sábado, 30 de setembro de 2017

A gramática do povo de Deus

Padre Geovane Saraiva*
Pe. Geovane Saraiva
O mês de setembro chega ao seu final, mas o ensinamento da Bíblia, gramática, ou enciclopédia do povo de Deus, não para, porque, de modo correto, orienta homens e mulheres, nas diversidades de dons, talentos, carismas e funções. É a salvação que nos é oferecida, e não é um merecimento das pessoas, mas entendida como dom e graça de Deus. Experimentamo-la a partir da Palavra de Deus, que é eterna, além de ser viva e eficaz. A Bíblia deixa claro aos cristãos, que querem guardar a Palavra de Deus na mente e no coração, que Deus quer uma única coisa: a dignidade de filhos de Deus.

O grande especialista da Palavra de Deus, São Jerônimo, comemorado aos 30 de setembro, que viveu entre os anos de 342 e 420, numa época bem distante da nossa, quer mostrar a força da Palavra de Deus. Toda a sua vida foi doada ao estudo da Sagrada Escritura, sendo São Jerônimo considerado o maior e melhor exegeta de todos os tempos. A Igreja Católica o reconheceu como homem eleito por Deus para explicar e fazer compreender, do melhor modo, a Palavra de Deus. Daí tê-lo por doutor e especialista do Livro Sagrado, de um modo imbatível e inigualável.

São Jerônimo estudou hebraico e aperfeiçoou seus conhecimentos do grego, para poder compreender melhor a Palavra de Deus nas línguas originais. Em Roma recebeu a missão do Papa Dâmaso para escrever a Bíblia em latim, graças ao conhecimento que tinha do grego e do hebraico. O Papa queria uma tradução mais fiel, em tudo, aos textos originais, traduzida e apresentada em latim, que pudesse servir de texto uniforme na liturgia da Igreja, evitando, de uma vez por todas, desencontros, embaraços e confusões. Que os seguidores de Jesus de Nazaré sejam provocados pela Palavra de Deus, na indispensável tarefa de instaurar o Reino de Deus, que é dom e graça de Deus.

São Jerônimo, servo bom e fiel, iniciou seu trabalho em Roma e continuou por toda a sua vida. É importante salientar que ele passou seus últimos 35 anos de vida em oração e penitência, fazendo de tudo, mas de tudo mesmo, pela difusão da Escritura Sagrada. Guardemos o ensinamento tão bíblico, quanto inclusivo do Papa Francisco, no Ângelus de 24/09/2017: "O Senhor usa misericórdia, perdoa amplamente, é cheio de generosidade e bondade que derrama sobre cada um de nós, abre a todos os territórios ilimitados de seu amor e de sua graça, que somente podem dar ao coração humano". Amém!

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

Lula lidera corrida presidencial em todos os cenários, diz Datafolha

AE Agência Estado
postado em 30/09/2017 20:43
São Paulo, 30 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera a corrida presidencial de 2018, segundo a última pesquisa do instituto Datafolha. Em diferentes cenários, o petista aparece com pelo menos 35% das intenções de voto, em vantagem significativa sobre o principal adversário.

Na segunda colocação, há um empate técnico entre Jair Bolsonaro (PSC) e Marina Silva (Rede). Em distintos cenários, ele tem entre 16% e 17%, e ela varia de 13% a 14%.

Pela primeira vez na série de pesquisas do Datafolha, Lula lidera também em todos os cenários de segundo turno. A exceção seria uma eventual disputa com o juiz Sérgio Moro - nesse caso, haveria empate técnico.

Em julho, Moro condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão, no caso em que foi acusado de ter recebido um apartamento em Guarujá (SP) como parte de um pagamento de propina da empreiteira OAS.

