sexta-feira, 30 de junho de 2017

Adoção: movimento de amor e caminho de humanização

domtotal.com
Acolher uma pessoa em desenvolvimento na intimidade do lar é movimento de amor humanizador: humaniza quem acolhe e, sem dúvidas, humaniza quem é acolhido.
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Campanha "Esperando por você" quer estimular adoção tardia. Na foto, os irmãos 
Rian e Ícaro, de 11 e 10 anos. (Tribunal de Justiça do Espírito Santo/ Divulgação)
Por Felipe Magalhães Francisco*

O tema da adoção é forte. E é, também, um tema urgente: milhares de crianças e adolescentes esperam encontrar acolhida e afeto no seio de uma família. Infelizmente, a grande maioria não é agraciada com tal dádiva. Tal realidade nos faz refletir sobre a importância desse verdadeiro movimento de amor: acolher, verdadeiramente, uma pessoa em desenvolvimento na intimidade do lar. Isso é muito humanizador: humaniza quem acolhe e, sem dúvidas, humaniza quem é acolhido.

O amor é a chave que escolhemos, para refletir sobre esse tema tão importante, e ainda tão pouco explorado. Muitas tradições religiosas fazem belos trabalhos de acolhida de crianças à espera de adoção. Sem dúvidas, esse é um importante serviço, fruto da fé. Falta, porém, uma melhor tematização, por parte das religiões, a respeito da adoção. Possivelmente, muitas famílias se motivariam, pelo menos, a pensar sobre o assunto. Os três artigos, que se seguem, refletem sobre a adoção, naquilo que tem de mais genuíno: sinal de um amor que humaniza e que nos realiza como pessoas.

O primeiro artigo, Adoção: a livre decisão de amar gestada no “útero do coração”, do Drdo. Edward Guimarães, faz uma indispensável leitura do fenômeno do amor. Receber e dar amor são duas realidades fundamentais que nos humanizam: tornamo-nos aquilo que somos chamados a ser, por força do amor. Esse mesmo amor, com o qual aprendemos e que por ele somos humanizados, chama-nos, na liberdade, a ir ao encontro do outro. É nesse horizonte que desponta a beleza da adoção: quando o amor, de forma livre e numa abertura sem igual, abre-se a acolher um alguém, fazendo-se radical.

Esse não é um amor romântico. É um amor que se desdobra em movimento rumo ao coração do outro. É o que refletimos no artigo Quando o amor transborda, no qual fazemos uma leitura dos frutos do amor – esse que leva as pessoas a constituírem famílias. O amor é sempre abertura. Por isso, o amor é, também, promessa: de cuidado para com o outro. É na promessa do cuidado, como amor que não cabe em si, que se compreende a adoção, gesto tão generoso que revela que o ser humano sempre pode ser mais.

Todo esse amor, que a adoção nos revela, insere-nos de maneira profunda e sacramental em nossa própria filiação adotiva, por participação na vida filial de Jesus. É o que nos ajuda a refletir, teologicamente, a Ms. Tânia da Silva Mayer, no artigo Filhas e filhos por amor. Em Jesus, podemos, de modo profundo, experimentar Deus como Pai, que se revela como amor para todo ser humano. Na cruz, quando o amor se faz radical, somos adotados por Deus, como filhos e filhas, vivendo o mesmo amor que o Pai dispensa a Jesus.

Boa leitura e inspiração!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).

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