sábado, 30 de novembro de 2019

Ao lado de Moro, Zucolotto faz arminha com a mão em foto divulgada por Rosangela Moro


O advogado Carlos Zucolotto Júnior é pelo ex-advogado do grupo Odebrecht Rodrigo Tacla Durán como intermediário de negociações paralelas, que envolvem supostos pagamentos de propinas, entre delatores e investigadores da Operação Lava Jato
30 de novembro de 2019, 13:48 h
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247 - O advogado Carlos Zucolotto Júnior reapareceu nesta sexta-feira (29) em foto ao lado do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e outros amigos, em foto divulgada por Rosangela Moro no Instagram. Zucolotto é apontado pelo ex-advogado do grupo Odebrecht Rodrigo Tacla Durán como intermediário de negociações paralelas, que envolvem supostos pagamentos de propinas, entre delatores e investigadores da Operação Lava Jato. Também é sócio de Rosangela Moro, esposa do ex-juiz, na HZM2 Cursos e Palestras, empresa aberta na esteira da fama conquistada por Moro na atuação da Lava Jato.

Na imagem, Zucolotto faz arminha com a mão, gesto dos apoiadores de Jair Bolsonaro. "Amigos de toda a vida. Interior do Paraná em Curitiba. #velhos tempos #maringaenses", escreveu Rosangela no Instagram.

Zucolotto é sócio de Rosangela na HZM2 Cursos e Palestras, empresa aberta na esteira da fama conquistada por Moro na atuação da Lava Jato.

O reaparecimento do advogado aconteceu na noite anterior à divulgação da conversa interceptada pela Polícia Federal, em que Dario Messer, o "doleiros dos doleiros", confirma a denúncia do ex-advogado da Odebrecht e afirma que pagou propina ao procurador Januário Paludo para garantir uma blindagem nas investigações da Lava Jato.

Ídolo de Ernesto Araújo, Trump protege oficial acusado de tortura

Paulo Moreira LeitePaulo Moreira Leite
Paulo Moreira Leite é colunista do 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA

"Num governo que trata o presidente dos EUA como divindade ('Deus de Trump' ), a tolerância da Casa Branca diante de um oficial acusado de tortura pode estimular os piores instintos do bolsonarismo", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia
30 de novembro de 2019, 07:09 h
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A volta dos galinhas verdes?
A volta dos galinhas verdes? (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A chantagem contra o governo da Ucrânia pode custar o mandato de Donald Trump mas não se trata da única contribuição do presidente norte-americano para a degradação dos costumes políticos de nosso tempo. Outro caso, mais recente, envolve uma velha ferida das intervenções do império pelo mundo afora e diz respeito à tortura de prisioneiros de guerra.

Dias atrás se assistiu às ultimas cenas de uma operação na qual Donald Trump utilizou sua influência presidencial para proteger Edward Gallagher, um antigo chefe de Operações Especiais da Marinha, titular de uma reluzente coleção de medalhas sobre o uniforme branco e uma lamentável folha corrida de denuncias de atos criminosos na guerra do Iraque, aquele conflito iniciado com a mentira de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.

Conforme uma súmula das acusações divulgadas pelas agencias AFP/Reuters, Gallagher " matou um adolescente, membro do Estado Islâmico, que estava ferido, recebendo cuidados médicos. Testemunhas dissseram que ouviram pelo rádio Galagher dizer: 'Ele é meu'. Em seguida, ele invadiu o centro de atendimento e esfaqueou o rapaz várias vezes. Uma testemunha diz que viu o oficial enterrando uma faca no pescoço da vítima." "GAllagher também foi acusado de matar indiscriminadamente civis quando atuava como franco atirador, inclusive mulheres". (Estado de S. Paulo, 26/11/2019).

O oficial conseguiu ser absolvido em seis das sete acusações. Sua única condenação era inevitável: apareceu uma foto em que se coloca ao lado do cadáver do adolescente esfaqueado. Como punição, ele foi rebaixado e aposentado compulsoriamente, com perda de rendimentos, além de passar quatro meses na prisão -- pena que não necessitaria cumprir em função do tempo em que ficou detido a espera do julgamento.

A entrada em cena de Donald Trump e seu círculo de advogados, inclusive Rudy Giuliani, também envolvido na operação contra o governo da Ucrânia, inverteu a decisão. As patentes de Gallagher foram restauradas e ele deixou a cadeia. Trump lhe fez um elogio público e ordenou que a Marinha cancelasse as comendas entregues aos promotores do caso, até então elogiados pelo desempenho.

A aposentadoria compulsória foi suspensa e mais tarde se resolveu que era bom que Gallagher deixasse a Marinha -- agora, com remuneração integral. Numa inversão de papéis, a principal autoridade empenhada na punição de Gallagher, pois achava que teria um aspecto educativo para a tropa, o secretário da Marinha Richard Spencer acabou perdendo o cargo.


Episódios até mais graves do que este não são uma novidade na história das intervenções militares dos EUA e têm uma lamentável tradição produzir penas leves e mesmo impunidade para os envolvidos, o que ajuda a explicar sua persistência ao longo dos anos. O próprio Trump já assinou o perdão -- e a soltura -- de Michael Behenna, condenado a 25 anos pela morte de um prisioneiro sob custodia do Exército norte-americano.

