sexta-feira, 31 de março de 2017

Amor onde não há amor

Padre Geovane Saraiva*
Como aprender do cego de nascença, homem excluído pela sociedade de seu tempo, quando todos o asseguravam que seria também esquecido por Deus? Quando experimentamos o sofrimento, mesmo desiludidos e desencorajados com nossa fé colocada à prova, surgem, providencialmente, muitas vezes, pessoas como se fossem a própria mão de Deus, com palavras de ânimo, consolo e esperança. Como o povo de Deus de outrora, devemos acolhê-las, confiantes de que é o mesmo Deus presente e escondido na dor e no sofrimento, revelando-se a seu povo. Jesus foi chamado por Deus para defender, acolher e curar precisamente aquela pessoa que fora excluída e humilhada. A luminosidade de Jesus faz de verdade a diferença naquele pobre homem, a ponto de resgatá-lo, tirando-o do hábito vergonhoso de mendigar.

Peçamos a Nosso Senhor Jesus Cristo que nos cure de nossas cegueiras físicas, sociais e espirituais, dando-nos a graça, sempre e cada vez maior, de aceitar e reconhecer, sem nunca excluir, o nosso irmão como um filho de Deus que merece respeito e dignidade. A profissão de fé do cego - "Senhor, eu creio" - é para que se compreenda que Jesus não abandona quem sinceramente O procura e O ama. Mesmo que seja excluído e sofra repreensão e grito de autoridades, comunidades e instituições religiosas, aquele que é contado como louco, não estando de acordo com muitas normas e leis; ele participa, com certeza, do privilégio de estar em um bom lugar, de experimentar a presença amorosa de Jesus.

Reflitamos sobre o texto do cego de nascença, profundamente marcado pela exclusão e marginalização religiosa e social, na dor da sua enfermidade, com a concepção da época, de que pessoas com tais enfermidades carregavam consigo um castigo de Deus. Essas pessoas eram eliminadas do convívio humano e social, não podendo se aproximar de seus semelhantes, causando-lhes grande dor e terrível sofrimento. O milagre de Jesus naquele cego de nascença, no gesto de misturar Sua saliva com a terra e fazer lama, rompe e ultrapassa barreiras, indicando-nos a saliva como uma energia que, ao se encontrar com a mãe terra, dom sagrado de Deus, percebe-se a manifestação de Sua generosa bondade.

O encontro com Jesus muda por completo sua vida, numa luminosidade tal que o leva a desfrutar de uma nova vida, tendo por base a dignidade de filho de Deus. Em Jesus, poder e vontade andam juntos e confundem-se. Na cura do cego de nascença, o Filho de Deus mostra e revela ao mundo, de um modo pedagógico, seu poder salvador. É a realização da vontade do Pai ensinando à humanidade o verdadeiro sentido da vida, ao nos assegurar que tudo foi feito por amor e para a felicidade de todos, e não para alguns. Jesus anuncia que o reino de Deus já chegou, manifestando-se nos mais distantes, excluídos e necessitados. Amém!

*Pároco de Santo Afonso, Jornalista, Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal, integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com 


Papa: 500 anos da Reforma são ocasião para purificar a memória

PAPA FRANCISCO \ ENCONTROS E EVENTOS

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência esta sexta-feira (31/03), no Vaticano, aos participantes do Congresso “Lutero 500 anos depois”, promovido pelo Pontifício Comitê de Ciências Históricas.

“Não muito tempo atrás, um Congresso do gênero seria impensável”, disse o Papa, manifestando sua gratidão aos organizadores e também o seu estupor.
“Falar de Lutero, católicos e protestantes juntos, por iniciativa de um organismo da Santa Sé: realmente tocamos com as mãos os frutos da ação do Espírito Santo, que ultrapassa toda barreira e transforma os conflitos em ocasiões de crescimento na comunhão.”
A comemoração dos 500 anos da Reforma, disse ainda Francisco, deu a oportunidade de olhar o passado juntos, livre de preconceitos e polêmicas ideológicas, discernindo o que de positivo e legítimo aconteceu e se distanciando de erros, exageros e falências.
“Hoje, depois de 50 anos de diálogo ecumênico entre católicos e protestantes, é possível realizar uma ‘purificação da memória’, que não consiste em realizar uma impraticável correção do que aconteceu 500 anos atrás, mas em ‘narrar esta história de modo diferente’, sem vestígios daquele rancor pelas feridas sofridas, que deforma a visão que temos uns dos outros.”
Como cristãos, concluiu o Papa, hoje somos todos chamados a nos libertar dos preconceitos pela fé que os outros professam, a oferecer mutuamente o perdão pelas culpas cometidas e a invocar de Deus o dom da reconciliação e da unidade.

Logotipo da viagem do Papa ao Egito é dedicado à paz

 PAPA FRANCISCO \ VIAGENS


Cidade do Vaticano (RV) - Foi divulgado, nesta sexta-feira (31/03), o logotipo da viagem do Papa Francisco ao Egito, programada para 28 e 29 de abril próximo. 

Três são os elementos principais: o Egito, o Papa e a paz presentes também no lema “O Papa da paz no Egito de paz”.

Este país do nordeste da África é representado pelo Nilo, símbolo da vida, e pelas pirâmides e a esfinge que evocam a história da civilização egípcia. 
A cruz e a meia-lua, situadas no centro do logotipo, representam a coexistência entre as várias componentes do povo egípcio. 
A pomba, ou seja, a paz, o dom mais elevado ao qual todo ser humano aspira, é também a saudação das religiões monoteístas.
Por fim, a pomba que precede o Papa Francisco para anunciar a sua chegada como Pontífice de paz num país de paz. 
Fonte: www.br.radiovaticana.va

O Cristianismo e a defesa da liberdade

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Liberdade em Cristo é transcender limites impostos no campo da etnia, da cultura, das relações entre crenças divergentes, e ainda no campo da político.
Pátio do antigo DEOPS, São Paulo, utilizado durante a ditadura militar brasileira.
Pátio do antigo DEOPS, São Paulo, utilizado durante a ditadura 
militar brasileira. (Daniel Zanini H.)
Por Damião Fernandes dos Santos*

“É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1a)

Cristianismo e liberdade são dois conceitos que deveriam apresentar os mesmos significados. Essa epigrafe, que ilustra o início desse artigo, revela o anseio de cada homem e de cada mulher de todos os tempos. O tema da liberdade está intrinsicamente inserida na ação redentora e salvífica de Cristo. Portanto, o homem salvo por Cristo é justamente aquele que traz em sua existência um emaranhado de raízes de aprisionantes, de escravidões, em suma: o pecado. O problema da liberdade mostra-se um tema incisivo que permeia os diversos campos do re­lacionamento com Deus e as suas relações interpessoais. Pensar sobre esse tema contribui para uma discussão que mostra-se bastante relevante sobre grave questões existenciais do ser humano na atuali­dade, quando compreendemos que a liberdade em Cristo é transcender limites impostos no campo da etnia, da cultura, das relações entre crenças divergentes, e ainda no campo da político. Em Cristo, a liberdade tem a responsabilidade de ser elo e ser ponte entre os diferentes.  

 No imperativo paulino do “vós fostes chamados à liberdade” (Gálatas 5,13), percebemos aqui expresso, muito mais que uma simples constatação, mas sobretudo uma convocação, um chamado que ecoa no mais íntimo da alma de cada cristão. Na mensagem de São Paulo aos Gálatas, há uma indicação provocativa que nos remete ao estado criativo do homem que fora feito à “imagem e semelhança de Deus” (Gêneses 1,26). Neste anúncio, está revelada a identidade constitutiva do gênero humano, ou seja, ele é partícipe daquela liberdade que é própria do ato gerador de Deus, que por amor, é comunicada ao homem.   

Poderíamos afirmar, que no escopo da mensagem evangélica do Cristianismo, está o grave chamamento para uma existência onde a base fundamental desse existir no aqui e agora do hoje, nesse ‘instante’ da existência, está o devir para a liberdade. A existência consiste nessa constante e irresoluta tensão entre o que o ser humano é e o que ele ainda não é. Portanto, a existência é vivida no drama dessa liberdade que implica sempre a escolha. De acordo com o filósofo dinamarquês Kierkegaard, somente a fé cristã é capaz de conferir equilíbrio entre o que somos e o que buscamos ser. Somente a fé pode libertar o ser humano. Entre o pensamento paulino e o kierkegaardiano, assemelha-se a compreensão sobre a liberdade como a maior expressão da vida digna e plena que o ser humano é capaz de desejar e alcançar pela sua existência, pelas suas escolhas. Porém, somente em Paulo, a liberdade configura-se como uma das grandes bandeiras, historicamente empunhada pelo Cristianismo desde os tempo primitivos.   

A carta epistolar aos Gálatas, mostra-se como um exemplo claro, que desde a tradição da revelação bíbli­ca, a defesa da liberdade se revela ao mesmo tempo como chamado, vocação e missão. No “é para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gálatas 5,1), revela-se um caminho de ser e de fazer, de anunciar e de transformar a partir do Cristo que liberta.