(AE)

Embaixador da Padroeira, cardeal brasileiro 'divulga' imagem de Aparecida pelo mundo

Dom Raymundo Damasceno já entronizou imagem da Santa em templos de países como Estados Unidos, Portugal, República Checa, entre outros.
Por G1 Vale do Paraíba e Região
30/09/2017 08h01  Atualizado há 6 horas
Dom Raymundo dá imagem de Nossa Senhora Aparecida ao Papa Francisco (Foto: Carlos Santos/ G1)
Dom Raymundo dá imagem de Nossa Senhora Aparecida ao Papa Francisco (Foto: Carlos Santos/ G1)

Se algum dia você se deparar com a imagem de Nossa Senhora Aparecida em algum canto do mundo, possivelmente ela tenha sido levada até lá pelo cardeal brasileiro Dom Raymundo Damasceno.
Arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida, o religioso é um dos responsáveis por difundir a imagem da Santa fora do Brasil. A missão fez com que ele se auto proclamasse 'embaixador' da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Na 'lista' de Dom Raymundo, já foram entronizadas imagens de Nossa Senhora Aparecida em templos religiosos de países como República Checa, Eslováquia, Eslovênia, Estados Unidos, Colômbia e Portugal. Ainda neste ano, ele levará a Santa para o Líbano, França e Argentina.
"À medida que brasileiros visitam esses locais, é uma oportunidade que eles têm de se lembrar do Brasil. É um momento em que podem rezar pela nossa pátria, seja como turista, romeiro ou habitante desses países. Sempre com coração voltado ao Brasil, quando encontram a imagem de Nossa Senhora relembram a Padroeira que intercede por todos nós brasileiros", afirmou.


Vencedores do Nobel criticam governo de Michel Temer por corte na ciência

domtotal.com
O documento, enviado por e-mail ao gabinete da Presidência, faz referência ao corte de 44% no Orçamento deste ano do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), assim como à perspectiva de um novo corte em 2018.
Governo liderado por Michel Temer pretende continuar com os cortes orçamentários em Ciência e Tecnologia.
Governo liderado por Michel Temer pretende continuar com os cortes orçamentários em Ciência e Tecnologia. (ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO).

Os cortes orçamentários em Ciência e Tecnologia “comprometem seriamente o futuro do Brasil” e precisam ser revistos “antes que seja tarde demais”, segundo um grupo de 23 ganhadores do Prêmio Nobel, que enviou ontem uma carta ao presidente Michel Temer, recomendando mudanças na postura do governo com relação ao setor.

O documento, enviado por e-mail ao gabinete da Presidência, faz referência ao corte de 44% no Orçamento deste ano do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), assim como à perspectiva de um novo corte em 2018 - que deverá ser da ordem de 15%, caso o Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo governo ao Congresso seja aprovado como está.

“Isso danificará o Brasil por muitos anos, com o desmantelamento de grupos de pesquisa internacionalmente reconhecidos e uma fuga de cérebros que afetará os melhores jovens cientistas” do País, escrevem os pesquisadores.

A carta, à qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso com exclusividade, é assinada pelo físico francês Claude Cohen-Tannoudji (Nobel de 1977) e outros 22 laureados com o prêmio nas áreas de Física, Química e Medicina nas últimas três décadas. “Sabemos que a situação econômica do Brasil é muito difícil, mas urgimos o senhor a reconsiderar sua decisão antes que seja tarde demais”, conclui a carta.

Repercussão

“É uma iniciativa que mostra a importância da ciência brasileira e a gravidade da situação”, disse o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, que também recebeu uma cópia da carta. A Presidência da República foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até as 21 horas de sexta-feira.

“A situação é trágica, não há outra palavra para descrevê-la”, disse o pesquisador David Gross, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, vencedor do Nobel de Física em 2004 e também signatário da carta. Ele prevê que muitos jovens pesquisadores brasileiros vão desistir da carreira científica ou migrar para outros países, mais favoráveis à ciência.

“Eles vão embora e não voltarão”, alertou. “É uma política estúpida, autodestrutiva”, completou Gross, referindo-se aos cortes horizontais aplicados pelo governo em todas as áreas, sem definição de prioridades.

A ciência, de acordo com ele, é uma área que precisa de investimentos consistentes e de longo prazo para produzir resultados que são essenciais para qualquer sociedade moderna. “Não é algo que você liga e desliga sem ter consequências graves.”

A carta dos laureados reproduz argumentos que vem sendo usados exaustivamente pela comunidade científica brasileira nos últimos anos. Em uma carta enviada à Presidência da República no início da semana, mais de 250 pesquisadores da área de Matemática pedem também a Temer que reconsidere os cortes orçamentários do setor.

“À fria luz dos fatos e além de qualquer partidarismo, repudiamos os repetidos e substanciais cortes de verba que sabotam o potencial transformador da ciência brasileira”, diz o documento. Entre os signatários está o matemático Artur Avila, ganhador da Medalha Fields, considerada o Prêmio Nobel da Matemática.

