quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Francisco de Assis e Charles de Foucauld – enamorados do Deus humanado

O Bispo da Diocese de Juazeiro, Dom Beto Breis, lançou na tarde desta sexta-feira (14) em São Paulo/SP o seu primeiro livro: “Francisco de Assis e Charles de Foucauld – enamorados do Deus humanado”. A obra, lançada pela editora Paulus, trata de duas grandes figuras da espiritualidade cristã e sua comum paixão, o mistério do Filho de Deus que se uniu à nossa pobre condição humana. Em Francisco se desdobra a apostolicidade e em Charles a vida oculta de Jesus de Nazaré.
Vários membros de congregações religiosas e o público em geral fizeram-se presentes na Livraria Paulus da Praça da Sé, para a sessão de bate-papo e autógrafos com o bispo e também frade franciscano, que, de maneira muito fraterna, recepcionou todos os presentes.
O livro divide-se em três momentos. Primeiro, o confronto e diálogo entre as duas espiritualidades e a compreensão que Charles de Foucauld tinha de São Francisco de Assis. Segundo, a “mística” da encarnação em Charles de Foucauld e, por último, a “mística” da encarnação em Francisco de Assis. Dom Beto Breis afirma que, nos dois místicos, “a contemplação do mistério da encarnação, muito mais que uma recordação pia e cheia de afeto, torna-se, também, um programa de vida, um itinerário a ser seguido com todo o empenho e ardor possível. Descer, despojar-se e esvaziar-se, indicam a bela e estupenda realidade da Kenosis”.
Segundo Dom Beto, o livro é fruto de sua dissertação de Mestrado em Espiritualidade pela Pontifícia Universidade Antonianum de Roma. “Conheci mais de perto a figura de Charles de Foucauld por ocasião da beatificação dele. Pouco antes li a sua primeira biografia, escrita por René Bazin, e fiquei impressionado, inclusive pelas semelhanças com Francisco”, sublinhou o frade.
Ao falar sobre a comunhão existente entre os dois “enamorados de Deus”, o bispo adiantou: “Vocês irão perceber no livro que pensar o Cristo como irmão é em Francisco o ser menor e em Charles é o querer ser irmãozinho. Os dois homens são de tempos bem distantes entre si, mas se aproximam de modo extraordinário por um encanto comum: o enamoramento pelo mistério da Encarnação e o seguimento apaixonado de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Citando a Regra não Bulada de São Francisco, “dos que quiserem ir para entre os sarracenos e outros infiéis (cap. XVI)”, o livro recorda as duas maneiras de se proceder com os não-cristãos propostas pelo santo de Assis: “O primeiro modo consiste em abster-se de rixas e disputas, submetendo-se ‘a todos os homens por causa do Senhor’ (1Pd 2,13 ) e confessando serem cristãos. O outro modo é anunciar a palavra de Deus quando o julgar agradável ao Senhor (RnB cap. XVI, 7-8)”. Segundo Dom Beto, Charles de Foucauld seguiu isso à risca. Após quase 800 anos de história franciscana, Charles trilhou ao pé da letra esta intuição de São Francisco, indo viver entre os muçulmanos na Argélia, como um único cristão, mas ao estilo de Nazaré, sem batizar e sem pregar.
Papa Francisco, um “enamorado do Deus humanado”
Dom Beto foi nomeado bispo pelo Papa Francisco em fevereiro de 2016, para quem é a surpresa de Deus. “Ele é de uma sensibilidade muito grande. Ele é direto e claro para apresentar a experiência de um pastor. Todas as grandes iniciativas do seu Pontificado têm a ver com o santo de Assis, como por exemplo o grande Jubileu da Misericórdia no ano passado dentro dos 800 anos do Perdão de Assis. Então, vemos que existe, de fato, muito do nosso Francisco de Assis no nosso Francisco de Roma”, observou o bispo franciscano.
Durante o lançamento do livro, Dom Beto falou também sobre o trabalho missionário que se tem realizado na Diocese de Juazeiro/BA com leigos, religiosos e padres. “Viver como missionário tem trazido muitos frutos, acredito que é uma forma de viver o nosso carisma franciscano, a nossa vocação de frades menores”, disse.
Frei Carlos Alberto Breis Pereira é natural de São Francisco do Sul (SC). Fez sua primeira profissão na Ordem dos Frades Menores em 1987. No ano seguinte, partiu por opção para o Nordeste, onde concluiu os estudos teológicos na capital pernambucana. Ordenado presbítero em 1994, atuou em paróquias da Arquidiocese de Fortaleza (CE) e do estado de Pernambuco. Exerceu diversos serviços no âmbito da sua Ordem, como formador, Vigário e Ministro Provincial, entre outros. Foi nomeado bispo pelo Papa Francisco em fevereiro de 2016. É mestre em Teologia com especialização em Espiritualidade pela Pontifícia Universidade Antonianum, de Roma.
Fonte: Franciscanos.org.br

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