O apóstolo Paulo, um dos maiores influentes escritores do cristianismo primitivo, que fora enviado aos gen­tios com a missão de pregar o Evangelho de Cristo, nes­ta Epístola aos Gálatas, de maneira cristalina, demonstra seu engajado discipulado num espírito de luta em prol da liberdade. Percebemos nesse embate, o Paulo aguerrido na luta contra os seus adversários e ao mesmo tempo em favor da causa de Cristo e de seus irmãos da comunidade dos Gálatas. Paulo, um homem que nunca mediu esforços na defesa da fé cristã. Nunca voltou atrás quando estava em jogo, fazer prevalecer a verdade do Evangelho proclamado por Cristo. Fora à comunidade dos Gálatas que direcionou uma das suas mais fortes exortações sobre esse aspecto: “Ó gálatas insensatos, quem vos fascinou, a vós ante cujos os olhos foram delineados os traços de Jesus Cristo crucificado? Só isto quero saber de vós: foi pelas obras da lei que recebestes o Espirito ou pela adesão à fé?” (Gálatas 3, 1-2).

É inegável para toda a tradição cristã, a grande importância desta car­ta de São Paulo dirigida à comunidade dos Gálatas. É inquestionável do mesmo modo, o profundo significado, tanto para as bases da Igreja cristã primitiva, quanto para os cristãos deste tempo, essas interpelações paulinas, quando ele mesmo coloca numa perspectiva genuinamente li­bertadora toda a mensagem salvífica do Cristo e a introduz numa perspectiva também político-social a vivência dessa liberdade anunciada. Na mensagem do Cristianismo, todo indivíduo que sente-se livre, deve viver em vista da libertação do outro: “é para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gálatas 5,1),

A liberdade anunciada por Paulo e instaurada pela profecia do Cristianismo, revela-se numa mensagem que seja capaz de romper com todo e qualquer modelo de escravidão que por ventura esteja na base de toda hierarquia político-social ou cultural-religioso. A defesa da liberdade pelo Cristianismo é sobretudo pela preservação dos mais elevados valores humanos, portanto, dos valores morais universais. É pela preservação destes valores, em um primeiro momento circunscritos na comunidade dos Gálatas, mas que válidos para toda a comunidade humana. É possível perceber ainda, no texto paulino, uma grande preocupação com um legítimo processo de inculturação da mensagem salvífica do Evangelho de Cristo na vida histórica do povo. O Apóstolo das Nações sabia bem que todo processo de evangelização que não leva em consideração a cultura de um povo, como arquitetura base e ponto de partida para o início da semeadura, não passa na verdade de uma pura escravização do homem, sob o pretexto de vê-lo livre. Nesse sentido, temos a experiência de inculturação da mensagem do evangelho, na ação do Apóstolo ao entrar na cidade de Atenas. Quando ao percorrer toda a cidade e observando a existência dos monumentos sagrados, que eram parte integrante da crença e cultura do homem grego, afirma que “(...) encontrei até um altar com a inscrição: “Ao Deus desconhecido. Ora bem, o que adorais sem conhecer, isto venho eu anunciar-vos” (Atos 17,23).

Nessa perspectiva, em que trouxemos para análise a questão da defesa da li­berdade pelo Cristianismo, não tivemos nenhuma pretensão de esgotar as discussões sobre tal tema, mas sim de colaborar, propondo uma outra leitura, tendo como eixo central os textos epistolares paulino, em especifico aquela dirigida à comunidade dos Gálatas.  A liberdade cristã, constituindo-se em um chamado e ao mesmo tempo uma missão, torna-se aspecto identitário da mensagem salvífica, tanto do Cristianismo primitivo quanto do Cristianismo recente. Pois segundo Giavini, no livro Gálatas: Liberdade e lei na Igreja, “essa liberdade foi dada pelo Espírito à igreja para que a viva no interior de si mesma e no mundo, dentro da sociedade civil”.

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Dom Paulo Arns: O Cardeal dos Direitos Humanos

*Damião Fernandes dos Santos é Professor Universitário, poeta, escritor, graduado em Filosofia, especialista em Filosofia da Educação (FAFIC), mestre e doutorando em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro - (Penalux, 2014).

Dom Paulo Arns: o cardeal dos direitos humanos

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Sempre em defesa da vida, saía Dom Paulo rompendo muros e barreiras, enfrentando as forças escuras do regime de exceção que vivia o país.
Dom Paulo e rabino Henry Sobel no ato ecumênico pelo jornalista Herzog.
Dom Paulo e rabino Henry Sobel no ato ecumênico pelo jornalista Herzog. (Reprodução)
Por Manoel Godoy*

“Defendi os direitos humanos de todo o povo, sem olhar religião, sem olhar ideologia, sem olhar para as capacidades ou possibilidades das pessoas que eram perseguidas, mas sim para que todas elas tivessem seus direitos garantidos e a dignidade humana revelasse o amor divino” (Dom Paulo Arns).

Lembrar-se de Dom Paulo Evaristo Arns, eterno cardeal da Arquidiocese de São Paulo, é fazer memória de uma vida inteiramente dedicada à defesa dos direitos humanos. Nesse tempo em que a mídia conseguiu associar defesa de direitos humanos com defesa de bandidos, é de suma importância ressaltar a trajetória de um homem que gastou sua vida para que tantos pudessem tê-la, e em abundância, como o fez Jesus Cristo.

Em fins de 1970, Dom Paulo assume como arcebispo metropolitano de São Paulo, onde exercia o cargo de bispo auxiliar desde 1966. Em 1973 é criado cardeal pelo papa Paulo VI. Neste mesmo ano, morre, sob tortura, o estudante Alexandre Vannuchi Leme e Dom Paulo teve uma atuação determinante para que ficasse claro que a versão criada pelos representantes paulistas dos ditadores militares que governavam o Brasil, tentando dizer que o estudante havia fugido do presídio e teria se atirado em baixo de um caminhão, era uma enorme farsa.

Em 1975, outra vez Dom Paulo denuncia com veemência e coragem outra farsa do regime, que queria que todos acreditassem que o jornalista Vladimir Herzog tinha se suicidado na prisão. Dom Paulo tomou a decisão de efetuar um ato religioso na Catedral da Sé, mesmo sendo Herzog um judeu. Milhares de pessoas se reuniram para esse ato, apesar da cidade estar sitiada por mandato do secretário da segurança do Estado de São Paulo.

Sempre em defesa da vida, saía Dom Paulo rompendo muros e barreiras, enfrentando as forças escuras do regime de exceção que vivia o país. Seu lema nesta conjuntura perigosa era: Tortura Nunca Mais! Demonstrava firmeza permanente no combate a todo tipo de violação contra os direitos de quem quer que fosse. Dom Paulo era firme nas palavras, mas o que mais incomodava os que apenas queriam viver na zona do conforto eram seus testemunhos. Bem nos primórdios do seu ministério em São Paulo, vendeu o Palácio Episcopal PIO XII, localizado no bairro do Paraíso, mudou-se para uma residência comum no bairro do Sumaré, e com o dinheiro da venda comprou 1.200 terrenos nas periferias de São Paulo, fazendo construir centros comunitários para que o povo pudesse celebrar sua vida e debater seus inúmeros problemas.

Em 1979, quando do assassinato covarde do líder da pastoral operária da Zona Sul de São Paulo, o operário Santo Dias da Silva, outra vez a arquidiocese paulistana se pôs em pé de defesa da vida, em testemunho profético contra todas as violações dos direitos humanos.  Carregando o esquife de Santo Dias marchamos da Igreja da Consolação, onde o corpo foi velado, à Catedral da Sé, testemunhando o compromisso inarredável da Igreja paulistana com a defesa da vida.

De extrema importância para a história desse país foi o projeto encampado por Dom Paulo, que constituiu uma equipe de advogados, coordenada pelo pastor Jaime Wright, para documentar 707 processos do Superior Tribunal Militar, com mais de um milhão de páginas, do período de 1961 a 1979. Resultado deste trabalho foi a publicação em 1985 do livro “Brasil Nunca Mais”.

Convivi com Dom Paulo em momentos extremamente significativos para a Igreja de São Paulo, de 1977 a 1989. As campanhas pelas Diretas Já, pela Anistia ampla e irrestrita em tempos de estertor da ditadura militar e sonhos de volta à democracia agitavam nossos horizontes políticos. A Igreja de São Paulo tinha, na figura de seu arcebispo, o parceiro destemido na defesa dessas bandeiras. Estávamos todos nas ruas, sabendo que nosso líder maior da Igreja Local estava conosco, apoiando-nos e nos incentivando. Com o retorno da democracia em 1985, Dom Paulo não arrefeceu sua defesa da vida em todas as circunstâncias e quando termina seu ministério como titular da Igreja de São Paulo afirma: “A democracia plena ainda não chegou. Ela só pode chegar dentro do espírito de solidariedade”.

