quarta-feira, 29 de março de 2017

Francisco e o cinema italiano: para falar de crianças e educação na fé

 domtotal.com
Papa Francisco confirmou seu amor pelo cinema italiano citando o filme de Vittorio De Sica
Cena de 'Sciuscià', de Vittorio De Sica
Cena de 'Sciuscià', de Vittorio De Sica (Reprodução)

"As crianças, os filhos, observam o comportamento dos pais". Ao concluir sua visita a Milão, com o encontro com os crismandos, o Papa Francisco afirmou que o exemplo dos pais é a melhor forma de transmitir da fé aos filhos.

E então, demonstrou mais uma vez sua paixão pelo cinema italiano ao recordar o filme do Diretor italiano Vittorio De Sica, "I bambini ci guardano" ("As crianças nos olham"), dizendo que "aqueles filmes italianos do pós-guerra foram uma verdadeira catequese da humanidade. Procurem-os!", aconselhou.

"As crianças nos olham, como diz o filme de Vittorio De Sica, e vocês não podem imaginar o quanto sofrem quando os pais brigam. Se a conta é apresentada, são eles que pagam. As crianças sofrem quando vocês brigam. Conseguem captar tudo, se dão conta de tudo e dado que são muito intuitivas, são muito espertas, absorvem os conhecimentos deles", disse Francisco, que acrescenta: "Cuidem das alegrias e das esperanças deles. Os seus olhos entendem se vocês os enganam. E observam se a fé os ajuda a seguir em frente", disse Francisco ao responder a pergunta de um pai, sobre como transmitir a fé aos filhos.

O filme de Vittorio de Sica foi realizado entre 1942 e 1943, entrando em cartaz somente um ano mais tarde. Ao lado de "Ossessione", de Visconti e "Quattro passi tra le nuvole", de Blasetti, é um dos precursores do Neorealismo, o movimento que com Roberto Rossellini e o próprio De Sica, a partir de 1945 lançou o cinema italiano em todo o mundo com sua narrativa seca, mas permeada de elevada poesia sobre a vida dos humildes, homens, mulheres e crianças, que com a sua força de ânimo, procuram resistir em um mundo ainda marcado pela crueldade da guerra.

"I bambini ci guardano", inspirado no romance de Pricò de Cesare Giulio Viola, marcou a primeira colaboração de De Sica com Cesare Zavanttini e é a primeira de uma trilogia de obras-primas sobre a infância, junto com "Sciuscià" e "Ladrões de bicicleta". Foi também o primeiro filme em que De Sica não aparece como ator, uma escolha feita para marcar o distanciamento de sua precedente carreira de "divo" do cinema dos "telefones brancos".

O papel de protagonista coube a Luciano De Ambrosis, uma criança de Turim de cinco anos que interpretou com maestria Pricò, um menor que vive em um bairro popular de Roma e sofre com a separação dos pais, provocada pelo relacionamento de sua mãe com outro homem. O pai tenta protegê-lo como pode, mas a criança assiste com os olhos sempre mais perdidos às maldades e à indiferença dos adultos concentrados somente em si mesmos e em suas mesquinharias.

Os olhos de Pricò são os mesmos de Edmund, o menino que perambula pelos escombros de Berlim na Alemanha ano zero de Rosselini de 1948 e de todos os outros pequenos que ainda hoje nos pedem somente uma coisa: que, como disse o Papa Francisco, sua alegria e esperança sejam respeitadas.

Neste sentido que Francisco aconselha que estas verdadeiras pérolas do cinema italiano sejam resgatadas e revistas.

Rádio Vaticano

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