No governo George W Bush, que deu início a invasão do Iraque, a tortura conhecida como "afogamento simulado" chegou a ser autorizada oficialmente. Barack Obama revogou essa autorização mas, logo depois da posse, Trump declarou que o método "funcionava" mas que não iria liberar nem proibir, deixando para a CIA e o Pentágono resolverem o que fazer. Dá para entender a mensagem, certo?

A tragédia de My Lai, que produziu 504 mortos em 1968, na guerra do Vietnã, só foi integralmente revelada ao mundo um ano depois, graças ao repórter Seymour Hersh. O massacre gerou uma única condenação. O tenente que comandava a ação de campo, com a mão na massa, pegou prisão perpétua. Foi libertado em 1974 por decisão de Richard Nixon. O capitão Ernest Medina, comandante da companhia, conseguiu ser absolvido pela Corte Marcial.


As denuncias contra Edward Gallagher integram a barbárie contemporânea instituída a partir da guerra do Iraque, que inclui o presídio de Guantânamo, as imagens tenebrosas de tortura na prisão de Abu Graib e vários episódios contra a população civil daquele país.

Numa mudança de postura, em várias oportunidades as autoridades norte-americanas priorizaram o trabalho de investigar e punir quem divulga atrocidades -- postura impensável nos anos da guerra do Vietnã, quando Daniel Ellsberg enfrentou e venceu, na Suprema Corte, uma denuncia pela divulgação de papéis secretos do Pentágono, onde era analista militar.

Apontada como uma das fontes que abasteceram as revelações estarrecedoras sobre a guerra do Iraque divulgadas pelo Wikileaks, Chelsea Menning passou 7 anos num presídio militar, acusada de vazar informações sigilosas. Pela mesma razão, após prolongada perseguição Julian Assange aguarda uma definição sobre seu destino numa prisão inglesa, enquanto os EUA mantém a pressão para que seja conduzido e julgado em seus tribunais.

Com impacto proporcional ao poderio econômico e militar dos Estados Unidos, a postura tolerante de Trump gera críticas dentro e fora do país. Nos últimos dias, oficiais de mais alta patente deram início programas para reformar a formação da tropa e debate questões éticas numa operação de guerra.

No Brasil, este debate enfrenta uma situação particular. Como é sabido desde a nomeação de Ernesto Araújo para titular do Ministério das Relações Exteriores, o Brasil talvez seja o único país do mundo a possuir um chanceler capaz de referir-se ao "Deus de Trump" num trabalho acadêmico.

A linha geral de submissão de Brasília a Washington empurra o país num mesmo alinhamento.

Com um presidente capaz de homenagear Carlos Alberto Brilhante Ustra na sessão onde o Congresso aprovou o impeachment de Dilma Rousseff, pode-se apostar que a postura de Trump em relação a tortura só vem reforçar os piores instintos do governo Jair Bolsonaro.

O Brasil não está envolvindo em nenhum conflito militar externo, mas a violência empregada contra a população civil na repressão interna atinge um padrão inaceitável mesmo para situações de guerra.

Fátima: A Imagem «Vestida de Branco» é «modelo para os artistas de primeira água» (c/vídeo)

Exposição assinala os 100 anos da escultura de Nossa Senhora de Fátima, que estará na mostra no dia 13 de junho de 2020
Fátima, 29 nov 2019 (Ecclesia) – O comissário da exposição «Vestida de Branco», comemorativa do centenário da primeira escultura de Nossa Senhora de Fátima, considera que a imagem é “modelo para os académicos e para os artistas de primeira água”.
A escultura de Nossa Senhora do Rosário de Fátima venerada na Capelinha das Aparições foi oferecida, em 1920, por Gilberto Santos e é uma obra de José Ferreira Thedim, “um escultor santeiro, muitas das vezes depreciado pelos académicos, é depois modelo para os académicos e para os artistas de primeira água que fazem carreira ao nível da arte e da estética”, referiu à Agência ECCLESIA Marco Daniel Duarte, comissário da exposição.
Esta atividade cultural vai ser inaugurada este sábado, no Santuário de Fátima (Convívium de Santo Agostinho) e intitula-se «Vestida de Branco» porque nos relatos da irmã Lúcia, quando foi interrogada, uma das formas de descrever a aparição foi através destas palavras: “A Virgem Maria estava vestida de branco”, frisou aquele historiador de arte.
O santuário de Fátima considera “importante assinalar esta efeméride” através de uma exposição, “uma forma de comunicar através da via da beleza”, e mostra aos peregrinos e outros visitantes, até 15 de outubro de 2020, “como foi o processo de criação da escultura” e como ao longo de várias gerações, “os cristãos trabalharam a ideia daquela que se veste de branco, mas também se veste de todas as cores”, disse.
A exposição está dividida em sete núcleos, estando alguns deles subdivididos, para mostrar de “forma pedagógica” os conteúdos ligados entre si e o diálogo entre as várias épocas.
«Vestida de Branco» pretende “não ser apenas uma coleção peças antigas” vindas do passado, mas pretende “inovar e levar os artistas a olhar para a figura de Maria” e interpretá-la no século XXI através “do seu pensamento estético”, sublinhou Marco Daniel Duarte.
A “fina flor” dos artistas antigos e contemporâneos está patente na exposição comemorativa do centenário da primeira escultura de Nossa Senhora de Fátima que é feita de madeira (cedro do Brasil) e tem várias camadas cromáticas e os motivos dourados são feitos com folha de ouro.
O “melhor que se fez em Portugal” para representar a Virgem Maria está na exposição, desde uma peça do século XIV, “estilística do românico, com a virgem sentada com o menino ao colo” e também “uma virgem do leite, no contexto do período gótico”.
Até 1920, a história da arte e a história do cristianismo “não conheciam a representação da Virgem Maria através da brancura das vestes”, isso é feito em Portugal, “a partir do contexto de Fátima, e história da figuração mariana ganha uma nova maneira de representar esta mulher”.
“O ideal de beleza de cada época é plasmado na figuração da Virgem Maria”, visto que os autores em cada época tiveram como “protagonista para a sua criação” estética a Virgem Maria, acrescento o comissário da exposição.
A escultura de Nossa Senhora de Fátima está a celebrar cem anos, mas “não pode estar presente na exposição porque o Santuário de Fátima tem uma responsabilidade muito grande com os devotos” que se deslocam à Cova da Iria.
Apesar desta responsabilidade para com os peregrinos, os visitantes da exposição podem visualizar aquela imagem na exposição “no dia 13 de junho de 2020, na parte da tarde”, data em que se celebra o centenário da chegada à Cova da Iria.
LFS

