Aprender com os Ipês

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Quando chega a primavera, com o renascimento de tudo o que parecia próximo da morte, já estávamos acalentados pelos Ipês.

Oxalá aprendamos com os Ipês a resistência. (Reprodução/ Pixabay)

Por Felipe Magalhães Francisco*

Chegou a temporada dos Ipês! Antecipam, em muito, a primavera. Os Ipês, mais que as Quaresmeiras, fazem com que me lembre da Ressurreição. Quando o tempo só revela secura, ausência de chuvas, os Ipês têm uma lição de esperança e força a nos mostrar. São um estouro de pura alegria. Transbordam poesia e espanto. Não há quem não se maravilhe diante da exploração rosa, lilás amarela e branca. Durante todo o inverno somos brindados com a floração, tão organizada, dos sábios Ipês.

Fosse Jesus contemporâneo a nós, em suas lições de sabedoria nos diria para olhar os Ipês. Têm raízes profundas, que dão sustentação e possibilitam o florescimento exuberante, no período mais seco do ano. Quando chega a primavera, com o renascimento de tudo o que parecia próximo da morte, já estávamos acalentados pelos Ipês. São uma boa-notícia: o inverno não é forte o suficiente para destruir a vida. Mas são sensíveis o bastante para revelar beleza. Fazem-nos lembrar da sabedoria popular, que ensina que não há mal que dure para sempre.

Oxalá aprendamos com os Ipês a resistência. Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás é a grande lição que os Paus-D’arco nos trazem. Mesmo quando perecem, embelezam: formam um tapete florido que, mesmo no morrer das flores, enchem o coração de encanto. Ser como os Ipês é um convite sempre aberto, sobretudo nesses tempos de sombra nos quais vivemos. Tempos difíceis sempre existirão, mas como lidados com esses tempos é o que importa. Resiliência é uma palavra importante: quiçá ela entranhe em nós. Inspiremo-nos nos Ipês: floresçamos e enchamos de esperança o mundo!

(Por aqui eu paro, como convite a que não nos privemos de contemplar os Ipês: nossos olhos merecem!)

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). Escreve às segundas-feiras. E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.