sábado, 31 de dezembro de 2016

Premiado em Veneza, 'Animais Noturnos' sobrepõe narrativas em torno de Amy Adams

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Em seu segundo filme, o cineasta volta ao mesmo tema de modo diferente.
Cena do filme 
Cena do filme
Cena do filme "Animais Noturnos". (Divulgação)
Por Nayara Reynaud

Em sua estreia no cinema, em 2009, o renomado designer de moda norte-americano Tom Ford chamou a atenção com seu exercício dramático sobre a perda em “Direito de Amar”, belamente protagonizado por Colin Firth como o viúvo que perde o companheiro de muitos anos. Em seu segundo filme, o cineasta volta ao mesmo tema de modo diferente.

O thriller psicológico “Animais Noturnos”, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza 2016, opta pela tragédia humana deste animal que se esconde nas “trevas na noite” de cada ser humano, omitindo-se dos problemas que o dia-a-dia lhe apresenta ou despertando violentamente a qualquer momento.

A origem do filme está no romance de Austin Wright,”Tony & Susan”, publicado em 1993 e adaptado no roteiro do próprio Ford, que transforma a protagonista de professora de inglês em uma galerista bem-sucedida em seu trabalho com arte contemporânea em Los Angeles. Só que Susan (Amy Adams) não se sente mais realizada profissionalmente e vive um casamento estagnado na rotina com Hutton (Armie Hammer).

O suficiente para que ela fique abalada ao receber um manuscrito do livro de seu ex-marido Edward (Jake Gyllenhaal), intitulado “Animais Noturnos”. O enredo deste livro parte do ataque de um bando de rapazes e a brutalidade de suas ações contra a família de Tony Hastings (Gyllenhaal, também) em uma noite na estrada, no meio do Texas.

Em certo ponto do longa, a narrativa do cotidiano atual dela, interligada com a do livro que ela está lendo - a mais pungente, até pelo conteúdo do romance ficcional -, dá lugar a uma terceira, que recorda o passado de Susan com Edward. Aí mostra-se como começaram a namorar até a crise na relação deles, por causa das críticas da esposa ao trabalho do então aspirante a escritor, que culminou em seu fim traumático, especialmente para ele.

Assim, o roteiro estabelece um paralelo entre as ações da trama literária e as de Susan com o autor, ainda que certas correlações sejam muito sutis e só se tornem claras ao público só ao final, especialmente para quem não leu a obra original de Wright.

Amy Adams confere nuances entre a Susan nem tão sonhadora como parece, de vinte anos atrás, e a bem-sucedida, mas amargurada, de agora. É uma atuação que a credencia para mais uma indicação ao Oscar - em 2017, aliás, ela chega forte também com “A Chegada”, de Denis Villeneuve. Como coprotagonista, Jake Gyllenhaal também encarna bem os dois personagens que tem em mãos.

Igualmente se destacam a performance alucinada de Aaron Taylor-Johnson, indicado ao Globo de Ouro como coadjuvante, como o sádico Ray Marcus que ninguém quer encontrar no meio da noite e um ótimo Michael Shannon na pele do investigador Bobby Andes.

Também indicado a dois Globos de Ouro, como diretor e roteirista, Ford apresenta uma direção cada vez mais distinta, ainda mais em uma obra com narrativas, tempos e espaços diferentes. A trilha melodramática demais junta-se a enquadramentos que dão gravidade na parte de Susan e a diferenciam do viés mais realista justamente no conteúdo pretensamente ficcional, o do livro.

Metalinguagem pura, que explora a intimidade estabelecida entre leitor (ou espectador) e personagem como espelho de si mesmo, entre a identificação e rejeição, “Animais Noturnos” é um filme que leva certo tempo para o público processar, não as informações mas os sentimentos que ele provoca, todos acerca da “precariedade de nossas vidas bem-protegidas", como sustenta o romance.

Clique aqui, confira o trailer e onde o filme está em cartaz na Agenda Cultural!


