domingo, 30 de setembro de 2018

SÓ UM FATO NOVO TIRA VITÓRIA DE HADDAD

 Stuckert
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"Bolsonaro se deu muito mal com seu golpe baixo de tentar intimidar os eleitores e até o TSE com sua ladainha fascista de que se não ganhar a eleição não vai aceitar o resultado porque não confia nas urnas eletrônicas", escreve o colunista Alex Solnik; A pesquisa mais recente MDA/CNT "confirma que ele parou de crescer, enquanto Haddad não para de subir", afirma; "Somente um fato novo muda essa tendência, avisam especialistas em pesquisas".

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HADDAD A MILITANTES: VAMOS CHEGAR EM PRIMEIRO NO SEGUNDO TURNO

TURNO Stuckert
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O presidenciável do PT, Fernando Haddad, fez um agradecimento a voluntários e a militantes que colaboram com sua campanha, após a pesquisa CNT/MDA apontar um empate técnico entre ele e concorrente Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno; "Queria fazer um agradecimento e um apelo aos nossos voluntários e militantes: nessa reta final vamos dar um gás bacana, chegar em primeiro no segundo turno. Conto muito com vocês. Muito obrigado até aqui. Vamos juntos até a vitória", disse; assista ao vídeo.

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Inteligência artificial na luta contra a fome

domtotal.com
124 milhões de pessoas vivem atualmente em situações de insegurança alimentar.
Os gigantes da alta tecnologia
Os gigantes da alta tecnologia "usarão o poder dos dados" para analisar, antecipar situações de risco e agir antes que degeneram em uma crise humanitária real". (Divulgação).

Microsoft, Amazon e Google decidiram se associar a organizações internacionais para prevenir o risco de fome em todo o mundo por meio da inteligência artificial, segundo uma iniciativa divulgada neste domingo.

Em vez de combater a fome uma vez que ela tenha levado muitas vidas, os gigantes da alta tecnologia "usarão o poder dos dados" para analisar, antecipar situações de risco e agir antes que degeneram em uma crise humanitária real", explicam o Banco Mundial e as Nações Unidas em uma declaração.

Em 2017, mais de 20 milhões de pessoas do nordeste da Nigéria, da Somália, Sudão do Sul e Iêmen enfrentaram a fome devido a uma série de fatores combinados: conflito, pobreza, desastres climáticos e preços dos alimentos.

Além disso, 124 milhões de pessoas vivem atualmente em situações de insegurança alimentar.

"O fato de milhões de pessoas, muitas delas crianças, ainda sofrerem de desnutrição e fome no século 21, é uma tragédia global", declarou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, no comunicado. "Estamos formando uma coalizão global sem precedentes para dizer 'basta'", acrescentou.

O Mecanismo de Ação contra a Fome (FAM) fornecerá os primeiros sinais de alerta para identificar crises alimentares que poderiam se transformar em fome. Isso acionará os programas de financiamento para uma resposta rápida.

"Se pudermos prever quando e onde a fome ocorrerá, poderemos salvar vidas respondendo mais cedo e com mais eficácia", disse Brad Smith, presidente da Microsoft.

Google, Microsoft, Amazon Web Services e outras empresas de tecnologia fornecerão seus conhecimentos para desenvolver uma série de modelos analíticos chamados "Artemis" que usam inteligência artificial e 'aprendizado de máquina' para fazer previsões em tempo real sobre o agravamento de crises alimentares.

"A inteligência artificial e o aprendizado de máquina são muito promissores na detecção de escassez de alimentos relacionados a falhas de safras, secas, desastres naturais e conflitos", explicou Smith.

O aprendizado de máquina ("machine learning") é um método usado na inteligência artificial que, a partir de algoritmos, examina um conjunto de dados para analisar novas situações.

O FAM será inicialmente lançado com um pequeno grupo de países vulneráveis antes de ser estendido ao mundo. Os líderes dedicados a este projeto se reunirão no dia 13 de outubro para discutir sua implementação.

AFP

Cantanhêde Se Rende Ao Ressurgimento Do PT E À Decadência Do PSDB

Por Portal Click Política  Em 30 set, 2018

A jornalista Eliane Cantanhêde, em sua coluna no Estado de São Paulo, diz que “o que está em jogo não é a vitória ou não de Alckmin, mas a sobrevivência do partido. O PT tem Lula, ordem unida, governos e disciplina. O PSDB perdeu o Sul, o Centro-Oeste e o eleitorado tucano, não tem mais Serra e Aécio, não terá Alckmin, e Fernando Henrique pensa mais nele do que no partido.“

Para ela, “o PSDB foi atropelado pela divisão do centro, a decantada deslealdade tucana, a revelação do real Aécio Neves e as operações contra seus governadores – inclusive, a dias das eleições”.

“Há dois anos, o PT parecia liquidado, enquanto o PSDB invadia o ´cinturão vermelho´ e vencia espetacularmente na capital de São Paulo, alçando o então governador Geraldo Alckmin à condição de principal vitorioso individual do País. O mundo dá voltas e tudo se inverteu”, lamenta Eliane Cantanhêde.

Portal Click Política

Em carta inédita, Lula pede para militância eleger Haddad

30 de setembro de 2018 por Esmael Morais


O ex-presidente Lula, mantido preso político há 6 meses, escreveu uma inédita carta à militância pedindo para que faça campanha para eleger Fernando Haddad.

Ricardo StuckertNa missiva, Lula reforça a necessidade da luta pela eleição de Haddad. “Saiam de casa todos os dias para fazer campanha e pedir votos para ele. Façam por ele como se fosse por mim”, solicitou aos petistas.

Leia a íntegra da carta de Lula:

Companheiras e companheiros do PT,

Estamos chegando à reta final de uma das campanhas eleitorais mais importantes da nossa história. Estamos lutando pelos direitos do povo, pela soberania do país e até mesmo pelo restabelecimento da democracia.

Estamos lutando pela nossa dignidade e pela liberdade do povo.

Fui proibido arbitrariamente de disputar essa eleição, como era desejo da maioria. Mas se a injustiça fechou a porta da minha candidatura, o povo está abrindo outra, que é a candidatura do companheiro Fernando Haddad.

Ele me representa nesta eleição e, tenho certeza, vai cuidar da nossa gente com carinho, como eu sempre cuidei.

Por isso peço a vocês que lutem muito pela eleição do Haddad. Saiam de casa todos os dias para fazer campanha e pedir votos para ele. Façam por ele como se fosse por mim.

Mais uma vez, a vitória vai depender muito da garra e do empenho de cada militante. Essa é a diferença que sempre nos fez crescer nos momentos decisivos. Só PT tem essa militância que é a alma do nosso partido.

Vamos juntos, companheiras e companheiros, para vencer mais uma vez.

Um abraço com muito carinho do

Lula

Homenagem pelos 30 Anos de Vida Sacerdotal do Pe. Geovane Saraiva em Literatura de Cordel









Dois ministros disseram ao jornal que Fux não tinha atribuição para o caso

EFEITO FUX: Toffoli Tenta Evitar Guerra No Supremo E Liga Para Ministros

Por Portal Click Política  Em 30 set, 2018

A decisão de Luiz Fux de proibir a entrevista de Lula à Folha suscitou reações no STF.

