terça-feira, 18 de setembro de 2018

Vice de Bolsonaro diz que “grande parte” de homens de comunidades pobres são bandidos

 O perfil da principal vítima de violência, contudo, é facilmente identificável: jovem, negro e pobre.

Blog do Sakamoto no UOL
Após as críticas que recebeu por ter declarado, nesta segunda (17), que ”a partir do momento que a família é dissociada”, por ”agendas particulares que tentam impor ao conjunto da sociedade”, ”áreas carentes”, ”onde não há pai e avô”, apenas ”mãe e avó” transformam-se em ”uma fábrica de elementos desajustados” que tendem a ingressar em ”narcoquadrilhas”, o general da reserva Hamilton Mourão afirmou que fez apenas uma ”constatação”. E trouxe mais um preconceito.

”Eu deixei claro que esse atingimento da família é muito mais crucial nas nossas comunidades carentes, onde a população masculina, em grande parte, está presa, ligada à criminalidade ou já morreu, e deixa a grande responsabilidade de levar a família à frente nas mãos de mães e avós”, afirmou.

Ou seja, na tentativa de mostrar que foi criticado gratuitamente pela imprensa, o candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro conseguiu acrescentar outro elemento além do machismo, da homofobia e do preconceito contra pobres presentes na fala de ontem. Pois, de acordo com essa declaração, grande parte dos homens moradores de comunidades pobres são bandidos: estão presos ou ligados à criminalidade. O que é uma afirmação rasa e uma premissa perigosa.

As taxas de resolução de homicídios são muito baixas no Brasil. Ao mesmo tempo, a maioria esmagadora de furtos e assaltos são resolvidos apenas quando há flagrante policial, porque a investigação também é limitada. É possível traçar perfis de quem cumpre pena e medidas socioeducativas, mas não extrapolar para o universo de uma comunidade carente. O perfil da principal vítima de violência, contudo, é facilmente identificável: jovem, negro e pobre.

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