Reuters

Morre aos 86 anos o primeiro agente e descobridor dos Beatles

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Foi Williams que conseguiu, em 1960, que os Beatles assinassem seu primeiro contrato importante na cidade alemã de Hamburgo, onde fizeram mais de 280 shows.
Os integrantes da banda britânica The Beatles Paul McCartney, George Harrison, John Lennon e Ringo Starr, no Palácio de Buckingham, em Londres.
Os integrantes da banda britânica The Beatles Paul McCartney, George Harrison, John Lennon e Ringo Starr, no Palácio de Buckingham, em Londres. (AFP)

O primeiro agente dos Beatles, Allan Williams, morreu aos 86 anos, anunciaram neste sábado pelo Facebook os atuais proprietários do clube Jacaranda, que ele fundou em Liverpool, no noroeste da Inglaterra.

"O primeiro proprietário do Jacaranda e o homem que descobriu os Beatles, Allan Williams, infelizmente morreu aos 86 anos", indicou o estabelecimento nas redes sociais.

A banda costumava visitar o Jacaranda, e John Lennon e Stuart Sutcliffe, artista e primeiro baixista do grupo de Liverpool, foram contratados por Williams para pintar um mural no local.

A banda tocou várias vezes ali e foi Williams que conseguiu, em 1960, que os Beatles assinassem seu primeiro contrato importante na cidade alemã de Hamburgo, onde fizeram mais de 280 shows.

Os caminhos do agente e do grupo, que na época era composto por Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Sutcliffe e Pete Best, se separaram em 1961, e a banda assinou um contrato com Brian Epstein, que a levou à glória.

De acordo com a exposição permanente "The Beatles Story", instalada em Liverpool, Williams "ajudou a construir o grupo e a convertê-lo no que conhecemos agora".

O historiador dos Beatles Mark Lewisohn escreveu no Twitter: "Sem Allan Williams não teriam ido a Hamburgo. E, sem Hamburgo, sem Beatles".


AFP

Ano Novo 2017; FOTOS

Veja a preparação e a comemoração do Ano Novo em diversos países pelo mundo neste sábado (31).
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2016: O ano dos Papas em revista

Papa Francisco em Auschwitz. Foto: Lusa
Agência Ecclesia 31 de Dezembro de 2016, às 06:00   Papa Francisco em Auschwitz. Foto: Lusa


Principais acontecimentos no pontificado de Francisco e regresso de Bento XVI ao palácio apostólico

Lisboa, 31 dez 2016 (Ecclesia) - O Papa Francisco realizou seis viagens internacionais em 2016, publicou a exortação apostólica pós-sinodal ‘Amoris Laetitia’ e promoveu um encontro inter-religioso pela paz, em Assis (Itália).

Após duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família (2014 e 2015), o mês de abril viu ser publicada a ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor), na qual o Papa propõe um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente.

Francisco assina uma reflexão que recolhe as propostas dos bispos e dos inquéritos aos católicos de todo o mundo, mas a situação dos católicos recasados tem gerado pedidos de esclarecimento e mesmo alguma contestação.

As perseguições religiosas, o terrorismo e a crise dos refugiados foram outros temas presentes nas intervenções do Papa, que a 17 de fevereiro concluiu a sua primeira viagem ao México, deixando atrás de si várias mensagens contra a violência, o tráfico de drogas e o crime, por um futuro diferente.

Antes, teve lugar o histórico encontro com o patriarca ortodoxo de Moscovo, Cirilo, numa breve escala em Cuba.

Na sua tradicional mensagem pascal, antes de conceder a bênção ‘urbi et orbi’, Francisco condenou no Vaticano a vaga de ataques terroristas, atos de “violência cega e brutal”.

Ainda em abril, na companhia de líderes ortodoxos, o Papa visitou os refugiados na ilha grega de Lesbos e não regressaria ao Vaticano sem que alguns deles o acompanhassem.

O Papa cumpriu em junho uma viagem de três dias à Arménia, a sua primeira ao país, que se encerrou com um gesto de paz junto à fronteira turca.

A 28 de junho fez-se história no Vaticano com o regresso do Papa emérito Bento XVI ao palácio apostólico, para uma homenagem por ocasião do seu 65.º aniversário de ordenação sacerdotal.

