segunda-feira, 22 de maio de 2017

Bono do U2 pede a artistas cristãos uma “honestidade brutal”

Bono durante um show do U2 / Foto: Flickr Tony Felgueiras (CC-BY-NC-ND-2.0)

NOVA IORQUE, 22 Mai. 17 / 04:00 pm (ACI).- Bono, o líder da banda irlandesa U2, que no passado apoiou causas controversas em sua trajetória como cantor, pediu desta vez aos artistas cristãos que mostrem uma “honestidade brutal” para não se limitar ao introduzir em suas canções mensagens de fé, mas também plasmar em suas letras as situações reais que enfrentam na vida.

Bono, que em uma entrevista há alguns anos disse se considerar cristão – embora em muitas ocasiões suas ações e declarações tenham mostrado o contrário – foi criado em Dublin em meio à sangrenta luta entre católicos e protestantes que assolou o norte da Irlanda durante anos. O cantor foi criado por uma mãe protestante e um pai católico.

Nesta oportunidade, o cantor aprofundou este tema na série de cinco episódios Bono & David Taylor: Beyod the Psalms, produzido por Fuller Studio, que é conhecido por promover “recursos para uma vida espiritual profundamente formada”.

Em um dos vídeos, Bono rejeitou a ideia de que a música ou a arte devem ser explicitamente etiquetadas como cristãos e limitadas a mensagens abertamente cristãs para glorificar a Deus.

“Isto realmente, realmente tem que parar. Quero escutar uma canção sobre a crise do seu matrimônio, que escutar canções de justiça, quero escutar sobre a raiva contra a injustiça e quero escutar uma canção tão boa que faça com que as pessoas queiram fazer algo a respeito”, expressou.

Nesse sentido, Bono ressaltou que a chave para a boa arte é a honestidade para expressar as coisas reais que acontecem na vida de cada um.

“Quero discutir sobre o caso de artistas ou de artistas potenciais que possam estar escutando nossa conversa e não estão expressando o que realmente acontece em suas vidas porque sentem que podem passar uma má impressão sobre eles”, indicou.

“A honestidade brutal é a raiz. Esta é a raiz para uma grande canção, não apenas a relação com Deus. É nisso onde se encontra uma grande canção. O único lugar onde pode encontrar um trabalho de arte, de mérito”, manifestou.

Bono indicou que, se um músico cristão quer “criar uma verdadeira arte, tem que ser mais honesto do que o típico gênero da ‘música cristã’”.

O vocalista do U2 expressou que “temos um pressentimento de que Deus não está interessado na publicidade, posso estar enganado, mas é a arte em vez da publicidade o que impressiona o criador do universo”.

“A criação grita o nome de Deus, por isso, não tem que encontrar um sinal em cada árvore”, assinalou.

Bono, que manifestou publicamente sua fé cristã e sua predileção pelos salmos, destacou a importância destes para a música e contou que, após lê-los durante anos, aprendeu sobre a importância de escutar sobre a honestidade.

Em outro vídeo da série, indicou que os salmos eram úteis e perguntou: “Por que não os encontro na música cristã?”.

Citou como exemplo o Salmo 82, que “fala sobre defender os direitos dos pobres e órfãos, ser justo com os necessitados e os indefesos, resgatá-los do poder das más pessoas. Isso não é caridade, é justiça. É incrível que Jesus começa com isso em sua missão”.

Bono indicou que este salmo é ideal para inspirar as pessoas que estão afastadas de Deus. Também destacou o Salmo 9 e o Salmo 12, nos quais se exalta Deus como o refúgio e a fortaleza dos que sofrem. “Este é Jesus”, afirmou.

Por outro lado, Bono ressaltou a figura do rei Davi, a quem se atribui a autoria dos salmos.

No Antigo Testamento, narra-se como o monarca se apaixona por uma mulher casada chamada Betsabé e comete adultério com ela. Para cobrir a gravidez de sua amante, ele trama um plano para matar o esposo dela, que era um soldado.

O vocalista do U2 assinalou que as maldades perpetradas pelo rei Davi são “incríveis”, mas, apesar disso, pôde encontrar a graça e a redenção.

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