quinta-feira, 22 de junho de 2017

Quem inventou a Confissão?

  Julio De la Vega Hazas | Jun 21, 2017
© The Photographer
“Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos."

 A origem dos sete sacramentos – dos quais a Penitência ou Confissão faz parte – está (e só poderia estar) em Cristo. São os veículos da graça, que somente Ele poderia ter instituído.

Pelo Espírito que conduz a “verdade completa” (Jo 16,13), a Igreja reconheceu pouco a pouco este tesouro recebido de Cristo e precisou de sua “dispensa”, tal como o fez com o cânon das Sagradas Escrituras e com a doutrina da fé, como fiel distribuidora dos mistérios de Deus (cf Mt 13,52; I Cor 4,1). Assim, a Igreja afirmou, ao longo dos séculos, que, entre as celebrações litúrgicas, há sete que são, no sentido próprio do termo, sacramentos instituídos pelo Senhor (Catecismo, 1117).

Cito este ponto do Catecismo porque, para entender bem isso, é preciso se situar em um contexto “católico”. Para uma mentalidade protestante, tudo tem que figurar claramente na Bíblia e não se reconhece o que é mencionado como papel da Igreja. Por isso, não cabe esperar um debate sobre os sacramentos que se limite exclusivamente a examinar os textos da Bíblia tal como hoje o celebramos.

É preciso acrescentar que, no caso do sacramento da Penitência, a sua instituição está nos Evangelhos. O texto mais claro é o que está em São João (20,22): “Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” 
São palavras pronunciadas depois da Ressurreição e pouco antes da Ascensão do Senhor. O contexto é de certa despedida, em que a principal mensagem aos Apóstolos era a de que eles deveriam continuar sua missão. Evidentemente, não se trata de um poder conferido para ser usado arbitrariamente, mas para que fosse exercido em seu nome e com seu espírito.

Devem-se perdoar os pecados de quem mostrar arrependimento, como Ele fez. É, portanto, um tribunal de misericórdia, exercido em seu nome e com seu poder.

Este caráter, estes recursos fundamentais são mantidos desde o princípio. A forma de celebração, por outro lado, variou bastante.

A Igreja foi se tornando mais consciente da extensão da misericórdia divina, com a qual facilitou sua celebração para os fiéis. Deus sempre quer perdoar quem se aproxima Dele com retidão para pedir seu perdão.

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