O Papa Francisco envia ajuda às vítimas do terremoto na Albânia

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O terremoto de magnitude 6,4 na Escala Richter que sacudiu a Albânia na madrugada de terça-feira provocou a morte de ao menos 41 pessoas e mais de 600 feridos. O governo decretou dia de Luto Nacional nesta quarta-feira. O Papa Francisco decidiu enviar uma primeira contribuição de 100.000 euros para ajudar a população atingida.

Cidade do Vaticano

Na noite de 25 de novembro passado, um forte terramoto atingiu a costa norte da Albânia, na área da cidade de Durres. Até  agora, o balanço fala de dezenas de pessoas mortas e pelo menos 600 feridas, mas ainda há muitas pessoas debaixo dos escombros. O terremoto causou enormes danos: edifícios desmoronados e centenas de pessoas sem abrigo, e foi sentido em outras áreas da Albânia e da costa adriática. Através do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, o Papa Francisco decidiu enviar uma primeira contribuição de 100.000 euros para ajudar a população nesta fase imediata de emergência.

A soma será utilizada para os trabalhos de socorro e assistência
Deste modo, o Santo Padre deseja exprimir a sua proximidade espiritual e o seu paterno apoio às pessoas atingidas. A soma será utilizada nas dioceses atingidas pelo terremoto para obras de socorro e assistência, de acordo com a Nunciatura Apostólica da Albânia.

Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa enviou uma saudação e expressou sua proximidade "ao querido povo albanês, que tanto sofreu nestes dias". "A Albânia - recordou Francisco - foi o primeiro país da Europa que eu quis visitar. Sou próximo às vítimas, rezo pelos falecidos, pelos feridos, pelas famílias. Que o Senhor abençoe este povo ao qual quero tão bem".

Também através de um telegrama enviado ao presidente da República da Albânia sr. Ilir Meta, e aos familiares das vítimas, o Santo Padre expressou seu mais sincero pesar por aqueles que morreram em consequência do terremoto de 6,4 graus na Escala Richter que sacudiu o país na madrugada de terça-feira, 26.

“Encomendando as almas dos falecidos à misericórdia de Deus, asseguro aos feridos e a todos os atingidos por esse desastre minha proximidade em oração”, diz a mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin

Já às equipes de emergência e aos esforços realizados nas operações de socorro, Sua Santidade invoca bênçãos de fortaleza e confia o povo da Albânia à Providência amorosa do Todo-Poderoso.

Dia de Luto Nacional
E outro forte abalo, de magnitude 5,1 na Escala Richter, sacudiu o país ao meio dia desta quinta-feira. Segundo informações do governo, subiu para 41 o número de vítimas fatais do terremoto de terça-feira, com epicentro no Mar Adriático, a 10 km da cidade portuária de Durazzo, a mais atingida. Mas a maior parte das vítimas são da cidade de Durres, a 40 km a oeste da capital Tirana. Os desaparecidos são provavelmente 15.

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26/11/2019

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Abalos secundários, que chegaram a atingir 5,4 graus, ocorreram aos longo de toda a quarta-feira. Ao meio-dia desta quinta-feira, foi sentido um abalo de 5,1 graus. 

A população foi obrigada a abandonar apartamentos e casas e dormir em ginásios, abrigadas em tendas e mesmo a céu aberto, protegidos por cobertores. O governo albanês decretou Dia de Luto Nacional para a quarta-feira. As escolas permanecem fechadas.

As autoridades enviaram 2 mil militares e 1.900 agentes de polícias, além de dezenas de equipes médias, às áreas afetadas. Também chega ajuda de países estrangeiros, como Itália e Estados Unidos. 157 bombeiros italianos trabalham entre os escombros em busca de sobreviventes.

Bolsonaro ataca Leonardo DiCaprio

DiCaprio incendeia Amazônia de Bolsonaro


O presidente Bolsonaro virou piada mundial nesta sexta-feira (29) pelas críticas ao ator Leonardo DiCaprio por fazer doações para ONGs ambientalistas de preservação da Amazônia.

DiCaprio seria então responsável pelas queimadas, na (falta de) lógica bolsonarista. Não é a toa que DiCaprio é um dos assuntos mais comentados no Twitter hoje.

