quarta-feira, 5 de julho de 2017

Após aprovação de cotas, reitor da USP defende política nacional de apoio estudantil

Problema da permanência estudantil 'ainda não é muito grande, mas está crescendo', afirmou Marco Antonio Zago.
Por Ana Carolina Moreno, G1
05/07/2017 09h50  Atualizado há 2 horas
O reitor da USP Marco Antonio Zago (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
O reitor da USP Marco Antonio Zago (Foto: Ana Carolina Moreno/G1).

O professor Marco Antonio Zago, reitor da Universidade de São Paulo (USP), afirmou na noite desta terça-feira (4) que é a favor da inclusão das instituições públicas de ensino superior estaduais em uma política do governo federal de apoio à permanência de estudantes de baixa renda na universidade.
Entre as outras mudanças aprovadas no Conselho Universitário está permitir que as unidades possam oferecer contas no Sisu atreladas à renda dos candidatos. Nas edições de 2016 e 2017 do Sisu, das quais a USP participou, as únicas modalidades de adesão permitidas eram ampla concorrência, cota para escola pública e cota para estudantes PPI de escola pública.
"Em um determinado momento, os governos, e incluo o governo estadual e o governo federal, terão que entender que este não é um problema próprio da universidade, para ela resolver. É necessário um apoio especial para isso", afirmou Zago a jornalistas após o fim da reunião do Conselho Universitário, onde a USP decidiu instituir cotas raciais atreladas a cotas para a escola pública tanto no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) quanto na Fuvest.
Segundo o reitor, que está no último ano de seu mandato de quatro anos, o problema da permanência estudantil "ainda não é muito grande, mas está crescendo".
O objetivo por trás das políticas de permanência é oferecer auxílio financeiro a estudantes de baixa renda para que eles possam pagar aluguel, se locomover até as aulas, comprar livros e pagar por refeições enquanto cursam a graduação.
Problema crescente
"Neste ano, com o aumento da inclusão social, já ficou evidente que é um problema que vai tender a crescer, e eu tenho que garantir que vai ser muito difícil, a universidade vai ter que dar muita atenção para isso", afirmou Zago. Em 2017, 36,9% dos calouros da USP fizeram pelo menos o ensino médio em uma escola pública. De acordo com a Pró-Reitoria de Graduação, 19,3% de todos os calouros se identificam como pretos, pardos e indígenas.

Segundo ele, em 2017, a USP "transferiu" cerca de mil bolsas de pesquisa para o programa de assistência estudantil. De acordo com o reitor, o valor dessas bolsas foi usado como auxílio-moradia para estudantes de baixa renda.
"Neste ano, por exemplo, nós já tivemos que fazer uma manobra, que foi transferir algumas bolsas que nós tínhamos, que eram bolsas de natureza acadêmica, para cobrir a necessidade de auxílio-moradia."
Política nacional de apoio
Zago afirma que são os próximos reitores da USP que terão que lidar com a crescente ameaça de evasão de estudantes que não têm renda suficiente para se manter na universidade. "Eu não estarei mais aqui. Mas eu entendo que, pode não ser imediatamente, mas em um determinado momento, os governos, e incluo o governo estadual e o governo federal, terão que entender que este não é um problema próprio da universidade, para ela resolver. É necessário um apoio especial para isso, como já o governo federal faz com relação às universidades federais."
De acordo com o reitor, "não há por que as universidades estaduais serem excluídas deste apoio que o governo federal dá, e dá para todo cidadão".
Ele afirma, porém, que atualmente a situação ainda não exige ações imediatas. "É algo ainda a ser estudado. Eu acho que nós não devemos colocar o carro na frente dos bois, dizer: 'olha, vai ser um problema tão grande que não vai ter solução'. Eu acho que vai ter solução."
USP

Nenhum comentário:

Postar um comentário