Artigo publicado, aos 14/03/2013, dia em que o mundo acordou com o novo Papa
“A ti corremos, Angélico Pastor, Em ti nós vemos o
doce Redentor. A voz de Pedro na tua o mundo escuta, não vencerão as forças do
inferno, mas a verdade, o doce amor fraterno!”
Hino do Vaticano
Padre
Geovane Saraiva*
Jorge
Mario Bergoglio, a partir deste dia 13 de março de 2013 é para o mundo católico
o novo Papa, o novo Sumo Pontífice, com o nome Papa Francisco. O que quer dizer
Pontífice? Pontífice quer dizer ponte e tem a função de ligar uma margem à
outra de um rio. No caso do Sucessor de Pedro, o múnus que lhe foi atribuído é
o de fazer a ligação da terra ao céu, numa misteriosa troca de dons. A
ocasião é por demais feliz, no sentido de rendermos graças ao bom Deus, na mais
absoluta convicção, de que o povo de Deus, com o novo Vigário de Cristo na
terra, reavirá a sua fé, através do representante legítimo e
visível de Cristo aqui na terra, avançando às águas mais profundas, orientados
por sua palavra segura, fecunda e esperançosa (cf. Lc 5, 4-7; MT 16, 18 ).
Que ele seja um autêntico pai na
caridade, num grande esforço de sempre mais proporcionar um estreito
relacionamento da Igreja com o mundo contemporâneo, no meu modo de perceber as
coisas, igualmente gritante, quando da ocasião Concílio Vaticano II, tendo por
base os princípios doutrinários da Mãe Igreja, nestas palavras: “As alegrias e
as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos
pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças,
as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma
verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (GS, 200).
Visto pelos olhos da fé, o gesto de
Bento XVI, que surpreendeu o mundo, revela-nos o sopro do Espírito Santo e que
foi humildemente acolhido por todos. Renúncia durante seis séculos era tida
como um sinal de fraqueza, mas que agora foi transformado e visto como uma
atitude de extraordinária grandeza, na eleição do novo representante de Cristo
da terra, o Papa Francisco.
Nossa confiança é enorme, sobretudo, ao
refletirmos sobre a parábola do pai misericordioso (Lc 15, 11-32), porque somos
chamados a sonhar com um papa totalmente identificado com o pai da passagem
deste Evangelho, no seu amor infinito e acolhedor, que soube no momento exato
compreender e compadecer-se da miséria do filho mais novo, num gesto
extraordinário de generosidade, ao mesmo tempo em que experimentou a alegria e
a felicidade de seu retorno a casa.
Vamos esperançosos, contar com um papa
que saiba compreender a humanidade, representada pelo filho mais novo, que
deixou seu pai querido, numa aventura de assumir e administrar sua própria vida
e seus bens, na irresponsabilidade e inconsequência. Igualmente, numa pedagogia
marcada pela misericórdia, que saiba ir ao encontro do filho mais velho, que
também representa a mesma humanidade, para falar-lhe da necessidade de
misericórdia e conversão do coração, diante da dor, da miséria e do sofrimento
humano, exigindo-lhe amor, compaixão, solidariedade e ternura.
Num mundo marcado pelo pluralismo, na
diversidade de pensamentos e opções de vida, alimenta-se sempre mais o sonho de
um mundo fraterno e solidário, onde o Espírito Santo aja em toda sua plenitude,
através do novo Papa Francisco, eleito neste dia 13 março, para a função maior
de animar e confirmar os irmãos na fé, na Igreja Católica. A nossa ardorosa
súplica ao bom Deus, diante da missão incomensurável, que ele seja causa de
grande alegria, além de ser fermento, sal e luz para toda a humanidade, ávida
dos seus ensinamentos.
Jesus Cristo continua a afirmar: “O que
vos peço é que não os tireis do mundo, mas os livreis do mal” (Jo 17, 15). A
Igreja vive inserida num mundo onde há pedofilia, homossexualidade e segunda
união. Mesmo sendo uma organização de voluntários, espera-se de seus membros
obrigações e vínculos, onde não se prescindem clareza e convicção. Na alegria
da sua eleição, jamais podemos esquecer que o novo Pastor Universal tem,
através do anúncio do Evangelho e do diálogo, a tarefa de fermentar o mundo e a
própria criação, na edificação do Reino de Deus e sua justiça.
Com a chegada do novo Vigário de Cristo
na terra, que o planeta possa ser alegremente contemplado, no sentido de que os
cristãos sejam estimulados e fomentados a um grande compromisso de dialogar e
cuidar da criação, nas suas mais diversas realidades. O mundo precisa
carinhosamente de práticas ecológicas e ambientais, para que a fé da humanidade
possa se tornar cada vez mais viva e coerente com aquilo que se acredita.
*Padre
da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos
Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal
- Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz”
e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um
Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem
Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder:
sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos);
"25 Anos sobre
Águas Sagradas (coletânea de artigos e fotos).
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