“O que é mais fácil? ‘Toca’ fogo no mato. Tira foto, filma, manda para a ONG, a ONG divulga, entra em contato com o Leonardo DiCaprio e o Leonardo DiCaprio doa US$ 500 mil para essa ONG. Leonardo DiCaprio, você está colaborando com as queimadas na Amazônia”, disse o presidente da vergonha nacional.
https://www.esmaelmorais.com.br/

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Prêmio Jabuti de Literatura 2019


Escritora barbacenense vence 


A atriz e escritora barbacenense, Júlia Medeiros, venceu o 61º Prêmio Jabuti de Literatura na categoria infantil. Júlia concorreu com “A Avó Amarela”.
Os vencedores foram anunciados na noite de quinta-feira (28) durante cerimônia no Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer, em São Paulo. Organizado em quatro eixos – Literatura, Ensaios, Livro e Inovação -, o 61º Prêmio Jabuti teve 2.103 obras inscritas. Todas foram avaliadas por um corpo de jurados (três por categoria), especialistas nas respectivas áreas, que foram escolhidos por meio de consulta pública e validados pelo conselho curador.
Os ganhadores de cada categoria recebem R$ 5 mil cada e uma estatueta.

Fonte: Barbacena Online
IO JABUTI

Bolsonaro vira chacota após acusar Leonardo DiCaprio de 'tacar fogo' na Amazônia

As piadas são intermináveis nas redes sociais: "Se a Rose tivesse dado espaço pro Leonardo DiCaprio naquela tábua no naufrágio, a Amazônia ainda estaria de pé", escreveu jornalista
29 de novembro de 2019, 16:54 h Atualizado em 29 de novembro de 2019, 17:03
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Leonardo culpa Leonardo DiCaprio por fogo na Amazônia
Leonardo culpa Leonardo DiCaprio por fogo na Amazônia (Foto: Agência Brasil)

247 - A acusação feita por Jair Bolsonaro de que o ator dos Estados Unidos Leonardo DiCaprio teria responsabilidade nos incêndios da Amazônia, no Brasil, virou alvo de piada nas redes sociais.

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Primeiro a acusação foi feita pelo deputado Eduardo Bolsonaro, um de seus filhos, e depois repetida por ele em live transmitida na noite desta quinta-feira 28, sem qualquer prova.

As piadas são intermináveis na internet. "Se a Rose tivesse dado espaço pro Leonardo DiCaprio naquela tábua no naufrágio, a Amazônia ainda estaria de pé", escreveu a jornalista Amanda Audi, do The Intercept.

"Mamadeira de piroca versão hollywoodiana!Bolsonaro acusa DiCaprio de dar dinheiro para 'tacar fogo na Amazônia'", postou o também jornalista Xico Sá. 

Confira algumas reações:

Marielle Franco volta a assombrar clã Bolsonaro



O caso Marielle Franco voltou a assombrar o clã Bolsonaro com a decisão do STF, nesta quinta-feira (28), de permitir o compartilhamento pela Receita Federal de dados fiscais e bancários com o Ministério Público e órgãos de investigação.


No caso do assassinato de Marielle e seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018, a Polícia Civil do Rio vai retomar as investigações sobre o patrimônio de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de matar a vereadora.

Um relatório do então Coaf apontou, sete meses depois do atentado, que Ronnie depositou R$ 100 mil na própria conta.

O depósito foi feito no dia 9 de outubro de 2018 — sete meses depois do crime — numa agência do Itaú na Barra da Tijuca.

A Polícia Civil do Rio vai retomar o fio da meada sobre a suspeita de um terceiro elemento dentro do carro que saíram os disparos que mataram a vereadora Marielle Franco.

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O jornalista Luis Nassif avalia que a intenção dos assassinos da ex-vereadora do Rio Marielle Franco era:

1. Desmoralizar a intervenção militar e provocar comoção popular;

2. Após a eleição de Wilson Witzel, com intenções de ser candidato a presidente, “ficou claro que seu trunfo era o controle das investigações sobre a morte de Marielle”;

3. Primeiro acabou com a Secretaria de Segurança, que era o órgão para controle político dos policiais. Em seu lugar, criou a Secretaria de Estado da Polícia Militar e a Secretaria de Estado da Polícia Civil;

4. Com as mudanças, tirou os Secretários do alcance das Forças Armadas. Foi a primeira razão. A segunda razão foi a de blindar-se nas negociações políticas com as milícias – que têm enorme influência eleitoral nas regiões controladas;

5. A articulação do poder das milícias não passa mais pelo Palácio da Guanabara; e

6. Fica dentro das corporações policiais. São os secretários que operam o poder, e não o governador diretamente. Milícia é assunto de polícia. Sai da zona de risco político. Com esse movimento, o poder da milícia vai se fundindo cada vez mais com a própria estrutura de Estado.

A delegada Patrícia Alemany, diretora do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro, a retomada da investigação é importante para ajudar a identificar se houve um mandante do crime.

Ronnie Lessa morava na casa registrada com os números 65 e 66 no Condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente Jair Bolsonaro tem um imóvel, a casa 58.

PODCAST - ADVENTO: As profecias se realizam



Por Pe. Geovane Saraiva

'Os dois papas': conversa imaginária para encontrar tolerância

O filme retrocede até o ano 2005 na eleição do antecessor de Francisco
Enquanto os dois caminham, Bento faz comentários e algumas perguntas
Enquanto os dois caminham, Bento faz comentários e algumas perguntas (Osservatore Romano/AFP/VEJA)
Rose Pacatte*
National Catholic Reporter

Dias após sua eleição histórica em 13 de março de 2013, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, atual papa Francisco, tenta reservar uma passagem para Lampedusa para visitar os refugiados lá, mas o agente de reservas desligou o telefone porque achava que ele está fingindo ser o papa.

