domingo, 30 de novembro de 2014

O Papa Francisco e a fome no mundo

Padre Geovane Saraiva*
Quanta alegria, graças, louvores e bênçãos, nas palavras vindas da boca do Santo Padre, o Papa Francisco, ao proclamar Jesus Cristo, o Cordeiro imolado que tira o pecado do mundo, aquele que veio para estabelecer a paz e a concórdia entre os povos da terra, em um mundo marcado por paradoxos, antagonismos e conflitos. O Filho de Deus, na sua missão de caminhar para Jerusalém, que deve ser também a mesma dos cristãos batizados, quando se aproximou e avistou a cidade de Jerusalém, começou a chorar (cf. Lc 19, 41). O Romano Pontífice, em sua missa matutina de 20.11.2014, ao comentar este Evangelho do dia, explicou que o Senhor chora pelo fechamento do coração da cidade eleita, do povo eleito. Não havia tempo para abrir-lhe a porta! Estava ocupada demais, satisfeita de si mesma. Por outro lado encoraja-nos: "Não tenhamos medo da felicidade que o Senhor nos traz!"

Jesus chora quando o coração da criatura se fecha às suas surpresas, disse o Papa Francisco. Daí o esforço e a disposição constante para perceber os sinais, a hora e momento de Deus, compreendidos à luz da palavra de Deus, quer dizer que temos que viver e conviver com o momento presente, mas olhando para frente, de acordo com a vontade de Deus, na busca do projeto da feliz esperança, missão oferecida a cada pessoa como algo próprio e intransferível, tendo como certo os acontecimentos futuros e a vitória final.  Observou o Bispo de Roma, na conferência feita no organismo da ONU (Fao), que “embora as nações estejam entrelaçadas entre si, tais relações acabam danificadas pela suspeita recíproca, que se converte em agressão bélica e econômica, uma realidade bem conhecida por quem passa fome e não tem trabalho”, contrariando o projeto do Pai, instaurado por seu Filho Jesus.

"Quando encontramos uma pessoa verdadeiramente necessitada, reconhecemos nela o rosto de Deus?" Temos a resposta no Papa Francisco, ao discursar sobre a realidade da fome no mundo, na conferência promovida pelo Organismo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), realizada na cidade de Roma. Mais ainda, criticou a ganância que dificulta o combate a fome.  Expressou-se deste modo: “Dói constatar que a luta contra a fome e a desnutrição é dificultada pela ‘prioridade do mercado’ e pela ‘preeminência da ganância’, que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita à especulação, inclusive financeira. E enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede um documento de identidade, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Pede-nos dignidade, não esmola”.

Nosso Senhor Jesus Cristo quer das pessoas de boa vontade, que se encontrem em volta da generosa mesa da partilha e solidariedade, dizendo não ao interesse próprio que se opõe ao dom precioso do bem comum. Pelas palavras de Francisco a seguir, fica claro que a renúncia e a doação são caminhos de vida e salvação, ao morrer para gerar a vida. “Jesus, então, continua batendo às portas, como bateu à porta do coração de Jerusalém: às portas de seus irmãos, de suas irmãs, às portas de nosso coração, às portas de sua Igreja. Jerusalém se sentia contente, tranquila com a sua vida e não precisava do Senhor: não havia percebido que necessitava da salvação. E por isso, fechou o seu coração ao Senhor. O pranto de Jesus sobre Jerusalém é o pranto sobre a sua Igreja, hoje, sobre nós”.

No meu entendimento, o desejo do Papa é o mesmo do Filho amado do Pai, quando afirma: “Se conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas não, isso está oculto aos teus olhos”. Jerusalém tinha medo de ser visitada pelo Senhor; tinha medo da gratuidade de sua visita. Estava segura nas coisas que podia administrar. Nós somos seguros nas coisas que podemos governar, mas a visita do Senhor, suas surpresas... nós não podemos controlar”. Ainda na Conferência da ONU, acentuou também que a falta de solidariedade é desafio no combate à fome, lembrando também que todos têm direitos garantidos de amor, justiça e paz, que todo Estado tem o dever de estar atento ao bem-estar de seus cidadãos. Nesse sentido, ele também destacou o papel da Igreja católica, que procura dar a sua contribuição manifestando solicitude, em especial, aos marginalizados e excluídos. Francisco concluiu sua intervenção no evento com um pedido: “Peço também para que a comunidade internacional saiba escutar o chamado desta conferência e o considere uma expressão da comum consciência da humanidade: dar de comer aos famintos para salvar a vida no planeta”.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com

Boa noite Padre Geovane Saraiva
  
Li o artigo publicado em 18/11/2014 sobre "moradores de rua", gostaria de compartilhar sobre seu relato.
Tenho 54 anos e sou aluna do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC , 7ª fase e faço estágio com População em Situação de Rua, numa capital conhecida como Ilha da Magia......Florianópolis, que possui no Centro da cidade muito mais de 100 pessoas nesta condição. No centro  há um banheiro público, perdão banheiro pago, apesar do insignificante R$ 1,00 cobrado o torna privado e longe de permitir usar a população em situação de rua usar gratuitamente a privada.
Chuveiros na rua fantástico, obrigado por compartilhar essa notícia.

Obrigado pelo belo comentário!
                                                                

            magda swoboda

"Esta vida é uma estranha hospedaria
 De onde se parte quase sempre às tontas
 Pois nunca as malas estão prontas
 E a nossa conta nunca está em dia".
              Mario Quintana


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