Ainda em 2016, Bento XVI falou publicamente, no livro-entrevista ‘Últimas conversas’, sobre a sua renúncia ao pontificado, em 2013, explicando que esta uma decisão amadurecida, que não vê como um “fracasso”.

A popularidade do Papa Francisco junto dos mais jovens, no ano em que chegou à rede social Instagram, ficou comprovada em finais de julho, na viagem de cinco dias à Polónia, onde presidiu à Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, numa visita que incluiu uma homenagem silenciosa às vítimas do campo de concentração nazi de Auschwitz.

A 28 de junho fez-se história no Vaticano com o regresso do Papa emérito Bento XVI ao palácio apostólico
O Papa visitou de surpresa a localidade de Amatrice, uma das zonas afetadas pelo sismo no centro de Itália, a 24 de agosto, para encontrar-se com as vítimas e as suas famílias.

Em setembro, após a canonização de Santa Teresa de Calcutá, a agenda pontifícia incluiu um encontro com líderes religiosos na cidade italiana de Assis, assinando uma declaração conjunta pela paz que rejeita o terrorismo e o fundamentalismo.

A 2 de outubro, o Papa encerrou na Grande Mesquita de Bacu, capital do Azerbaijão, a sua segunda visita à região do Cáucaso, que se iniciou na Geórgia.

Uma viagem histórica levou Francisco à Suécia, entre 31 de outubro e 1 de novembro, para assinalar com os luteranos os 500 anos da reforma protestante.

A 20 de Novembro, o Papa presidiu às cerimónias conclusivas do Jubileu da Misericórdia, um evento central no seu pontificado.

No Natal, Francisco denunciou os sofrimentos da guerra civil na Síria, pedindo o fim definitivo do conflito, em particular na cidade de Alepo; no dia seguinte, falaria dos “mártires” de hoje.

Um símbolo das perseguições religiosas foi o padre Jacques Hamel, assassinado a 26 de julho, enquanto celebrava Missa na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, que o Papa considerou um “mártir”.

A reforma da Cúria Romana passou, entre outras medidas, pela criação de dois dicastérios: um para o setor dos Leigos, Vida e Família; outro, que começa a funcionar a 1 de janeiro de 2017, dedicado ao “desenvolvimento humano integral”.

Ainda em 2016, chegou ao fim o julgamento do processo de furto e divulgação de documentos reservados da Santa Sé, conhecido como ‘Vatileaks2’.

Invasão Zumbi

Título original: Busanhaeng
Em um trem de alta velocidade com destino à cidade de Busan, um vírus que transforma as pessoas em zumbis, se espalha. A cidade conseguiu com sucesso se defender da epidemia, mas agora eles devem lutar pelas suas sobrevivências.
País: Coréia do sul
Ano: 2016
Gênero: Ação
Classificação: 14
Direção: Sang-Ho Yeon
Elenco: Gong Yoo, Yumi Jung, Dong-seok Ma
Duração: 1h58 min.

Cientistas produzem novo sistema de conservação na Amazônia

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Marco pode ajudar a entender melhor e mitigar os efeitos sinergéticos do desmatamento.
A Amazônia é a floresta tropical mais diversa do mundo, e também o maior sistema de água doce da terra.
A Amazônia é a floresta tropical mais diversa do mundo, e também o maior sistema de água doce da terra.
A Amazônia é a floresta tropical mais diversa do mundo, e também o maior sistema de água doce da terra. (Divulgação)

Cientistas da WCS (Wildlife Conservation Society, ou Associação Conservação da Vida Silvestre, em português), The Nature Conservancy, e diversos parceiros no Brasil e Peru criaram um sistema de informações geográficas (SIG), um “marco”, para ajudar a guiar os esforços de conservação em grande escala na bacia hidrográfica do Amazonas, uma área quase do tamanho dos Estados Unidos.
Esse novo marco espacial, criado com séries de variáveis ambientais e tecnologia SIG, consiste em uma nova classificação hidrológica e de bacia, assim como diversas ferramentas de análise espacial, que podem ser usadas para entender melhor e mitigar os efeitos sinergéticos do desmatamento e da construção de novas estradas e represas ao longo da bacia do Amazonas.