O filme, Os dois papas, retrocede até o ano 2005 na eleição do antecessor de Francisco, cardeal Joseph Ratzinger (nterpretado por Anthony Hopkins), após a morte do papado, do agora canonizado Papa João Paulo II. É uma eleição contestada e Ratzinger obviamente queria o cargo. Ele parece abertamente preocupado quando o cardeal de Milão Carlo Maria Martini e Bergoglio (Jonathan Pryce) de Buenos Aires, Argentina, recebem apoio significativo na votação antecipada. Ratzinger não tenta esconder seu desdém pelo jesuíta que ama a teologia da libertação da América Latina quando se encontram, mesmo depois que ele é eleito e leva o escolhe o nome de Bento XVI.

Agora, nove anos depois, Bergoglio, com 75 anos, acaba de comprar uma passagem de avião para ir a Roma e oferecer sua renúncia obrigatória a Bento quando é chamado para outra reunião na cidade. Bento está em sua residência de verão, o Castelo Gandolfo, e Bergoglio é obrigado a esperar para ver o papa. Enquanto espera, ele faz amizade com o jardineiro. Bento percebe o momento, mas não fica impressionado.

Enquanto os dois caminham, Bento faz comentários e algumas perguntas. Ele parece hostil e crítico, e Bergoglio está confuso com o motivo de ter sido convocado. Ele tenta entregar sua carta de demissão, mas Bento se recusa a aceitá-la. Enquanto caminham para dentro de casa, Bento diz a Bergoglio: "Não concordo com tudo que você pensa, diz e faz. Mas acho que chegou a sua hora, Bergoglio". Eles passam algum tempo juntos no que parece ser uma sala de estar. Bento encoraja Bergoglio a assistir as notícias de seu time de futebol favorito e depois toca piano brevemente. Bergoglio lembra a influência de sua avó, sua juventude e sua história vocacional, sua decisão de não se casar e se tornar um padre jesuíta.

Bento XVI é chamado a Roma na manhã seguinte para responder a uma crise e os dois são levados em um helicóptero para o Vaticano. Lá, durante o que parece um dia ou dois, eles continuam suas conversas. Bento XVI lembra Bergoglio de seus anos como provincial da comunidade jesuíta quando dois de seus companheiros jesuítas, o padre Orlando Yorio e o padre Franz Jalics (Lisandro Fiks) foram sequestrados pelas autoridades navais da ditadura durante a "Guerra Suja" de 1976. Bergoglio conta seu lado da história com flashbacks de seu exílio para uma paróquia de uma região afastada e montanhosa em Córdoba. É óbvio que Bergoglio sente responsabilidade e tristeza, apesar de ser inocente da cumplicidade no sequestro e tortura dos padres e ter ajudado muitos argentinos a escapar durante esses anos. Ele se ajoelha e Bento oferece absolvição.

Na manhã seguinte, Bento XVI pede para encontrar Bergoglio na Capela Sistina antes de abrir ao público. Agora é a vez de Bento mencionar seu papel na igreja e o papado e sua luta para ouvir a voz de Deus. Ele não parece mais uma figura oposta a Bergoglio. Enquanto olham para o teto, falam da obra de Deus em suas vidas. 

Bergoglio, que descobriu uma pizzaria perto do Vaticano, sugere que peçam algo para comer. Comem uma pizza e parecem quase amigáveis, ambos esquecendo suas preocupações por um tempo. Depois, eles conversam sobre o escândalo de abuso de clérigos na "Sala das Lágrimas", onde os papas recém-eleitos se vestem antes de encontrar a multidão na Praça de São Pedro. Bento XVI fala das situações limites pelas que teve que atravessar e que começam com o encobrimento do Vaticano de um dos mais criminosos, que também tinha amantes e filhos, Marcial Maciel. Agora é Bento o penitente.

É claro que nenhum deles quer continuar em seus papéis. Bento diz a Bergoglio que pretende renunciar ao papado, que existe um precedente, e Bergoglio exorta-o apaixonadamente a não fazer isso, por todos os tipos de razões. Ele também suspeita que Bento o veja como um possível sucessor.

Embora o filme comece com uma frase que diz que a história é baseada em fatos reais, é uma série de encontros ricamente imaginados entre o Papa Bento XVI e o papa Francisco, baseado no livro do autor da Nova Zelândia, Anthony McCarten, que também roteirizou o filme. A obra põe em cena suas conversas nos locais do Vaticano, especialmente na Capela Sistina, que foi criada quase perfeitamente à escala (exceto pelo teto que foi adicionado pelo CGI).

Tive a oportunidade de visitar o set no final das filmagens em maio de 2018 (junto com meu colega da NCR, o correspondente do Vaticano Joshua McElwee). Entramos na "Capela Sistina" no conjunto de sons no Cinecittà Studios, nos arredores de Roma. Almoçamos com o diretor, Fernando Meirelles e conhecemos Jonathan Pryce enquanto visitávamos os sets. É sempre um detalhe fazer uma visita fixa durante a produção do filme; você passa a apreciar todo o trabalho necessário para fazer cinema a também aprofundar sua compreensão de como a mídia é construída, peça por peça, momento a momento, imagem por imagem. Vimos a grande sala de costura (e conhecemos alguns dos alfaiates), onde os figurinos de muitos cardeais eram projetados e confeccionados com precisão. As muitas meias vermelhas (e sapatos!) E outras peças de vestuário foram doadas para campos de refugiados na Itália após as filmagens.