Dom Paulo Evaristo Arns pode ser chamado sim de o Cardeal dos Direitos Humanos, porém, não podemos dissociá-lo da opção pelos pobres, que nele nunca foi retórica vazia, mas compromisso de vida. Quando perguntado como gostaria de ser lembrado, ele mesmo dizia: “Quero ser lembrado como amigo do povo”.

Às vésperas do natal de 1977, último que celebraria como Cardeal de São Paulo, Dom Paulo deu uma entrevista em que lhe perguntaram: “O senhor ficou conhecido em São Paulo, no Brasil e no mundo como o ‘cardeal dos direitos humanos’. Como o senhor gostaria de ser lembrado na história da Igreja?”, e assim ele respondeu: “Eu gostaria de ser lembrado como amigo do povo. Porque eu defendi os direitos humanos de todo o povo, sem olhar religião, sem olhar ideologia, sem olhar para as capacidades ou possibilidades das pessoas que eram perseguidas, mas sim para que todas elas tivessem seus direitos garantidos e a dignidade humana revelasse o amor divino”. 

Fonte: Dom Paulo Evaristo Cardeal Arns: Pastora das Periferias, dos Pobres e da Justiça. Organizadores: Professor Waldir e Padre Ticão. São Paulo: Casa da Terceira Idade Tereza Bugolin, 2015.

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A Teologia da Libertação e a Ditadura Civil-militar no Brasil

*Manuel Godoy é padre e professor no Instituto Santo Tomás de Aquino e na FAJE, possui graduação em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena (1976), graduação em Teologia pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (1983), graduação em Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena (1979) e mestrado em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (2005).

A Teologia da Libertação e a Ditadura Civil-militar no Brasil

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A partir das conferências de Medellín e Puebla, Igreja assumiu a evangélica 'opção preferencial pelos pobres', com as questões concretas da vida dos povos do continente.
15ª Estação da Cruz da América Latina, de Adolfo Pérez Esquivel, de influência libertadora.
15ª Estação da Cruz da América Latina, de Adolfo Pérez Esquivel, de influência libertadora. (Reprodução)

Francisco das Chagas de Albuquerque*

O período de ditaduras na América Latina começou em 1954 na Guatemala e se estendeu até 1990 quando voltou a democracia no Chile. No Brasil, o Regime Militar se instalou com o golpe de Estado desfechado em 1º de abril de 1964 e se prolongou até 1985. Nesse período vários sujeitos sociais, entre eles a Igreja e militantes cristãos, atuaram no sentido recuperar o estado de direito. A teologia desempenhou importante papel no processo de reconstrução da normalidade política e busca da justiça social.

Contexto do golpe civil-militar

Enfrentava-se, aqui, como em outras nações latino-americanas, grave crise humana, social e espiritual caracterizada por uma situação de injustiça, opressão, pobreza, analfabetismo, migrações forçadas e violências. Diante desse quadro punha-se a questão de uma revolução socialista. Estava em curso um processo populista deflagrado por forças que pregavam reformas de base. Difundia grande temor do comunismo.   Criou-se um clima de insegurança, abrindo a porta para a convocação dos militares a fim de assumirem o governo do país.  A tomada do poder resultou de uma articulação entre setores conservadores da política brasileira com as elites empresariais, os meios de comunicação. Além disso, houve robusto apoio logístico, material e financeiro de Washington.  Nesse contexto, como parte da sociedade, a Igreja não se manteve indiferente, mas tomou posição publicamente. Aqui entra a teologia da libertação como elemento integrante de uma profética vivência da fé. Como “pensar crítico da fé”, esta teologia desempenhou significativa função orgânica.

Posição da Igreja institucional

A posição da Igreja Católica ante a ditadura no Brasil define-se como algo muito complexo, pois desde o primeiro momento, enquanto instituição, ela teve dois posicionamentos: apoiou e contradisse o golpe. Já nos primeiros momentos após o golpe houve representantes do episcopado que se manifestaram favoráveis a tal ação política e aqueles que estavam claramente contrários ao fato. No entanto, pesou mais a aprovação do que a negativa. Em 02 de julho de 1964 a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil torna pública sua posição de apoio ao governo que estava em exercício havia quatro meses. Inclusive ordenou a execução de um Te Deum, ação de graças, por considerar que o País estava livre do “comunismo ateu”. Porém, ressalvava que era necessária atenção para não se violar os direitos humanos.

Mas não tardou e o regime foi silenciando os partidos políticos, os sindicatos, a imprensa, que eram organizações com relativa capacidade de defender dos direitos dos setores da população que não tinham voz.

A Igreja, por sua vez, tinha consciência de ser a única instância para a qual se dirigiam as esperanças da grande parte sofredora da população brasileira. Este povo movimentou-se indo ao encontro dos representantes eclesiásticos, o que motivou e preparou a Igreja para tomar uma atitude condizente com o evangelho naquela conjuntura. Tal movimento, que teve efetiva participação do movimento leigo da Ação Católica através da JUC e da JOC, a despertou para a necessidade de uma ação contra o regime e os enormes problemas dele consequentes.

Novo momento eclesial e teológico

Por outro lado, essa transformação na sociedade brasileira ocorre precisamente quando em está em curso o Concílio Vaticano II (1962-1965), ocasião de renovação da Igreja e da teologia. Entrava-se em uma nova etapa da missão da Igreja no mundo moderno e da reflexão, especialmente no continente latino-americano. Mas, como Igrejas locais, na América Latina e no Brasil, a efetiva tomada de consciência e novo posicionamento ante os problemas da sociedade, como instituição, só aconteceria com a Conferência de Medellín (1968). A partir de então, aprofundando-se em Puebla (1979), foi progressiva a preocupação da Igreja com as questões concretas da vida dos povos do continente, a partir da evangélica “opção preferencial pelos pobres” (Puebla, n. 1134-1165).   Daí resultou um “distanciamento crescente das autoridades governantes, um posicionamento crítico frente a suas medidas. Uma defesa corajosa dos Direitos Humanos. E a consequente perseguição, repressão, o confronto” (BRASIL, 1985, p. 148). Cresce a perseguição e repressão sistemática a todos os que se opõem ao governo militar, incluindo pessoas envolvidas na missão da Igreja.

Em sua 15ª Assembleia Geral, realizada em Itaici, de 8 a 17 de fevereiro de 1977, a CNBB fala claramente contra a situação política da sociedade brasileira. Denuncia a violência e violação dos direitos dos indivíduos e instituições, que eram praticas em nome da “segurança nacional”. Afirma que a segurança, em seu sentido próprio, diz respeito ao bem comum e constitui um imperativo moral indispensável a vida da Nação. “Entretanto, quando, em nome deste imperativo, o Estado restringe, arbitrariamente, os direitos fundamentais da pessoa, subverte o próprio fundamento da ordem moral e jurídica” (CNBB, 1977, n. 35).

Papel da teologia da libertação

Como esta teologia está presente nessa história? Sem dúvida nenhuma, a reflexa crítica da fé em perspectiva libertadora teve relevante papel nesse período da história política do Brasil. Como reflexão crítica sobre a sociedade e a ação da Igreja, a teologia da libertação desenvolve uma releitura da Revelação que as interpela; como teoria gestada à luz da fé integra uma intenção prática que se volta à práxis histórica (cf. GUTIÉRREZ, 2004, p. 67). Dar a razão da esperança (1Pd 3,15) em um contexto de desumanização exige uma inteligência da fé que corresponda à originalidade da fé no Cristo morto e ressuscitado: ser libertadora.  Nesta linha, a teologia da libertação procura ser apenas uma serva desta fé que busca o entendimento de si própria à luz da revelação, para responder de maneira fiel aos anseios dos seres humanos por vida digna e em plenitude.

A ação eclesial contra as injustiças e a violência perpetradas por tal regime se fundamenta não em uma opção política partidária ou ideologia qualquer, mas sim na fé em Cristo Jesus e seu evangelho. A reflexão teológica da fé em chave libertadora se desenvolveu fortemente no final dos anos 60 até os anos 80. Tal atividade teórico-prática foi realizada a partir do compromisso de muitos cristãos, entre eles teólogas e teólogos, os quais ajudavam com a reflexão os cristãos e a Igreja institucional a posicionar-se com consciência crítica e comprometida frente àquela realidade.

Nesse caminho de libertação, palmilhado por diferentes sujeitos e distintas motivações de fundo, não se pode esquecer as Comunidades Eclesiais de Base. Elas foram e ainda são um modo “original” de ser Igreja em nosso continente e no Brasil. Em profunda sintonia com o evangelho elas conjugam a prática religiosa da fé e o compromisso social por esta exigido. Tal vivência profética da fé necessita sempre do suporte teórico, para evitar que se torne mera busca de transformação histórica sem a devida razão de ser e agir. O pensamento teológico libertador foi de grande importância no fortalecimento do compromisso das CEBs.

Portanto, a teologia da libertação prestou relevante contribuição à missão da Igreja e aos homens e mulheres comprometidos na luta pela defesa da vida e os direitos humanos na sociedade brasileira ao longo do regime ditatorial. Ajudou a iluminar de modo crítico e libertador a ação de resistência à repressão e reconstrução do estado de direito em nosso país.



