quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Alemanha: Igrejas cada vez mais vazias

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Diocese de Essen promoveu uma pesquisa científica em larga escala para conhece a causa das desistências da Igreja na Alemanha.
A imagem que a Igreja tem da mulher e o celibato, e a
A imagem que a Igreja tem da mulher e o celibato, e a "discordância sobre as posições éticas”, incluindo a atitude em relação aos homossexuais estão entre os motivos. (Reprodução/ Dahm)
Por Antonio Dall’Osto

Na Alemanha, em 2015, houve 182 mil desistências da Igreja, em uma população católica de cerca de 24 milhões. Embora os dados de 2016 indiquem uma queda de 10%, os números são sempre elevados. Apenas a diocese de Essen, situada na região do Ruhr, registrou cerca de 4.000 saídas: fato que certamente não agrada.

Mas quais são as principais razões que levam tantas pessoas a irem embora todos os anos?

Para conhecê-las, a diocese de Essen promoveu uma pesquisa científica em larga escala, a partir da qual foi possível tirar consequências no plano pastoral. A pesquisa faz parte de um “projeto do futuro” que a diocese pretende desenvolver.

Como primeiro passo, a partir de março a maio passados, foi divulgado na internet um questionário para convidar as pessoas a expressarem as razões pelas quais abandonam a Igreja ou pelas quais nela permanecem.

Mais de 3.000 pessoas responderam, um resultado definido como surpreendente, afirmou Tobias Faix, professor de teologia em Kassel e diretor do instituto de pesquisa Empirica.

Faix possui uma grande experiência nesse sentido, por ter realizado, nos últimos anos, diversas pesquisas sobre temas relativos à fé e à Igreja. A pesquisa que a diocese de Essen lhe confiou agora será realizada pelo instituto que ele dirige, junto com a Universidade de Siegen.

Por quê?

O questionário foi respondido por 440 pessoas que haviam abandonado a Igreja. Entre as razões determinantes adotadas, encontram-se: a falta de um vínculo com a Igreja, o imposto sobre as religiões (Kirchensteuer) e “a atitude da Igreja não mais alinhada com os tempos”.

Além disso: a imagem que a Igreja tem da mulher e o celibato, e a “discordância sobre as posições éticas”, incluindo a atitude em relação aos homossexuais.

Um dos entrevistados respondeu: “Não posso aceitar a posição da Igreja sobre os homossexuais, a contracepção e o celibato”. E outro: “A Igreja, na minha opinião, é alheia ao mundo e nunca esteve alinhada com o espírito dos tempos”. E explica que, quando era criança, frequentava regularmente a missa e, depois, pouco a pouco, se afastou, porque muitas coisas lhe pareciam hipócritas.

Outra razão para os abandonos foi o imposto sobre as religiões (Kirchensteuer). Esse imposto – ressalta Faix – “muitas vezes tem um papel no abandono da Igreja, mas não é a única razão”. De fato, nenhum dos entrevistados foi embora para economizar dinheiro. Ao contrário, é a última razão dentro de um processo de afastamento, muitas vezes emotivo e de longa duração.

Faix comenta: é um caminho no qual a pessoa fica cada vez mais decepcionada, afastada, não se sente mais levada a sério. A tudo isso, somam-se também os escândalos. Daí a conclusão: “E eu ainda tenho que investir dinheiro na Igreja? Isso não!”.

Acrescentam-se ainda a “falta de credibilidade”, as decepções pessoais e os escândalos na Igreja.

Como se pode observar – observa Faix –, não existe uma única razão na origem desses abandonos. Muitos aspectos interferem na decisão, que, juntos, levam a dizer: “Chega!”.

Para além do catolicismo

Para aprofundar ainda mais esse quadro, está prevista para setembro a publicação online de outro questionário, não mais limitado à diocese de Essen, mas dirigido àqueles que, na Alemanha, saíram tanto da Igreja Católica quanto da Evangélica.

Faix ressalta: “A partir dos resultados, queremos obter, o mais rápido possível, ideia sobre como a nossa Igreja pode agir em todos os níveis”. Não se trata, na realidade, apenas de obter resultados científicos, mas também de como poder trabalhar pastoralmente.

Por isso, os institutos que participaram da pesquisa, junto com os representantes da diocese de Essen, já começaram a tirar conclusões voltadas à práxis.

“A meu ver – conclui Faix – é significativo criar, no futuro, lugares de escuta para as pessoas que estão pensando em abandonar a Igreja.” Nesses lugares, se poderia falar pessoalmente sobre as próprias preocupações e os próprios descontentamentos com os representantes da Igreja.

Muitas vezes, vários entrevistados se queixaram de não terem encontrado ninguém para falar a respeito: “Eles se sentiram não ouvidos e não levados a sério. O abandono da Igreja, por isso, foi o último grito”.

Settimana News/ IHU - Tradução é de Moisés Sbardelotto.

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