segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Dois edifícios vaticanos são invadidos

Casas do Vaticano foram ocupadas. No dia em que, na Praça de São Pedro, o papa abriu a Porta Santa da basílica inaugurando o Jubileu da Misericórdia, o Coordinamento Cittadino Lotta alla Casa [movimento romano pelo direito à moradia] invadiu dois edifícios de propriedade da Santa Sé na zona Prenestina, em Roma, ocupados por 170 famílias.
A informação é da própria Coordenação: "Ocupamos dois palácios na Via Prenestina, 1391, de propriedade do Vaticano e atualmente inutilizados. Abrimos as portas do direito à habitação, por ocasião do Jubileu". Até mesmo uma delegação também tomou a palavra durante a missa em uma igreja nas proximidades, para explicar as razões da mobilização.
"As famílias – disse-se –, daqui não se movem, porque não têm para onde ir, já que, dentre outras coisas, neste ano, por enquanto, não está prevista nem a prorrogação dos despejos por causa do período natalício de 8 de dezembro a 8 de janeiro."
E, depois, foi pedida "uma moratória dos despejos e das expulsões pelo período do Jubileu, o fim do Plano Casa e, em particular, do artigo 5". A notícia da ocupação ecoou entre os ativistas. Muitos tuitaram: "Hoje como então, resistência", "Chega de pessoas sem casa e de casas sem pessoas". E ainda: "Portas fechadas e concepção blindada, a Cúria expulsa, não acolhe", "Realmente começou o Jubileu dos pobres".
E pensar que, em outubro passado, havia sido divulgada a carta escrita (em agosto) pelo Papa Francisco em resposta à missiva (de julho) do líder da Action, Andrea Alzetta, chamado de "Tarzan", há anos na linha de frente pelos sem-casa. "O Papa Francisco – era a mensagem assinada pelo assessor da Secretaria de Estado, Mons. Brian Wells e entregue a uma freira que serviu de conexão – envia uma palavra de paterna compreensão e de vivo encorajamento. Ao assegurar a espiritual participação de Sua Santidade na preocupante questão evocada – afirmava-se –, apresso-me em lhe significar que ele, nunca deixando de promover os valores da justiça e da solidariedade, várias vezes chamou a atenção dos órgãos competentes ao favor das camadas mais frágeis da sociedade".
Alzetta tinha comentado com surpresa: "Incrível. Nunca pensei na minha vida que eu escreveria ao papa e que ele responderia! No entanto, hoje em dia, a quem poderíamos nos dirigir? Este papa é um dos poucos que se coloca sem hesitação do lado dos últimos".
Poucos dias depois, em Roma, foi desocupado um edifício ocupado abusivamente por migrantes e sem-teto na Via Assisi, em frente à estação Tuscolana. O edifício, uma ex-fábrica de papel, já tinha sido desalojado em 2013. No momento da invasão, os vigilantes urbanos disseram ter encontrado 150 ocupantes.
No dia 2 de dezembro, em discurso à Câmara dos Deputados, o ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, descreveu a situação em Roma: "No início de 2015, os imóveis ilegalmente ocupados eram 116, dos quais 111 no tecido urbano da capital. O fenômeno é atentamente acompanhado pela Prefeitura de Roma, graças à qual foi bloqueado o aumento do fenômeno. Nos primeiros seis meses deste ano – acrescentou o ministro – foram frustradas 34 tentativas de ocupação abusiva. Ainda nos primeiros seis meses, foram liberados oito imóveis, fazendo cair as ocupações para 103".
De acordo com a polícia italiana, em 2014, foram 27 os imóveis ocupados liberados pelas forças da ordem. Doze imóveis invadidos antes do dia 1º de janeiro do ano passado foram liberados e devolvidos aos seus legítimos proprietários.
Tempo, 09-12-2015.

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