Referências

CNBB. Exigências cristãs de uma ordem política. São Paulo: Paulinas, 1977.

CELAM. A evangelização no presente e no futuro da América Latina. São Paulo: Loyola, 1980.

CAMPOS, José Narino de. Brasil: uma Igreja diferente. São Paulo: T. A. Queiroz, Editor, 1981.

Brasil: nunca mais. Petrópolis: Vozes, 1985.

GUTIÉRREZ, G. Teología de la liberación. Salamanca: Sígueme, 2004.

SOUZA, Robson Sávio Reis (Org.). 50 Anos do Golpe Civil-militar: a Igreja e a Universidade. Belo Horizonte: FUMARC, 4014.

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*Francisco das Chagas de Albuquerque, doutor em Teologia. Professor na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia.

T2 Trainspotting

Título original: T2 Trainspotting
Renton (Ewan McGregor) retorna à cidade natal depois de vinte anos de ausência. Hoje, ele é um homem novo, com um emprego fixo e livre das drogas. Os amigos não tiveram a mesma sorte: Sick Boy (Jonny Lee Miller) comanda um comércio fracassado, Spud (Ewen Bremner) continua dependente de heroína e Begbie (Robert Carlyle) está na prisão. Aos poucos, Renton revela que sua realidade não é tão positiva quanto ele mostrava, e volta a praticar os crimes de antigamente. Sequência de Trainspotting - Sem Limites (1996), inspirada no livro "Porno", de Irvine Welsh.
País: Reino Unido
Ano: 2017
Gênero: Drama
Classificação: 16
Direção: Danny Boyle
Elenco: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller
Duração: 1h57 min.

A noite em que eu conversei com meu primo no céu

  Sergio Argüello Vences | Mar 31, 2017
Andrés Navarro García CC
Foi mais que um sonho...

Já faz um ano que eu celebrei a última Missa do meu primo Carlos Manuel. Lembro bem de quando me deram a notícia. Não queria acreditar. Era tão jovem… Mas Deus tinha outros planos para ele e o chamou à Sua presença.

Foi uma bênção assistir ao funeral e celebrar sua Eucaristia de despedida. A igreja estava lota e foi uma missa muito triste. Ver a dor dos meus tios e primos foi comovente. Que dor enorme é ver um filho partir, um irmão se apagar!

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Cada vez que penso neles, os encomendo ao bom Deus, peço que Ele lhes dê consolo e forças para continuar. Fico emocionado só de pensar no sofrimento deles.

Eu escrevi estas palavras às 3 da manhã porque, enquanto dormia, sonhei com meu primo. Foi um sonho lindo! Comecei a sentir muita paz e vi alguém do meu lado. Era muito mais alto do que eu e, quando firmei o olhar, reconheci Carlos Manuel. Ele parecia bem, estava feliz…

Ele me tocou no ombro, me abraçou e caminhamos por uma montanha muito ensolarada, com um céu azul e nuvens grandes. Não sei por qual motivo, mas a primeira coisa que eu disse foi:

– Primo, lamento seu acidente…

– Não tem que lamentar; mesmo que eu tenha sentido muito medo no início, tudo passou depois que vi que Jesus estava do meu lado… Na verdade, tudo aconteceu neste lugar de que eu gosto muito. É a porta por onde entrei no céu, pelas mãos de Deus.

– Deus estava com você? Como é o céu?

– É estupendo! Você tem que conhecer. Jesus é muito bom conosco, você tem que vir conhecê-lo.

– Farei todo meu esforço para me comportar bem e ganhar o céu, prometo.

Neste momento, meus tios vieram à minha mente e eu perguntei:

– Primo, você não sente saudade da sua vida, da sua família e dos seus amigos?

– Sim, principalmente da minha mãe, do meu pai e dos meus irmãos. Há pouco, disse a Deus que ele me deu a melhor família. E Ele me assegurou que os tinha escolhido especialmente para mim.

– Com certeza, você tem uma família muito bonita. Eles sentem muita saudade de você. Dá para ver nos olhos dos meus tios o quanto você lhes faz falta.

– Eu sei. E quando eles se lembram de mim, eu os abraço. Eu me preocupava ao vê-los tristes. Mas meu avozinho me disse que eles ficarão bem, que a fé deles os ajudará a descobrir que estou muito contente e cercado de boas pessoas. Já tenho até amigos.

Neste momento, eu acordei. Eram três da manhã e, embora tenha sido um sonho muito curto, eu estava tão contente por ter conversado com meu primo que eu me pus a escrever (agradeço a você, Carlos Manoel, por lembrar-me que o céu existe sim. Você não se despediu, mas espero ficar mais tempo com você da próxima vez).

Enquanto escrevo, não posso deixar de pensar na dor de meus tios e em você, pai, mãe, filho, filha, esposo, esposa, amigo ou amiga que, infelizmente, viu partir um ser muito amado. Talvez em acidente, como meu primo, ou por uma dolorosa doença.

Confio muito no meu bom Jesus e nesta “mansão” que Ele preparou para nós. Por isso, lembro a vocês que não há motivos para o desespero. Assim como meu primo está bem, seu familiar ou amigo também está disfrutando da glória de Deus. Um dia vocês voltarão a se encontrar. Pois todos somos cidadãos e cidadãs do céu.

E a vocês, tios, meu coração diz que não foi só um sonho!

Cardeal Cláudio Hummes: horário de atendimento do à imprensa


Arquidiocese de Fortaleza - Papa Francisco
Informamos que o Cardeal Dom Frei Cláudio Hummes, OFM atenderá a imprensa no dia 4 de abril, entre 8h30 e 9h20, durante o intervalo da conferência de apresentação do livro que lançará sobre as grandes metas do Papa Francisco na Faculdade Católica de Fortaleza em parceria com a Livraria Paulus. O evento será aberto ao público em geral.
Por favor, enviar credenciamento até segunda-feira, dia 3/4.
SERVIÇO
Cardeal Hummes lança o livro “Grandes Metas do Papa Francisco” (Editora Paulus)
Local: Faculdade Católica de Fortaleza. Rua Tenente Benévolo, 201,Centro.
Data: 4 de abril de 2017
Horário: manhã: 7h30 ao meio dia;  noite: 18h30 a 21h30
Evento aberto ao público em geral.
Preço do livro: R$ 12,00 (Doze Reais) Rua Floriano Peixoto, 523, Centro
Mais informações: (85) 3453.2150 / 3252.4201
http://www.catolicadefortaleza.edu.br
https://www.paulus.com.br/portal
Resultado de imagem para grandes metas do Papa Francisco

Melhor motivo do mundo: Noiva termina a noite de casamento no hospital


Um hospital não é o lugar que os noivos escolhem para visitar após o fim da festa de casamento, certo? Mas não foi o caso de Jessica e Tyler Brown. Eles não pensaram duas vezes em ir direto para o hospital após o "sim". O motivo? A avó da noiva sofreu um ataque cardíaco um dia antes da cerimônia.

Em entrevista à ABC News, Jessica conta que sua avó, Margaret Harris, a ajudou a criá-la e sempre esteve ao seu lado nos momentos mais importantes. Por isso, nada mais justo que ela fizesse parte desta celebração e visse a neta vestida de noiva.

"Ela não poder participar da cerimônia foi muito difícil para mim. Minha avó é uma mulher doce e seu abraço só me traz amor. Conseguir abraça-la no fim do dia me deixou muito emocionada", afirmou ao canal americano.

Amanda Brown, irmã de Jessica e a fotógrafa que registrou o encontro, relatou em sua página do Facebook sobre como foi capturar esse momento de emoção.

BOL

Lula é o político mais aprovado do Brasil, diz pesquisa


Apesar da intensa perseguição política e midiática contra o ex-presidente, Lula apresenta 38% de aprovação entre os entrevistados da pesquisa Ipsos.
Publicado em 30/03/2017 TWITTER FACEBOOK
Lula apresenta 38% de aprovação entre os entrevistados da pesquisa Ipsos. Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o político com maior índice de aprovação no Brasil. É o que revela a pesquisa nacional Ipsos, divulgada nesta quinta-feira (30), pelo jornal O Estado de São Paulo.

Apesar da intensa perseguição política e midiática contra o ex-presidente, dos 20 políticos citados na pesquisa, Lula é quem apresenta 38% de aprovação entre os entrevistados. 

A pesquisa revela também que o presidente Michel Temer conta com 78% de desaprovação e, para 90% dos entrevistados, o Brasil está no “caminho errado”.  Renan Calheiros (PMDB) apresentou 83% de desaprovação e Eduardo Cunha, 87%. 

Outra pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em fevereiro deste ano, mostrou que o ex-presidente Lula lidera em todos os cenários para a eleição presidencial de 2018. No primeiro turno, Lula lidera nos três cenários pesquisados. Se os adversários forem Marina Silva, Jair Bolsonaro, Aécio Neves, Ciro Gomes e Michel Temer, Lula teria 30,5% dos votos. No segundo turno, Lula vence os adversários em todos os cenários: vence Aécio por 39,7% a 27,5%, Marina por 38,9% a 27,4% e Temer por 42,9% a 19%.