Dias Toffoli, presidente da Corte, telefonou aos colegas neste sábado para tentar evitar “uma guerra de despachos monocrático”, relata o Painel da Folha.

Dois ministros disseram ao jornal que Fux não tinha atribuição para o caso e que o Partido Novo não tinha legitimidade para apresentar recurso contra a decisão de Ricardo Lewandowski.

Portal Click Política.

Morre a cantora Angela Maria, aos 89 anos, em São Paulo

domtotal.com
A cantora morreu na noite deste sábado (29).
Angela Maria, conhecida como a Sapoti, foi uma das rainhas do rádio e de estrondoso sucesso entre os anos de 1950 e 1960
Angela Maria, conhecida como a Sapoti, foi uma das rainhas do rádio e de estrondoso sucesso entre os anos de 1950 e 1960 (Reprodução).

Aos 89 anos, morreu em São Paulo, a cantora Angela Maria. Ela estava internada há 34 dias, no Hospital Sancta Maggiore em decorrência de um quadro de infecção. O velório e o enterro ocorrerão neste domingo (30) no Cemitério Congonhas. De acordo com a família, foi um período de sofrimento para a artista.

A cantora morreu na noite deste sábado (29). Em um vídeo, publicado no Facebook, Daniel D’Angelo, marido da cantora, Alexandre, um dos quatro filhos adotivos do casal, e um assessor confirmaram a morte e pediram orações. Também afirmaram que jamais deixarão a estrela dela apagar.

Angela Maria, conhecida como a Sapoti, foi uma das rainhas do rádio e de estrondoso sucesso entre os anos de 1950 e 1960, em um vídeo no Facebook. "É com meu coração partido que eu comunico a vocês que a minha Abelim Maria da Cunha, a nossa Angela Maria, partiu, foi morar com Jesus", disse Daniel D’Angelo.

Vida

Angela Maria, nasceu em Conceição de Macabu, no Rio de Janeiro. Foi operária e teve várias atividades profissionais, mas sempre quis seguir carreira artística. Mas jamais deixou de cantar.

A artista se consagrou na era dourada do rádio, tornando-se uma referência ao lado de Maysa, Nora Ney e Dolores Duran. Recentemente, a cantora disse que gravou 114 discos e vendeu aproximadamente 60 milhões de exemplares.

Em 2012, tentou seguir carreira política. Candidatou-se a vereadora da cidade de São Paulo, mas não se elegeu. Há três anos foi lançada a biografia “Angela Maria: a eterna cantora do Brasil”, escrita pelo jornalista Rodrigo Faour, que reuniu depoimentos e relatos da cantora.


Agência Brasil

CELSO AMORIM: VITÓRIA DE HADDAD SERÁ ACEITA PELOS MILITARES


O ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores dos governos Lula e Dilma, Ceso Amorim avalia que as Forças Armadas respeitarão a voz das urnas; "A vitória de Haddad será aceita pelos militares", afirma, argumentando que o atual ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, que foi chefe do Estado maior do Exército, deixou claro que a participação das Forças Armadas será única e exclusivamente voltada para que a votação ocorra no clima de normalidade; assista.

Papa no Angelus: amar nossa comunidade sem ciúmes e fechamentos

Papa Francisco no Angelus deste domingo
Papa Francisco no Angelus deste domingo  (Vatican Media)
“O comportamento dos discípulos de Jesus é muito humano, muito comum, e podemos encontrá-lo nas comunidades cristãs de todos os tempos, provavelmente também em nós mesmos", disse Francisco.
Cidade do Vaticano

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (30/09), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice ressaltou que “o Evangelho deste domingo nos apresenta um daqueles particulares muito instrutivos da vida de Jesus com os seus discípulos”.

“Eles tinham visto que um homem, que não fazia parte do grupo dos seguidores de Jesus, expulsava os demônios no nome de Jesus, e por isso queriam proibi-lo. João, com o entusiasmo zeloso típico dos jovens, refere o fato ao Mestre buscando o seu apoio; mas, Jesus, ao contrário, responde: «Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor».”

Discípulos manifestam atitude de fechamento
Segundo o Papa, “João e os outros discípulos manifestam um comportamento de fechamento diante de um acontecimento que não entra em seus esquemas, neste caso a ação, mesmo sendo boa, de uma pessoa ‘externa’ ao grupo de seguidores”.

“ Em vez disso, Jesus parece muito livre, plenamente aberto à liberdade do Espírito de Deus, que não é limitado em sua ação por nenhum confim e por nenhum recinto. Com a sua atitude, Jesus quer educar os seus discípulos, e também a nós hoje, a esta liberdade interior. ”

Francisco disse que “nos faz bem refletir sobre este episódio e fazer um pouco de exame de consciência”.

Medo da concorrência
“O comportamento dos discípulos de Jesus é muito humano, muito comum, e podemos encontrá-lo nas comunidades cristãs de todos os tempos, provavelmente também em nós mesmos.”

“De boa fé, aliás, com zelo, se gostaria de proteger a autenticidade de uma certa experiência, especialmente carismática, tutelando o fundador ou o líder dos falsos imitadores.”

Segundo o Papa, “ao mesmo tempo, existe o medo da ‘concorrência’ de que alguém possa atrair novos seguidores, e então não se consegue apreciar o bem que os outros fazem: não é bom porque ele “não é um dos nossos”. É uma forma de auto-referencialidade”.

Liberdade de Deus
“A grande liberdade de Deus em doar-se a nós é um desafio e uma exortação a mudar os nossos comportamentos e nossas relações. É um convite que Jesus nos faz hoje."

“ Ele nos convida a não pensar segundo as categorias do “amigo/inimigo”, “nós/eles”, “quem está dentro/quem está fora”, mas a ir além, a abrir o coração a fim de reconhecer a sua presença e a ação de Deus mesmo em âmbitos incomuns e imprevisíveis e em pessoas que não fazem parte de nosso círculo. ”

“Trata-se de estar mais atentos à genuinidade do bem, do bonito e do verdadeiro que é realizado, do que ao nome e procedência de quem o faz. E - como nos sugere o restante do Evangelho de hoje -  em vez de julgar os outros, devemos examinar a nós mesmos e “cortar” sem pactos tudo o que pode escandalizar as pessoas mais fracas na fé”, disse ainda o Papa.

Abertura ao Espírito Santo
Francisco concluiu, pedindo à Virgem Maria, “modelo de acolhimento dócil das surpresas de Deus, para que nos ajude a reconhecer os sinais da presença do Senhor no meio de nós, descobrindo-o em todo lugar que Ele se manifestar, até mesmo nas situações mais impensáveis e incomuns. Que ela nos ajude a amar a nossa comunidade sem ciúmes e fechamentos, sempre abertos ao horizonte vasto da ação do Espírito Santo”.

Assuntos

Papa envia mensagem de solidariedade a populações atingidas por tsunami na Indonésia

Tragédia provocou mais de 800 mortos
Cidade do Vaticano, 30 set 2018 (Ecclesia) – O Papa manifestou hoje a sua solidariedade às populações atingidas pelo sismo, seguido de tsunami, na Indonésia, que provocou mais de 800 mortos.

