terça-feira, 4 de julho de 2017

Para oposição, prisão de Geddel piora situação de Temer; aliados minimizam

Ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer foi preso suspeito de atrapalhar investigações de operação que investiga fraudes na liberação de créditos da Caixa.
Michel Temer (e) e o então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima

Por Fernanda Calgaro, Gustavo Garcia e João Cláudio Netto, G1 e TV Globo, Brasília
03/07/2017 20h00  Atualizado há 12 horas
Geddel Vieira Lima é preso pela Polícia Federal em Salvador
Parlamentares da oposição avaliaram que a prisão nesta segunda-feira (3) do ex-ministro Geddel Vieira Lima agrava a situação do presidente Michel Temer. Governistas disseram que a prisão não tem relação com o momento do presidente, alvo de denúncia de corrupção da Procuradoria Geral da República, a ser analisada pela Câmara dos Deputados.
Geddel Vieira Lima foi preso nesta segunda acusado de agir para atrapalhar investigações da Operação Cui Bono, que apura fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal – o ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff. O Ministério Público Federal (MPF) argumenta que Geddel atuou para evitar possíveis delações premiadas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro, ambos presos.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a prisão de Geddel é “mais um elemento negativo para o governo” uma vez que foi um ministro “forte, prestigiado” e “piora a situação de Temer”, com impacto, inclusive, na votação da denúncia pela Câmara.
“A prisão do Geddel é mais um elemento negativo para o governo. Afinal, era um ministro forte, prestigiado”, afirmou. “Não tenho dúvida nenhuma de que piora a situação de Temer”, completou.
Na avaliação de Zarattini, o governo conseguiu “desarmar uma bomba” na semana passada com a soltuta do ex-deputado e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures. Mas, para o deputado, agora há "uma nova bomba armada”.
“O Geddel tem muitas informações sobre esse ambiente em que convivia na direção do PMDB e na direção da Câmara quando Michel Temer era presidente. Ele tinha muita influência”, disse.
Logo após a divulgação da notícia de que Geddel havia sido preso, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse lamentar a situação do ex-ministro.
Questionado sobre se a prisão de Geddel complica a situação de Michel Temer em relação à denúncia contra ele, Jucá disse que isso não vai pesar.

“Acho que não [vai pesar]. Acho que é uma questão específica do Geddel. Eu lamento, mas vamos aguardar o que vai acontecer”, disse o peemedebista.
No entendimento do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a prisão de um aliado muito próximo de Temer mostra a “fraqueza do governo” e agrava a situação do presidente na CCJ da Câmara.
“Geddel era um ministro com uma longa tradição política, inclusive muita influência sobre a bancada baiana da Câmara. A prisão dele mostra que todo o entorno do Temer está sob uma pressão muito forte e revela uma fraqueza do governo. É mais um fato grave que incide sobre Temer, além da denúncia na Câmara”, afirmou.
Para o líder do governo no Congresso Nacional, deputado André Moura (PSC-SE), a prisão traz "turbulência" na relação com a oposição, mas defendeu que "fatores externos" não influenciem a votação na Câmara.
"A prisão do ex-ministro e ex-deputado Geddel logicamente que traz mais uma instabilidade política e turbulência", disse. "[Mas,] no caso da denúncia que vamos votar na CCJ, não há nenhum tipo de conexão da prisão do ex-ministro Geddel com a denúncia", completou.
Para o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos defensores mais aguerridos do governo, avaliou que o impacto da prisão na CCJ e no plenário da Câmara será nulo. Pelo contrário, disse, irá ajudar Temer e não prejudicá-lo porque, segundo ele, os deputados vão querer contestar o que ele classificou de “arbitrariedade” dos procuradores da república, a quem chamou de “justiceiros”.
“Não terá impacto nenhum no governo Temer, até porque me parece que o problema [que levou à prisão de Geddel] era do tempo da Dilma”, declarou.
“Se houver impacto, vai ser para ajudar e não prejudicar o presidente por causa dos justiceiros. Os procuradores são os justiceiros. O Ministério Público brasileiro está num nível da arbitrariedade... é óbvio que os parlamentares não gostam disso”, acrescentou.

A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), da oposição, comentou a prisão de Geddel no plenário do Senado e afirmou que é mais uma notícia “que não permite que o Brasil continue andando”.
“Acabou de ser preso o outro ex-assessor do presidente Michel Temer, o ex-deputado Geddel”, disse. “Ou seja, é cada dia uma nova notícia, que não permite que o Brasil continue andando. E só quem sofre com isso são os trabalhadores”, emendou.
Também no plenário, o senador Magno Malta (PR-ES), que se diz independente em relação ao governo federal, declarou que o Brasil vive um momento “turvo”.
“A gente já não consegue mais nem enxergar a placa que diz que daqui a 3 km você vai conseguir enxergar uma luz no fundo do túnel. As coisas estão absolutamente tumultuadas. Agora, os jornais dão notícia de que o ex-ministro Geddel acaba de ser preso também. E assim vai”, disse Malta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário