sexta-feira, 13 de março de 2015

Dois anos do ‘papa do fim do mundo’

Católicos celebram nesta sexta-feira dois anos do pontificado do papa Francisco.


Por Alexandre Vaz
Dom Total

Católicos de todo o mundo comemoram nesta sexta-feira (13) dois anos da eleição do cardeal jesuíta Jorge Mario Bergoglio para suceder o papa Bento XVI, que renunciou ao Pontificado em função de sua saúde debilitada. Mais do que uma mera mudança de nomes, a eleição de Bergoglio representou uma mudança de rumos que trouxe novos ares para a Igreja Católica, que vinha sofrendo críticas por uma postura excessivamente dogmática e distante da população. Uma mudança que se anunciava desde logo, quando Bergoglio optou por adotar o nome ‘Francisco’, em homenagem a São Francisco de Assis, o santo que renunciou à riqueza para dedicar a vida aos mais necessitados.
Primeiro pontífice nascido fora do continente europeu – na época de sua eleição, chamou a si mesmo como o “papa que veio do fim do mundo” -, o argentino Jorge Mario Bergoglio é também o primeiro papa jesuíta da história do catolicismo. Nesse sentido, Francisco levou ao pontificado o estilo de vida simples e evangelizador dos jesuítas, abrindo mão de privilégios que a posição lhe permitia e adotando a simplicidade em seus modos e palavras.
Com mais de 20 mil membros em mais de 100 países, a missão da Ordem dos Jesuítas sempre foi evangelizar e expandir conhecimento e educação.  Nesse sentido, Francisco adotou uma postura mais pastoral junto aos fiéis, não se exortando a falar de temas importantes, como a proteção do meio ambiente e o combate às desigualdades sociais. Foi com esse espírito que o papa abriu espaço a uma Igreja mais comunitária e participativa, abrindo as discussões para a reforma da Cúria Romana e expandindo as fronteiras do catolicismo, com viagens à Coreia do Sul, Filipinas, França, Albânia e Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.
Com sua linguagem simples e direta, o papa Francisco vem tecendo críticas ao capitalismo, à cultura do descarte e do consumo excessivo. Em diversas ocasiões, lembrou que as desigualdades existentes no mundo são consequência de uma cultura que prega o individualismo. “Hoje em dia vivemos, por esse sistema internacional injusto em que o Deus do dinheiro é o centro, uma cultura do descartável, onde se joga fora os velhos e se joga fora os jovens”, criticou Bergoglio, em entrevista a um jornal argentino.
Cultura do encontro
No mesmo sentido, o argentino vem sendo responsável por uma maior aproximação da Igreja Católica com outras correntes religiosas, como o islamismo, o judaísmo, o budismo e outras igrejas cristãs.  Não obstante, visitou diversos países, como a Turquia e a Coreia do Sul, ao encontro das populações cristãs locais, porém não deixando de promover a aproximação com outras tradições religiosas.
“A Igreja católica é consciente do valor que reveste a promoção da amizade e do respeito entre homens e mulheres de diversas tradições religiosas”, afirmou Francisco na Evangelii Gaudium, primeira exortação apostólica escrita por ele, que havia começado a ser elaborada no pontificado de Bento XVI.
O pontífice também vem se mostrando menos resistente a temas antes espinhosos à Igreja Católica, abrindo o diálogo a temas como a comunhão a divorciados e os homossexuais. “Se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la”, afirmou. Da mesma forma, Francisco vem promovendo a Reforma da Cúria, com o objetivo de tornar a instituição mais transparente.
O respeito e o cuidado com o meio ambiente também têm sido alvo de preocupação frequente do Santo Padre, que frequentemente dedica suas homilias a alertas concretos sobre os perigos da destruição da natureza. "O tempo para encontrar soluções globais está se esgotando. Só poderemos achar soluções adequadas se atuarmos juntos. Existe, portanto, uma clara, definitiva e inadiável ética de atuar", alertou o pontífice, na ocasião da Cúpula de Lima, realizada pela ONU no final do ano passado. Sua preocupação e vontade de engajar a Igreja Católica no tema é tanta que sua próxima encíclica, a ser divulgada ainda este ano, será sobre o meio ambiente.
A abertura ao diálogo e postura reformista vem, no entanto, lhe rendendo desafetos na ala mais conservadora da Igreja, além de empresários e defensores do capitalismo liberal. Para esses, não é papel do pontífice dar opiniões sobre assuntos de ordem econômica ou que mexem com dogmas do catolicismo. Mas sua postura simples, solidária e humilde faz crescer o número de simpatizantes a Francisco, transformando-o numa das personalidades mais influentes do mundo contemporâneo.
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Redação Dom Total

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