quarta-feira, 19 de julho de 2017

Reze em todos os lugares e até quando o tempo for curto

  Jacques Gautier | Jul 19, 2017
© shutterstock
Um simples movimento do coração voltando-se para Deus já basta

As diferentes situações de oração podem nos conduzir ao silêncio interior e nos ajudar a respirar o mesmo alento do Espírito Santo. Pelas diferentes atitudes interiores que ela desperta, a oração revela o que está oculto e permite que entremos em comunhão com Deus, que está presente em nós, nos outros e em toda a criação.

Deus nos criou segundo seu olhar de amor, e nos convida a reconhecer seu rastro em nossa história e em sua criação. Ao rezar, nos colocamos sob este olhar criador. Podemos rezar em qualquer lugar, inclusive quando não temos tempo. Um simples movimento do coração voltando-se para Deus já basta. São apenas alguns segundos convertidos em oração.

É uma atividade elevada e simples, que não requer apenas um minuto e que podemos fazer a qualquer momento. Jesus rezava assim, constantemente e por todas as coisas, enquanto caminhava ou descansava.

Nossa história está inscrita em nosso corpo como as notas musicais em uma partitura. Deus quer fazer uma sinfonia, colocando-nos, homens e mulheres, à frente de sua criação, para proteger o fruto de seu amor.

Em sua encíclica sobre a ecologia, o papa Francisco fala com eloquência: “Todo o universo material é uma linguagem do amor de Deus, de seu desmensurado carinho por nós. A terra, a água, as montanhas, tudo é carícia de Deus” (Laudato si´, n. 84). O papa cita São João da Cruz na mesma encíclica:

“São João da Cruz ensinava que tudo o que há de bom nas coisas e experiências do mundo «encontra-se eminentemente em Deus de maneira infinita ou, melhor, Ele é cada uma destas grandezas que se pregam». E isto, não porque as coisas limitadas do mundo sejam realmente divinas, mas porque o místico experimenta a ligação íntima que há entre Deus e todos os seres vivos e, deste modo, «sente que Deus é para ele todas as coisas». Quando admira a grandeza duma montanha, não pode separar isto de Deus, e percebe que tal admiração interior que ele vive, deve finalizar no Senhor” (Laudato si’, n. 234).

A criação, de modo diferente em suas obras, evoca a imagem do Criador, embora seja apenas um pálido reflexo de sua beleza. Escutamos sua voz no canto dos pássaros, no murmúrio do vento, no mexer das árvores, no rugido da água.

O Cântico das criaturas, de Francisco de Assis, chamado também de Cântico do irmão Sol, é uma ilustre resposta a esta presença do senhor na beleza da criação:

“Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as Tuas criaturas,
especialmente o senhor irmão Sol,
que clareia o dia e que,
com a sua luz, nos ilumina.
Ele é belo e radiante,
com grande esplendor;
de Ti, Altíssimo, é a imagem.”

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