“Manifesto a minha proximidade à população da ilha de Celebes, na Indonésia, atingida por um forte maremoto. Rezo pelos defuntos, infelizmente em grande número, pelos feridos e pelos perderam a casa e o trabalho”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
Francisco convidou os milhares de visitantes e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, a rezar uma Avé-Maria por todos os que foram atingidos pela tragédia.
“Que o Senhor os console e sustente os esforços dos que se empenham nas ações de socorro”, apelou.
O terramoto de magnitude 7,5 na escala de richter, seguido de tsunami, que abalou esta sexta-feira a ilha de Celebes, provocou pelo menos 832 mortes, segundo novo balanço divulgado hoje pelas autoridades locais.
A maioria das vítimas (821) registou-se em Palu, cidade com cerca de 350 mil habitantes na costa oeste de Celebes.
A Cruz Vermelha Internacional fala numa tragédia que “pode ser pior”, face à falta de informação sobre Danggala, cidade de difícil acesso.
Já entre 29 de junho e 19 de agosto, mais de 550 pessoas tinham morrido e quase 400 mil ficaram deslocadas devido a quatro terramotos, na ilha indonésia de Lombok.
A tradicional catequese dominical do Papa deixou ainda um apelo para que os católicos não julguem os outros, rejeitando tudo o que possa “escandalizar” quem está mais afastado de uma vida de fé.

“Jesus convida a não pensar segundo as categorias de amigo/inimigo, nós/eles, dentro/fora, mas a ir mais além, a abrir o coração para poder reconhecer a sua presença e a ação de Deus em âmbitos insólitos e imprevisíveis”, declarou.
OC

Ninguém tem a exclusividade de Jesus

domtotal.com
Reflexão sobre a liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum - Mc 9,38-43.45.47-48
Na sociedade atual há muitos homens e mulheres que trabalham por um mundo mais justo e humano sem pertencer à Igreja.
Na sociedade atual há muitos homens e mulheres que trabalham por um mundo mais justo e humano sem pertencer à Igreja. (Ben White by Unsplash)
Por José Antônio Pagola*

A cena é surpreendente. Os discípulos se aproximam de Jesus com um problema. Neste momento, o mensageiro do grupo não é Pedro, mas João, um dos dois irmãos que procuram os primeiros lugares. Agora pretende que o grupo de discípulos tenha exclusividade de Jesus e o monopólio da sua ação libertadora.

Os discípulos estão preocupados. Um exorcista que não faz parte do grupo está expulsando demônios em nome de Jesus. Eles não se alegram de que estas pessoas fiquem curadas e possam iniciar uma vida mais humana. Só pensam no prestígio do seu próprio grupo. Por isso procuraram cortar pela raiz sua intervenção. Esta é sua única razão: «Não é dos nossos».

Os discípulos dão por certo que, para atuar em nome de Jesus e com sua força de curar, é necessário ser membro do seu grupo. Ninguém pode invocar o nome de Jesus e trabalhar por um mundo mais humano sem fazer parte da Igreja. É realmente assim? Que pensa Jesus?

Suas primeiras palavras são rotundas: «Não os proíbam». O nome de Jesus e sua força humanizadora são mais importantes que o pequeno grupo de seus discípulos. É bom que a salvação que Jesus traz se estenda para além da Igreja estabelecida e ajude as pessoas a viver de forma mais humana. Ninguém deve vê-la como uma concorrência desleal.

Jesus rompe toda a tentativa sectária de seus seguidores. Ele não formou seu grupo para controlar sua salvação messiânica. Não é rabino de uma escola fechada, mas Profeta de uma salvação aberta a todos e todas. Sua Igreja deve apoiar seu nome ali onde é invocado para fazer o bem.

Jesus não quer que entre seus seguidores se fale dos que são nossos e dos que não o são, os de dentro e os de fora, os que podem atuar em seu nome e os que não podem fazê-lo. Seu modo de ver as coisas é diferente: «O que não está contra nós está a favor de nós».

Na sociedade atual há muitos homens e mulheres que trabalham por um mundo mais justo e humano sem pertencer à Igreja. Alguns nem são crentes, mas estão a abrir caminhos para o reino de Deus e sua justiça. São dos nossos. Temos de nos alegrar em vez de olhá-los com ressentimento. Temos de apoiá-los em vez de desqualificá-los.

É um erro viver na Igreja vendo hostilidade e maldade por todos os lados,acreditando ingenuamente que só nós somos portadores do Espírito de Jesus. Ele não nos aprovaria. Convida-nos a colaborar com alegria com todos os que vivem de forma humana e se preocupam com os mais pobres e necessitados.

IHU

*José Antonio Pagola é padre e tem dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor do seminário diocesano de San Sebastián e vigário-geral da diocese de San Sebastián.

HADDAD DESTACA PAPEL DE MULHERES E DIZ QUE SEU GOVERNO TERÁ METAS DE PARTICIPAÇÃO

Claudio Kbene

Claudio Kbene
"Nossa equipe vai ter muitas mulheres, nós queremos inclusive fixar meta", afirmou Haddad neste sábado em Manaus, elogiando sua vice, Manuela d´Ávila. "A Manuela vai ter papel não só como vice, mas como uma agente política importante. Ela dialoga com toda juventude brasileira e nós queremos que o protagonismo da juventude e da mulher esteja presente", acrescentou

Haddad sobe 7,9% e empata com Bolsonaro

URGENTE
30 de setembro de 2018 por Esmael Morais

Resultado de imagem para haddad debatePesquisa CNT/MDA divulgada neste domingo (30) registra avanço de 7,9 pontos de Fernando Haddad (PT) e “estacionamento” de Jair Bolsonaro (PSL). Agora, os dois estão tecnicamente empatados.

De acordo com o levantamento, Bolsonaro tem 28,2% e Haddad 25,5% das intenções de voto. A margem de erro no levantamento é de 2,2% para mais ou para menos.

Ciro Gomes (PDT) surge em seguida com 9,4%. Geraldo Alckmin (PSDB) marcou 7,3% dos votos, e Marina Silva (Rede), 2,6%.

Veja a intenção de voto estimulada para presidente:

Jair Bolsonaro (PSL): 28,2%
Fernando Haddad (PT): 25,2%
Ciro Gomes (PDT): 9,4%
Geraldo Alckmin (PSDB): 7,3%
Marina Silva (Rede): 2,6%
João Amoêdo (Novo): 2%
Alvaro Dias (Podemos): 1,7%
Henrique Meirelles (MDB): 2%
Cabo Daciolo (Patriota): 0,7%
Guilherme Boulos (PSOL): 0,4%
Vera (PSTU): 0,3%
José Maria Eymael (DC): 0,1%
João Goulart Filho (PPL): 0,1%
Branco/Nulo: 11,7%
Indeciso: 8,3%

A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 27 e 29 de setembro em 137 municípios de 25 unidades da federação. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-03303/2018 e tem nível de confiança de 95%.


A última pesquisa MDA/CNT de intenções de voto dos candidatos à Presidência foi divulgada em 17 de setembro. Ela trazia Bolsonaro em primeiro lugar, com 28,2% das intenções, seguido por Haddad, com 17,6%, e Ciro, com 10,8%.

sábado, 29 de setembro de 2018

Haddad Manda Recado Para Bolsonaro: Pode Ir Logo Se Acostumando Com O PT No Poder

EM MANAUS!