Cortes

O orçamento deste ano do MCTIC é o menor de todos os tempos, com cerca de R$ 3,2 bilhões disponíveis (depois do contingenciamento de 44% no início do ano) para o financiamento de pesquisas e pagamentos de bolsas em todo o País. Isso equivale a um terço do que o ministério tinha quatro anos atrás (antes de ser unificado com a pasta de Comunicações), e a proposta inicial do governo para 2018 é reduzir esse valor ainda mais, para R$ 2,7 bilhões.

Agência Estado

Livraria Saraiva: Voz Dos Que Não Têm Voz e Francisco, Um Sinal Para o Mundo


O livro 'Voz Dos Que Não Têm Voz', do Padre Geovane Saraiva, expõe e elucida, à luz do Evangelho inúmeros gestos e atitudes de amor do Papa Francisco em prol da humanidade, colocando-a em um patamar bem elevado, estimulando o encanto de nossa sensibilidade e liberdade de sonhar. Muitos seres humanos se encontram às margens da sociedade, são os últimos dos últimos dentro de nossa sociedade. Ao longo desses dois anos de pontificado, o Romano Pontífice demonstrou com atitudes concretas seu amor e apreço pelos empobrecidos, os quais ocupam últimos lugares. Neste livro, com muita habilidade o Padre Geovane destaca e esclarece à luz do Evangelho inúmeros gestos de amor do Santo Padre em favor da humanidade. Sonhar jamais foi proibido e com este livro, ‘Voz dos que não têm voz’, somos convidados a caminhar na direção do grande sonho de Santo Agostinho, na busca da cidade celestial: 'Dois amores fundaram duas cidades, a saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial'.


Saraiva, Geovane

Francisco Geovane Saraiva Costa


https://www.saraiva.com.br/voz-dos-que-nao-tem-voz-8757567.html?mi=VITRINECHAORDIC_frequentlyboughttogether_product_8757567


Francisco, Um Sinal Para o Mundo (Cód: 8757484)



Inesgotável e rica a abordagem do Padre Geovane a respeito de Jorge Mário Bergoglio, o novo Sumo Pontífice que vem evangelizando com sua palavra transformadora, sacudindo a Igreja que parecia adormecida. Padre Geovane no alvor de sua juventude surge como autêntico blogueiro e pastor das letras. É um escritor de escol, moderno que, sempre atento à sua missão de divulgar a boa nova, traz a lume seu sétimo livro, desta vez enfocando esse fato histórico em que o novo representante de Cristo na terra vem dia a dia impressionando os adeptos dos mais diversos credos com sua linguagem de amor, compreensão, harmonia entre os povos de boa vontade. O título escolhido é muito susgestivo: Francisco, um Sinal para o Mundo. De modo geral, quem ama e se esforça para viver o Evangelho, está feliz e encantada com o testemunho do Papa Francisco. Rezamos para que Deus o mantenha assim neste caminho de esperança renascido no mundo, de renovação e transformação.

Saraiva, Geovane

Francisco Geovane Saraiva Costa

https://www.saraiva.com.br/francisco-um-sinal-para-o-mundo-8757484.html

Dom Helder - Sonhos e Utopias (Cód: 8814709)

Com o belo livro, 'Dom Helder - Sonhos e utopias”, sobre o artífice da paz, o homem dos grandes sonhos e utopias, outro cavaleiro andante, o leitor vai perceber em Dom Helder Câmara a mina de ouro que precisa ser sempre e cada vez mais explorada, como um dom maravilhoso de Deus. Vida de uma beleza, que podemos dizer, inigualável, nos seus gestos raríssimos em favor da vida, mas a vida repleta de encantos! Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife em abril de 1964, disse: “Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar no coração do bispo”. Dos pensamentos do Pastor dos empobrecidos: “Das barreiras a romper, a que mais custa, e a que mais importa é, sem dúvida, a barreira da mediocridade'; 'Quem me dera ser leal, discreto e silencioso como a minha sombra'. Palavras do teólogo José Comblin: “Sou daqueles que tem a convicção de que os escritos de Dom Helder ainda serão fonte de inspiração na América Latina, daqui a mil anos”.

