terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Contexto e possíveis consequências de Jerusalém como capital de Israel

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Jerusalém fica no centro do conflito israelense-palestino e seu status é uma das questões mais difíceis de resolver.
Os judeus consideram Jerusalém sua capital histórica há mais de 3.000 anos por razões religiosas e políticas.
Os judeus consideram Jerusalém sua capital histórica há mais de 3.000 anos por razões religiosas e políticas. (AFP)

Os países árabes e os dirigentes palestinos advertem o presidente de Estados Unidos, Donald Trump, sobre o risco de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e de levar a embaixada americana para esta cidade.

Trump poderá renunciar à mudança da embaixada, mas ainda assim anunciar o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, segundo informações da imprensa.

Este é o contexto e as possíveis consequências de sua decisão.

Qual é o contexto?

Jerusalém fica no centro do conflito israelense-palestino e seu status é uma das questões mais difíceis de resolver.

O plano de divisão da Palestina de 1947, então sob poder britânico, previa sua partilha em três entidades: um Estado judeu, um Estado árabe e Jerusalém como um "corpo separado" sob regime internacional especial.

Este plano foi aceito pelos dirigentes sionistas, mas rejeitado pelos líderes árabes.

Após a saída dos britânicos e a primeira guerra árabe-israelense, cria-se o Estado de Israel em 1948, que faz de Jerusalém Ocidental sua capital. Jerusalém Oriental fica sob o controle da Jordânia.

Israel toma e anexa Jerusalém Oriental durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Uma lei aprova em 1980 o status de Jerusalém como capital "eterna e indivisível" de Israel.

Por que Jerusalém é tão importante para israelenses e palestinos?

Os judeus consideram Jerusalém sua capital histórica há mais de 3.000 anos por razões religiosas e políticas. O judaísmo sempre mencionou o retorno a Jerusalém. A cidade é a antiga capital do reino de Israel do rei David (século X a.C.) e mais tarde do reino judeu Asmoneu (século II a.C).

Os palestinos, que representam cerca de um terço da população da cidade, reivindicam Jerusalém como a capital de seu futuro Estado.

Além do conflito, a questão tem uma dimensão religiosa essencial: a cidade abriga os principais lugares santos do cristianismo e do judaísmo, e é o terceiro lugar santo do islã.

Que decisão é esperada?

A comunidade internacional não reconhece a soberania israelense em Jerusalém e considera Jerusalém Oriental como território ocupado. Todas as embaixadas estrangeiras estão em Tel Aviv.

Em 1995, o Congresso americano adotou o "Jerusalem Embassy Act", que pede ao executivo a transferência da embaixada.

"A cidade de Jerusalém é desde 1950 a capital do Estado de Israel", diz o texto.

A lei é vinculante para o governo americano, mas uma cláusula permite aos presidentes adiar sua aplicação durante seis meses em virtude de "interesses de segurança nacional".

Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama acionaram sistematicamente a cláusula a cada seis meses. Trump deverá se pronunciar sobre o assunto.

Que decisão será adotada por Trump?

Donald Trump se comprometeu durante sua campanha a reconhecer Jerusalém "como a capital indivisível do Estado de Israel".

Seu embaixador em Israel, David Friedman, é um empenhado partidário.

Apesar de suas promessas, Trump seguiu o exemplo de seus antecessores pela primeira vez em junho, quando bloqueou a transferência.

Trump foi alertado por diversas partes sobre o potencial explosivo da medida, mas também está submetido à pressão de uma parte de seu eleitorado cristão favorável a Jerusalém como capital.

Assim, ele poderá adiar a decisão mais uma vez, mas anunciar durante a semana o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, segundo a imprensa.

Quais seriam as consequências?

O transferência da embaixada seria interpretada como um reconhecimento de Jerusalém como capital.

Se Trump adiar sua mudança, mas reconhecer Jerusalém como capital dias depois, Dan Shapiro, embaixador americano em Israel durante o governo de Barack Obama, considera que isso não terá "um efeito significativo" no funcionamento diplomático, "mas indicaria sua intenção de respeitar seu compromisso no futuro de transferir a embaixada". Para os Estados Unidos, isso significaria adotar "uma nova linguagem", declarou à AFP.

Entretanto, os analistas se perguntam como reagiriam os palestinos, as capitais e as ruas árabes. Também duvidam da capacidade dos países árabes de enfrentar Trump.

O presidente da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, se mostrou preocupado sobre o risco de alimentar "o fanatismo e a violência".

O movimento islâmico palestino Hamas convocou uma nova Intifada caso Trump reconheça Jerusalém como capital de Israel. O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakat, advertiu que Estados Unidos perderiam a credibilidade em seu papel de mediador.

Uma grande parte da classe política israelense dá boas-vindas à perspectiva de um reconhecimento considerando-o como um fato histórico.


AFP

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