domingo, 2 de julho de 2017

Islândia, um estúdio de cinema a céu aberto

domtotal.com
Os diretores encontram na Islândia lugares ideais para cenas de ação.
Foto tirada em 12 de abril de 2017 mostra montanhas e fiorde na região de Austurland, na Islândia
Foto tirada em 12 de abril de 2017 mostra montanhas e fiorde na região de 
Austurland, na Islândia (AFP/Arquivos).

A imensa falha de Almannagja é parte da paisagem até onde a vista se perde. A lagoa glacial, os icebergs, a colina ainda virgem no centro da ilha e as inúmeras cascatas fazem da Islândia um cenário natural ideal para o cinema e a televisão.

Esta falha, situada no sul da ilha, um marco espetacular carregado de história, foi o cenário do combate entre Brienne de Tarth e Sandor Clegane na quarta temporada da série de televisão Game of Thrones.

"A diversidade é tão grande que há quase qualquer tipo de paisagem", aponta Leifur Dagfinnsson, presidente da sociedade islandesa Truenorth, que gestiona 90% do mercado.

"Pode-se filmar a Islândia como Islândia ou recriar outros lugares, como o Himalaia, a tundra da Mongólia, Sibéria, Groenlândia e inclusive outro planeta em filmes de ficção científica", acrescenta.

Além de Game of Thrones, outras séries contam com cenários islandeses, como Sense8 ou Black Mirror, assim como filmes americanos que tiveram sucesso de bilheteria, como Star Wars, James Bond e Velozes e Furiosos 8.

Os diretores encontram na Islândia lugares tempestuosos e inabitados ideais para cenas de ação, cenários apocalípticos e cavalgadas futuristas.

Não é raro que os céus pareçam estar em chamas em pleno inverno ou fiquem cobertos por uma nuvem que deixa setas de fumaça negra quando passa; mas não se trata de uma erupção ou uma tempestade, senão de explosões pirotécnicas e efeitos especiais com a ajuda de helicópteros.

Ao pé de uma cascata ou em uma praia de seixos prateados, pode-se cruzar com grupos de guerreiros à cavalo, com capacetes, espadas, escudos e cobertos de sangue ao seu regresso da guerra.

Após a crise de 2008

"Após a crise de 2008, tornou-se financeiramente interessante filmar na Islândia, perto da maioria dos países europeus. As infraestruturas são boas, com fácil acesso aos variados lugares de filmagem", explica Kristinn Thordarson, presidente da Associação de produtores islandeses (SIK).

Em 2016 a ilha de gelo e fogo produziu para a televisão e o cinema mais do que nunca, com um faturamento das empresas locais de 20 bilhões de coroas (cerca de 173 milhões de euros).

As filmagens estão muito regulamentadas, particularmente nas centenas de zonas protegidas do país, desde reservas naturais até parques nacionais, de modo que é necessário contar com autorizações outorgadas pela Agência islandesa do meio ambiente.

Embora as autorizações para filmar tenham aumentado desde 2013, "as condições para sua obtenção continuam sendo muito estritas", assegura Adalbjörg Guttormsdottir em nome da agência.

Há uma proibição absoluta de perturbar a flora e a fauna e, se for necessário mover uma pedra, depois esta deve ser novamente colocada em seu lugar.

O crédito fiscal, que passou de 20% a 25% do orçamento da produção em 1 de janeiro, poderia aumentar ainda mais o atrativo para as produções estrangeiras da ilha vulcânica. E Thordarson pretende elevá-lo até 30%, logo atrás da Irlanda (32%).

Cine-turismo

A falha de Almannagja se transformou em um dos destinos turísticos favoritos dos fãs de Game of Thrones (GOT).

Eddy Marks fez uma viagem de ida e volta em um dia para realizar um "GOT tour", após ter visitado outros lugares de filmagem da série, em Dubrovnik (Croácia) e Malta.

"Gosto de vir constatar a diferença entre as imagens da televisão durante a série e o que você vê com seus próprios olhos. É uma boa experiência", diz o californiano, após fazer uma selfie diante da geleira Langjökull e suas neves eternas.

Neste deserto de gelo e rochas, onde se encontram as placas tectônicas euro-asiática e norte-americana, os relevos se erguem vários metros até formar um grande desfiladeiro vertiginoso.

Foi aqui, em pleno coração do parque nacional de Thingvellir, classificado como patrimônio mundial da Unesco, que foi estabelecido o Alpingi, o parlamento mais antigo do mundo, no ano 930.

Às vezes a meteorologia caprichosa deste lugar tem suas vantagens. "Isto cria um cenário muito mais belo e realista. Em muitas ocasiões, é um verdadeiro valor agregado", afirma Leifur Dagfinnsson.


AFP

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