Se McCarten está interessado nos escândalos de abuso do clero, as imagens das favelas da América Latina e a agitação civil da Argentina refletem a sensibilidade do diretor brasileiro Meirelles, que dirigiu a corajosa "Cidade de Deus". A música desempenha um papel significativo no filme; temos Abba, o tango com Bergoglio e música clássica da mais antiga para Bento.

As performances são excepcionais e dignas de prêmios. Hopkins como Bento, o papa sobre quem parecemos conhecer menos, faz uma performance muito boa para externalizar dimensões que só podem ser imaginadas em um papa que ousou renunciar. Francisco e Bento são opostos e assim mostram perspectivas formidáveis. 

Observar os dois papas retratados por Pryce e Hopkins enquanto assistem à partida de futebol de 2014 entre a Alemanha e a Argentina não tem preço. O humor é bom para a alma e para um filme sobre dois papas vivendo ao mesmo tempo no mesmo quarteirão; momento que mantém a audiência fixada na tela. Após uma exibição da AFI em Hollywood, Ben Cahlamer, um crítico de cinema que compareceu à recepção como eu, disse sobre o filme que "os céus se abriram e eles riram conosco". Um padre na mesma sessão me disse que "foi muito divertido".

Também conheci uma mulher na recepção que me mostrou o pequeno escapulário que usa e disse: "Este filme me fez querer dedicar mais tempo à minha vida espiritual". Outra pessoa disse que não se importa em ir à confissão com muita frequência, ou em sua paróquia onde o padre a conhece, mas ver os papas se confessarem um com o outro a ajudou a entender melhor o sacramento e o perdão.

O cineasta vencedor do Oscar, Chris Donahue, disse-me por que está dizendo às pessoas que é uma comédia. "O melhor do filme não é sua teologia, mas a história de esperança e uma amizade improvável". Donahue a vê como uma comédia divina moderna, onde cada papa experimenta o inferno, o purgatório e, finalmente, o paraíso".

Pessoalmente, usarei este filme para nossos retiros de cinema religioso. Também vejo isso nos programas da RCIA, porque, embora seja ficção, lida com a história da igreja, o papado, os mistérios da fé e oferece muito o que conversar. Também tem algo a dizer sobre o nível antagônico do discurso público nos EUA.

Junto com minha colega Paulina, Irmã Nancy Usselmann, também tive a oportunidade de entrevistar McCarten, que escreveu a peça "The Pope" de 2017 e o livro de 2019 O papa: Francisco, Bento e a decisão que abalou o mundo. O autor apontou quantos "prêmios da audiência" o filme está ganhando em festivais de cinema e a explicação de que isso ocorre porque o filme trata de "uma necessidade universal de tolerância, de nos ouvirmos, entendermos, termos compromisso e comunhão".

McCarten estava em Roma com sua esposa, Eva, em 2013, quando visitaram a Basílica de São Pedro para acender uma vela por um amigo. Mas a praça estava cheia de pessoas para uma missa celebrada por Francisco. Ele se perguntou onde Bento estava agora e como era a experiência de ter dois papas. O que o fez renunciar? Eu não sabia a resposta, então pesquisamos no Google e percebemos que o papa Celestino renunciou em 1294. Dante o incluiu na Divina Comédia (concluída em 1320) e o colocou no fundo do inferno, chamando-o de "o grande recusador".

McCarten continuou: "Comecei a me perguntar por que Bento renunciou. Foi um evento cataclísmico e causou um enigma eclesiástico: o que você faz com dois papas ao mesmo tempo? Sempre começo com um estado de ignorância curiosa e escrevo o que quero conhecer". Ele falou sobre a cena em que os dois homens, que se exauriram, sentam-se em silêncio como irmãos e simplesmente não dizem nada. "O silêncio", disse McCarten, "permite a tolerância e a compreensão".

"Os dois papas" podem ser considerados muito "faladores" ou "religiosos" e até pedantes, se não pelas brincadeiras humorísticas que quebram a gravidade de suas reuniões. Bento, o filósofo, é equilibrado por Francisco, o pastor. Toda a narrativa é caracterizada pela justaposição dos dois homens em sua diversidade, no contexto de uma história de unidade que se desdobra nas imagens e sons de 2.000 anos de história. Apresenta um ciclo dinâmico de perspectivas à medida que um homem cresce para entender a experiência, a espiritualidade e a teologia do outro. Eles precisam esticar suas visões de mundo hemisféricas e eclesiais do norte e do sul, enquanto lutam em frente ao altar em uma capela de 500 anos de idade incrivelmente bonita. Muito diálogo e esperança para a humanidade e a igreja são mostrados para um público do século 21 de maneiras inesperadas. Bento XVI é o papa, mas a confiança de Bergoglio em responder ao homem mais velho está enraizada na humildade.

Em uma recente entrevista com o diretor Meirelles, percebemos por que decidiu dirigir o filme. Ele explicou: "Quando eles me convidaram para fazer um filme sobre o papa Francisco, aceitei porque sou um grande fã de suas políticas e é uma pessoa da América do Sul como eu sou".

"A imagem original que eu tinha era a de um bom papa versus um papa ruim, segundo a imprensa os descreveu. Depois, observei algumas das homilias de Bento e entendi. Comecei a ver áreas cinzentas na maneira como Bento era descrito e interpretado".

