sábado, 28 de fevereiro de 2015

Levy reconhece ter 'escorregado' em entrevista

por Cristiana Lôbo

Tão logo o noticiário online reproduzia suas declarações sobre o corte das desonerações concedidas pelo governo na gestão do antecessor Guido Mantega, o ministro Joaquim Levy concordou com sua equipe que havia "escorregado" nas declarações.

"Fui coloquial demais", disse ele a assessores. Com esse reconhecimento, ainda na sexta-feira, Levy demonstrou que é capaz de aceitar críticas da presidente, como fez Dilma neste sábado ao dizer que a declaração do ministro foi "infeliz".  Havia no mundo político e no próprio mercado apostas de que, no primeiro embate com Dilma, Levy iria pedir as contas.

"Não há crise", disse um auxiliar.

Joaquim Levy não pretende se manifestar publicamente para fazer o mea culpa pelas palavras usadas na entrevista em que anunciou as novas medidas econômicas. Ele admitiu internamente que foi um "erro político" usar a expressão "grosseira" e dizer que "a brincadeira custou caro". Ao ver suas declarações, Levy identificou o equívoco nas palavras. "As medidas não são a revogação do passado, são a construção do futuro".  A avaliação na equipe é a de que Joaquim Levy foi "sincero demais e cometeu um erro político". 

O "escorregão" com as palavras foi comparado ao do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, na primeira semana de governo, quando ele anunciou um novo cálculo para o salário mínimo. A presidente Dilma, mesmo de férias, determinou que o ministro divulgasse uma nota repondo as declarações. "Ali, não houve discordância de política econômica, mas erro nas palavras", lembrou um auxiliar do governo. Levy recebeu críticas diretas da presidente, mas não foi instado a divulgar nota, apenas a reparação.

O ministro da Fazenda faz questão de observar que o pacote de medidas de ajuste fiscal é resultado de negociação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e com a Casa Civil. Portanto, medida do governo. Se dependesse apenas da Fazenda, o corte seria mais profundo. "São medidas negociadas", disse um auxiliar do governo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário