domingo, 26 de março de 2017

PARA OS EXCLUÍDOS

José Antonio Pagola*

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O homem é cego desde o nascimento. Nem ele nem seus pais têm culpa, mas seu destino será marcado para sempre. As pessoas olham para ele como um pecador castigado por Deus. Os discípulos de Jesus perguntam-lhe se o pecado é do cego ou de seus pais.

Jesus vê isso em uma luz diferente. Pelo que ele viu, ele só pensa em resgatá-lo daquela vida vergonhosa de mendigar, desprezado por todos como um pecador. Jesus sente-se chamado por Deus para defender, acolher e curar precisamente aqueles que vivem excluídos e humilhados.

Depois de uma cura laboriosa na qual o cego também tem de colaborar com Jesus, descobre a luz pela primeira vez. O encontro com Jesus mudou sua vida. Finalmente, ele pode desfrutar de uma vida de dignidade, sem medo de ser um embaraço para ninguém.

Ele está errado. Os líderes religiosos sentem-se obrigados a controlar a pureza de sua religião. Eles sabem quem não é um pecador e quem é. Eles decidirão se ele pode ser recebido na comunidade religiosa. É por isso que o expulsam.

O mendigo curado confessa abertamente que Jesus foi o que veio a ele e o curou, mas os fariseus rejeitam irritadamente que: “Sabemos que esse homem é um pecador”. O homem persiste na defesa de Jesus: ele é um profeta, enviado por Deus. Os fariseus não podem suportar isso: “Você está tentando nos ensinar, você que é um pecador desde que você nasceu?”.

O escritor do Evangelho diz que “quando Jesus ouviu que o tinham expulsado, foi em busca dele”. O intercâmbio é breve. Quando Jesus lhe pergunta se acredita no Messias, o homem expulsado diz: “Senhor, me diga quem é, para que eu creia nele”. Jesus responde-lhe das profundezas do seu coração: ‘Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo.’ O mendigo diz a ele: «Senhor, eu creio».

É assim que Jesus é. Ele sempre vem para encontrar aqueles que não são oficialmente bem-vindos em uma religião. Ele não abandona os que o buscam e amam, embora sejam excluídos das comunidades e instituições religiosas. Aqueles que não se encaixam em nossas igrejas, têm um lugar privilegiado no coração de Jesus.

Quem trará a mensagem de Jesus hoje aos grupos

que a qualquer momento ouvem a injusta condenação pública dos líderes religiosos cegos;
Que vêm às celebrações cristãs com medo de serem reconhecidos;
Que não podem receber comunhão em paz em nossas Missas;
Que vêem-se obrigados a viver sua fé em Jesus no silêncio de seus corações, quase secreta e clandestinamente?
Meus irmãos e irmãs desconhecidos, nunca se esqueçam: quando os cristãos o rejeitam, Jesus vos recebe.

*Sacerdote e teólogo católico, espeanhol

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