O artigo, intitulado “An explicit GIS-based river basin framework for aquatic ecosystem conservation in the Amazon” foi publicado na mais recente edição do periódico Earth System Science Data. Os autores são: Eduardo Venticinque da Universidade Federal do Rio Grande de Norte; Bruce Forsberg, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; Ronaldo B. Barthem, do Museu Paraense Emilio Goeldi; Paulo Petry, da The Nature Conservancy; Laura Hess, do Earth Research Institute; Armando Mercado, Carlos Cañas, Mariana Montoya, Carlos Durigan e Michael Goulding, da WCS.

“O novo marco espacial possibilita um mapeamento dinâmico dos recursos naturais e os possíveis impactos do desenvolvimento de infraestrutura sobre eles na Amazônia, utilizando diferentes escalas. Um exemplo seria a pesca, a migração de peixes e as paisagens aquáticas distantes que sustentam esses recursos” diz Eduardo Venticinque, da Universidade Federal do Rio Grande de Norte, autor principal do estudo.

“Essa nova ferramenta irá possibilitar que cientistas e governantes monitorem iniciativas de desenvolvimento ao longo de toda a bacia hidrográfica amazônica e ajudará a guiar as políticas para minimizar o impacto ambiental dessas atividades” diz Michael Goulding, da WCS.

A Amazônia é a floresta tropical mais diversa do mundo, e também o maior sistema de água doce da terra. A região também abriga o que seria o maior conjunto de paisagens aquáticas do planeta, um mosaico que inclui desde florestas sazonalmente alagadas, que cobre a maior parte das planícies de inundação, até savanas que ficam inundadas muitos meses por ano. Para essa região existe uma série de projetos de infraestrutura já planejados, que poderiam ter um impacto significante na hidrologia da bacia amazônica, sua fauna e flora.

Os esforços atuais de conservação focam principalmente na criação e fortalecimento de áreas protegidas e territórios indígenas na Amazônia, com foco menor em sistemas aquáticos. O novo marco irá ajudar a aumentar os esforços de conservação e gerenciamento de águas e paisagens aquáticas e o importante recurso que eles proveem que inclui mais de 2.400 espécies de peixes, para promover um enfoque integrado para proteção da bacia amazônica.

Com o objetivo de criar um sistema de classificação de bacias hidrográficas, que pudesse ser utilizado para ações de conservação e monitoramento, os cientistas dividiram a bacia em diversas sub-bacias definidas por 11 ordens diferentes de rios, desde córregos diminutos até o próprio rio Amazonas. Sete níveis diferentes de bacias foram definidos, sendo o nível 1 a principal bacia amazônica, e as bacias dos grandes afluentes como o Ucayalli e Madeira como nível 2, e assim em diante.

O estudo é parte da Iniciativa Águas Amazônicas da WCS, um projeto apoiado pela parceria Science for Nature and People (SNAPP) para promover uma visão da bacia amazônica sob a perspectiva de suas águas, paisagens aquáticas, e vida silvestre. Essa iniciativa pesquisa como a conectividade desse vasto, interligado e dinâmico sistema de água doce pode ser mantida para continuar sustentando o bem-estar humano, a vida silvestre, e o meio ambiente de que ambos dependem. A iniciativa usa a ciência e a pesquisa para indicar caminhos para o manejo e políticas para conservação em larga escala de paisagens aquáticas com base em um gerenciamento integrado de bacia.

Amazonia.org, 20-12-2016.

Ilhas do Pacífico inauguram celebrações do Ano-Novo pelo planeta

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Chegada de 2017 em Sydney, na Austrália, em uma das queimas de fogos mais simbólicas do mundo.
Na Austrália, 2017 também já chegou, com grande queima de fogos em Sydney.

Chegada de 2017 em Sydney, na Austrália, em uma das queimas de fogos mais simbólicas do mundo.
Chegada de 2017 em Sydney, na Austrália, em uma das queimas de fogos mais simbólicas do mundo. (Mick Tsikas/EPA/Lusa/Direitos Reservados)
As celebrações de Ano-novo já começaram nas ilhas do Pacífico. Samoa, Tonga e Kiribati entraram em 2017 às 8h da manhã do horário de Brasília. A maior parte da Nova Zelândia entrou no novo ano uma hora depois. As informações são da Rádio França Internacional. 