Saraiva, Geovane

Francisco Geovane Saraiva Costa



Papa Francisco: Mensagem Dia Mundial das Missões


O Papa Francisco escreveu uma mensagem para o Dia Mundial das Missões que a Igreja celebra no próximo dia 15 de outubro. Em tempo de paragem leia, na íntegra, a missíva do Santo Padre sob o tema «A Missão no coração da fé cristã».

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http://www.xaverianos.org.br/missao-e-abrir-se-ao-mundo/
Artigo: Padre Geovane Saraiva
Queridos irmãos e irmãs!
O Dia Mundial das Missões concentra-nos, também este ano, na pessoa de Jesus, «o primeiro e maior evangelizador» (Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 7), que incessantemente nos envia a anunciar o Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo. Este Dia convida-nos a refletir novamente sobre a missão no coração da fé cristã. De facto a Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando duma associação entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua finalidade e desapareceria. Por isso, somos convidados a interrogar-nos sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e as nossas responsabilidades de crentes, num mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas, que injustamente atingem sobretudo os inocentes. Qual é o fundamento da missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes vitais da missão?

A missão e o poder transformador do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida

1. A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6). É Caminho que nos convida a segui-Lo com confiança e coragem. E, seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena comunhão com Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda a forma de egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor.

2. Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos e filhas; uma transformação que se expressa como culto em espírito e verdade (cf. Jo 4, 23-24), ou seja, numa vida animada pelo Espírito Santo à imitação do Filho Jesus para glória de Deus Pai. «A glória de Deus é o homem vivo» (Ireneu, Adversus haereses IV, 20, 7). Assim, o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e eficaz que realiza o que proclama (cf. Is 55, 10-11), isto é, Jesus Cristo, que incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1, 14).

A missão e o kairós de Cristo

3. Por conseguinte, a missão da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime. No mundo, há muitos movimentos capazes de apresentar ideais elevados ou expressões éticas notáveis. Diversamente, através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir; e, por isso, aquela representa o kairós, o tempo propício da salvação na história. Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra. «A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276).

4. Lembremo-nos sempre de que, «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (Bento XVI, Carta. enc. Deus caritas est, 1). O Evangelho é uma Pessoa, que continuamente Se oferece e, a quem A acolhe com fé humilde e operosa, continuamente convida a partilhar a sua vida através duma participação efetiva no seu mistério pascal de morte e ressurreição. Assim, por meio do Batismo, o Evangelho torna-se fonte de vida nova, liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito Santo; através da Confirmação, torna-se unção fortalecedora que, graças ao mesmo Espírito, indica caminhos e estratégias novas de testemunho e proximidade; e, mediante a Eucaristia, torna-se alimento do homem novo, «remédio de imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2).

5. O mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por veredas enviesadas e sem saída. E, graças a Deus, não faltam experiências significativas que testemunham a força transformadora do Evangelho. Penso no gesto daquele estudante «dinka» que, à custa da própria vida, protege um estudante da tribo «nuer» que ia ser assassinado. Penso naquela Celebração Eucarística em Kitgum, no norte do Uganda – então ensanguentado pelas atrocidades dum grupo de rebeldes –, quando um missionário levou as pessoas a repetirem as palavras de Jesus na cruz: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mc 15, 34), expressando o grito desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor crucificado. Aquela Celebração foi fonte de grande consolação e de muita coragem para as pessoas. E podemos pensar em tantos testemunhos – testemunhos sem conta – de como o Evangelho ajuda a superar os fechamentos, os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre todos.

A missão inspira uma espiritualidade de êxodo, peregrinação e exílio contínuos

6. A missão da Igreja é animada por uma espiritualidade de êxodo contínuo. Trata-se de «sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 20). A missão da Igreja encoraja a uma atitude de peregrinação contínua através dos vários desertos da vida, através das várias experiências de fome e sede de verdade e justiça. A missão da Igreja inspira uma experiência de exílio contínuo, para fazer sentir ao homem sedento de infinito a sua condição de exilado a caminho da pátria definitiva, pendente entre o «já» e o «ainda não» do Reino dos Céus.

7. A missão adverte a Igreja de que não é fim em si mesma, mas instrumento e mediação do Reino. Uma Igreja autorreferencial, que se compraza dos sucessos terrenos, não é a Igreja de Cristo, seu corpo crucificado e glorioso. Por isso mesmo, é preferível «uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças» (Ibid., 49).

