sábado, 30 de novembro de 2013

Igreja solidária: Francisco queria ajudar no trabalho do esmoleiro apostólico, diz arcebispo


Do G1, em São Paulo

O Papa Francisco cumprimenta o esmoleiro apostólico, monsenhor Konrad Krajewski em foto de 19 de setembro  (Foto: L'Osservatore Romano/AP)O Papa Francisco cumprimenta o esmoleiro
apostólico, monsenhor Konrad Krajewski em foto de
19 de setembro (Foto: L'Osservatore Romano/AP)
Dois moradores de rua passam a noite nas ruas de Roma.
Konrad Krajewski, o esmoleiro apostólico do Vaticano – responsável por distribuir ajuda aos pobres - revelou o desejo do pontífice de sair com ele durante a noite para levar ajuda aos necessitados de Roma, segundo publicou a imprensa italiana nesta sexta-feira (29), de acordo com a agência EFE.
“No início, quando eu costumava sair à noite por Roma, às vezes o papa me perguntava se podia me acompanhar, e não se dava conta dos problemas que poderiam ser criados caso sua saída do Vaticano fosse conhecida”, explicou Krajewski.
O esmoleiro não respondeu se o Papa chegou a sair com ele alguma noite, o que criou especulações de que Francisco possa realmente ter saído incógnito do Vaticano.
Krajewski relatou como o papa, que o nomeou capelão no dia 3 de agosto, o pediu para repetir um costuma que tinha quando era arcebispo de Buenos Aires: sair pessoalmente para levar ajuda aos necessitados.
O arcebispo polonês de 50 anos recordou o que Francisco lhe disse quando o nomeou. “Não ficará sentando em um escritório. Não espera que as pessoas chamem a sua porta, vá busca-las. Quero que você fique entre as pessoas para que leve meu carinho aos pobres, aos desesperados, aos últimos.”
“Cada vez que o Papa me vê, me pregunta se preciso de dinheiro”, explicou o capelão, que relatou que Francisco costuma dizer que “uma conta corrente está bem quando está vazia, porque o dinheiro foi doado aos necessitados.”
Trabalho
O esmoleiro apostólico é a pessoa que deve colocar em prática as prioridades de Francisco por uma Igreja solidária.

Krajewski contou que acorda todos os dias às 4h30 e inicia sua jornada respondendo cartas de ajuda que chegam ao Vaticano e as que são entregues pessoalmente pelo Papa Francisco.
Ele se encarrega de comprovar que as cartas sejam verdadeiras entrando em contato com os párocos locais, e através deles envia pequenas doações – de 200, 500 ou 1000 euros, segundo a necessidade de cada um.
"Nós recebemos todas as manhãs cartas em um grande envelope. Elas vêm diretamente do Santo Padre. Ele nos orienta: 'Você deve telefonar para ele. Ou você saberá o que fazer... não há critérios, as coisas nascem segundo as circunstâncias'", conta.
Quando ele precisa ou deseja ver o Papa, vai diretamente à residência Santa Marta. O encontro dura cerca de 5 minutos.
Krajewski resolve os problemas o mais rápido possível, como por exemplo pagar o aluguel atrasado de uma família. Para evitar mentiras, "nós telefonamos para o padre responsável pela comunidade. É melhor ter uma carta timbrada do padre".
"Outro dia, o Papa me pediu para que eu enviasse 200 euros para uma senhora de Veneza que teve sua carteira roubada quando ia comprar seus remédios. As cartas que ele recebe geralmente são gritos de revolta", conta ele que é conhecido como "Dom Corrado", porque seu nome é muito complicado para ser memorizado.
Enviado pelo Papa a Lampedusa, Konrad Krajewski distribuiu 1.700 cartões telefônicos para que os eritreus sobreviventes o naufrágio telefonassem para suas famílias.
No início de novembro, o Papa recebeu uma carta emocionante de uma família italiana falando da perda irreparável de sua pequena Noemi, pois sofria de atrofia muscular espinal. Ele enviou Krajewski para ver a família, que foi hospedada na noite seguinte na residência Santa Marta, e para quem ele pediu para que a multidão reunida na Praça São Pedro orasse.
Durante a noite, acompanhado dos guardas suíços que fazem a segurança do Vaticano, o esmoleiro leva ajuda e comida a moradores de rua e outras pessoas carentes.
A Esmolaria Apostólica é financiada com doações e com 250 mil euros que são arrecadados anualmente com a venda de pergaminhos benzidos pelo papa, que custam entre 5 e 15 euros.
No ano passado, o grupo distribuiu cerca de 1 milhão de euros e ajudou cerca de 6,5 mil pessoas

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