A festa da virada na Austrália neste sábado terá segurança reforçada, depois que a polícia antiterrorismo australiana prendeu esta semana um homem por fazer ameaças na internet contra o réveillon em Sydney, cidade mais populosa do país.

Um milhão e meio de pessoas são esperadas para acompanhar a passagem de ano na baía de Sydney. Para garantir o melhor lugar para assistir o famoso espetáculo, centenas de pessoas passaram a noite acampadas. Sete toneladas de fogos de artifício vão iluminar os céus da cidade por doze minutos em uma imagem que marca o início das grandes celebrações de ano novo mundo afora.

Na Indonésia, a virada este ano também acontece sob forte esquema de segurança. Cerca de 20 mil policiais foram mobilizados apenas na capital, Jacarta. Recentemente, as autoridades indonésias frustraram ao menos dois planos de ataques terroristas a bomba.

Na Tailândia, de luto pela morte do rei Bhumibol Adulyadej em outubro, a passagem de ano será marcada por vigílias e orações em todo o país.

Uma das maiores celebrações da Ásia acontece em Hong Kong e é um dos pontos altos do calendário turístico do território chinês. Dentro de poucas horas, milhares de pessoas devem lotar diversos pontos da cidade para acompanhar os dez minutos de show pirotécnico no porto Vitória.


Agência Brasil

São Silvestre, que dá nome à tradicional corrida no Brasil

REDAÇÃO CENTRAL, 31 Dez. 16 / 04:00 am (ACI).- Neste 31 de dezembro, um grande evento para as ruas de São Paulo (SP) e já se tornou tradição no encerramento do ano no Brasil. É a Corrida Internacional de São Silvestre. Desde 1925, a corrida leva esse nome por conta do santo cuja festa é celebrada no mesmo dia, São Silvestre I.

Embora muitos ouçam todos os anos o seu nome associado ao evento esportivo, trata-se de um santo ainda pouco conhecido entre os brasileiros.

Natural de Roma, Silvestre foi eleito Papa em 314, a um ano do edito de Milão, por meio do qual o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos.

No período do seu pontificado, viu-se aflorar uma perigosa agitação doutrinária, com origem na pregação de Ario, sacerdote alexandrino que negava a divindade da segunda Pessoa e, consequentemente, o mistério da Santíssima Trindade.


Diante disso, Constantino convocou Bispos para abordar a questão. O Papa enviou seus representantes Ósio, Bispo de Córdova, e dois presbíteros.

Foi o primeiro Concílio Ecumênico (universal) que reuniu em Niceia, no ano 325, mais de 300 Bispos, com o próprio Imperador a presidir em lugar de honra.

Os Padres conciliares não tiveram dificuldade em fazer prevalecer a doutrina recebida dos Apóstolos sobre a divindade de Cristo, proposta energicamente pelo Bispo de Alexandria, Santo Atanásio. A heresia de Ario foi condenada sem hesitação e a ortodoxia trinitária ficou outorgada no chamado Símbolo Niceno ou Credo, ratificado por São Silvestre.

Constantino também doou ao Papa Silvestre o palácio imperial de Latrão, que foi a residência papal até Leão XI. Junto a esse palácio, mais tarde, foi construída a Basílica de São João de Latrão.

Foi também em seu pontificado que se ergueu a antiga Basílica de São Pedro.

São Silvestre I morreu em 31 de dezembro de 335 e foi sepultado no cemitério de Priscila. Os seus restos mortais foram transladados por Paulo I (757-767) para a Igreja erguida em sua memória.

Neste último dia do ano, agradeça a Deus pelo ano que passou e peça pelo que se inicia, por intercessão de São Silvestre, com esta oração.

Deus, nosso Pai, hoje é o último dia do ano. Nós vos agradecemos todas as graças que nos concedestes através dos vossos santos. E hoje pedimos a São Silvestre que interceda a vós por nós! Perdoai as nossas faltas, o nosso pecado e dai-nos a graça da contínua conversão.

