quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Um livro de reflexões do Papa sobre as tribulações ontem e hoje

Capa do livro "Cartas da tribulação" do cardeal Jorge Mario Bergoglio
Capa do livro "Cartas da tribulação" do cardeal Jorge Mario Bergoglio 
O volume repropõe um texto inédito de 1987 de Jorge Mario Bergoglio sobre a “doutrina da tribulação”. O livro foi ampliado e atualizado aos tempos atuais e quem conta a origem da obra é o próprio Papa Francisco no prefácio.
Cidade do Vaticano

O livro “Cartas da tribulação” foi lançado, nesta terça-feira (29/01), na Itália, com o prefácio do Papa Francisco e a introdução de pe. Antonio Spadaro, diretor da revista jesuíta “La Civiltà Cattolica”.

O volume repropõe um texto inédito de 1987 de Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco, sobre a “doutrina da tribulação”, publicado na revista dos Jesuítas, em maio passado. O livro foi ampliado e atualizado aos tempos atuais e quem conta a origem da obra é o próprio Papa Francisco no prefácio, editado por ele na primeira edição, em 1987, a convite do pe. Miguel Angel Fiorito.

Naquela ocasião, tinham sido publicadas oito cartas de dois prepósitos gerais da Companhia de Jesus, sete do pe. Lorenzo Ricci, escritas entre 1758 e 1773, e uma do pe. Jan Roothaan del 1831. As missivas se referem à “grande tribulação” pela decisão tomada por Clemente XVI, em 1773, de suprimir a Ordem dos Jesuítas, depois reconstituída em 1814, por vontade de Pio VII em 1814.

“Lembro-me, ressalta o Papa Francisco, “que quando levei ao Pe. Miguel Ángel Fiorito o rascunho do prefácio que eu tinha escrito para a primeira edição das “Cartas da tribulação”, o mestre, como era chamado, me pediu para desenvolver melhor o último parágrafo em que eu falava da importância do recorrer à acusação de si mesmo. Naquele ponto, tratava-se do discernimento e de como enfrentar bem a vergonha e a confusão que fazem espaço quando o maligno desencadeia uma perseguição feroz contra os filhos da Igreja”. “A resposta”, explica Francisco, “era a de opor-lhe a vergonha saudável e a confusão que a Misericórdia infinita do Senhor e a sua lealdade fazem sentir aos que pedem perdão pelos próprios pecados. «Ali, existe uma graça», me disse. «Deve desenvolvê-la!»

Discernimento em época de confusão
“Trinta anos depois”, constata o Papa, “estamos em outro contexto, mas a Guerra é a mesma e pertence somente ao Senhor. Essas cartas são «um tratado de discernimento em época de confusão e tribulação», e a sua reedição convida-me novamente com força, junto com as reflexões de outros colegas que estão incluídos no livro, a continuar a absolver aquele encargo que me foi dado pelo mestre, que agora para mim tem o sabor de profecia do idoso, de  «desenvolver uma graça»”.

“Sinto”, diz Francisco aos leitores, “que o Senhor me pede para partilhar novamente as Cartas da Tribulação. Partilhá-las com todos aqueles que, em meio à confusão que o pai da mentira sabe semear em suas perseguições, se sentem decididos a combater bem, livres daquela autocomiseração à qual somos tentados a nos render. Ela esconde a fonte da vingança e nada faz além de alimentar o mal que deseja eliminar. Contra toda tentação de confusão e derrota, faz bem voltar a sentir o espírito paterno daqueles que nos precederam e que anima essas cartas. Eles nos ensinam a escolher o consolo nos momentos de grande desolação”.

Fonte de mansidão, coragem e lucidez
O Papa faz um convite: “Recomendo a lê-las e rezar com elas. Essas cartas são, e foram para muitos em alguns momentos particulares, uma verdadeira fonte de mansidão, coragem e esperança”.

Além das oito cartas dos superiores gerais, padre Ricci e padre Roothaan, referidas às tribulações do passado, pela primeira vez traduzidas do latim nessa nova edição, o volume propõe outras cinco cartas do Papa Bergoglio, escritas em 2018: quatro dirigidas à Igreja no Chile, inerentes “à ferida aberta, dolorosa e complexa da pedofilia”, e uma dirigida ao Povo de Deus “a fim de desarraigar a cultura do abuso”.

“Essas cartas e as reflexões que as compõem”, explica na nota introdutiva o diretor da revista jesuíta “La Civiltà Cattolica”, pe. Antonio Spadaro, responsável pela introdução do livro, “são relevantes para entender como Bergoglio sinta o dever de agir como sucessor de Pedro, ou seja, como Francisco. São palavras que ele diz hoje para a Igreja, repetindo-as sobretudo a si mesmo. São  sobretudo, palavras que o Pontífice considera fundamentais, hoje, para que a Igreja seja capaz de enfrentar tempos de desolação, perturbação, polêmicas pretensiosas e contra o Evangelho”.

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