Por Portal Click Política  Última atualizaçãõ 29 set, 2018

O candidato à presidência pelo PT, Fernando Haddad, disse, em ato em Manaus, no Amazonas, que é melhor Bolsonaro “já ir se acostumando com Haddad”, em referência à frase “é melhor Jair se acostumando” usada pelos eleitores do candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
Em crítica a Bolsonaro, que afirmou não aceitar outro resultado que não sua eleição, Haddad afirmou que os problemas no Brasil começaram quando Aécio Neves, candidato pelo PSDB em 2014, não respeitou o resultado das urnas.

“Será que ele vai repetir o erro do Aécio? Vamos aprender com a história. O Aécio desrespeitou o resultado eleitoral e jogou o Brasil na crise. O Bolsonaro não pode repetir o Aécio.”

Portal Click Política

OU O BRASIL RACHA COM UM FASCISTA OU SE DEIXA PACIFICAR COM HADDAD

 Esq.: Stuckert / Dir.: Centro de Operações do Rio
Esq.: Stuckert / Dir.: Centro de Operações do Rio
A dimensão dos protestos da campanha #elenão, que levou mais de 1 milhão de brasileiros às ruas neste sábado contra a candidatura fascista de Jair Bolsonaro, coloca o Brasil diante de um impasse civilizatório: ou o País implode, se vier a ser governado pelo candidato que ameaça a democracia, ou se deixa pacificar com Fernando Haddad no comando; a boa notícia é que, em todas as pesquisas recentes, Haddad já vem abrindo uma folga confortável em relação ao extremista que é resultado do ódio disseminado no Brasil nos últimos anos; no Datafolha, Haddad vence Bolsonaro no segundo turno por 45% a 39%; vídeos.

MULTIDÕES SE LEVANTAM NO BRASIL CONTRA O FASCISMO DE BOLSONARO

Em todo o Brasil, milhares de brasileiros, liderados pelas mulheres, se levantaram contra o fascismo representado pela candidatura de Jair Bolsonaro; na Cinelândia, no Rio, uma multidão aderiu ao movimento #elenão, que também se espalhou por diversas cidades do Brasil e do mundo; segundo a vice na chapa presidencial do PT, Manuela D'Ávila (PCdoB), manifestantes estão comprometidos "com a democracia, com a dignidade e com a liberdade das mulheres"; repúdio à misoginia e ao fascismo de Bolsonaro vai além do Brasil: atos ocorrem em países como Portugal, Itália, Argentina, Alemanha e França.

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Manifestantes protestam contra o candidato Jair Bolsonaro durante ato na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Protesto contra Bolsonaro ocupa a Cinelândia, no Centro do Rio — Foto: TV Globo
Foto aérea mostra manifestação contra o candidato Jair Bolsonaro no Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo — Foto: Miguel Schincariol/AFP
Manifestantes contrários a Jair Bolsonaro se concentraram no Largo
da Batata, em São Paulo — Foto: Roney Domingos/ G1

Bolsonaro nas ruas

29 de setembro de 2018 por Esmael Morais

O hospital Albert Einstein, de São Paulo, informou que Jair Bolsonaro (PSL) já recebeu alta após 23 dias de internamento.

LEIA TAMBÉM
#EleNão! Movimento contra Bolsonaro pode mudar o rumo da eleição?

O presidenciável levou uma facada no último dia 6 de setembro em Juiz de Fora (MG).

Bolsonaro sai do hospital no mesmo dia em que correligionários realizam manifestação nas ruas por sua eleição.

GRITO CONTRA O FASCISMO DE BOLSONARO TOMA AS RUAS DO BRASIL E DO MUNDO

Primeiros vídeos das manifestações de brasileiras, brasileiros e defensores da democracia mundo afora começam a tomar conta das redes socais. Chamado para este sábado (29) como um grito contra o fascismo de Bolsonaro, #EleNão / #NotHim já conta com milhares de pessoas nas ruas do Brasil e das principais capitais europeias como Paris, Berlim e Lisboa.

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BOLSONARO OCULTOU BENS DA JUSTIÇA ELEITORAL

FICHA LIMPA? Adriano Machado - Reuters
Adriano Machado - Reuters
"A matéria de capa da Veja, que esmiúça processo que a sua segunda ex-mulher abriu" contra Jair Bolsonaro, então deputado federal, em 2011, "revela algo mais escandaloso", destaca o colunista Alex Solnik, acrescentando dois fatores: "seu patrimônio era incompatível com seus proventos de deputado federal e aposentadoria militar" e o de que "ele certamente ocultou patrimônio em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral em 2006 e provavelmente também em 2018, o que se enquadra nos crimes de falsidade ideológica e sonegação". 

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'Não me envolvia com política, mas fui preso e torturado pela ditadura'

Jornalista Patrícia Paixão apresenta o relato inédito de seu pai, Cesar Pinto Paixão, sobre os momentos de terror vividos no Dops em 1970.


Vítima sofreu torturas para dizer onde estava o irmão, procurado pela polícia.
Vítima sofreu torturas para dizer onde estava o irmão, procurado pela polícia. (Arquivo Pessoal)
Por Patrícia Paixão

Nunca fui impedida de me expressar, nunca fui presa ou torturada  por expor o que penso. Apesar disso, cresci com um enorme aperto no  peito causado por algo que não vivi. Ao longo da minha infância e  juventude, ao som de “Cálice” e outras canções emblemáticas de Chico  Buarque, papai sentava ao nosso lado para contar sério e entristecido  sobre os dias em que ficou preso no Dops-SP (Departamento de Ordem  Política e Social), braço da repressão da ditadura militar de 1964 na  capital paulista.

As lembranças eram dele e meu avô sendo empurrados com  agressividade para dentro da viatura modelo Veraneio da GM (General  Motors), usada pelos agentes do órgão. Relatava as torturas que sofreu  para dizer onde estava meu querido tio Walter, este sim ativista  político contra o regime militar — ele era considerado “subversivo” — ,  da cela apertada, onde 18 pessoas se espremiam para encontrar um espaço  pra sentar (o local tinha um único buraco no chão, improvisado como  banheiro, onde todos faziam suas necessidades). Relembrava de pessoas  que gemiam e outras que apareciam muito machucadas após as sessões de  tortura, aumentando o clima de tensão. Os presos estavam ali há meses  sem que suas famílias pudessem ter noção de seu paradeiro.
Quando comecei a aprender sobre a ditadura nos livros escolares,  me sentia extremamente chocada por saber que meu pai, meu avô e meu tio  passaram na pele a violência daquele regime de exceção. Meu peito  queimava e eu sentia as pancadas que nunca levei. Lamentava muito que  meus familiares tivessem passado por aquilo. Já adulta, passei diversas  vezes em frente ao prédio da rua Siqueira Bueno, nº 35, no Belém, na  zona leste de São Paulo, onde papai e vovô foram presos. Parava em  frente ao edifício e ficava tentando reconstituir aquela cena tão  repetida por papai. Pensava: “Não é possível que um dia isso  aconteceu!”.
A democracia sempre foi uma bandeira inquestionável em casa e,  sinceramente, nunca pensei que pudesse ouvir o discurso da volta dos  militares como solução para qualquer coisa, como acontece hoje em dia.  Achei que estivéssemos livres disso… Hoje, em pleno século XXI, um  candidato a presidente e seu vice lideram as pesquisas de intenção de  voto, ancorados em um passado tenebroso. Falam com orgulho da ditadura.  Exaltam torturadores que causaram imensas tragédias nas vidas de muitas  famílias. Desvirtuam os direitos humanos, questionando sua validade.
Muito do que me levou para o jornalismo foi essa indignação  constante no peito. Não posso e não devo me calar diante do que estamos  observando nesse país. Em 2015, voltei com papai ao Memorial da  Resistência e ele passou muito mal ao adentrar as celas que estão  expostas para os visitantes. Lembrou de tudo o que passou ali. Aquele  museu é um retrato impactante do terror que representou a ditadura  militar e do que pode acontecer quando os direitos humanos são violados.
A seguir, apresento o relato de papai (na íntegra) sobre os dias  em que ficou preso. O mesmo texto serviu de base para a indenização que  ele ganhou do governo federal, em 2002, por ter sido torturado e ter  ficado mais de um ano sem trabalhar — ele teve que ficar escondido, na  casa de uma tia, pois tinha medo de ser pego novamente, já que essa era  uma ameaça feita textualmente pelos agentes do Dops. Detalhe: papai era  de uma família muito pobre e meus avós dependiam da renda obtida pelos  seis filhos.
César, durante visita do Memorial da Resistência | Foto: Arquivo pessoal
Convido a todos a lerem esse relato verídico e recomendo, aos que  ainda não foram, que visitem o Memorial da Resistência. É preciso, sim,  conhecer o passado para não repetirmos erros que podem custar nosso  futuro.

