segunda-feira, 12 de junho de 2017

Depressão pós-parto: por que importa e como lidar com ela

  Inma Alvarez | Jun 11, 2017
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Dicas para se ajudar, ou ajudar uma nova mãe que você conheça que está lutando contra isso

 Um bebê saudável e bonito nasceu e todos estão felizes – todos, exceto a nova mãe. Não é incomum: estima-se que mais da metade das mulheres experimentam o que se chama de “tristeza pós-parto”, “depressão pós-parto” ou “melancolia da maternidade” já dois a três dias após o parto. Essa situação pode durar semanas.

O que é a depressão pós-parto?

É algo normal e fisiológico: o corpo da mulher faz um grande esforço durante a gravidez e o parto. Muitas mães estão fisicamente exauridas e anêmicas, e agora elas precisam cuidar do bebê, com a consequente privação do sono, especialmente se ela já tem outras crianças. E tudo isso enquanto ela está no meio de mudanças hormonais e, às vezes, outras dificuldades adicionais – está com dificuldade financeira, está longe da família etc.

Mas a depressão pós-parto é muito mais que uma melancolia: é um problema que pode ter sérias consequências para a saúde da mãe e do bebê. Na sua forma extrema, pode degenerar em depressão psicótica ou mania, e pode até exigir que a mãe seja hospitalizada.

A depressão pós-parto não é um episódio de tristeza transitória: pode aparecer semanas ou mesmo meses após o parto, ou pode até ser a exacerbação da depressão que começou antes ou durante a gravidez. Isso afeta cerca de 7 a 19 por cento das mulheres, e é especialmente provável quando se trata de mulheres que sofrem de transtorno bipolar ou depressão devido a outras causas.

Os fatores de risco também incluem dificuldades financeiras, problemas no trabalho ou – ainda pior – se estiver sofrendo a morte de um familiar ou amigo íntimo.

Qual a principal complicação associada à depressão pós-parto? Acima de tudo, a dificuldade que as mulheres experimentam ao identificar o problema. Muitas mulheres são relutantes em admitir seus sintomas de tristeza, já que elas se sentem envergonhadas ou estigmatizadas e estão preocupadas porque seu filho pode precisar de assistência médica.

Obviamente, os sintomas da depressão são significativamente mais intensos quando a mãe não está preparada para receber um novo filho, devido a questões de idade (como gravidez na adolescência), ou devido à gravidez não desejada, ou quando o pai a abandonou, ou ela está com excesso de trabalho.

Mas, mesmo nessas circunstâncias, os aspectos sociais não são o fator determinante: há mulheres que, aparentemente, não têm problemas desse tipo, e que sofrem depressão da mesma forma. Por quê? Porque fatores hormonais e psicológicos (falta de afeto na infância, por exemplo) também contribuem para a depressão.

Por que é importante identificar?

É importante apoiar e ajudar as mães que experimentam esses sintomas, porque tratá-los de forma preventiva pode evitar muitos casos de sofrimento psicológico desnecessário. A estabilidade da mãe é fundamental para o recém-nascido, sobretudo de um ponto de vista emocional. É importante que ela garanta que o bebê esteja bem alimentado, durma bem e experimente paz e calma durante os primeiros meses. É durante esta primeira etapa, quando o bebê desenvolve apego emocional, que é tão importante para a saúde mental como um adulto.

Alguns sintomas de depressão moderada incluem: humor deprimido intenso, perda geral de interesse e menos energia.

A depressão pode ser categorizada como moderada ou grave se a intensidade de qualquer um dos seguintes sintomas aumentar: falta de confiança, sentimentos excessivos de culpa, pensamentos recorrentes de suicídio, falta de concentração, agitação excessiva, dificuldades para dormir ou mudanças radicais de apetite (uma diminuição ou aumento notável).

Se a depressão pós-parto é detectada tardiamente ou não é descoberta, pode ter consequências graves e indesejáveis. É bom ter em mente que os sintomas podem aumentar com o retorno da menstruação, devido às flutuações hormonais envolvidas.

Estratégias de enfrentamento

Alguns conselhos para a gestão da depressão pós-parto.

O primeiro conselho é pedir ajuda a profissionais (médicos, psicólogos e psiquiatras) para manter a situação sob controle e intervir com antidepressivos quando necessário.
Episódios de mudanças de humor severas, como psicose pós-parto, são uma emergência psiquiátrica e quase sempre exigem que a mulher seja hospitalizada, juntamente com o bebê.
Cada mulher responde de forma diferente ao uso de antidepressivos, por isso recomenda-se que ela esteja sob os cuidados de um especialista – também depois de cessar o tratamento, de modo a evitar recaídas.
Existem mulheres que começam a sentir sintomas de depressão antes de engravidar. É por isso que a ajuda psicológica pode até começar antes do parto como medida preventiva.
É vital que as mulheres estejam bem informadas sobre esses assuntos, indo para cursos de preparação para o parto com seu cônjuge. Elas devem ter uma pessoa em quem confiam dentro de sua própria família e com quem elas possam conversar e que possam pedir ajuda se necessário. 
É importante diminuir as obrigações de trabalho e proteger cuidadosamente o tempo de sono para poder descansar e promover uma atmosfera pacífica no lar.
Uma das coisas mais importantes é que a mulher seja mais compreensiva consigo mesma e aceite toda a ajuda que possa ser oferecida, deixando as tarefas não essenciais. Se as semanas passam e ela não se sente melhor, o melhor curso de ação é pedir abertamente ajuda.
Para o bem da mãe e do bebê

Adaptar-se à maternidade pode ser difícil, principalmente se você estava esperando que todos os seus sentimentos seriam positivos depois de ter um bebê. O que mais importa é ver tudo isso como um momento de transição, como algo muito normal, com a certeza de que em breve todos retornarão a um equilíbrio adequado.

O bem-estar físico e psicológico da mãe deve ser uma prioridade na família, tanto para a mulher como para o recém-nascido. O calor emocional das crianças ao longo de suas vidas começa nas primeiras semanas e meses de vida. A estabilidade emocional da mãe é uma vantagem que cada criança deve desfrutar.

Este artigo foi escrito em colaboração com Javier Fiz Pérez, psicólogo, professor de psicologia e delegado para o desenvolvimento de pesquisas internacionais na Universidade Europeia de Roma e Diretor de Pesquisa Científica do Instituto Europeu de Psicologia Positiva.

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