sábado, 5 de agosto de 2017

Vocação: chamado para a realização do ser pessoa

domtotal.com
As maneiras como vamos tecendo nossa história, buscando realizar nossa humanidade, são caminhos de seguir ao chamado interior, que é a própria voz de Deus a ecoar em nós.
A vocação, atribuída na fé como chamado de Deus, não é algo externo: vem de dentro de cada pessoa.
A vocação, atribuída na fé como chamado de Deus, não é algo externo: vem de dentro de
 cada pessoa. (Divulgação/ Pixabay)
Por Felipe Magalhães Francisco*

A palavra vocação tem um uso bastante comum. É compreendida, geralmente, como um dom pessoal, que cada pessoa carrega em si e que é chamada a desenvolver ao longo da vida: fala-se de vocação musical, médica, jurídica, por exemplo. Popularizou-se essa compreensão para a vida profissional. Tal compreensão não deixa de ter sentido, mas ela não esgota a riqueza de significado que a palavra abarca. Vocação significa chamado. De forte carga religiosa, atribui-se a esse chamado um caráter divino: é Deus quem chama o sujeito a alguma coisa.

Esse chamado, ainda que atribuído a Deus, não é algo externo: vem de dentro de cada pessoa. Fomos criados para que nos realizemos como pessoas, nas relações que vamos estabelecendo com o mundo que nos cerca. Essa é a vocação fundamental de cada pessoa humana: um chamado que não deixa de ecoar, impelindo-nos a que sejamos sempre mais humanos. As maneiras como vamos tecendo nossa história, buscando realizar nossa humanidade, são caminhos de seguir a esse chamado interior, que é a própria voz de Deus a ecoar em nós.

No cristianismo, às vocações foram acrescidas a importância do serviço. Nesse sentido, encontrar nossa própria vocação, isto é, o caminho de realização de nossa humanidade, segundo um impulso de nossa relação com o Deus de Jesus, compreende o serviço que dispensamos à edificação do Reino, quando todos viveremos plenamente realizados como pessoas, na comunhão divina. Viver a nossa vocação, como realização de nossa própria pessoa, é, também, contribuir para a santificação do mundo: assim, humanização e santificação são faces de uma mesma moeda, tal como podemos apreender da própria vida de Jesus, o paradigma para a realização de nossa vocação. Das muitas maneiras de viver as vocações, segundo os modos como o cristianismo católico as foram concebendo ao longo de sua história, abordaremos três, nos artigos que seguem.

No primeiro artigo, Chamados a ser/viver em família: o que isso significa?, o Drdo. Edward Guimarães propõe um olhar para os significados de vocação e família, relacionando-os. As sociedades humanas foram desenvolvendo formas de organização familiar, buscando o bem-viver para os seus membros, segundo o cultivo do senso familiar, do afeto e da justiça, de modo que, independentemente do modo são configuradas, as famílias representam o pilar fundamental para a garantia da vida.

No segundo artigo, A vocação religiosa explicada didaticamente, o Ms. Gilmar Pereira toca no ponto nuclear da vocação religiosa: o carisma. Das muitas maneiras como a Igreja se organiza, a vida religiosa se diferencia pelo modo como vive seu carisma, que são muitos, para a boa realização do chamado humano de viver à imagem de Deus e restaurado à semelhança de Cristo.

O terceiro e último artigo, Ser padre, à luz do mistério da cruz, do Ms. Francesco Sorrentino, aborda o tema da vocação presbiteral, inspirado no serviço de Cristo à humanidade, sobretudo na cruz. Compreender essa vocação à luz do mistério da cruz é situá-la em sua dimensão cristocêntrica: no cultivo da amizade com Jesus, na sensibilidade pastoral e no ardor missionário.

Boa Leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).

Nenhum comentário:

Postar um comentário