‘Um breve relato de um momento único da minha vida’

Por César Paixão

Meu nome é César Pinto Paixão, nascido em 1951. No dia 18 de maio de  1970, tive uma experiência amarga e única que marcou minha vida: fui  preso pelo Dops-SP, órgão de repressão da ditadura militar brasileira.  Eu estava com meu pai, Maurílio Pinto Paixão, nascido em 1915, porém,  ele foi liberado algumas horas depois da nossa prisão — após ter sido  humilhado e com o coração em frangalhos por ter deixado um filho preso, e  ter que procurar por outro. Ele não sabia onde encontrar meu irmão,  Walter Roberto Pinto Paixão, para me livrar da prisão. Essa era a  condição imposta pelo delegado para a minha soltura.
Antes de iniciar meu relato quero deixar claro: eu não era um  subversivo e ativista político como meu irmão Walter. Era apenas um  simpatizante de suas ideias, não entendia precisamente as doutrinas  socialista ou comunista, porém as aceitava. Em primeiro lugar, por  confiar no meu irmão e em seus ideais e também por ele ter sido meu  orientador educacional. Em segundo, por acreditar que essas doutrinas  poderiam melhorar a qualidade de vida da sociedade e de nossa família,  meus pais e meus cinco irmãos.
Posto isto, a experiência que passei ocorreu como relato a seguir:  meu irmão, Walter, estava envolvido ativamente em um dos movimentos  contra a ditadura militar (1964 a 1985), mas a Justiça não tinha certeza  disso. Ele foi levado para depor no Dops para averiguação. Após um  determinado tempo de conversa não agradável com os agentes e chegando  perto do horário de encerramento das atividades burocráticas do órgão, o  delegado combinou com meu irmão que ele poderia ir embora, mas deveria  retornar no outro dia para que eles pudessem dar prosseguimento à  investigação. A partir deste ponto, começaram os problemas que viriam a  marcar nossas vidas. Sim, porque meu irmão, com razão, decidiu não  voltar para falar com o delegado. E mais: traçou um plano de fuga.
Ele avisou meus pais que iria fugir para não ser preso e os instruiu,  em particular ao meu pai, para aguardar por pelo menos um mês antes de  pedir o encerramento do contrato de aluguel e retirar os móveis do  apartamento onde morava com a esposa, Neusa Cardoso Paixão, no bairro do  Belém, em São Paulo. Esse prazo que ele pediu tinha como objetivo fazer  o Dops esquecer do caso, algo bem improvável uma vez que eles, de  alguma forma, iriam vigiar por algum tempo o apartamento. Pediu também  ao Sr. Euclides (amigo da família) para esconder os livros proibidos  pela censura da época. Euclides os enterrou no quintal da casa de  Rosário (seu irmão). Finalmente, disse que não iria dizer para onde iria  com sua esposa por uma questão de segurança e para evitar que  eventualmente falássemos, pondo em risco eles e nós. Assim, os dois  desapareceram.
Modelo da cela em que César permaneceu preso no DOPS | Foto: Divulgação
Meu pai, preocupado com o aluguel e outras despesas do apartamento  que iriam vencer, ficou ansioso e decidiu não esperar os 30 dias.  Seguimos então eu, ele, minha mãe (Odette Cunha Paixão, nascida em  1918), que por sua vez levou junto meu irmão José Maurilio (12 anos na  época), meu tio “Negrinho” e também chamou meu tio “Nine” (Ermínio  Ceroni, que possuía uma perua Kombi) e o senhor Rosário, todos como  possíveis ajudantes. Fomos todos para o apartamento no segundo andar do  Edifício Luzia Costa, localizado à Rua Siqueira Bueno, 35.  Meu pai  falou com o zelador que prontamente nos autorizou a entrar e fazer o que  fosse preciso. Deduzimos posteriormente que aquela gentileza foi devido  ao fato de que os investigadores do DOPS já haviam ido até lá atrás do  meu irmão e, como não o encontraram, deixaram uma ordem expressa ao  zelador que, se ele ou alguém da família aparecesse por lá, eles  deveriam ser comunicados imediatamente. E assim aconteceu.
Entramos no apartamento, retiramos os móveis e os levamos para a  perua. Por garantia, eu e meu pai voltamos para verificar se havia mais  alguma coisa para ser retirada do apartamento. Constatando que estava  tudo certo. Ao retornarmos para a perua, no hall do prédio, fomos pegos  por três investigadores, bem armados, e jogados com muita selvageria e  ferocidade (empurrões e coronhadas) para o porta-malas de uma perua  Veraneio dos agentes do DOPS, que vieram a nos conduzir para o órgão.  Meu pai, com a idade de 54 anos e que aparentava ser bem mais idoso por  já ter passado por muitas cirurgias, ficou com seu aspecto ainda pior,  porque quando nos colocaram no porta-malas ele tirou e escondeu suas  dentaduras.
Outro detalhe e de muita sorte foi que no momento em que eles nos  colocavam dentro da viatura, minha mãe, que estava também saindo do  prédio com algumas coisas, viu a situação que estava se passando  conosco, pegou meu irmão e saiu do edifício, sorrateiramente. Caminhou a  passos largos e nisso ela encontrou meu tio “Negrinho” e lhe disse para  ir embora sem fazer alarde.
Meu Tio “Nine”, que possuía a perua e era o motorista, e o nosso  amigo, Rosário, que nos auxiliava na mudança, foram também abordados  pelos investigadores, porém, alegaram que eram somente transportadores,  ou seja, não tinham nenhum vínculo de parentesco ou amizade conosco. Meu  tio, meses após o acontecido, sentia-se envergonhado, contudo sem  razão, porque não dava para assumir uma situação de verdade ou de  heroísmo com aquelas pessoas irracionais.
Depois de todo este “rebu” que se passou no início da tarde, os três  investigadores e nós partimos em direção à nossa residência na Vila  Formosa, também na zona leste de São Paulo. Isso em grande velocidade.  Eu acredito que esta pressa foi porque o zelador deve ter falado que  tinham acabado de sair de lá outros parentes. Como queriam encontrar meu  irmão Walter e seus pertences que o qualificariam como criminoso,  seguiram rapidamente para a nossa casa, localizada, então, à Rua Ituri.
Ao chegarmos lá, ficamos no porta-malas sob a observação de um  investigador, enquanto os outros dois desceram e foram vasculhar a casa.  Reviraram tudo, deixaram a casa de “pernas para o ar”, mas não  encontraram nada. Os indícios que indicariam que meu irmão era um  subversivo, tais como livros e jornais, já não estavam mais lá.
Saímos de lá, novamente em velocidade e fomos diretamente para o  DOPS. Durante o caminho não podíamos nem falar e nem se entreolhar que  eles já gritavam para ficarmos quietos. Dentro da minha cabeça acontecia  um turbilhão de pensamentos de todos os tipos de sentimentos: ódio e  revolta por não poder me manifestar e ser maltratado; por não poder  dizer “deixa o meu pai fora disso, porque ele não tem nada a ver com  essa história!”; impotência por não poder fazer nada pelo meu  pai; tristeza por saber que minha mãe iria passar uma situação difícil.
