quinta-feira, 31 de julho de 2014

Netanyahu diz estar determinado a destruir túneis

Militares de Israel calcularam que completar tarefa, já em sua quarta semana de execução, levará mais alguns dias.

Por Nidal al-Mughrabi e Jeffrey Heller
GAZA/JERUSALÉM - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que enfrenta pressão internacional por conta do crescente número de baixas civis em Gaza, disse nesta quinta-feira que não aceitará nenhum cessar-fogo que impeça Israel de completar a destruição de túneis utilizados por militantes para invadir território israelense.
Militares de Israel calcularam nesta quarta-feira que completar essa tarefa, já em sua quarta semana de execução, levará mais alguns dias.
"Estamos determinados a completar essa missão, com ou sem um cessar-fogo", disse Netanyahu em um pronunciamento público na abertura de uma reunião de gabinete, em Tel Aviv. "Não vou concordar com nenhuma proposta que não vá permitir às Forças Armadas de Israel completar essa importante missão em nome da segurança de Israel."
Deixando aberta a opção de ampliar a campanha terrestre na Faixa de Gaza, dominada pelo grupo militante islâmico Hamas, as forças israelenses informaram ter convocado mais 16 mil reservistas. Uma fonte militar disse que eles substituíram um número parecido de soldados da reserva que estão sendo dispensados.
Na quarta-feira o gabinete de segurança de Netanyahu aprovou a continuidade das operações lançadas em 8 de julho em resposta a um surto de ataques do Hamas. Israel também enviou uma delegação para o Egito, a qual tem tentado, com a chancela dos Estados Unidos, mediar um cessar-fogo.
No entanto, os EUA também vêm permitindo nas últimas semanas que Israel tenha acesso ao arsenal norte-americano na região, a fim de se reabastecer de granadas e munição de morteiros, disse uma autoridade dos EUA nesta quinta-feira.
Altos funcionários em Gaza dizem que pelo menos 1.372 palestinos, a maioria deles civis, foram mortos no território, e cerca de 7.000 ficaram feridos. Do lado de Israel, 56 soldados perderam a vida em confrontos em Gaza e mais de 400 ficaram feridos. Três civis foram mortos por ataques de foguetes palestinos contra Israel.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou fortemente na quarta-feira, as mortes de pelo menos 15 palestinos entre milhares de pessoas que se abrigavam em uma escola administrada pela ONU. A entidade disse que sua avaliação inicial era de que munição de artilharia israelense havia acertado o prédio. ?É ultrajante. É injustificável. E isso demanda prestação de contas e justiça?, disse Ban.
Israel disse que suas forças foram atacadas por combatentes perto da escola, em Jabalya, no norte do enclave, e revidaram o fogo. Em outro incidente no mesmo dia, 17 pessoas foram mortas em um mercado de Shejaia, novamente sob suspeita de ter sido alvo da artilharia israelense. Forças de Israel disseram que investigariam os casos.
"Tal massacre exige uma resposta como um terremoto" disse o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, cujo grupo continua com sua campanha de dezenas de lançamentos diários de foguetes contra Israel, que conseguiu manter um número baixo de mortos nesses ataques graças a seu sistema de defesa antimísseis e de sirenes de alerta.
Na cidade de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, bombardeios de tanques israelenses na quarta-feira atingiram outra escola administrada pela ONU. Pelo menos 30 pessoas abrigadas no interior foram feridos por estilhaços e cacos de vidro, disseram testemunhas e funcionários do hospital.
Fugindo dos ataques terrestres israelenses em áreas residenciais, precedidos de advertências do Exército de Israel para que esvaziem a área, mais de 200.000 do 1,8 milhão de palestinos da Faixa de Gaza deixaram suas casas em busca de refúgio. A pequena infraestrutura do território está em ruínas, com quedas de energia e de água.
Israel diz que está tentando evitar vítimas civis e acusa o Hamas e outras facções palestinas de procurarem combates em áreas urbanas.
Ambos os lados têm manifestado abertura para uma trégua, mas os seus termos divergem dramaticamente. Israel, que considera o Hamas uma ameaça à sua segurança, quer a Faixa de Gaza despojada de túneis e de seu estoques de foguetes. O Hamas rejeita essa exigência e busca o fim ao bloqueio de Gaza imposto por Israel e Egito, o qual paralisa sua economia.
Reuters

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