terça-feira, 2 de maio de 2017

Nenhum papa colocou a Amazônia tanto no coração

“Nenhum papa colocou a Amazônia tanto no coração”, afirma dom Erwin sobre Francisco
“Nenhum papa colocou a Amazônia tanto no coração”, afirma dom Erwin sobre Francisco

O prelado recordou em sua participação na entrevista coletiva da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o chamado à evangelização da Amazônia, os desafios e exigências relacionados à área e ressaltou o apreço do papa Francisco pelo trabalho que ali deve ser desenvolvido.

“O papa Paulo VI, já nos anos 1970, disse que ‘Cristo aponta para a Amazônia’. Mas nenhum dos papas recentes colocou a Amazônia tanto no coração como o papa Francisco. A Amazônia é para ele, por assim dizer, uma orientação, um desafio e uma exigência”, disse o bispo.

Dom Erwin citou a encíclica do papa Francisco Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum, que em dois parágrafos cita a Amazônia e os povos indígenas. No parágrafo 38, o papa toma a floresta como um dos pulmões do planeta, ao lado da bacia do Congo. Francisco ainda denuncia as propostas de internacionalização da região “que só servem aos interesses económicos das corporações internacionais”. Os indígenas são lembrados no número 179, quando o papa fala dos valores enraizados muito profundamente nessas populações, como “o amor apaixonado pela própria terra, tal como se pensa naquilo que se deixa aos filhos e netos”.

A carta do papa é uma das motivações para a articulação do trabalho realizado nos nove países que possuem território da floresta amazônica e que compõem a chamada Pan-Amazônia. “A rede quer e pretende fazer uma articulação na ação pastoral e evangelizadora entre os nove países. E tem vários eixos, um dos principais é a questão indígena, que perpassa todos esses países”, conta dom Erwin, que ressalta o contexto “que exige empenho dos bispos em favor desses povos”.

Diante dos constantes casos de ausência e omissão do Estado, acontecem conflitos e casos de violência entre fazendeiros e povos indígenas, que, em muitos casos, retomam seus territórios ou aguardam a demarcação de suas terras, conforme prevê o texto da Constituição Federal de 1988. Um exemplo foi apresentado pelo bispo de Viana (MA), dom Sebastião Lima Duarte.

“A Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) quer chamar a atenção e sensibilizar todas as igrejas para esta questão. Logicamente, a evangelização não é uma evangelização no mundo da lua ou em lugar asséptico, mas a Evangelização incide sobre a realidade, as angústias e esperanças desses povos que vivem na Amazônia”, afirma dom Erwin.

Ele ainda reforça que os brasileiros devem voltar sua atenção para a Amazônia, que “até agora estava muito distante, especialmente aqui no Sul do país”. Para dom Erwin, o Norte do país sempre foi considerado uma província madeireira, atualmente energética e mineradora. “E a gente pensa que a Amazônia vive por si, mas é um compromisso e um desafio para todo o país, hoje mais do que nunca”, exortou.

Repam não é um movimento

Dom Erwin ainda salientou durante a sua fala aos jornalistas que a Repam não é mais um movimento da Igreja mas uma rede que procura aglutinar, orientar e organizar todos os movimentos, as iniciativas e os projetos que incidem “sobre esta terra maravilhosa que se chama Amazônia”.

Desde o ano passado, informou o religioso, estão realizados os Seminários “Laudato Si’ nos regionais da CNBB na região da Amazônia brasileira. Os encontros acontecem para reflexão e propostas sobre a carta encíclica e têm sido momento privilegiado para que os agentes de Pastorais e representantes de povos tradicionais teçam redes e estabeleçam relações, visando a transformação da realidade local.

Fonte: CNBB

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