terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Epifania: a primeira manifestação de Jesus

Pe. José Fernandes de Oliveira*

Continuando a celebração do Natal, a liturgia sagrada hoje nos recorda a primeira manifestação de Jesus, na chamada solenidade da Epifania do Senhor. Epifania, que em grego significa aparecimento ou manifestação é uma comemoração solenizada principalmente em louvor da revelação ou manifestação de Jesus Cristo feita por si próprio aos magos, ou sábios, os quais, logo após o nascimento de Jesus, vieram, por inspiração divina, adora-lo e trazer-lhe presentes. Duas outras manifestações de Jesus são celebradas: a que se dará no dia seu santo batismo e a que se dará por ocasião do seu primeiro milagre em Caná da Galileia. 

Enquanto nesta, Jesus se manifesta a seus discípulos; naquela, ele se manifesta aos judeus; e na de hoje aos judeus. Esta primeira manifestação de Jesus aos não judeus significa que a salvação por Ele trazida se destina a todas pessoas de todos os povos, raças e línguas e de todos os tempos. É a universalidade da salvação operada por Jesus com a sua santa morte e a sua ressurreição gloriosa. 

Da solenidade de hoje podemos colher quatro ensinamentos: Jesus se faz o único caminho que pode nos levar a Deus. Fora desse caminho não há possibilidade de salvação. Por isso, devemos nesse dia reafirmar a nossa fé na divindade de Jesus e não apenas isso, mas tudo fazer para não nos afastar desse caminho traçado por Ele, o qual, embora exija de nós sacrifícios, renúncias e mortificações, sempre nos dá a certeza de no final encontramos a Deus Pai, que nos espera para nos acolher na sua comunhão eterna. O mundo nos aponta caminhos bem mais fáceis de serem percorridos, mas nenhum deles termina em Deus.

Os magos, como assim são chamados no texto sagrado, oferecem a Jesus o que têm de melhor: o ouro, que representa a sua realeza; o incenso, que representa a sua divindade, e a mirra, que representa o seu sofrimento. Aprendamos com eles a oferecer para Jesus sempre o que tivermos de melhor. Esse de melhor será sempre o nosso sincero testemunho de vida cristã, a nossa sincera amizade com Ele e com a sinceridade do nosso amor aos irmãos, vendo sempre neles o próprio Jesus Cristo. É o segundo ensinamento desta festa. 

Enquanto os magos procuram saber onde nascerá o menino Deus, Herodes, os sacerdotes e os doutores da lei, querem saber aonde se deu o seu nascimento, não para adora-lo, mas para persegui-lo e fazê-lo sofrer o mais cruel dos suplícios: a morte na cruz. Jesus será sempre um sinal de divisão. Haverá sempre os que o acolherão na sua vida e farão dele a estrela a guiar os caminhos de sua vida; como haverá sempre aqueles que se fecham para o seu acolhimento na sua vida e, mais que isso, fazem de tudo para que Ele não seja amado nem seguido por ninguém. Daí termos sempre a coragem de dar o nosso testemunho de vida cristã, mesmo que isto seja para nós motivo de desprezo, zombaria, discriminação e maus tratos, pois na verdade quem vive nas trevas não suporta a luz. Este é o terceiro ensinamento da festa de hoje. 

Os magos depois de adorarem a Jesus, retornam para suas casas por outro caminho. Quem se encontra verdadeiramente com Jesus muda de caminho, sofre uma transformação interior e manifesta com o seu novo modo de viver essa transformação causada por se ter encontrado com Jesus. Se você ainda não conseguiu se lbertar do seu mau comportamento é porque ainda não se encontrou verdadeiramente com Jesus, ainda que participe de atos religiosos em nossa igrejas e até mesmo receba a Jesus na Eucaristia. É o quarto ensinamento que se pode tirar da celebração de hoje. 

Que a manifestação de Jesus a todos os povos, indicando a universalidade da salvação operada por Ele, nos permita encontrarmos de fato com Ele para assim nascermos para uma vida nova nEle e com Ele. Decida-se por Jesus e estará fazendo a melhor escolha da sua vida. 

A primeira leitura da celebração de hoje anuncia a chegada da luz salvadora de Deus, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.

A segunda leitura apresenta o projetor salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos - a comunhão de Jesus.

Na terceira leitura - o texto de Mateus -, vemo a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os magos do oriente, representantes de todos os povos da terra. Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-nO com esperança até O encontrar, reconhecem nEle a salvação de Deus e o aceitam como o Senhor. A salvação, rejeitada pelos habitantes de Jerusalém, torna-se agora dom que Deus oferece a todos sem exceção.

*Doutor em Direito Canônico, Presidente do Tribunal Eclesiástico do Ceará e professor da Faculdade Católica de Fortaleza

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