Renovai as nossas esperanças, fortalecei a nossa fé, abri a nossa mente e os nossos corações, não nos deixeis acomodar em nossas posições conquistadas, mas, como povo peregrino, caminhemos sem cessar rumo aos Novos Céus e à Nova Terra a nós prometidos. Senhor, Deus nosso Pai, que o Vosso Espírito Santo, o Dom de Jesus Ressuscitado, nos mova e nos faça clamar hoje e sempre “Abba! Pai!”

Venha a nós o vosso Reino de paz e de justiça. Renovai a face da Terra, criai no homem um coração novo! Amém.

Católicos devem acreditar nas previsões de futurólogos para 2017? Um exorcista responde

Imagem referencial. Foto: Flickr Agathe LM (CC BY-NC-ND 2.0)

REDAÇÃO CENTRAL, 31 Dez. 16 / 11:00 am (ACI).- Nos dias que antecedem a celebração de um Ano Novo, proliferam os prognósticos e adivinhações sobre o que acontecerá. Algo que muito poucos tomam em conta ao recorrer a estes supostos adivinhos é que nem sequer os demônios podem ver o futuro, tal como o explica o famoso exorcista José Antonio Fortea. Ele esclarece porque nós católicos não devemos acreditar nos gurus e adivinhos de fim de ano.

Em seu livro Summa Daemoniaca, uma obra de consulta sobre a questão dos demônios e o exorcismo, o Pe. Fortea adverte: “Nem precisa dizer que se o futuro não se pode conhecer nem mesmo invocando os demônios, muito menos com essas práticas de astrologia, cartomancia etc.”.

“Os demônios não sabem tudo, só o que podem deduzir, mas eles não veem o futuro”, assinala.

O Pe. Fortea indica que os demônios “com sua inteligência muito superior à humana podem deduzir por suas causas algumas coisas que acontecerão no futuro”, mas precisa que aquilo que pertence “à liberdade humana, está indeterminável e eles não o sabem”.

Além disso, o exorcista espanhol escreve que “os que praticam esses enganos são a prova viva de que por esse meio não se pode obter nenhum benefício”.

“Os únicos que sim obtêm algum benefício de tais adivinhações são os enganadores profissionais que são os primeiros a não acreditar nelas e que sabem dosar suas previsões para não serem descobertos”, assinala.

O exorcista espanhol é enfático em que “nunca nenhum cristão sob nenhum conceito deve consultar este tipo de pessoas”, pois “a consulta a um mago, vidente ou guru constitui sempre um pecado grave”.

Castelo: com pedras do caminho

DVictor Calabria*

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, sentadoAproveito o amanhecer de um novo dia para escrever essa breve mensagem e se você a leu, entenda-a como feita para você.  
Venho desejar um Ano repleto de paz, amor, harmonia e conquistas para você! Se o ano de 2016 foi bom - para mim foi divino - que o de 2017 seja ainda melhor. No entanto, nos percalços da vida, que saibamos ter discernimento e sabedoria para entender que nem tudo são rosas, mas que a exemplo do Grande Mestre Jesus Cristo, possamos estar calmos e confiantes em meio as tempestades da vida e tenhamos prudência na resolução de conflitos. Que possamos, a exemplo de Fernando Pessoa, guardar as pedras do caminho a fim de que construamos o nosso Castelo - aquele do amor, da misericórdia,  da União e da sabedoria. Conforme José de Alencar, "O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis". Nesse sentido, que Deus possa abençoar nosso ano de 2017, mas que não permaneçamos como os discípulos no momento da ressurreição - de braços cruzados - mas que tracemos metas e que busquemos alcançá-las! 

Feliz 2017!!!
Feliz Ano Novo
Buon Anno
Bonne Année
Happy New Year

Cordialmente, 
*Professor de Italiano e Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Ceará

Lições para a vida

Padre Geovane  Saraiva*
Pela nossa simples e humilde iniciativa literária, prestes a ser publicada numa feição totalmente pastoral, rogamos ao bom Deus que possamos contribuir, quando olhamos o clamoroso gemido de dor da humanidade, manifestado numa sociedade pouco organizada, distraída e adormecida ao sonho do nosso bom Deus, com um mundo de harmonia, esperança e paz. Assim como a esperança deve ser para nós cristãos qual âncora da alma, firme e segura,[1] que o nosso livro, ao chegar em suas mãos, estimado leitor, possa favorecer no sentido de consolidar e elevar sua alma, em meio às tempestades da vida.

