terça-feira, 31 de julho de 2018

Nicarágua: multidão nas ruas em defesa da Igreja atacada pelo governo


Nicarágua a favor dos bispos

...Mas a mídia mundial, para variar, fingiu que nem viu

ANicarágua está vivendo dramáticas convulsões sociais e políticas, com forças do governo ou ligadas a ele agredindo desproporcionalmente os milhões de manifestantes que exigem a renúncia do presidente Daniel Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo – que, aliás, é mulher dele. Ortega é ex-guerrilheiro e está no poder há 11 anos pelo partido socialista Frente Sandinista de Libertação Nacional, fundado em 1961 e do qual é líder. Em janeiro de 2014, a Assembleia Nacional da Nicarágua havia aprovado a sua reeleição sem limite de vezes. Ortega conseguiu assim ser reeleito em 2016 para o seu terceiro mandato, sob questionamentos da oposição.
Mais de 440 pessoas já foram mortas nos confrontos entre manifestantes, polícia e milícias pró-governo desde o começo dos protestos populares, em 19 de abril. Entre as vítimas fatais está a jovem brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, morta a tiros na segunda-feira passada, 23.
Igreja católica tem sido um dos alvos principais do governo e dos grupos paramilitares, embora tenha sido convidada pela própria presidência nicaraguense a intermediar os conflitos no país. As milícias e o governo a acusam de incitar a população ao “ódio” – narrativa típica dessa orientação ideológica, para a qual o que é diferente da sua impositiva visão de mundo costuma ser midiaticamente vendido como “ódio”.
Foi nesse contexto que milhares de cidadãos saíram às ruas da capital Manágua neste último sábado, 28, a fim de prestarem apoio aos bisposdo país, vistos pelos participantes da marcha como “defensores da verdade e da justiça”.
cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua, agradeceu à multidão mediante mensagem via página arquidiocesana no Facebook:
“[Agradeço] aos leigos da nossa Igreja Católica, aos nossos fiéis, assim como a muitos membros de outras igrejas irmãs que se uniram a esta peregrinação, assim como a outros organismos, homens e mulheres de boa vontade que se uniram para apoiar a gestão de serviço que a Conferência Episcopal está realizando.
Sem dúvida, todos nós, bispos da Nicarágua, assumimos este pedido da Presidência de participar como mediadores e testemunhas e fazemos isto com uma atitude de serviço. Nós oferecemos um serviço, mas não buscamos ser reis, nem presidente, nem ministros, nem nada disso; apenas servidores.
“Queremos agradecer a todos estes irmãos que se manifestaram aqui em Manágua e em outras dioceses, mas pedimos especialmente as suas orações, pois isto nos fortalece”.
Confira algumas das imagens compartilhadas no Facebook pela página da Arquidiocese de Manágua:

Reportagens sobre os conflitos na Nicarágua têm sido frequentes no noticiário internacional. Para variar, porém, tanto as reiteradas agressões contra a Igreja quanto esta marcha popular de apoio a ela foram solenemente ignoradas pela maior parte da mídia mundial.

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