quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Padre Julio Lancelotti é processado por Bolsonaro

Bolsonaro processa padre Júlio Lancelotti e pede R$ 50 mil por danos morais
Em março, Lancelotti, da Pastoral de Rua de São Paulo, afirmou, durante discurso religioso, que o parlamentar era 'racista machista, homofóbico'.
Disse Bolsonaro:
"Ter filho gay é falta de porrada", "Tive quatro filhos homens. O quinto eu dei uma fraquejada e nasceu mulher".
Por G1 SP, São Paulo
15/08/2017 19h49  Atualizado há 13 horas
Jair Bolsonaro durante discurso na Câmara (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Jair Bolsonaro durante discurso na Câmara (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral de Rua de São Paulo, foi processado pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). A ação pede uma indenização de R$ 50 mil por danos morais. Em março deste ano, o religioso chamou o parlamentar de “racista, machista e homofóbico” durante homilia que marcava o primeiro domingo da Quaresma na Capela São Judas, na capital paulista. À época, a declaração foi registrada e compartilhada nas redes sociais.
A ação foi movida em abril pelo deputado na 7º Vara Cível, Regional da Barra da Tijuca, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O padre disse que recebeu a notificação do processo no início deste mês e aguarda o prazo para apresentar a defesa.
“Eu espero de que fique claro de que não é uma ofensa pessoal à pessoa dele. Mas não posso deixar de alertar a comunidade onde estou de que homofobia, machismo, racismo e todas essas posições são inadequadas para a humanização da vida”, disse o padre.
Antes da ação, Bolsonaro já havia pedido em uma carta endereçada à Arquidiocese de São Paulo que o padre 'se retratasse'.
O padre Júlio Lancelotti, o morador de rua Samir Ahamad, e o prefeito João Doria na inauguração do CTA (Foto: Tatiana Santiago/G1)
O padre Júlio Lancelotti, o morador de rua Samir Ahamad, e o prefeito João Doria na inauguração do CTA (Foto: Tatiana Santiago/G1).

“Acredito que a liberdade de expressão, que inclusive o deputado preza tanto, tem um componente para mim que é muito importante: não posso usar a minha liberdade para destruir outra pessoa”, disse Lancelotti.

O religioso afirma que sua declaração durante o discurso foi baseada em afirmações ditas pelo parlamentar. “O que eu falei foi a transcrição das coisas que ele diz. Nenhuma avaliação de coisas que eu acho, ou pensei.”
Segundo Lancelotti, a classificação é resultado de frases como “Ter filho gay é falta de porrada”, “Tive quatro filhos homens. O quinto eu dei uma fraquejada e nasceu mulher”, ambas proferidas pelo deputado.
"Não podemos, nesse momento grave que estamos vivendo de radicalização de posições, e algumas levam a matar, a destruir o outro. Incitar a violência homofóbica. É irresponsabilidade. É inaceitável."
O G1 entrou em contato com a assessor do deputado, mas não conseguiu localizá-lo. Em março, o parlamentar publicou um vídeo em que critica o religioso. "O padre Júlio Lancelotti, em pregação dentro da Igreja Católica, faz acusações absurdas a meu respeito, como eu querendo exterminar gays e dizer que o homem é um ser superior junto a mulher. Isso é um absurdo."
Ofensas
Nesta terça (15), a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve por unanimidade, a condenação de Bolsonaro pelas ofensas dirigidas à também deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), em 2015, a pagar indenização de R$ 10 mil à petista por danos morais, mas recorreu.
Ainda segundo a decisão, Bolsonaro deveria se retratar publicamente em jornais, no Facebook e no Youtube. Em 2014, Bolsonaro afirmou que Maria do Rosário não merecia ser estuprada porque ele a considera "muito feia" e a petista não faz o "tipo" dele. Por essa mesma declaração, o deputado é réu no Supremo Tribunal Federal (STF).

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