domingo, 11 de junho de 2017

Suspense "Neve Negra" tem Ricardo Darín como um caçador revoltado

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O filme sustenta-se sobre poucos pilares cuidadosamente escolhidos.
Cena do filme
Cena do filme "Neve Negra". (Divulgação)
Por Neusa Barbosa

Um suspense familiar, ambientado numa localidade isolada e sempre coberta pela neve é a mais perfeita descrição de “Neve Negra”, segundo filme do diretor argentino Martín Hodara. Para compensar a aridez desses pressupostos, ele conta com dois dos mais famosos atores argentinos: Ricardo Darín e Leonardo Sbaraglia (visto recentemente numa coprodução com o Brasil, “O Silêncio do Céu”).

Pode-se dizer que Darín, muito popular inclusive no Brasil, desta vez é um coadjuvante – embora de luxo, já que seu personagem, Salvador, é fundamental numa trama sombria, fechada numa família de rudes caçadores. O pai (Andrés Herrera) acaba de morrer, o que motiva a volta para casa de um dos filhos, Marcos (Leonardo Sbaraglia), que morava na Espanha, trazendo consigo sua mulher, Laura (Laia Costa), que está grávida.

Os homens deste clã, quase todos ostentando glaciais olhos azuis, são de poucas palavras sobre o passado, que oculta um trauma, a morte de um dos irmãos, Juan (Iván Luengo), num acidente durante uma caçada. As memórias deste episódio assombram os pesadelos de Marcos, especialmente neste retorno à casa paterna, que ele pretendia ter deixado para trás para sempre.

A única irmã, Sabrina (Dolores Fonzi), vive internada num hospital psiquiátrico. Marcos a visita, mas não demonstra a menor disposição de rever o irmão mais velho, Salvador, que vivia com o pai na antiga propriedade familiar, um refúgio isolado nas montanhas. No entanto, a propriedade é cobiçada por compradores estrangeiros e o advogado da família, Sepia (Federico Luppi), insiste para que Marcos convença Salvador a aceitar a proposta milionária, o que este nega terminantemente.

Marcos e Laura finalmente decidem visitar Salvador com este propósito. É visível a tensão que se declara entre os dois irmãos, expressando um mal-estar cheio de sugestões sinistras. A princípio uma espectadora passiva deste duelo mudo, Laura progressivamente se afirma no espaço entre os dois irmãos, manifestando habilidades inesperadas em vários sentidos.

Roteirizado pelo próprio Hodara, em parceria com Leonel D’Agostino, o filme revela seus segredos com parcimônia, ocultando e revelando pistas à medida que os dois irmãos se enfrentam e se evitam. Um recurso muito eficiente é abrir mão dos flashbacks clássicos, colocando no mesmo quadro episódios antigos como se ocorressem em paralelo no presente e os personagens de hoje assistissem ao próprio passado de olhos abertos.

Sem ser genial nem reinventar um gênero com tantos mestres, “Neve Negra” sustenta-se sobre poucos pilares cuidadosamente escolhidos, o mais sólido deles a eficiência de um elenco afinado no tom. Além disso, revelam-se acertados a opção por criar um clima claustrofóbico com uma fotografia apegada aos tons escuros e os recursos sonoros usados em momentos precisos.

Coprodução entre a Argentina e a Espanha, o filme tem no elenco uma atriz espanhola – Laia Costa. Suas sequências na neve foram filmadas num parque nacional em Andorra, nos Pirineus. As cenas interiores foram feitas em Buenos Aires.

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Reuters

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