Nesta pesquisa, foram ouvidas 2.002 pessoas, em 138 municípios de 25 Unidades Federativas, das cinco regiões, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%. 


Ditadura nunca mais: o cristianismo e a defesa da liberdade

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A liberdade, e tudo o que ela significa, que tanto desejamos, só será realmente possível, quando todos puderem viver com dignidade e justiça.
Em 1º de abril de 1964 começou uma das noites mais escuras da história de nosso país.
Em 1º de abril de 1964 começou uma das noites mais escuras da 
história de nosso país. (Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

Por Felipe Magalhães Francisco*

Há exatos cinquenta e três anos, do dia 31 de março para 1º de abril de 1964, começou uma das noites mais escuras da história de nosso país. As mesmas forças que capitanearam a queda do Brasil para um regime militar, extremamente violento e abusivo, hoje continuam a dar as cartas do jogo, fazendo com que nossa frágil democracia, hoje novamente golpeada, deteriore-se ainda mais. Os empobrecidos e empobrecidas de nosso país continuam a sentir na carne o peso da injustiça social, pela ganância de alguns que não temem mais esconder seus rostos e que não têm o mínimo de pudor.

Olhar para nossa história é caminho importante para que não repitamos os mesmos erros. Infelizmente, uma má formação cidadã, e o rechaço da participação política, entre outros fatores, trouxeram-nos ao que hoje estamos vivendo: assistimos, boquiabertos, ao assalto do poder e a vilipendiação dos direitos dos cidadãos e cidadãs, sobretudos dos mais pobres. Urge que recuperemos a história de luta daqueles que nos precederam na defesa da democracia, e nos inspiremos a construir um país que seja, de fato, para todos e todas, e não apenas de alguns privilegiados e ilegítimos. É preciso que unamos nossa voz, num coro forte, reafirmando, sem cessar, que ditadura nunca mais! Mesmo que essas ditaduras estejam revestidas de aparente normalidade.

Fazendo memória, nesse 31 de março, do golpe militar, queremos, com nossa matéria especial, abordar o papel do cristianismo na luta e defesa da democracia. Que os artigos aqui propostos nos inspirem a assumirmos uma postura profética e de transformação, frente a tudo o que tem acontecido com nosso país, que significam injustiça e indignidade para a maior parte de nossa população, à mercê de forças antidemocráticas e declaradamente corruptas. A liberdade, e tudo o que ela significa, que tanto desejamos, só será realmente possível, quando todos e todas a puderem viver com dignidade e justiça.

A liberdade é essencial para a compreensão do cristianismo, pois remete à inspiração mesma de Jesus, quando nos apresenta um novo modo de viver. É o que propõe como reflexão o artigo O Cristianismo e defesa da liberdade, do filósofo Damião Fernandes dos Santos. Partindo da inspiração paulina, na Carta aos Gálatas, o autor nos ajuda a perceber que a liberdade, fundamental para o cristianismo, significa o rompimento com todas as formas de escravidão, que nos alienam da dignidade para à qual fomos criados.

É por ser profundamente evangélica, que a busca pela liberdade inspirou uma teologia que nasceu em nosso continente latino-americano. No contexto da denúncia das injustiças, em nome da fé e do Evangelho, a Teologia da Libertação foi muito importante no processo de pensar o país, com suas agruras, bem como no reavivar da esperança e na busca pela transformação da realidade. É o que nos ajuda a compreender o artigo A Teologia da Libertação e a Ditadura Civil-militar no Brasil, do teólogo jesuíta Pe. Francisco das Chagas de Albuquerque.

Um testemunho inspirador de luta pela democracia e pelos direitos humanos, tão vilipendiados em nosso Brasil atual, é o do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), que pastoreou a Arquidiocese de São Paulo por vinte e oito anos. Fazendo memória de seu legado, o artigo Dom Paulo Arns: O Cardeal dos Direitos Humanos, proposto pelo teólogo Pe. Manoel Godoy, inspira-nos ao comprometimento com as causas dos mais pobres, para que a vida renda seus bons frutos, de justiça, dignidade e de paz.

Boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é doutorando em Ciências da Religião, pela PUC-MG, e mestre e bacharel em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).

Em seis anos de guerra, número de refugiados sírios supera os 5 milhões

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Antonio Guterres, em visita ao campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia.
Antonio Guterres, em visita ao campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia. (Divulgação)

O número de pessoas que fugiram da guerra na Síria ultrapassou a marca de cinco milhões, informou hoje (30) em Genebra o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi.

O número de refugiados registrados, principalmente na Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito, chega a 5,018 milhões. Cerca de 400 mil pessoas foram mortas até agora durante a guerra, que começou há seis anos na Síria.

"Quando o número de mulheres, homens e crianças em fuga de seis anos de guerra na Síria passa da marca de 5 milhões, a comunidade internacional precisa fazer mais para ajudá-los", diz um comunicado da Acnur.

Filippo Grandi pediu à comunidade internacional mais ajuda aos refugiados, lembrando que um ano após a decisão de criar 500 mil lugares para o reassentamento de refugiados, apenas metade da meta foi cumprida.

"Se quisermos atingir os nossos objectivos, precisamos intensificar os nossos esforços em 2017", disse Grandi.

Zaatari

Na terça-feira (28), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu à comunidade internacional que reforcem seu apoio aos refugiados sírios e aos países que os abrigam alertando que, caso contrário, a segurança global estará em risco.

Guterres, que foi chefe do Acnur de 2005 a 2015, falou com a imprensa durante uma visita ao campo de Zaatari, localizado ao Norte da Jordânia. O campo é o maior da região e, atualmente, abriga cerca de 80 mil refugiados sírios.

“Vocês podem imaginar o quanto é difícil e triste para mim, depois de trabalhar como Alto Comissário da ONU para Refugiados por dez anos, perceber que ainda hoje o campo de Zaatari tenha tantos refugiados sírios, e que os conflitos continuam acontecendo no país. Isso é terrível” disse Guterres.


Agência Brasil

Enquadrando Francisco: Como a fotografia modela a forma como representamos o Papa

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O modo como vemos o Papa Francisco possui uma influência na maneira como o percebemos.
Multidão tenta fotografar Francisco durante audiência.
Multidão tenta fotografar Francisco durante audiência. (Gregorio Borgia/AP)

Por  T.J. Thomson*

Quando o Papa Francisco visitar o Egito no próximo mês, a sua viagem irá ter implicações inter-religiosas, ecumênicas e políticas.

Ele visitará a mais destacada instituição educativa do Islã sunita, o líder da maior igreja do cristianismo ortodoxo oriental bem como as lideranças políticas egípcias, que operam um regime autoritário com um histórico desigual em se tratando de liberdade política e religiosa.

Durante a visita nos dias 28 e 29 de abril, Francisco encontrar-se-á com todo mundo praticamente, desde chefes de Estado, autoridades religiosas, políticos, celebridades, ativistas, jornalistas até cidadãos comuns.

Aos que não estiverem presentes nestes encontros, será possível acompanhar via imprensa, que terá uma oportunidade e um poder tremendos de enquadrar o evento para o mundo exterior.

Os meios de comunicação escolhem o que destacar e o que minimizar. Frequentemente, empresas diferentes abordam o mesmo evento e o retratam de uma forma diversa.

Embora possa parecer óbvio nas matérias escritas publicadas nas diferentes redações, o mesmo vale para a maneira como o evento é visualmente representado. Nesse caso, “enquadrar a história” é literalmente o que tem acontecido, e às vezes tanto podemos aprender sobre quem narra a história como também podemos aprender sobre o sujeito – a partir da análise das imagens que são reproduzidas do evento.

Logo, é fundamental estarmos cientes da importância das escolhas no enquadramento visual: sem uma tal consciência, o mesmo evento pode ser retratado de modo drasticamente diverso e a opinião pública pode ser manipulada.

Os meus colegas – Greg Perreault e Margaret Duffy – e eu recentemente publicamos um estudo intitulado “Politicians, Photographers, and a Pope: How state-controlled and independent media covered Francis’s 2015 Cuba visit”, na revista Journalism Studies.
Olhamos de perto como a viagem a Cuba feita pelo papa foi coberta por diferentes meios de comunicação, estatais e comerciais.

Como o Egito, Cuba é um regime autoritário, onde a liberdade religiosa é circunscrita e onde as décadas de governo comunista significam que menos de 10% do país em geral católico frequenta as celebrações religiosas, fazendo do catolicismo uma religião minoritária.

As lições aprendidas a partir desta viagem papal ao país caribenho podem ajudar as pessoas a verem a representação da sua visita ao Egito com um olhar crítico.

Por exemplo, durante a visita de 2015, os fotógrafos cubanos – socializados em uma cultura autoritária, socialista, onde a conformidade é valorizada – retrataram a visita do papa esmagadoramente como uma visita diplomática ao mostrar o papa interagindo com políticos e outras elites.