Meirelles explicou que o filme é sobre "aprender a ouvir os outros e perdoar. Esses são os temas que eu gosto no filme. É uma história pessoal sobre o Papa Francisco e sua agenda: sua crítica a esse sistema econômico injusto e como nós estamos consumindo o planeta".

Embora a maior parte do diálogo seja em inglês – com alguns despontes de latim e alemão -, Meirelles explicou que os dois aprenderam italiano para o filme e Pryce aprendeu espanhol para as cenas na Argentina. No entanto, eles tiveram que ser dublados por um ator argentino, porque os argentinos esperariam que Bergoglio falasse espanhol com o sotaque adequado. Mas é Pryce quem fala em italiano porque Francisco também fala italiano com sotaque.

Quanto ao que ele espera que as pessoas tenham, Meirelles disse: "A ideia de tolerância é a retirada. Espero que as pessoas realmente se relacionem com essa ideia de ouvir e tolerar, porque isso nos dá a esperança de que não precisamos continuar opondo uma perspectiva com a outra. O filme tem uma certa simpatia porque mostra que é possível se conectar ao outro".

Há uma cena no final do filme, após os créditos, que está aberta à interpretação, por isso não deixe de assistir. Meirelles diz que é o lugar onde Deus o chamou. Eu acho que tem a ver muito com a pessoa de Francisco, desejando uma vida mais simples e mais contemplativa; ou talvez seja sua nostalgia, ou sobre seguir em frente, e não se arrepender. Ou talvez seja sobre o passado e sua persistência em seguir o chamado de Deus em uma fé aperfeiçoada no deserto, no topo da montanha acidentada da vida, quando o caminho cheio de rochas é tudo menos suave e certo.

Publicado originalmente em: National Catholic Reporter

*A irmã Rose Pacatte, membro das Filhas de São Paulo, é a diretora fundadora do Centro Paulino de Estudos de Mídia em Los Angeles.

Tradução: Ramón Lara - domtotal.com

The Intercept: 'O inquérito contra os ambientalistas do Pará é um lixo'

The Intercept publica trechos do inquérito que levou quatro ambientalistas do Pará à prisão por considerá-los responsáveis por incêndios florestais na região de Alter do Chão. De acordo com o site, este inquérito é recheado de conclusões estapafúrdias sem embasamento em provas
29 de novembro de 2019, 06:30 h
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Ambientalistas de Alter do Chão são soltos
Ambientalistas de Alter do Chão são soltos (Foto: Revista Fórum/divulgação)

247 - O site The Intercept publica nesta sexta-feira trechos do inquérito que resultou na prisão de quatro ambientalistas paraenses acusados de provocar incêndios dlorestais. Naseado em gfalsidades, a peça "parece apenas um ato de ficção com destino certo: movimentar as turbas pró-Bolsonaro nas redes, incendiadas por personagens irresponsáveis como a deputada Carla Zambelli e o próprio presidente da República".

Na opinião do Intercept, "o inquérito parece destinado à lata do lixo: não há nele qualquer prova material que comprove a autoria dos incêndios. Mas causou estragos na vida dos ambientalistas e na imagem das ONGs que combatem incêndios na Amazônia". 

A farsa, porém, durou pouco mais de 48 horas e os acusados já estão soltos. O delegado responsável pela investigação foi afastado pelo governador do Pará, Helder Barbalho. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Liberdade em Cristo Rei

Padre Geovane Saraiva*
A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, close-upJesus Cristo, além de rei, é profeta e pastor de todos os povos, carregando consigo as marcas do primado soberano e absoluto, legado recebido de Deus Pai. Apresenta-se diante do próprio Deus e diante dos homens, na criação e na redenção, sendo a imagem do Deus invisível, ao revelar o Pai. "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14, 9). O nosso Rei está no meio de nós, alimentando-nos e chamando-nos a segui-lo, mas na alegria de reconhecê-lo na busca de uma vida de coerência.

A imagem pode conter: noite e área internaNão temos uma balança para medir a grandeza do Cristo Rei, mas, se a tivéssemos, mesmo assim, por ser excelso mistério, seria impossível pesar tal grandeza. Pensemos no reino de Jesus de Nazaré, que, precisamente, é o inverso dos reinos daqui da terra, vendo ao redor do seu trono só humilhações, provações, desacatos e insultos. Ele é, no pensamento e no amor infinito do Pai, a dignidade de todas as criaturas, convocando-as à verdadeira existência por meio de sua palavra eterna.

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, em pé, nuvem, céu, montanha, atividades ao ar livre e natureza
Cristo Rei, sim, mas na sua maior simplicidade e franqueza de afirmar e dizer-se Rei, num momento em que fora maltratado e acusado de blasfemar, sendo um Rei sem trono, sem cetro, sem coroa, sem súditos e sem forças militares. Recebeu uma vara no peito que serviu de cetro, uma coroa, mas de espinhos, a corte, mas de facínoras, ao mesmo tempo em que abraçou o trono da Santa Cruz; nela se anuncia a canção: “Vitória, tu reinarás! Ó cruz, tu nos salvarás!”.

O nosso Rei governa como o sacerdote que consagra o alimento restaurador e o oferece ao Pai pela humanidade. Rei pelo preço de sua vida, de seu sangue derramado, estabelecendo-se no meio da humanidade, mas, ao mesmo tempo, longe dos soberanos deste mundo, ao repetir-nos suas palavras, que, "quando for exaltado da terra, atrairei todos a mim, no meu trono glorioso", revelando-nos sua cruz e, com ela, convertendo corações.