Enfim chegamos. Meu pai foi encaminhado para um lado e eu para  outro.  Fiquei aguardando e remoendo minha raiva. Eu penso que este  tempo de espera foi para que o delegado conversasse primeiro com meu pai  que, como nos disse depois, foi liberado para ir buscar meu irmão,  enquanto eu ficava como refém.
Chegou, então, minha vez de falar com o delegado. Fui levado à sua  sala por um dos investigadores. O delegado foi direto e interrogou:  “Onde está seu irmão?”. Eu respondi que não sabia – e realmente não  sabia. Como já disse, meu irmão não nos informou para onde havia fugido  ou se escondido. O delegado dissimulando certa calma, talvez para não me  assustar, pediu para este investigador me levar para outro lugar onde  eu pudesse refletir melhor. Esse outro lugar era uma pequena sala onde  estava escrito na porta “Diligências especiais”.
Na visita, César esteve ao lado da filha Patrícia, hoje professora de jornalismo | Foto: Arquivo pessoal
Dentro da sala já se encontravam os dois outros investigadores, foi  quando percebi que um deles era japonês. Este, inclusive, foi quem  amarrou minhas mãos para trás. Depois de amarrado, os três começaram a  me bater alternadamente com socos, tapas e chutes nas pernas. Batiam e  perguntavam: “Onde está seu irmão?”, ao mesmo tempo em que diziam:  “Vamos fazer o mesmo com seu pai”. Repetiam que, se não falássemos,  iriam desaparecer conosco. Foi muito sofrimento e pavor. Meu heroísmo  acabara após duas sessões como esta. Por volta das oito horas da noite,  fui levado para outro local onde acabei fichado e encaminhado para a  cela.
Neste andar havia quatro celas. Fiquei na de número 3, que possuía 3  por 5 metros, aproximadamente, e continha 18 presos contando comigo.  Dentre eles, um em especial me ajudou muito, me dando apoio moral e me  explicando com gentileza as regras que eles se impuseram para conviver  em harmonia. Seu nome era Oliver Simioni. Uma das regras da cela era:  quem usasse o banheiro (um buraco no chão) tinha que limpar. Não havia  camas, os colchões pareciam mais panos para forrar o chão. Também não  havia chuveiro.  A comida era muito ruim, normalmente serviam uns  torrões de arroz com água de feijão e uns fios de couve. Segundo eles,  isso era bom demais em se tratando de comunistas.
Eu fiquei 5 dias e 4 noites preso, porém, foi como se tivesse ficado  vários meses. Isso porque, em minha opinião, esse pequeno período foi  suficiente para eu criar muitas dúvidas e perguntas sem respostas, como:  “Onde está meu pai? Quando irei sair? Vou embora amanhã ou…” Uns amigos  diziam: “Esquece! Estou aqui há mais de 3 meses”. Outros diziam que  estavam lá há 6 meses e uns há quase um ano. E depois eram transferidos  para Deus sei lá onde.
Também era terrível ficar imaginando que a qualquer momento poderiam  me chamar para novos interrogatórios. Isso era comum acontecer a cada  vez que chegava um prisioneiro novo e que eventualmente apontasse ou  “dedasse” ou entregasse um companheiro. O clima nas celas eram de muita  tensão e pavor para todos, principalmente quando vinham presos da Oban  (Operação Bandeirante). Eles vinham muito machucados devido à tortura  recebida, estavam realmente em péssimo estado. À noite eles gemiam muito  de dor e, naturalmente, não tinha tratamento.
No segundo dia em que estava lá, vivenciei uma situação que me  emocionou muito. É até difícil descrevê-la. Foi a chegada de uns presos  da Oban de madrugada, como sempre. A maioria dos presos acordou e  começou a cantar, com o objetivo de recebê-los, o seguinte trecho da  música do Geraldo Vandré intitulada “Pra não dizer que não falei das  flores”: “Vem, vamos embora que esperar não é saber / quem sabe faz a  hora não espera acontecer”. Foi um momento especial para nós que  estávamos lá e para os presos que chegavam. Isso também criou em mim e  nos outros um sentimento de raiva e impotência, não só por ver aqueles  caras maltratados, quebrados pela tortura, mas por ter consciência de  que vivíamos em um sistema injusto a ponto de não permitir a liberdade  de expressão. Ou melhor, a ponto de ter que sofrer torturas para se  expressar livremente.
Finalmente, graças ao esforço incansável de meu pai e mãe, incluindo  pedir a Deus com toda sua fé através da nossa comunidade espírita e  fazer plantões na porta do Dops, recebi a notícia de que iria ser solto  em 22 de maio de 1970, dia do meu aniversário. Eu acredito, piamente,  que sair num curto espaço de tempo do Dops foi um milagre para a  situação da época.
Contudo, os problemas para mim não acabariam com a notícia que iria  ser solto, pois algumas pessoas que estavam comigo naquela cela viram em  mim uma oportunidade única de avisar seus parentes que estavam presos.  Sim, porque o Dops não informava às famílias dos prisioneiros sobre o  paradeiro deles. A forma que os detentos usaram para passar estas  informações foi também humilhante. Eu tinha que escrever no meu pênis  alguns números de telefone, escolhidos por eles, para que eu ligasse  após estar fora de lá. O problema é que eu fiquei aterrorizado com esta  ideia, porque se no momento da minha saída o carcereiro decidisse me  revistar, pedindo que eu tirasse a roupa, eu estaria perdido. Teria que  voltar para a cela e perderia o direito de sair. Como eu disse: eles  eram irracionais, principalmente em se tratando de “comunistas”.
Bem, eu saí daquele inferno e naquele dia mesmo comemorei meu  aniversário, ainda com muito medo. Foi uma alegria imensa para meus  pais. Depois de um determinado tempo — não me lembro de quanto ao certo —  telefonei para os números indicados e informei às pessoas o que havia  ocorrido com aqueles que me pediram para ligar.
Passado a euforia, de estar livre, veio um medo terrível de que eles  pudessem voltar. Sim, o delegado falou que, se meu irmão não aparecesse,  eles iriam voltar e meu irmão até aquele momento não tinha retornado  ainda. Com medo de ter que passar por aquela situação de novo, fui viver  um tempo na casa da minha Tia Olívia Ceroni (tia “Fiica”, mulher do meu  Tio Nine). Um ano foi o tempo que fiquei escondido e totalmente  inativo…
Em resumo, somente em 2002 foi promulgada a Lei nº 10.559/2002 –  Artigo 2º, inciso VI, que me permitiu ser indenizado em razão de  perseguição política e afastamento de atividade remunerada.
(*)César Pinto Paixão, autor deste relato, hoje tem 67 anos. Ele é formado em Projetos para Criação de Máquinas pela Unesp