Por outro lado, os fotógrafos dos EUA e da Inglaterra – democracias onde a liberdade e a autonomia individual são prezadas – retrataram a visita do papa como um evento religioso na sua maior parte, com fotos mostrando-o a celebrar a missa rodeado de dezenas de milhares de cidadãos comuns desejosos de ouvir o que ele tinha a dizer.

Será interessante ver se os fotógrafos no país de maioria muçulmana irão fotografar a partir de um ponto de vista em que o papa é igual a muçulmanos ou é mostrado acima ou abaixo deles.

Da mesma forma, se o papa denunciar terroristas islâmicos e destacar a perseguição aos cristãos, como alguns acham que ele vai fazer, é de se perguntar: Será que a imprensa egípcia ignorará estas mensagens e tentará enquadrar o evento como uma visita diplomática amiga?

Eis cinco coisas a prestarmos atenção durante a visita por vir do pontífice ao Egito:

1.- Quais atores sociais são retratados? A imprensa se concentra mais sobre um único grupo – as elites, por exemplo – em detrimento das pessoas comuns? Quem está sendo mostrado e quem não está sendo mostrado? Mostra-se o papa interagindo com uma pessoa, ou tipo de pessoa, com mais frequência do que outros?

2.- Como o papa é mostrado em relação aos demais? Num local mais alto, no mesmo plano, ou abaixo? Ângulos baixos comunicam poder e domínio, ângulos altos indicam submissão e servidão, enquanto ângulos medianos evocam igualdade e unidade.

3.- Qual a finalidade da visita? As autoridades cubanas prenderam mais de 700 dissidentes nas semanas que levaram à sua visita em 2015, e Francisco não se reuniu com nenhum dos manifestantes durante o tempo em que aí esteve. As visitas amenas dos papas João Paulo e Bento XVI a Cuba foram recompensadas com concessões governamentais, incluindo vistos missionários estrangeiros e o estabelecimento da Sexta-Feira Santa e do Natal como feriados nacionais, portanto alguns críticos sustentaram que Francisco adotou uma abordagem conciliatória e não provocativa na esperança de receber concessões semelhantes. Enquanto Francisco estiver no Egito, poderemos triangular as suas ações a partir de fontes múltiplas de forma a conseguir melhor determinar se ele está aí para pacificar, satisfazer, incitar, ministrar ou evangelizar.

4.- Onde está acontecendo a ação? Quer o papa visite um prédio do governo ou uma basílica, prestemos atenção ao pano de fundo de forma que seja possível determinar como o local influi no enquadramento geral da notícia. Se o papa é mostrado ao ar livre, será visto como mais público e acessível, por exemplo, do que se estiver em um palácio presidencial, onde somente as elites podem entrar.

5.- Quais os valores e as prioridades das notícias apresentados pela empresa de comunicação? Algumas empresas, tais como a Reuters, com sede na Inglaterra, preferem uma cobertura de bastidores, enquanto outras, como a AP Imagens, com sede nos EUA, preferem eventos previamente definidos e rotineiros, tais como os itens no itinerário oficial do papa.

Um fotógrafo de um sistema midiático que valoriza a cobertura dos bastidores, por exemplo, provavelmente partiria da capital Cairo para ver como a visita do papa está influenciando outras regiões do país. Ele poderia visitar bares e restaurantes para ver como as pessoas comuns veem o papa e se, por exemplo, estão assistindo aos discursos dele na TV, ou as notícias do futebol.

De forma inversa, os meios de comunicação que preferem fazer uma cobertura predefinida provavelmente permanecerão na capital e documentarão as coletivas de imprensa, visitas oficiais e discursos que o papa irá proferir enquanto aí estiver.

Ao consumirmos criticamente as produções midiáticas – e ao usar fontes múltiplas –, podemos ter uma melhor compreensão não só dos eventos papais, mas de todas as matérias jornalísticas. Uma atitude como esta nos deixará melhores informados, e mais capazes de avaliar o verdadeiro significado por trás de uma cobertura.


Crux/ IHU - Tradução: Isaque Gomes Correa

*T.J. Thomson é doutorando na Faculdade de Jornalismo de Missouri, onde pesquisa comunicação visual e psicologia social da produção midiática.

Sua excelência, a Excelência

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A mente humana, uma vez ampliada por uma nova consciência, jamais retorna à sua dimensão original
Cozinheiros da Toscana servem comida de qualidade gratuitamente a crianças para educar o paladar.
Cozinheiros da Toscana servem comida de qualidade gratuitamente a 
crianças para educar o paladar. (Divulgação)
Por Fernando Fabbrini*

Há pouco tempo tomei conhecimento de uma experiência bastante interessante realizada na Itália. Como sabemos, comida é um assunto que os italianos levam muito a sério. Longe das disputas ridículas e aterrorizantes dos reality shows da TV, lá os ingredientes, o sabor e a qualidade são tratados ainda domesticamente, com reverência quase divinal.

Vale lembrar que a Itália é um dos poucos países do mundo onde as redes de fast-food não fazem muito sucesso. Entre num McDonald’s ou num Burger King de Roma, Florença ou Milão e verá que, sim, estão cheios – mas de turistas. Os italianos em geral torcem o nariz para aqueles bifes de carne moída indefinida colocados no pão e pingando molhos estranhos de composição duvidosa.  

Pois bem: mesmo assim, soube que alguns cozinheiros da minha querida região toscana estão preocupados com o aperfeiçoamento do paladar da meninada. E antes que as crianças sejam abduzidas pelos sanduíches produzidos em série, tomaram uma iniciativa genial. Os chefes escolhem uma manhã de domingo, hora do almoço. Montam mesas nas praças das pequenas cidades e convidam as famílias – principalmente crianças. Ali, cozinham amostras dos segredos da tradição italiana e os servem, gratuitamente, à meninada.

- Giovanni, experimente isso... Chama-se trufa, nasce no fundo da terra... Olha que delícia!

O pequeno Giovanni vive, então, a experiência única e transformadora de experimentar finíssimas fatias de trufas passadas ligeiramente na manteiga – e seu cérebro registra aquele sabor especial. Hum!

- Lucia, prove este aspargos frescos, levemente cozidos em água... Não são ótimos?

Lucia mastiga os aspargos frescos e lambe os beicinhos, extasiada. Nunca mais se esquecerá desse gosto marcante.

Dessa forma, os chefes italianos estão mantendo uma tradição alimentar de seus tataravós e – mais importante – educando, elevando os níveis gastronômicos de uma geração, mostrando a eles a diferença entre “comida de qualidade” e “porcarias feitas em série”. É o padrão da excelência.

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho anterior”. A frase é atribuída a Albert Einstein nas postagens da internet, mas tenho minhas dúvidas. Na mesma época, o poeta e catedrático de Harvard Sir Oliver Wendell Holmes disse algo assim, porém mais sofisticado: “A mente humana, uma vez ampliada por uma nova consciência, jamais retorna à sua dimensão original”.

Não importa muito nessa altura quem foi o autor da frase, mas ambos já haviam percebido a essência da Excelência, com letra maiúscula. O ser humano só se transforma por esta via do “ótimo” superando o “bom”. Do “novo”, superando o “conhecido”. E os padrões melhores não se restringem à cozinha, com certeza. Estão aí, em nossa vida, apontando caminhos para o bem estar pessoal, o convívio harmônico, a realização profissional, o prazer de fazer bem feito – a sabedoria, enfim.

Penso que a educação nas escolas – em todos os níveis, desde o fundamental à universidade – é o instrumento mais importante a ser inspirado pela busca da Excelência. Daí nasce a responsabilidade adicional dos professores, procurando não apenas ensinar a matéria, mas estimulando seus alunos a irem além, a não se contentarem com o que já existe, a experimentarem mais, a desejarem o ótimo, o melhor, o excelente.

E isso se torna uma tarefa urgente num país como o nosso. Bastam alguns minutos de noticiário para perceber que, recentemente, os exemplos do mal e do pior andam ganhando de goleada. Não podemos permitir que o ruim se torne um padrão. Ah, isso não.

*Fernando Fabbrini é roteirista, cronista e escritor, com quatro livros publicados. Participa de coletâneas literárias no Brasil e na Itália e publica suas crônicas também às quintas-feiras no jornal O TEMPO.

Dom Orlando: “Que vocês sejam os microfones de Deus”

2017-03-30 Rádio Vaticana

Aparecida (RV) - Emissoras Católicas de Rádio participaram do I Congresso de Rádio Católica do Brasil, promovido pela Rede Católica de Rádio (RCR), em Aparecida (SP), nos dias 28 e 29 de março. A temática do evento abordou o processo de migração das emissoras que utilizam a frequência AM para a faixa FM. Além disso, trouxe painéis sobre a audiência no rádio, linguagens e soluções para a crise.

A solenidade de abertura do evento contou com as presenças do Arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes; do Bispo auxiliar de São Paulo, Dom Devair Araújo da Fonseca; representantes da Signis Brasil e da RCR.

