sexta-feira, 20 de março de 2015

Atitudes de Francisco e a mudança na Igreja

Como um grande líder mundial, o papa está promovendo a cultura do encontro.
Por Fernando Anísio Batista*
A Igreja Católica vive um momento muito significativo em sua história. As atitudes do Papa Francisco sugerem que a Igreja se abra para dialogar com a sociedade. Em momento de crise mundial, o esperado das instituições é justamente o contrário: fechar-se e se proteger. No entanto, o Papa Francisco como um grande líder mundial está promovendo a cultura do encontro, ao invés da cultura do protecionismo e do isolamento.
Na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, o Papa convida para a vivência de uma Igreja em saída: “saímos, saímos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 49).
A Igreja do Brasil tem atendido ao convite do Santo Padre e a Campanha da Fraternidade deste ano lança o desafio de refletir sobre a relação entre a Igreja e a sociedade, no sentido de perceber de que forma a Igreja influencia e é influenciada pela sociedade, uma vez que é parte integrante dela. Esse tema já propõe a quebra de um paradigma do senso comum que diz que a Igreja não deve se envolver em assuntos sociais ou políticos, que sua missão é meramente a evangelização. Esse paradigma retém uma visão da propagação do Evangelho afastado do mundo que vivemos, onde estabelece uma relação unilateral entre a pessoa e Deus, esquecendo-se da relação em comunidade e em sociedade, elementos que formam os três âmbitos da ação evangelizadora da Igreja Católica (pessoa, comunidade e sociedade).
Há muitas pessoas envolvidas em organizações da Igreja: movimentos, pastorais, grupos que vivenciam essa experiência de abertura e encontro com outras instituições da sociedade, públicas ou privadas. Basta conhecer todo trabalho realizado nas periferias por organizações da Igreja, em especial com crianças e adolescentes. O trabalho com os enfermos seja na manutenção dos hospitais por congregações religiosas ou de visitação dos enfermos. A presença destas organizações nos conselhos de direito: saúde, assistência social, idoso, criança e adolescente entre outros. Ainda há que se destacar o esforço permanente e insistente em dialogar com o mundo da educação, tanto no ensino fundamental e médio, quanto no superior.
Em muitos lugares onde se encontram rostos sofridos e feridos, encontra-se também a atitude de pessoas muito simples, mas que entenderam o chamado de Jesus Cristo e a exemplo do Papa Francisco, colocam-se à disposição para levar justiça e paz a essas pessoas, quer sejam moradores de rua, dependentes químicos, crianças com direitos negados (inclusive o direito a alimentação adequada), idosos excluídos, detentos etc.
As atitudes do papa Francisco fazem despertar na Igreja e na sociedade um novo momento e motiva para outro comportamento, baseado na escuta, no serviço e oração.
SIR
*Fernando Anísio Batista é sociólogo e secretário executivo da Ação Social Arquidiocesana de Florianópolis.

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