A Ponte Jornalismo

As nefastas armadilhas do preconceito, da intolerância e do fanatismo

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Reflexão sobre a liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum - Mc 9,38-43.45.47-48
O diferente não pode ser uma ameaça.
O diferente não pode ser uma ameaça. (Reprodução/ Pixabay)
Por Adroaldo Palaoro*

“Mas nós lhe proibimos, porque ele não é dos nossos” (Mc 9,38)

Cresce hoje a consciência sobre a diferença do ser humano como atração, e não como rejeição. A humanidade pós-moderna exige a diversidade na convivência sócio-cultural e religiosa. Não podemos permanecer trancados em redutos que rejeitam as diferenças existenciais. A humanidade deixou de ser distante para tornar-se mais próxima, mediante as diferenças, os diálogos e as convergências. O mundo globalizado não pode ser apenas econômico. É chamado também a respeitar e a cultivar as diferenças entre as pessoas, as raças, as religiões, as sociedades e as nações.

No entanto, corremos o risco de viver em mundos-bolha; podemos construir nossa vida encapsulada em espaços feitos de hábito e segurança, convivendo com pessoas semelhantes a nós e dentro de situações estáveis. É difícil romper e sair do terreno conhecido, deixar o convencional. Tudo parece conspirar para que nos mantenhamos dentro dos limites politicamente corretos. Todos podemos terminar estabelecendo fronteiras vitais e sociais impermeáveis ao diferente. Se isso acontece, acabamos tendo perspectivas pequenas, visões atrofiadas e horizontes limitados, ignorando um mundo amplo, complexo e cheio de surpresas. Muitas vezes “vemos” o diferente, mas só como notícia, como o olhar do espectador que sabe das “coisas que acontecem”, mas não sente e nem se compadece por elas.

Marcos, no evangelho deste domingo, recolhe vários ditos de Jesus a partir de uma reação tipicamente preconceituosa do grupo dos discípulos: a de impedir um desconhecido utilizar o nome de Jesus, por uma única razão: “não era dos nossos”.

Frente à reação excludente dos discípulos, Jesus propõe a tolerância que nasce de uma atitude aberta e inclusiva. Ao longo da história humana, a etiqueta “dos nossos” gerou desprezo, ódio, preconceito, enfrentamento e morte, numa sequência desumana de sofrimento inútil.

A ironia é que se trata justamente disso, de uma mera etiqueta, completamente superficial e enganosa, que nasce do próprio medo e insegurança, que leva a nos “proteger” do diferente, buscando refúgio naquilo que nos é conhecido.

O diferente não pode ser uma ameaça; no entanto, na vida nos defendemos e, às vezes, questionamos e atacamos posturas, visões políticas, teológicas, espiritualidades, modos de viver uma religião..., culminando em rupturas e, em alguns casos, em conflitos ou ódios.

Aos poucos, nos recolhemos em nossos medos, em nossas inseguranças e começamos a acreditar que os diferentes são nossos inimigos. Da indiferença passamos aos discursos fascistas, às práticas fundamentalistas, à segregação, ao fanatismo...

Pode, a identidade cristã co-existir criativamente, e de quê maneira, em meio a uma cultura plural e de identidades múltiplas como a nossa?

O que está em jogo reveste tal gravidade que exige modificar radicalmente nosso modo de ver e de agir: cortar a mão (modificar as ações), cortar o pé (mudar o rumo) ou arrancar o olho (transformar a visão). Trata-se de um processo que nos impulsiona a crescer em humanidade, esvaziando nosso “ego” de suas inseguranças, medos e preconceitos.

Tal transformação radical pede olhos capazes de olhar o mundo em sua complexidade e em suas feridas; mãos prontas para acariciar, construir, e abertas para o encontro e o abraço; pede pés para encurtar distâncias e criar proximidade acolhedora; pede boca disposta a falar com palavras de verdade e de benção; pede coração disposto a implicar-se, vibrar... às vezes, romper-se. Membros que se gastam no serviço. Enfim, sempre amar, com o fascinante que é viver como cristãos de carne e osso.

Sabemos que do ponto de vista psicológico, a questão da intolerância, do preconceito e do fanatismo se acha vinculada à segurança. A segurança constitui uma necessidade básica do ser humano.

Enquanto a pessoa não faz a experiência de uma segurança firme e interna que a sustente, ela buscará fora de si – projetando-a em um líder, em um grupo ou em uma instituição -, ou se fixará em suas ideias, crenças e convicções. Quando isso acontece, a pessoa insegura não poderá tolerar que seu líder, seu grupo, sua instituição, sua religião, sejam questionados; assim como tampouco poderá permitir que suas ideias, crenças ou convicções sejam criticadas. Isso tirará o tapete de sua própria estabilidade.

Para uma pessoa fechada em seu fanatismo, preconceito e intolerância, “os outros” são percebidos como ameaça; porque, quem pensa diferente ou adota um comportamento diferente, lhe faz ver que o seu pensamento ou comportamento não são o valor “absoluto”, senão mais um ao lado de tantos outros.

E isto é o que uma personalidade insegura se vê incapaz de tolerar, pela angústia que lhe gera a falta de seguranças “absolutas”. Por isso mesmo, sentir-se-á incapaz de tolerar a divergência, e tenderá a desqualificar, julgar, condenar (ou empenhar-se em “converter”) a quem não pense como ela. Porque percebe toda diferença como ameaça.

A “saída” do fanatismo requer experimentar uma fonte de segurança que se encontra mais além da mente (de suas ideias ou crenças). Uma experiência que confere à pessoa uma sensação interna de consistência e de autonomia. Quem é capaz de ter acesso ao seu “eu” mais profundo, relativiza também o caráter absoluto que tinha atribuído às ideias e crenças e, ao mesmo tempo, permite aos outros serem diferentes, sem que a diferença seja vista como perigo.

Não é comum prestar atenção ao que acontece no território interior. São grandes os riscos de se viver em horizontes tão estreitos. Tal estreiteza aprisiona a solidariedade e dá margem à indiferença, à insensibilidade social, à falta de compromisso com as mudanças que se fazem urgentes. O próprio território se torna uma couraça e o sentido do serviço some do horizonte inspirador de tudo aquilo que se faz.

E, retomando a queixa de João no Evangelho de hoje, podemos perguntar: “quem são os nossos”?

Grupos, tribos, nacionalismos, partidos políticos, religiões e ideologias de todo tipo tendem a definir com claridade os limites que marcam o próprio “território”, impedindo que “os outros” tenham acesso a ele.