Nas palavras de abertura, o Arcebispo de Diamantina, Dom Darci Nicioli mandou uma mensagem aos congressistas por meio de um vídeo ressaltando a relevância do rádio, o amor à comunicação, à evangelização, e falando principalmente de estar a serviço da comunicação numa cultura do encontro: “Precisamos olhar para o futuro com amor e esperança. Radiodifusores, reflitam sobre a urgentíssima necessidade: é preciso caminhar com a Igreja”, afirmou.

Dom Orlando Brandes também se manifestou sobre a abertura do Congresso: “Aprendi que primeiro vem a comunicação interpessoal e depois os meios de comunicação. Que nós conversemos bastante! Que a comunicação autenticamente católica ajude a recompor tudo aquilo que está quebrado, que vocês sejam os microfones de Deus comunicador, do evangelho e do Reino”, falou.

Palestras

No primeiro dia de palestras, o evento contou com vários temas de relevância para o atual momento do rádio.  Foram apresentados dados estatísticos que apontam novos caminhos às emissoras e que podem ser úteis para mudanças significativas para ouvintes, radiodifusores e para os setores comerciais.

Para o painel que tratou de soluções para o momento de crise vivido no país de uma forma geral, a professora Glaucya Tavares enfatizou a importância de se manter em movimento, de acompanhar as transformações da sociedade e da comunicação, bem como aproveitar as oportunidades que a tecnologia e as tendências oferecem: “Os jovens assistem youtubers como referências até para suas próprias dúvidas, eles também não conseguem se manter assistindo um vídeo por muito tempo. Um minuto e meio. Nem mesmo nós gostamos de programas longos. Isso é um desafio: manter o pico de atenção, falar da necessidade do outro, do que interessa. Nesse momento de crise, há muitos temas dos quais a Igreja pode tratar para trazer uma solução para seus ouvintes.  Assim, cria-se um vínculo com o público e um pico de atenção. Precisamos usar novos formatos para levar a doutrina”, declarou. 

Ela ainda ressaltou que é preciso fazer investimentos assertivos e verificar se a audiência está correspondendo aos programas: “Se não estamos sendo ouvidos, não estamos fazendo rádio. É a era da resolução. O que estamos resolvendo para nossos ouvintes? Também temos que falar para novos públicos porque quem quer falar para os mesmos acaba falando para ninguém. Porque os mesmos mudam”, disse. Glaucya concluiu afirmando que é preciso também dar espaço para prioridades, entender a própria identidade (o que é e para quem), além de investir em uma administração colaborativa.

O presidente da Rádio Renascença de Portugal, padre Américo Aguia falou sobre novas linguagens. Ele sublinhou que não se deve ter medo das novas linguagens, mas sim observá-las, estudá-las e agir com base nisso. Na sequência, a presidente da RCR, Angela Morais, falou sobre como trabalhar em rede. Ela destacou que o essencial “é o compartilhamento de conteúdo, a reunião de forças. São oito bases geradoras na RCR, mas hoje todas as rádios são geradoras de conteúdo. O importante é termos uma sintonia juntos enquanto instituição”, finalizou.

Migração e avanços tecnológicos

O último dia do Congresso, 29, contou com a celebração eucarística presidida por Dom Darci e concelebrada por Dom Devair. Logo após, abrindo as exposições, na parte da manhã, foram tratadas as intensas mudanças do meio digital e a urgência das rádios em estarem presentes nos dispositivos.  A questão da migração de AM para FM também ganhou destaque. De acordo com a advogada, Tathiana Noleto, é menos oneroso fazer a alteração para FM do que promover a digitalização. Ela também elucidou todo o histórico e processos da migração, como passos da adaptação, prazos de editais, entre outras particularidades. (SP-CNBB)


(from Vatican Radio)

Obra de 13 estudiosos homenageia 90 anos de Bento XVI

2017-03-30 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – Por ocasião do 90º aniversário do Papa emérito Bento XVI, em 16 de abril próximo, a Fundação Joseph Ratzinger-Bento XVI promove o lançamento do livro “Cooperatores Veritatis. Escritos em honra ao Papa emérito Bento XVI pelo seu 90º aniversário”.

O evento terá lugar no dia 6 de abril, no Instituto Patrístico Augustinianum, de Roma, a partir das 17h30min. Após as saudações do Reitor do Augustinianum, Padre Giuseppe Caruso, e do Diretor da Livraria Editora Vaticana (LEV), Padre Giuseppe Costa, o Presidente da Fundação Ratzinger, Padre Federico Lombardi, apresentará a obra por ele organizada, juntamente com Pier Luca Azzaro.

O livro reúne a contribuição de 13 estudiosos, que desde 2011 até hoje foram agraciados com o Prêmio Ratzinger.

O Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e membro da Fundação, Cardeal Kurt Koch, proferirá uma palestra que terá por título “Uma sinfonia de amor e verdade na liberdade. Joseph Ratzinger/Bento XVI, testemunha agradecida da fé pascal”.

O volume celebrativo – uma verdadeira “Festschrift” ("comemoração"), segundo a terminologia acadêmica alemã – “constitui um caminho original para entrar em contato com um grupo internacional de reconhecidos estudiosos, que trataram sobre o pensamento de Joseph Ratzinger”, escreve Padre Lombardi na introdução.

Os autores dos ensaios, provenientes de 11 diferentes países, são o jesuíta brasileiro Mário de França Miranda, o Monsenhor ambrosiano Inos Biffi, o filósofo francês Rémi Brague, o biblista anglicano Richard Burridge, o teólogo polonês Mons. Waldemar Chrostowski, o jesuíta estadunidense Brian E. Daley, o teólogo espanhol Padre Olegario Gonzalez de Cardedal, o Abade cisterciense de Heiligenkreuz na Áustria Maximiliam Heim, o estudioso libanês Nabil el-Khoury, o teólogo greco-ortodoxo Ioannis Kourempeles, a teóloga francesa Anne-Marie Pelletier, o teólogo alemão Christian Schaller e o curador da Opera omnia de Joseph Ratzinger-Bento XVI, o italiano Manlio Simonetti, conhecido expert em Patrística.

(JE/ANSA)

(from Vatican Radio)

Eu espero por alguém que conte a Deus o quanto é grato por me amar

  Proseando Poesia | Mar 30, 2017
Rido
Para que apressar o relógio se existe o tempo certo para tudo? 
Para que me encher de dúvidas se entreguei tudo a Deus?

Eu não quero alguém ao meu lado para me bajular, ignorar os meus erros e nunca me confrontar. Tenho aprendido a cada dia mais que o amor não é aceitar tudo, mas fazer o possível para me tornar o melhor que posso ser para quem amo e também para mim. Não espero alguém perfeito, mas com toda a certeza espero alguém de verdade, que sinta com tudo de si e saiba me amar da forma que devo ser amada. Assim como eu também preciso sentir com tudo de mim e amar o outro como deve ser amado.

Não me desespero por estar no tempo da espera, mas me esforço para ter a paciência de esperar sem questionar. Para que apressar o relógio se existe o tempo certo para tudo? Para que me encher de dúvidas se entreguei tudo a Deus? O meu coração está sob os cuidados Dele, onde deve sempre estar. Não me importo tanto assim se for preciso esperar tanto tempo parar estar com quem amo, porque não o espero para ser preenchida, porque com Deus eu já sou completa.

Não espero por alguém para preencher os meus vazios, espero por alguém para somar. Alguém que continue assistindo ao meu lado as minhas séries favoritas e que juntos comecemos a assistir novas. Alguém que não me deixe quando tudo estiver difícil e as minhas emoções estejam bagunçadas. Alguém que, ao invés de julgar os meus medos, me mostre que preciso enfrentá-los, que preciso ser mais corajosa. Espero por alguém que ore por mim, porque a oração é uma forma das formas mais lindas de cuidado.

Espero por alguém a quem eu possa amar e confiar. Alguém que una os seus sonhos aos meus e que tenhamos, juntos, sonhos novos. Alguém que segure a minha mão e descarte a hipótese de soltá-la, que goste do meu sorriso e de quem eu sou. Alguém que me veja não como mais uma mulher em sua vida, mas como quem pedia a Deus em suas orações, porque é isso o que quero ser, a resposta das orações de alguém. Quero amar e ser amada. Respeitar e ser respeitada. Até a eternidade.

(Laureane Antunes, via Prosa e Poesia)

Projeto sociocaritativo do Papa chega às redes sociais

Agência Ecclesia 30 de Março de 2017, às 16:57        DR

DR
Objetivo é promover uma comunicação mais «direta, transparente e participativa» no apoio aos mais carenciados


Cidade do Vaticano, 30 mar 2017 (Ecclesia) – O ‘Óbolo de São Pedro’, um projeto de recolha de donativos dedicados às obras de caridade do Papa, chegou às redes sociais ‘twitter’ e ‘instagram’, anunciou hoje a Santa Sé.

