terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Cardeal Rivera: Muro da vergonha de Trump o isolará não só do México, mas do mundo

Donald Trump. Foto: Flickr Gage Skidmore (CC BY-SA 2.0).

Cidade do México, 31 Jan. 17 / 02:30 pm (ACI).- O Arcebispo Primaz do México, Cardeal Norberto Rivera, criticou fortemente o “muro da vergonha”, anunciado pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e advertiu que a estrutura o isolará não só do México e da América Latina, mas do mundo inteiro.

Em uma mensagem pronunciada no dia 29 de janeiro na Catedral Primaz do México, o Cardeal Rivera encorajou os mexicanos a “não deixar que o desânimo prevaleça” e recordou que “Jesus nos diz constantemente no Evangelho: ‘não tenham medo’”.

“Para o crente, a coragem está fundamentada no amor misericordioso de Deus, que nunca abandona os seus filhos; e, por outro lado, a coragem deve brotar de nós mesmos, da consciência clara de saber quem somos nós, quais os nossos princípios, valores, fortalezas, e por que não, nossas fraquezas e deficiências”.

O Cardeal Rivera assinalou que, “ante as ameaças que recebem nossos irmãos imigrantes nos Estados Unidos, sobre nossa economia, sobre o futuro de muitas empresas e fontes de trabalho, me alegra ver a unidade espontânea de todos os mexicanos”.

“Hoje somos conscientes de que a fortaleza do nosso povo está na unidade nacional, no apoio ao nosso governo que, com toda razão, deixou claro que a dignidade e a soberania nacional não são negociáveis. O México é um país grande, com uma cultura memorável, com uma história cheia de contrastes, com fé inabalável e uma clara identidade nacional da qual nos sentimos orgulhosos”, destacou.

Em seguida, o Purpurado lamentou “a provocação e as agressões do presidente dos Estados Unidos” e assinalou que o México, nestas circunstâncias, “deve acreditar no diálogo, deve optar pelas pontes e não pelo muro da vergonha, esse muro da ignomínia que não defenderá os Estados Unidos, mas o isolará não só do México e da América Latina, mas também do mundo”.

“Não são os cidadãos americanos que estão contra o México, mas alguns governantes”, disse e destacou que “a Igreja Católica nos Estados Unidos é um exemplo claro de solidariedade e fraternidade com os mexicanos”.

“Por isso, hoje apelamos aos nossos irmãos americanos de boa vontade a fim de que apoiem o México, porque apoiar este país, que foi um vizinho amigo e leal, contribui para o bem-estar e prosperidade também dos próprios Estados Unidos da América”, assegurou.

O Arcebispo Primaz do México sublinhou que “a América não é os Estados Unidos, mas o continente inteiro”.

“Tanto México, como Argentina, Peru e Canadá também são América e atualmente estamos buscando uma integração econômica e cultural mundial, na qual liderar novamente os nacionalismos antigos e protecionismo é uma insensatez, é uma quimera que, depois da sua ilusão, só dará frutos amargos de ódio, isolamento e pobreza”, advertiu.

O Cardeal Rivera incentivou novamente os mexicanos a não cair “na provocação nem na tentação de responder com ofensas as agressões; atuemos como cristãos, seguindo o conselho de Jesus: ‘Não devolvam mal por mal, rezem pelos seus inimigos’”.

“A força que os crentes têm é a oração. Percebi como organizaram campanhas de oração pelo México; unamo-nos a elas”.

“Supliquemos a proteção da Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, Padroeira da América, para invocá-la como ‘Consoladora dos aflitos’; a fim de pedir pela nossa pátria, pelos nossos irmãos imigrantes e pela paz e harmonia do nosso país”.

O Arcebispo do México destacou: “Unidos sempre vamos ser fortes. Com a nossa fé em Cristo nosso Senhor e em Nossa Senhora de Guadalupe seremos prósperos; não tenhamos medo, hoje mais do que nunca, devemos estar unidos e ser solidários”.

“Esta é a hora do México, de mostrar quem somos e descobrir as nossas capacidades e oportunidades, recordemos o ditado popular: ‘Há males que vêm para o bem’”.

“Confiemos, não percamos a fé e trabalhemos incansavelmente para transformar o nosso amado México em uma pátria digna, fraterna, onde o reino de Cristo se torne realidade, um reino de amor, de justiça e de paz”, concluiu.

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