quinta-feira, 27 de abril de 2017

Amor num Woodstock de confraternização

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O local de exibição é charmoso, cheio de gente bonita entrada nos sessenta que se abraça e beija em ritmo Woodstock de confraternização.
Vários testemunhos em francês de gente que recorda essa linda história de amor são ouvidos.
Vários testemunhos em francês de gente que recorda essa linda história de amor são ouvidos. (Divulgação)

Acordei agora de um sonho. Xiiiiiiii, lá vem mais um relato de sonhos. Ah, tenham paciência, até porque não conto meus sonhos. Até porque quando desperto eu não lembro mais deles. Mas, considerem, esse foi um sonho belo. De uma história de amor. Vivida entre dois grandes e queridos amigos. Ele já falecido. Ela morando num rincão muito, muito distante.

No sonho os dois estão assistindo a uma avant-premiére de um documentário que eu dirigi cujo mote é justamente a história de amor entre eles. O local de exibição é charmoso, cheio de gente bonita entrada nos sessenta que se abraça e beija em ritmo Woodstock de confraternização.

Numa fileira da frente vê-se minha charmosa amiga com seus lindos cabelos loiros compridos e anelados tal como ela é hoje. Senta-se efusivamente para ver e ouvir sua própria história de amor que vai ser projetada. Vários testemunhos em francês de gente que recorda essa linda história de amor são ouvidos. Ao final de um deles há uma fusão de imagens com um caloroso e apaixonado beijo entre meus amigos. Na cena do beijo estão tão jovens como há quase quarenta anos quando eu mesmo testemunhei essa linda história de amor.

Eis então que percebo que atrás de mim está assistindo ao documentário o meu amigo. Vivo e bem disposto e não morto como de fato está. Antes que a cena do beijo termine ele se levanta, tropica nas cadeiras e vai até a fileira da frente encontrar a minha amiga repetindo aquele beijo que se viu na tela onde estão mais jovens que ao vivo agora. Sucede, como já se sabe, que o meu amigo já morreu. Mas isso se dá em outra instância. Na história feliz desse meu documentário onírico ele está vivíssimo e feliz. Assim como eu que agora encerro o relato de um sonho esperando que a esta altura a felicidade não se resuma a isso. Recordar histórias de amor que tenham dado certo. Mesmo que tenham acabado.

*Ricardo Soares é escritor, diretor de tv, roteirista e jornalista. Publicou 7 livros e dirigiu 12 documentários.

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