A vivência do seguimento de Jesus Cristo implica romper a bolha que asfixia a vida e derrubar os muros que cercam o coração, atrofiando a própria existência. Nada mais contrário ao espírito cristão que a vida instalada e uma existência estabilizada de uma vez para sempre, tendo pontos de referência fixos, convicções absolutas, modos fechados de viver... que impedem a entrada do ar para arejar a própria vida.

Muitas vezes, o zelo religioso, moral ou político degenera em formas de intolerância e violência.

“Pode acontecer também que os cristãos façam parte de redes de violência verbal através da internet e dos diversos fóruns ou espaços de intercâmbio digital. Mesmo nos sites católicos, é possível ultrapassar os limites, tolerando-se a difamação e a calúnia e parecendo excluir qualquer ética e respeito pela fama alheia. Gera-se, assim, um dualismo perigoso, porque, nestas redes, dizem-se coisas que não seriam toleráveis na vida pública e procura-se compensar as próprias insatisfações descarregando furiosamente os desejos de vingança. É impressionante como, às vezes, pretendendo defender outros mandamentos, se ignora completamente o oitavo: «não levantar falsos testemunhos» e destrói-se sem piedade a imagem alheia. Nisto se manifesta como a língua descontrolada «é um mundo de iniquidade; e, inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa existência» (Tg 3, 6).”

(papa Francisco, Gaudete et Exsultate, 115)

Texto bíblico:  Mc 9,38-43.45.47-48

Na oração:  O que é o específico de uma vida cristã? Buscar, no seguimento, fazer e viver o que fez e viveu Jesus. Para isso, adotar as atitudes, o olhar e a capacidade de contemplação da realidade que o mesmo Jesus adotou. Ele abraçou diferenças e novos horizontes. O Seu ministério ultrapassou as fronteiras. Ele rompeu com os muros do preconceito social, racial, religioso... 

 - Deixar a luz do Evangelho des-velar (tirar o véu) possíveis atitudes intolerantes e preconceituosas diante dos “outros diferentes”.

*Adroaldo Palaoro é padre jesuíta e atua no ministério dos Exercícios Espirituais.

Religião e prazer: dilema ou falso dilema?

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Há muito, ainda, o que avançarmos, na consciência de que o prazer não deve ser demonizado.
O prazer e a capacidade de amor são complementares.
O prazer e a capacidade de amor são complementares. (Reprodução/ Pixabay)
Por Felipe Magalhães Francisco*

Nosso maior órgão sexual é a pele. Ela é capaz de sensações indescritíveis de prazer. Infelizmente, tendemos à supervalorização das genitálias, sobretudo a do homem, e acabamos por perder outras dimensões fundamentais para um bem-viver saudável da sexualidade e do erótico. A cultura patriarcal é falocêntrica; tem, aqui, o lugar do poder. Não é à-toa que a masculinidade, tal como a conhecemos em nossas culturas ocidentais, seja tão frágil. É preciso, nesse lugar frágil, um constante reafirmar de virilidade, isso, claro, focado no genital masculino e negando traços do feminino, inclusive de forma violenta, tal como é o caso das terríveis mutilações genitais femininas.

Pensar – e, mais que isso, viver – a sexualidade e o erótico deve ultrapassar a questão genital. É da ordem do sentido e, logo, abarca uma importante dimensão humanizadora. A esse respeito, na semana passada, dedicamos nosso especial a essa reflexão. Agora, dando continuidade a essa importante questão, voltamos nosso olhar para o tema do prazer. Religião e prazer, ao que parece, se olharmos do ponto de vista histórico, têm uma relação conflituosa (isso, claro, direcionando nosso olhar para a cultura ocidental, marcadamente influenciada pelo cristianismo).

Recordo, aqui, um dos versos de Chico Buarque, na canção Apesar de você. Com licença poética, uso desse verso para chamar à reflexão a questão do indispor entre certas veias do cristianismo, com a questão do prazer: “Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão”. Em tempos de crescimento da cultura hedonista, talvez o caminho mais fácil para o cristianismo seja o rechaço do prazer como pecaminoso. Isso podemos ver nalguns setores cristãos atuais como, por exemplo, com o slogan Por Hoje Não [vou mais pecar], da Canção Nova, que tem um olhar quase que neurótico para as questões erótico-sexuais. Mas, Chico, os tempos agora são outros: há uma tentativa real de reconciliação entre a religião e o prazer. É claro que há muito, ainda, o que avançarmos, na consciência de que o prazer não deve ser demonizado.

A ética cristã da sexualidade, em geral, lança novo olhar a respeito da sexualidade e do prazer erótico. O reacionarismo não é unânime. Essa visão de abertura, para a sexualidade e o erótico como dom, inclusive são importantes respostas dialogais com o hedonismo no qual estamos imersos, em nossa contemporaneidade. O prazer pode humanizar, bem como pode desumanizar. Aqui está a importância de uma compreensão positiva a respeito do sexo, para além das questões de regulação doutrinal e canônica.

Façamos, vamos amar é o convite de Chico Buarque. Também a Bíblia faz esse convite: não é sem razões que o maior de todos os cânticos que podem ser entoados seja o amor erótico, tal como no livro Cântico dos Cânticos (no hebraico, não há o superlativo, então para trazer essa ideia, “dobra-se” a palavra: o Cântico dos Cânticos é o canto por excelência e clama, desejoso, o amor erótico). Tanto Chico quanto a Bíblia insistem numa coisa: o prazer e a capacidade de amor são complementares. Aqui está a dimensão humanizadora do prazer erótico, a respeito da qual nossos três artigos convidam a refletir, e que revelam que a indisposição entre religião e o prazer corresponde a um falso dilema.

No primeiro, Igreja, prazer e homossexualidade, Javier Celedón Meneghello propõe a importância de uma ética cristã da sexualidade mais aberta. Ele chama a atenção para aquilo a que o cristianismo conseguiu fazer de abertura, para uma compreensão mais positiva do prazer, bem como aponta para alguns limites a serem ultrapassados. O maior deles, destaca, é a compreensão de que a abertura própria da sexualidade e, por isso, do encontro erótico, deve ser mais que a procriação, apenas. É nesse horizonte que nos ajuda a refletir que a sexualidade, então, é bem mais complexa e possível, que aquela defendida pela normatividade heterossexual.

No segundo artigo, Amor é para sempre, sexo também, Simone Ramos traz a reflexão para a complementariedade necessária que há entre amor e a prática da vivência erótico-sexual. Refletindo a respeito da dimensão sacramental do matrimônio, que pressupõe a vivência erótica, a autora convida a um olhar também para todas as relações estáveis, de modo que o prazer erótico esteja envolto numa compreensão de amabilidade, na qual os sujeitos possam amadurecer e se realizar. 

Por fim, Felipe Zangari aborda dois temas que, no atual contexto cultural em que vivemos, talvez soem estranhos e impossíveis: Celibato e a castidade em tempos pós-modernos. No artigo, o autor aborda o sentido cristão para os dois temas, lançando um olhar também para a transformação histórica de sua compreensão. Levantando questões importantes para o nosso contexto, Zangari situa a compreensão do celibato e da castidade na perspectiva do dom e da realidade de um amor que seja capaz de uma plena entrega.

 Sejamos pele! Boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.