Tradicionalmente o ‘óbolo’ é constituído pelas ofertas dos fiéis por ocasião da festa de São Pedro e São Paulo (29 de junho), os contributos dos Institutos Religiosos, das Sociedades de Vida Apostólica e de Fundações, para além de donativos a título individual.

“O objetivo é dialogar com aqueles que desejam ajudar os pobres e divulgar as obras caritativas realizadas através da solidariedade dos fiéis de todo o mundo, como religiosos, leigos, empresas, entidades ou fundações, e estruturas que auxiliam o Papa no exercício de sua missão”, explica a Rádio Vaticano.

Recorde-se que o ‘Óbolo de São Pedro’ já tinha uma página de internet, lançada há cerca de meio ano, num processo realizado em parceria entre a Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, o Instituto para as Obras de Religião e o Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano.

O Vaticano espera, através destas duas novas ferramentas, favorecer uma comunicação mais “direta, autêntica e transparente” com as pessoas, e ao mesmo tempo mais “participativa com quem deseja ajudar os pobres”.

Por agora, o projeto vai estar presente no ‘twitter’ em três línguas (italiano, inglês e espanhol) e no ‘instagram’ em italiano.

Ao entrarem nestas suas plataformas, as pessoas vão poder ler “as mensagens do Papa” relacionadas com o ‘Óbolo de São Pedro” também “imagens, pensamentos e informações acerca das obras caritativas promovidas pela Santa Sé”.

No ‘twitter’, uma das primeiras frases publicadas destaca a “misericórdia” como a ação de “ir ao encontro dos mais carenciados e das suas necessidades”.

Trata-se de seguir o mesmo espírito que levou o ‘Óbolo de São Pedro’ a apostar em projetos de solidariedade “como a construção de um hospital pediátrico em Bangui, na República Centro-Africana; a recolha de donativos lançada pelo Papa Francisco a favor da nação ucraniana em guerra; e o apoio dado à criação da primeira universidade católica na Jordânia”, pode ler-se.

O ‘Óbolo de São Pedro’ está no ‘twitter’ em ‘@obolus_it’; ‘@obolus_es’; e ‘@obolus_en’, e no ‘instagram’ através da ligação ‘obolus_va’.

A Santa Sé desafia seguidores e católicos a percorrerem esta “estrada comum de misericórdia”, através da hashtag ‘#movingMercy’.

JCP

Papa escreve às famílias de todo o mundo com mensagem de «misericórdia»

Agência Ecclesia 30 de Março de 2017, às 11:00        Foto: Osservatore Romano

Foto: Osservatore Romano
Francisco convida a aprofundar conteúdos da exortação apostólica pós-sinodal «Amoris Laetitia»


Cidade do Vaticano, 30 mar 2017 (Ecclesia) - O Papa Francisco escreveu uma carta às famílias de todo o mundo, publicada hoje pelo Vaticano, para dirigir-lhes uma mensagem de “misericórdia”, com atenção às “feridas” da humanidade.

“Sonho com uma Igreja em saída, não autorreferencial, uma Igreja que não passe longe das feridas da humanidade, uma Igreja misericordiosa que anuncie o coração da revelação de Deus Amor, que é a misericórdia”, refere o texto, que apresenta o próximo Encontro Mundial das Famílias (EMF).

O 9.º EMF vai decorrer na capital irlandesa, Dublin, de 21 a 26 de agosto de 2018, sobre o tema ‘O Evangelho da família: alegria para o mundo’.

Francisco escreve que é a misericórdia que torna as pessoas “novas no amor”.

“Sabemos como as famílias cristãs são lugares de misericórdia e testemunhas de misericórdia; depois de Jubileu da Misericórdia ainda o serão o mais e o encontro de Dublin poderá dar sinais concretos disso”, sustenta.

O Papa manifesta o desejo de que as famílias possam “aprofundar a reflexão e a partilha dos conteúdos da exortação apostólica pós-sinodal ‘Amoris Laetitia’”.

“Poderíamos perguntar: O Evangelho continua a ser alegria para o mundo? E também: A família continua a ser uma boa notícia para o mundo de hoje?”, questiona.

A mensagem papal defende que a resposta a estas perguntas é “sim”, um “sim” que está “firmemente fundado no plano de Deus”.

“O amor de Deus é o seu ‘sim’ a toda a criação e o coração da mesma, que é o homem. É o ‘sim’ de Deus a união entre o homem e a mulher, aberta à vida e a ao seu serviço em todas as suas fases”, pode ler-se.

O texto fala na necessidade de responder a uma humanidade ferida e “dominada pela falta de amor”.

“Quero insistir na importância de as famílias se perguntarem, regularmente, se vivem a partir do amor, pelo amor e no amor. Isto significa, concretamente, dar-se, perdoar-se, não perder a paciência, antecipar-se ao outro, respeitar”, precisa o Papa.

Francisco insiste nas três expressões-chave para a vida familiar: “com licença”, “obrigado”, “desculpa”.

“Todos os dias experimentamos a fragilidade e a debilidade, por isso todos nós, famílias e pastores, precisamos de uma humildade renovada que plasme o desejo de formar-nos, de educar-nos e de ser educados, de ajudar e ser ajudados, de acompanhar, discernir e integrar todos os homens de boa vontade”, assinala, depois.

O texto conclui-se com votos de que os organizadores do 9.º EMF assumam a tarefa de “conjugar de uma forma especial o ensinamento da Amoris Laetitia”, com a qual a Igreja Católica deseja que as famílias “estejam sempre a caminho”, numa “peregrinação interior”.

O responsável pelo novo Dicastério para os Leigos, Família e Vida (Santa Sé), cardeal Kevin Joseph Farrell, disse em conferência de imprensa que o Papa quer marcar presença no EMF 2018, “se puder e as circunstâncias o permitirem”.

Já o arcebispo de Dublin, D. Diarmuid Martin, sublinhou aos jornalistas o “fascínio” que a figura do Papa tem gerado em pessoas dos mais diversos ambientes, “mesmo nos que não pertencem à Igreja”.

OC

«Amoris Laetitia»: Pastoral Familiar realça resumo «sublime» do pontificado do Papa Francisco


Agência Ecclesia 31 de Março de 2017, às 11:57        

Acolhimento e esperança são palavras-chave na exortação apostólica

Porto, 31 mar 2017 (Ecclesia) – O Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF) diz que a exortação apostólica ‘A alegria do amor’ resume de forma “sublime” o pontificado do Papa Francisco, na sua relação com as pessoas, as famílias e a sociedade.

“A ‘Amoris Laetitia’, é um documento profundamente maternal. Percorre, desveladamente todas as circunstâncias da vida das famílias e, para todas elas e em todas elas, há uma palavra de acolhimento, de compreensão, de esperança”, realça aquele organismo.

Num texto inserido no dossier da edição desta sexta-feira do Semanário ECCLESIA, centrado no 1.º aniversário daquele documento, Manuel Marques, um dos coordenadores do DNPF, destaca o modo como a reflexão do Papa tem reforçado nas dioceses o debate acerca da realidade e do futuro das famílias.

Uma abordagem de Francisco que era aguardada “com muita expetativa”, depois do Sínodo dos Bispos sobre a Família, e que de acordo com aquele responsável, “enriqueceu a Igreja”, gerando “comunhão, envolvimento e motivação”.

Um dos pontos mais relevados na análise à ‘Amoris Laetitia’ tem sido a forma como o Papa Francisco exorta a uma nova atitude de Igreja na relação com os casais ou famílias em situação considerada ‘irregular’ à luz da doutrina católica.

A mensagem é a de que “independentemente das fragilidades, maiores ou menores, de cada um”, a “misericórdia” de Deus está aberta a todos, “todos somos acolhidos”, sublinha Manuel Marques.

No que toca ao futuro, o DNPF reconhece que “levará o seu tempo” até que as linhas orientadoras da ‘Amoris Laetitia’ sejam totalmente assimiladas, porque “estão em causa pessoas com rotinas, hábitos, porventura desatualizadas e sobrecarregadas”.

É necessário um olhar renovado, a começar pela missão dos sacerdotes, muitas vezes “ocupados com tarefas secundárias relativamente à sua missão fundamental” e que têm de ter tempo, “delegando” se for caso disso, “para acolher, perceber, integrar” as pessoas, no fundo “humanizar o serviço paroquial”.

O DNPF recorda ainda a importância de um maior envolvimento da parte dos dos leigos, das comunidades e famílias cristas, na própria pastoral familiar.

No “acompanhamento dos casais novos”, no “avivar da importância de oferecer às famílias tempos de crescimento na fé, de melhoria de relacionamentos”, no “aprofundamento da riqueza do convívio intergeracional”, no “acompanhar, discernir e integrar as fragilidades”.

“Em suma, contribuir para fazer as famílias felizes, capazes de viverem plenamente a alegria do amor”, frisa  Manuel Marques.

A exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’, do Papa Francisco, foi apresentada publicamente a 8 de abril de 2016, na sequência de duas assembleias do Sínodo dos Bispos que a Igreja Católica dedicou aos desafios das famílias, entre 2014 e 2015.

JCP