.

A agência francesa AFP também publicou texto, destacando os milhares de pessoas no festival e a liderança de Lula em todas as pesquisas eleitorais. “Os gigantes da música brasileira Gilberto Gil e Chico Buarque se apresentaram no sábado, no Rio de Janeiro, no festival Lula Livre, organizado para exigir a libertação dos ex-presidente brasileiro preso desde abril”.

O texto foi reproduzido por veículos como Libération e L’Express da frança, a RTL Info da Bélgica, Cote-d-ivore.net da Costa do Marfim.

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A revista alemã De Spiegel também publicou uma matéria em seu site, destacando a presença de 80 mil pessoas no festival e relembrando o novo golpe jurídico ocorrido no início de julho, quando Sérgio Moro, articulado com os desembargadores Carlos Thompson Flores e João Pedro Gebran, impediram que se cumprisse a decisão de Rogério Favreto, para que Lula fosse libertado após um habeas corpus.

Apesar de estar preso, ex-presidente lidera todas as pesquisas eleitorais. De acordo com levantamento CUT/Vox Populi, divulgado na semana passada, Lula vence no primeiro turno com 58% dos votos válido.

No cenário estimulado, quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados, as intenções de voto do ex-presidente aumentaram para 41% contra 39% registrado em maio; já a soma de todos os outros adversários alcançou 29%. Em segundo lugar está Jair Bolsonaro (PSL), com 12%, seguido por Ciro Gomes (PDT), que alcançou 5%; Marina Silva (Rede) caiu de 6% para 4%, empatando com Geraldo Alckmin (PSDB), que também registrou apenas 4%.

O ex-presidente foi condenado sem provas no processo do triplex em Guarujá (SP). Segundo a acusação, ele receberia um apartamento reformado da OAS, mas, na apresentação da denúncia, em setembro de 2016, o procurador Henrique Pozzobon admitiu que não havia “prova cabal” de que Lula era o proprietário do imóvel.

Seiscentos juristas divulgaram uma carta em cinco idiomas para o mundo, em janeiro, denunciado o estado de exceção judicial no Brasil, que tem dentre os alvos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vítima de intensa caçada judicial e condenado sem provas pelo juiz Sergio Moro no caso do tripléx do Guarujá (SP).

Segundo o texto, “com cumplicidade de parte do Poder Judiciário, o Sistema de Justiça, não apenas em relação a Lula, mas especialmente em razão dele, tem sufocado o direito à ampla defesa, tratando-o de forma desigual e discriminatória e criado normas processuais de “exceção” contra ele e vários investigados e processados, típico ‘lawfare’, subordinado ao processo eleitoral”.

*Com informações do PT

Redação Click Política

50 São os Novos 30

Título original: Marie-Francine
Aos 50 anos, Marie-Francine (Valérie Lemercier) está muito velha para o seu emprego e para o marido, que a troca por uma mulher mais nova. Ela volta a morar na casa dos pais, que a tratam de forma infantilizada, e começa a trabalhar em uma pequena loja de cigarros eletrônicos, onde finalmente conhecerá Miguel (Patrick Timsit). Sem admitir, ele está na mesma situação que ela. Com a paixão emergente, eles precisam abrigar o novo amor sem que nenhum dos dois tenha uma casa própria.
País: França
Ano: 2018
Gênero: Comédia
Classificação: 12
Direção: Valérie Lemercier
Elenco: Valérie Lemercier, Patrick Timsit, Hélène Vincent
Duração: 1h35 min.

Classificação dos Internautas

RELACIONAMENTO: recomeços

  Clemance K. F. C. Garcia
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Quando, afinal, a coragem das pessoas que decidem manter um relacionamento será exaltada? Existe recomeço mais incrível que esse?
Acabei de ler uma reportagem numa revista que endeusava uma mulher que foi casada por vinte e seis anos, se separou e agora está com um homem vinte e cinco anos mais novo que ela. Tá, acho até interessante mostrar recomeços, porém, quando, afinal, a coragem das pessoas que decidem manter um relacionamento será exaltada?

Obviamente, qualquer tipo de abuso numa relação, seja ele físico, psicológico, sexual, econômico ou qualquer outro existente, desqualifica uma união, mas por que as pessoas não se interessam em divulgar superações?

Separar, quebrar, desligar é aparentemente mais fácil. Mas e relevar, reconsiderar, repensar, religar, reconstruir, fortalecer?

Principalmente quando há filhos, não podemos ser levianos, impulsivos ou inflamados, senão, ninguém fica junto.

Filhos e famílias sofrem. Os ex-parceiros sofrem. Surgem outros problemas: pensão, divisão de bens, visitas, namoradas e namorados, festas, aniversários e tudo o mais.

Tudo parece legal num primeiro momento, mas não é.

Tudo parece fácil num primeiro momento, mas não é.

Sim, estar casado exige resiliência, assim como trabalhar, assim como ter amigos, assim como viver, assim como tudo.

Soube de uma mulher com dez filhos que se encantou por um rapaz e deixou seu marido.

É aquela velha história: muita gente vai querer uma noite com você, poucos vão querer passar a vida com você. Muita gente para dividir a cama e raros para dividir os sonhos.

Aguentar festa é fácil, quero ver aguentar TPM, doenças, as contas, a geladeira vazia, as inseguranças.

Todo casamento tem altos e baixos, mas com teimosia e amor, tudo acaba bem.

Na verdade, esse texto é o oposto de tudo que você tem lido em todos os lugares. Ele serve para isso mesmo, para fazer você pensar e repensar.

Você não é perfeito, nem ela. Você não é uma princesa, nem ele um príncipe perfeito de conto de fadas. Todos temos nossos espinhos.

O tempero principal desta receita costuma ser “mais amor”.

Muitas vezes, quando menos merecemos ser amados é quando mais precisamos de amor.

Não será esse o tempero que falta? Ou vai jogar a panela toda no lixo?

Lembrando que qualquer pessoa sempre será mais legal que seu cônjuge. Claro! Não divide o mesmo teto. Assim que a “maravilhosa” relação ficar séria, aí veremos. Se não for igual, muitas vezes, será pior.

Não, não sou pessimista; sou realista.

Dividir a vida, as contas, o banheiro, a cama, o cobertor, o último brigadeiro, a última lata de Coca Cola da geladeira, não são tarefas fáceis.

Então, recomeços são válidos sim. Mas recomeços dentro de uma mesma relação são incríveis! E sim, possíveis.

Sempre digo aos meus filhos que quanto mais inteligente uma pessoa for, mais ela vai dialogar. O mesmo digo para você.

Nenhuma relação sobreviverá sem diálogo e sem disposição.

Então, boa sorte. Anime-se. Prepare-se para recomeçar sua relação, sem remendos, sem rachaduras, sem amarguras.

Faça o seu melhor.

(Clemance K.F.C. Garcia)