domingo, 16 de julho de 2017

Parábola do semeador

José Antonio Pagola

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus capitulo Mateus 13,1-23 que corresponde ao 15º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Ao terminar o relato da parábola do semeador, Jesus faz esta chamada: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.». Pede-nos que prestemos muita atenção à parábola. Mas, em que temos de refletir? No semeador? Na semente? Nos diferentes terrenos?

Tradicionalmente, os cristãos têm fixado quase exclusivamente nos terrenos em que cai a semente, para rever qual é a nossa atitude ao escutar o Evangelho. No entanto é importante prestar também atenção ao semeador e ao seu modo de semear.

É o primeiro que diz o relato: «Saiu o semeador a semear». Age com uma confiança surpreendente. Semeia de forma abundante.

A semente cai e cai por todas as partes, inclusive onde parece difícil que possa germinar. Assim o faziam os camponeses da Galileia, que semeavam inclusive à beira dos caminhos e em terrenos pedregosos.

Às pessoas não lhes é difícil identificar o semeador. Assim semeia Jesus a Sua mensagem. Veem-no sair todas as manhãs anunciando a Boa Nova de Deus. Semeia a Sua Palavra entre as pessoas simples, que a acolhem, e também entre os escribas e fariseus, que a rejeitam. Nunca se desalenta. A Sua sementeira não será estéril.

Sobrecarregados por uma forte crise religiosa, podemos pensar que o Evangelho perdeu a sua força original e que a mensagem de Jesus já não tem garra para atrair a atenção do homem ou da mulher de hoje. Certamente, não é o momento de «colher» êxitos chamativos, mas de aprender a semear sem nos desalentarmos, com mais humildade e verdade.

Não é o Evangelho o que perdeu força humanizadora; somos nós os que o estamos anunciando com uma fé débil e vacilante. Não é Jesus o que perdeu poder de atração. Somos nós os que o desvirtuamos com as nossas incoerências e contradições.

O papa Francisco diz que, quando um cristão não vive uma adesão forte a Jesus, «depressa perde o entusiasmo e deixa de estar seguro do que transmite, falta-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, apaixonada, não convence ninguém».

Evangelizar não é propagar uma doutrina, mas fazer presente no meio da sociedade e no coração das pessoas a força humanizadora e salvadora de Jesus. E isto não se pode fazer de qualquer forma. O mais decisivo não é o número de predicadores, catequistas e professores de religião, mas a qualidade evangélica que podemos irradiar os cristãos. O que contagiamos? Indiferença ou fé convencida? Mediocridade ou paixão por uma vida mais humana?

Fonte: Instituto Humanitas, 14/07/2017.

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