domingo, 13 de agosto de 2017

Terra bate novos recordes de calor, poluentes e nível do mar em 2016

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A concentração atmosférica de CO2 atingiu 402,9 partes por milhão (ppm).
A concentração atmosférica de CO2 atingiu 402,9 partes por milhão (ppm).
A concentração atmosférica de CO2 atingiu 402,9 partes por milhão (ppm). (Divulgação).

A Terra bateu uma série de recordes negativos em 2016, incluindo o de ano mais quente dos tempos modernos, nível mais alto do mar e maior quantidade de gases de efeito estufa emitidos, segundo um relatório global sobre o clima divulgado nesta quinta-feira.

Uma série de indicadores climáticos e meteorológicos importantes mostram que o planeta está cada vez mais quente, uma tendência que não mostra sinais de desaceleração, disse o Relatório anual do Estado do Clima.

"O calor recorde do ano passado resultou da influência do aquecimento global de longo prazo combinada com um forte El Niño no início do ano", afirmou o relatório.

"Os principais indicadores das mudanças climáticas continuaram a refletir tendências consistentes com um planeta aquecido", acrescentou, observando que vários marcadores - como as temperaturas da terra e do oceano, o nível do mar e as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera - bateram recordes estabelecidos apenas um ano antes.

A notícia preocupante chega dois meses depois que o presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos se retirariam do Acordo de Paris sobre o clima, assinado em 2015 por 195 países, uma decisão que provocou críticas internacionais generalizadas.

Conforme a humanidade continua dependendo da energia dos combustíveis fósseis, níveis sem precedentes de gases de efeito estufa estão poluindo a atmosfera, agindo como um cobertor para reter o calor na Terra, ressaltou o relatório.

Todos os principais gases de efeito estufa que provocam o aquecimento, incluindo o dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso, atingiram novos recordes, afirmou o relatório.

A concentração atmosférica de CO2 atingiu 402,9 partes por milhão (ppm), ultrapassando 400 ppm pela primeira vez no registro moderno e em registros de núcleos de gelo que remontam a 800.000 anos atrás.

"As mudanças climáticas são uma das questões mais urgentes que a humanidade e a vida enfrentam na Terra", disse a publicação revisada por pares, preparada por quase 500 cientistas de todo o mundo e divulgada anualmente pela Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e a Sociedade Meteorológica Americana.

Ano mais quente

O relatório confirmou anúncios anteriores de que 2016 foi o ano mais quente desde que os registros contemporâneos começaram, marcando o terceiro ano consecutivo que os recordes globais foram quebrados em todo o planeta. As temperaturas tanto da superfície terrestre como da superfície do mar atingiram novos índices máximos.

O derretimento das geleiras e calotas polares aumentou os oceanos do mundo, e o nível médio global do mar alcançou um novo recorde em 2016 - cerca de 82 milímetros acima da média de 1993.

O nível global do mar aumentou por seis anos consecutivos, com as maiores taxas de aumento tendo sido observadas nos oceanos Pacífico Ocidental e Índico.

Nas regiões polares, o gelo do mar, tanto no Ártico como na Antártica, atingiu mínimos históricos.

As temperaturas da terra também aumentaram: a temperatura média da superfície terrestre do Ártico foi 2 graus Celsius acima da média de 1981-2010.

Isso representa um aumento de 3,5ºC desde que os registros começaram, em 1900.

Calor, inundações e seca

Alguns eventos climáticos extremos aumentaram, como uma atividade ciclônica tropical excepcionalmente alta. Um total de 93 ciclones tropicais nomeados foram observados em todo o mundo em 2016, bem acima da média de 1981-2010, de 82.

O México e a Índia registraram recordes anuais de temperatura.

No norte e leste da península indiana, uma onda de calor de uma semana no final de abril levou as temperaturas a excederem 44ºC, contribuiu para uma crise de água que atingiu 330 milhões de pessoas e provocou 300 mortes, segundo o relatório.

Enquanto isso, a seca foi excepcionalmente generalizada. Pelo menos 12% das superfícies terrestres experimentaram condições de seca severa todos os meses do ano.

"A seca em 2016 foi uma das mais extensas no registro pós-1950", afirmou o relatório.

O nordeste do Brasil teve seu quinto ano consecutivo de seca, o período mais longo registrado na região.

Enquanto isso, o fenômeno meteorológico conhecido como El Niño, que aquece as águas da linha do Equador em partes do Pacífico, foi forte no primeiro semestre de 2016, levando a condições cada vez mais úmidas em alguns lugares.

A Argentina, o Paraguai e o Uruguai registraram repetidas inundações, enquanto partes do leste da Europa e da Ásia central também estiveram mais úmidas do que o habitual.

O estado americano da Califórnia teve seu primeiro ano mais úmido que a média desde 2012, quebrando uma seca que durou vários anos.


AFP

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