Como alhures já dissemos por vezes, à medida que passam os tempos, a missão da Igreja merece uma maior atenção, sempre acompanhada de um renovado ardor da parte dos cristãos. Faz-se mais necessário o valor indizível da oração como sustento da ação missionária e pastoral da Igreja; e o sucesso de todo trabalho depende, evidentemente, da íntima e estreita união com Deus dos seguidores de Jesus de Nazaré. Convictos estamos, amigo cultor das letras, de sem demora perceber a índole no nosso livro: “Lições para a vida”,[2] voltando-se ao encantador e envolvente mistério de amor, acima citado.

Ficaremos muito felizes se o nosso trabalho contribuir também, do ponto de vista da mística cristã, a partir da experiência do mistério de Cristo, numa visão tão sedutora quanto fascinante, dentro do contexto de nossa história atual. Mística, que é uma palavra da antiguidade, tem seu uso a partir do século V no mundo ocidental, dentro do contexto cristão, empregada pela primeira vez nos escritos atribuídos a Dionysius, o Areopagita, com a finalidade de se voltar ao absoluto de Deus. Fica patente que só é possível compreendê-la quando as pessoas se sentem profundamente voltadas e assinaladas pela graça de Deus. É compreensivo que os místicos busquem referenciais e figuras exemplares, com as quais se identifiquem ou configurem, tendo como pressuposto Jesus de Nazaré, aquele que os leva à vivência da fé, numa bonita caminhada, na qual se vê claro o sonho da esperança como criaturas de Deus inspiradas e inspiradoras.

O livro, "Lições para a vida", quer colocar-se diante do projeto de São Francisco de Assis, levado adiante pelo Papa Francisco, vendo-o transformado em realidade, num espírito de total abertura e permanente esforço em favor da solidariedade, da paz e da concórdia no mundo, muito presente no nosso trabalho. O Sumo Pontífice deixou claro, no encerramento do Ano Santo da Misericórdia, que a verdadeira segurança das pessoas e do mundo, como um todo, passa pela misericórdia, voltando-se ao essencial: ao coração do Evangelho, que é a misericórdia.[3] Deus nos dê a graça de termos uma viva esperança, impulsionados, evidentemente, pela misericórdia divina, para que possamos desfrutar, sempre, claro, diante de diversos caminhos, o verdadeiro caminho.

É com o mesmo espírito da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, sacramento de salvação, que nos dispusemos a lançar, com enorme satisfação, “Lições para a vida”, convencidos de anunciar o Evangelho da salvação aos homens do nosso tempo, sem nunca perder de vista a natureza da missão, que é a de partir até aos confins do mundo,[4] como ensina o Livro Sagrado: “Como é maravilhoso ver o mensageiro pelas montanhas, trazendo notícias de paz, boas notícias de salvação”.[5]

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência  Sacerdotal, integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com


 [1] Cf. Hb 6, 19 
[2] Lições para a vida – uma contribuição pastoral, oração e mística cristã
[3] Papa Francisco, no encerramento do Jubileu da Misericórdia (20/11/2016)
[4] Dom Helder Câmara. Poesia: missão é partir aos confins do Mundo
[5]  Cf. 52, 7 

Prefácio - José Olímpio Araújo:
Link: http://fgsaraiva.blogspot.com.br/2016/12/licoes-para-vida-palavra-do-prof-jose.html                         


sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Polícia pede prisão de viúva e PM e confirma morte de embaixador grego


