quinta-feira, 20 de abril de 2017

Investimentos dos países em saneamento não estão sendo suficientes, alerta relatório da ONU

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Falta de saneamento básico é um dos fatores para a propagação de doenças, como o cólera, no Haiti.
Falta de saneamento básico é um dos fatores para a propagação de doenças, como o cólera, no Haiti. (Divulgação)

De acordo com relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em nome da ONU Água, os países aumentaram seus orçamentos para água, saneamento e higiene a uma taxa média anual de 4,9% nos últimos três anos. Contudo, 80% deles admitem que o financiamento para o setor ainda é insuficiente para cumprir os objetivos definidos nacionalmente para esses serviços.

Os países não estão aumentando os gastos com rapidez suficiente para atender às metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionadas à água e ao saneamento, aponta um novo relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em nome do UN-Water (ONU Água), mecanismo formado por agências das Nações Unidas para assuntos relacionados à água e questões de saneamento.

“Hoje, quase 2 bilhões de pessoas usam fontes de água potável contaminada com fezes, isso as coloca em risco de contrair cólera, disenteria, febre tifoide e poliomielite”, afirmou Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública, Determinantes Ambientais e Sociais da Saúde da OMS.

“Estima-se que a água potável contaminada cause mais de 500 mil mortes por diarreia a cada ano e esse seja um fator importante em várias doenças tropicais negligenciadas, incluindo vermes intestinais, esquistossomose e tracoma”, acrescentou.

O relatório salienta que os países não cumprirão as aspirações globais de acesso universal à água potável e ao saneamento, a menos que sejam tomadas medidas para utilizar os recursos financeiros de forma mais eficiente e aumentar os esforços para identificar novas fontes de financiamento.

De acordo com o relatório “UN-Water Global Analysis and Assessment of Sanitation and Drinking-Water (GLAAS) 2017”, os países aumentaram seus orçamentos para água, saneamento e higiene a uma taxa média anual de 4,9% nos últimos três anos. Contudo, 80% deles admitem que o financiamento para água, saneamento e higiene (WASH) ainda seja insuficiente para cumprir os objetivos definidos nacionalmente para esses serviços.

Em muitos países em desenvolvimento, os atuais objetivos de cobertura nacional têm como base a obtenção de acesso a infraestruturas básicas continuamente seguras e confiáveis. Os investimentos planejados ainda não levaram em conta as metas dos ODS, muito mais ambiciosas, que visam ao acesso universal a serviços de água e saneamento seguros para 2030.

Para atingir os objetivos globais, o Banco Mundial estima que os investimentos em infraestrutura devem triplicar para 114 bilhões de dólares por ano – um valor que não inclui custos operacionais e de manutenção.

Embora o déficit de financiamento seja amplo, 147 países já demonstraram a capacidade de mobilizar os recursos necessários para cumprir o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir pela metade a proporção de pessoas sem uma melhor fonte de água e 95 atingiram o objetivo correspondente de saneamento.

Os ODS, muito mais ambiciosos, exigirão esforços coletivos, coordenados e inovadores para mobilizar níveis ainda mais elevados de financiamento de todas as fontes: impostos, tarifas (pagamentos e mão-de-obra das famílias) e transferências de doadores.

“Este é um desafio que temos a capacidade de resolver”, afirma Guy Ryder, presidente do UN-Water e diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “O aumento dos investimentos em água e saneamento pode produzir benefícios substanciais para a saúde humana e o desenvolvimento, gerar empregos e garantir que não deixemos ninguém para trás”.


ONU Brasil, 17-04-2017.

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