Os jovens, esperança da missão

8. Os jovens são a esperança da missão. A pessoa de Jesus e a Boa Nova proclamada por Ele continuam a fascinar muitos jovens. Estes buscam percursos onde possam concretizar a coragem e os ímpetos do coração ao serviço da humanidade. «São muitos os jovens que se solidarizam contra os males do mundo, aderindo a várias formas de militância e voluntariado. (...) Como é bom que os jovens sejam “caminheiros da fé”, felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra!» (Ibid., 106). A próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional», revela-se uma ocasião providencial para envolver os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua rica imaginação e criatividade.

O serviço das Obras Missionárias Pontifícias

9. As Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para suscitar em cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias fronteiras e das próprias seguranças, fazendo-se ao largo a fim de anunciar o Evangelho a todos. Através duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante de formação e animação missionária, envolvem-se adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário. Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização.

Fazer missão com Maria, Mãe da evangelização

10. Queridos irmãos e irmãs, façamos missão inspirando-nos em Maria, Mãe da evangelização. Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação.

Vaticano, 4 de junho – Solenidade de Pentecostes – de 2017.

Como a Finlândia, país referência em educação, está mudando a arquitetura de suas escolas

Por BBC
 

Com plano aberto e menos divisórias, centros de ensino buscam mais flexibilidade, autonomia dos alunos e um espaço mais adequado ao aprendizado baseado em projetos.

Faz anos que a Finlândia se tornou referência mundial em educação, mesclando jornadas escolares mais curtas, poucas tarefas e exames e também adiando o início da alfabetização até que as crianças tenham sete anos de idade.
E, mesmo com um dos melhores resultados globais no PISA (avaliação internacional de educação), o país continua buscando inovações - inclusive na estrutura física das escolas.
Uma das apostas é o chamado ensino baseado em projetos, em que a divisão tradicional de matérias é substituída por temas multidisciplinares em que os alunos são protagonistas do processo de aprendizado.
Parte das reformas é imposta pela necessidade de se adaptar à era digital, em que as crianças já não dependem apenas dos livros para aprender. E tampouco os alunos dependem das salas de aula - pelo menos não das salas de aula atuais.

Adeus às paredes

Por isso as escolas finlandesas estão passando por uma grande reforma física, com base nos princípios do "open plan", ou plano aberto. A busca é, essencialmente, por mais flexibilidade.
As tradicionais salas fechadas estão se transformando em espaços multimodais, que se comunicam entre si por paredes transparentes e divisórias móveis.
O mobiliário inclui sofás, pufes e bolas de pilates, bem diferentes da estrutura de carteiras escolares que conhecemos hoje.
"Não há uma divisão ou distinção clara entre os corredores e as salas de aula", diz à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC) Reino Tapaninen, chefe dos arquitetos da Agência Nacional de Educação da Finlândia.
Distinção entre salas de aula e corredores deixam de existir  (Foto: Kuvatoimisto Kuvio Oy)Distinção entre salas de aula e corredores deixam de existir  (Foto: Kuvatoimisto Kuvio Oy)
Distinção entre salas de aula e corredores deixam de existir (Foto: Kuvatoimisto Kuvio Oy)
Desse modo, explica ele, professores e alunos podem escolher o local que considerarem mais adequado para um determinado projeto, dependendo, por exemplo, se ele for individual ou para ser executado em grupos grandes.
Mas não se trata de espaços totalmente abertos, mas sim de áreas de estudo "flexíveis e modificáveis", agrega Raila Oksanen, consultora da empresa finlandesa FCG, envolvida nas mudanças.
"As crianças têm diferentes formas de aprender", diz ela, e por conta disso os espaços versáteis "possibilitam a formação de diferentes equipes, com base na forma como eles prefiram trabalhar e passar seu tempo de estudo".

