sábado, 17 de março de 2018

Vozes de Marielle que não querem ser caladas

Projetos da vereadora são defendidos por moradores
Vereadora executada no Centro do Rio tinha cerca de 20 projetos voltados para as mulheres negras e os pobres. O G1 ouviu pessoas que sofrem em seu cotidiano os problemas que estavam na luta de Marielle.
Por Lívia Machado, Luiza Tenente e Fernanda Rouvenat, G1

17/03/2018

Manifestantes protestam contra os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL), de 38 anos, e do motorista Anderson Pedro Gomes, de 39, na Avenida Paulista, em São Paulo (Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO)
Manifestantes protestam contra os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL), de 38 anos, e do motorista Anderson Pedro Gomes, de 39, na Avenida Paulista, em São Paulo (Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO)

A vereadora Marielle Franco (PSOL) teve pouco mais de um ano de carreira parlamentar, mas foi ativista e militante dos direitos humanos durante quase metade da vida. Em pouco mais de um ano, apresentou cerca de 20 projetos de lei. Assassinada na quarta-feira (14), ela era considerada um dos expoentes da nova geração de políticos. Um dos motivos era o seu comprometimento com as populações mais afetadas pela pobreza, pela violência e pelas violações dos direitos humanos: as mulheres negras e pobres.

O G1 ouviu moradores do Rio que se viram representados nas lutas de Marielle por novas leis e que, mesmo após o assassinato, ecoam as vozes de Marielle que não querem ser caladas.

Marielle Franco durante sessão na Câmara do Rio em 2017 (Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio)
Marielle Franco durante sessão na Câmara do Rio em 2017 (Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio)

Dia Municipal de Luta contra o Encarceramento da Juventude Negra
Entre os projetos de Marielle (veja a lista abaixo), a celebração de datas como a da luta "contra o encarceramento da juventude negra" ou a do enfrentamento contra a homofobia.

Para o músico e ex-morador da Rocinha, Luthuli Ayodele, de 23 anos, a aprovação da data contra o encarceramento da juventude negra poderia promover reflexão e acolhimento. Aos 12 anos, Luthuli conta que foi abordado por um policial pela primeira vez na vida, voltando da praia, descalço. Os militares acharam que ele tinha participado de um assalto. Além do choque, diz que a experiência trouxe um "trauma real”.

“Caso esse projeto de lei entre em vigor, eu tenho certeza que os negros vão se sentir acolhidos e vão se sentir empoderados. Eles vão ter voz. A partir disso, grandes poderes e pessoas vão poder ouvir essas pessoas e dar um espaço para que esse jovem, negro, cheio de potências, cheio de vontade, não acabe fazendo parte de uma estatística, não acabe entrando pra esse encarceramento que é uma escravidão.”

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