Fica o convite para se compreender o reino do nosso Rei Jesus, a partir de uma vida de sofrimentos, com estradas ásperas, nas trilhas repletas de espinhos, não se esquecendo das chuvas de insultos, dos leitos de dores e lares golpeados de provações. Urge aprender sempre mais a ter o olhar da compreensão e da misericórdia diante do enorme abismo em que se encontra o mundo, para que a humanidade possa descansar em paz, pela derrota de todos os males que contrariam seu santo desejo

Na alegria, acolhamos o Filho amado do Pai, que entrou no mundo em razão dos descompassos dos homens, indicando-nos que a liberdade verdadeira consiste no amadurecimento espiritual da criatura humana, na nítida acolhida de seu reino: "Reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz". Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

Trigêmeos

Política: paixão sem grandeza

domtotal.com
Um abismo divide hoje a nação em duas margens ideologicamente rasas rasas e inconsistentes



"Não há na pátria um só cidadão capaz de silenciar os idiotas e falar ao coração das massas"
Jorge Fernando dos Santos*
A maioria dos dicionários define o termo política como a ciência do governo dos povos e dos negócios públicos. A palavra vem do grego, pólis, que significa cidade-estado ou um pequeno território localizado no ponto mais alto de uma região. Seu surgimento foi um influente aspecto do desenvolvimento da civilização grega na antiguidade.
No entanto, porém, todavia, contudo, há que se lembrar a frase do saudoso Nelson Rodrigues: “Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem”. A política, na verdade, deveria ser exercida com a razão, jamais com o fígado.
Na maioria das vezes, ela se revela pantanosa, referindo-se ao modo de se conviver socialmente ou de manipular a verdade em benefício próprio. Maneira hábil de agir e tratar com os outros, ainda que de forma hipócrita. No Brasil dos políticos, o que geralmente existe é a politicagem, a reles política dos homúnculos.
“Política é a única paixão sem grandeza, a única capaz de imbecilizar o homem”.“Política é a única paixão sem grandeza, a única capaz de imbecilizar o homem”.
Não bastasse isso, na era do politicamente correto ser político tornou-se sinônimo de estar na moda, de saber fingir aquilo que não pensa e que jamais ousaria dizer. Trata-se de uma psicanálise ao contrário, na qual o texto suprime o subtexto. Se de um lado prevalecem as aparências, de outro exerce-se a censura dissimulada e em nome do bem.

Um abismo divide hoje a nação em duas margens diametralmente opostas e ideologicamente inconsistentes. Resta ao cidadão indignado protestar contra esse ou aquele sem saber exatamente porque. Em vez de esquerda e direita, a escolha deve ser entre aqueles que roubam e aqueles que não roubam –  sendo estes a grande minoria.
No fundo, a política é prima-irmã da paixão. Ambas, quando misturadas, geralmente fazem estrago. A explosão será em ignomínia e ignorância, desenhando um cenário trágico e confuso, no qual todos os atores gritam e quase ninguém tem razão.
Além dos lulistas que ululam, é também obvio ululante a ira dos bolsominions que se acham donos da verdade. Graças a tal radicalismo temos aí um governo macarthista, disposto a perseguir qualquer cidadão que use cueca vermelha. Há que se criar uma terceira via ou, como diria Guimarães Rosa, uma terceira margem política, pelo bem da nação.
“Grande parte da imprensa perdeu-se entre o ativismo e a efêmera torcida por esse ou aquele lado”Grande parte da imprensa perdeu-se entre o ativismo e a efêmera torcida por esse ou aquele lado
O atual estado de coisas resulta da falta de respeito e de civilidade entre os extremistas. Se de um lado um ministro da Fazenda se esforça em consertar o que recebeu em frangalhos e seu colega insiste em fazer Justiça, de outro jogam-se pedras a esmo, só por jogar.

Em vez de construir uma oposição propositiva, a turma da “resistência” faz de tudo para atrapalhar o país. No outro extremo, elementos do governo costumam tumultuar o quadro com declarações infelizes, muitas vezes irresponsáveis – a começar pelo próprio presidente e seus pimpolhos.
No meio do caminho há um clima de prorrogação. Um terceiro turno das eleições que já foram democraticamente encerradas. Militantes infantilizados de ambos os lados pouco ou nada contribuem para o avanço da realidade nacional.
Falta ao nosso homem público a vocação da grandiosidade. Afinal, quem seria hoje a reserva moral do país? Não há na pátria um só cidadão capaz de silenciar os idiotas e falar ao coração das massas? Nossa suprema corte mais parece uma passarela de egos num mercado persa do que propriamente a casa da Justiça. Até quando?
Para complicar a cena, grande parte da imprensa perdeu-se entre o ativismo e a efêmera torcida por esse ou aquele lado. Falta o contraditório nas denúncias e a consistência teórica na maioria das críticas. As redes sociais, enquanto isso, formam a grande Babel dos incautos a ecoar ofensas gratuitas.
O quadro que se pinta resulta da paixão cretina e cretinizante pela política no seu sentido mais rasteiro. Falta-nos a Política maiúscula de um Rui Barbosa. Do ponto de vista dos partidos e dos políticos (com raras exceções) o que temos hoje denigre a imagem do país diante do espelho.
*Jorge Fernando dos Santos é jornalista, escritor e compositor, tem 44 livros publicados, o mais recente dos quais é ‘A Turma da Savassi’ (Editora Miguilim).