Diferentes ambientes

O conceito de plano aberto deve ser entendido de forma ampla - não só sob perspectiva arquitetônica, mas também pedagógica.
Segundo a consultora, isso significa que não se trata apenas de um espaço aberto no sentido físico, e sim de um "estado mental".
Mobiliário passa a incluir sofás e pufes em vez de tradicionais carteiras (Foto: Kuvatoimisto Kuvio )Mobiliário passa a incluir sofás e pufes em vez de tradicionais carteiras (Foto: Kuvatoimisto Kuvio )
Mobiliário passa a incluir sofás e pufes em vez de tradicionais carteiras (Foto: Kuvatoimisto Kuvio )
Tradicionalmente, as salas de aula "foram projetadas para satisfazer as necessidades dos professores", afirma Oksanen.
"A abertura (física) almeja que a escola responda às necessidades individuais dos alunos, permitindo a eles que assumam a responsabilidade por seu aprendizado e aumentem sua autorregulamentação", diz ela. "Os próprios alunos estabelecem metas, resolvem problemas e completam seu aprendizado com base em objetivos."
Vale destacar que a ideia do plano aberto não é totalmente nova.
Na própria Finlândia, as primeiras escolas com esse modelo foram idealizadas nos anos 1960 e 70, como grandes salões separados por paredes finas e por cortinas, explica Tapaninen, da Agência Nacional de Educação da Finlândia.
Conceito de Conceito de
Conceito de "plano aberto" não se refere apenas ao ambiente físico, mas a um conceito pedagógico, dizem especialistas (Foto: Kuvatoimisto Kuvio Oy)
Mas na aquela época a cultura de aprendizado e os métodos de trabalho não estavam adaptados a esse tipo de ambiente. Além disso, havia reclamações quanto ao barulho e à acústica. Por tudo isso, nos anos 1980 e 90 o pais retomou o modelo de salas de aula fechadas.
Agora, um dos objetivos da reforma do sistema educacional finlandês é desenvolver novos ambientes de aprendizado e métodos de trabalho.
A ideia é que espaços físicos inspirem o aprendizado, mas não é preciso limitar-se à escola ou mesmo a um lugar físico.
"(As aulas) devem usar outros espaços, como a natureza, museus ou empresas", explica Tapaninen.
"Videogames e outros ambientes virtuais também são reconhecidos como ambientes de aprendizagem. A tecnologia tem um papel crescente e significativo nas rotinas escolares, permitindo aos alunos envolver-se com mais facilidade no desenvolvimento e na seleção de seus próprios ambientes."
Plano aberto visa, por exemplo, incentivar a autonomia dos alunos (Foto: Kuvatoimisto Kuvio Oy)Plano aberto visa, por exemplo, incentivar a autonomia dos alunos (Foto: Kuvatoimisto Kuvio Oy)
Plano aberto visa, por exemplo, incentivar a autonomia dos alunos (Foto: Kuvatoimisto Kuvio Oy)

Sem sapatos

A escolha pelo modelo trouxe desafios: o barulho e a luz intensificados pelo plano aberto, por exemplo, precisam ser levados em conta na criação de um bom ambiente de aprendizado.
"O uso de carpete no chão eliminou o ruído causado pelos móveis e pelo caminhar das pessoas", explica o arquiteto.
E as escolas se converteram em espaços "sem sapatos": os alunos ficam descalços ao entrar ou usam calçados leves.
Escolas mais abertas podem ser também mais vulneráveis, o que desperta preocupações com segurança.
"Já tivemos na Finlândia casos de invasores que atacaram escolas, matando estudantes e professores", explica Tapaninen.
Ele se refere, por exemplo, ao caso de um estudante de 18 anos que dez anos atrás disparou contra seus colegas em uma escola em Tuusula, deixando oito mortos.
Por conta disso, cada escola finlandesa é obrigada a ter um plano de segurança com base na análise de riscos, criar rotas de fuga em cada espaço e fazer simulações de ataques para preparar os alunos.
Mas, segundo Tapaninen, a abertura das escolas "ajuda a orientação a rotas de fuga, mais do que em salas de aula fechadas e em corredores".
A Finlândia tem 4,8 mil centros de ensino básico e superior. Anualmente, o país está reformando ou construindo entre 40 e 50 espaços, explica o arquiteto. E a maior parte deles segue o conceito de plano aberto.
"As escolas e seus usuários podem escolher livremente seu próprio conceito de ambiente de aprendizado, dependendo da visão local, do plano de estudos, da cultura de trabalho e de seus métodos", diz ele. "Aparentemente, a tendência de abertura nos ambientes educativos está se tornando a favorita (das escolas)."