 Corpo encontrado é do diplomata, apontam exames. Segundo as investigações, viúva e PM tramaram a morte de Kyriakos Amiridis; policial confessou o crime.
Por G1 Rio
30/12/2016 
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Polícia confirma que corpo carbonizado é de embaixador grego e pede prisão de mulher
A Polícia Civil do Rio confirmou nesta sexta-feira (30) que o corpo encontrado em um carro carbonizado é do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis. A informação foi dada com exclusividade no RJTV, pela repórter Bette Lucchese, com produção de Márcia Brasil.
Os investigadores pediram à Justiça a prisão de quatro pessoas que teriam planejado e matado o diplomata. Entre elas, a embaixatriz Françoise Amiridis, viúva do diplomata, e o policial militar Sérgio Gomes Moreira Filho, que confessou o crime. Os dois são amantes, de acordo com a polícia. A principal hipótese é de crime passional.
Policial Militar confessa ter matado o embaixador da Grécia no Brasil

Ainda de acordo com a investigação, o embaixador foi morto dentro da própria casa do embaixador – o sofá foi periciado. Segundo depoimento de Sérgio, houve luta corporal e o PM usou a arma que estava com o diplomata para atirar.
O PM diz que, logo depois, retirou o corpo usando o carro que tinha sido alugado pelo embaixador. Imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas.
Os outros dois suspeitos de envolvimento no crime não tiveram o nome divulgado. A Justiça do Rio informou que recebeu o pedido de prisão, que está sendo analisado.
 Françoise Amiridis, mulher do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis, chega à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), em Belford Roxo (RJ), na manhã desta sexta-feira (Foto: Jose Lucena/ Futura Press/ Estadão Conteúdo)
  Françoise Amiridis, mulher do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis, chega à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), em Belford Roxo (RJ), na manhã desta sexta-feira (Foto: Jose Lucena/ Futura Press/ Estadão Conteúdo)

O veículo foi encontrado incendiado no fim da tarde de quinta (29), no Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu, com um corpo em seu interior. Além do carro, a polícia apreendeu ainda um sofá para ser periciado.
Uma pessoa chegou algemada à DHBF no início da manhã. Durante a madrugada, um policial militar prestou depoimento na especializada. O advogado do PM, que acompanhou o depoimento, deixou o local por volta das 3h, mas o policial permanecia na unidade até a publicação desta reportagem. Os investigadores não informam se o PM foi ouvido como testemunha ou suspeito do crime.
Por volta das 10h desta sexta-feira, Françoise Amiridis chegou à delegacia, acompanhada por policiais. Cerca de meia hora depois, os agentes trouxeram uma testemunha do caso, que vestia uma touca ninja para não mostrar o rosto. A mulher de um homem identificado apenas como Eduardo, suspeito de envolvimento no desaparecimento do diplomata, também foi à especializada.
O carro alugado pelo embaixador foi encontrado incendiado e com um corpo em seu interior (Foto: Henrique Coelho/G1)O carro alugado pelo embaixador foi encontrado incendiado e com um corpo em seu interior (Foto: Henrique Coelho/G1)
O carro alugado pelo embaixador foi encontrado incendiado e com um corpo em seu interior (Foto: Henrique Coelho/G1)
O desaparecimento do embaixador da Grécia teve repercussão internacional. Nos Estados Unidos, foi notícia no "New York Times" e no "Washington Post", os principais jornais do país.
A agência de notícias inglesa "BBC" disse que um corpo foi encontrado enquanto o Brasil busca o embaixador desaparecido.
Kyriakos Amiridis mora em Brasília desde janeiro, quando assumiu o cargo de embaixador geral da Grécia no Brasil. O diplomata já foi cônsul no Rio entre 2001 e 2004.
Polícia apura se carro e corpo carbonizados encontrados são de embaixador desaparecido (Foto: Reprodução TV Globo)Polícia apura se carro e corpo carbonizados encontrados são de embaixador desaparecido (Foto: Reprodução TV Globo)
Polícia apura se carro e corpo carbonizados encontrados são de embaixador desaparecido (Foto: Reprodução TV Globo)

Os melhores livros de 2016

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Luísa tentou incluir livros de não ficção, poesia, autores nacionais e estrangeiros e graphic novels.
Tive que abrir uma exceção para Elena Ferrante.
Tive que abrir uma exceção para Elena Ferrante. (Divulgação)
Por Luísa Gadelha*

Parece-me que 2016 ficará conhecido como um ano de grandes tragédias e decepções – sobretudo no cenário político brasileiro, digno de reviravoltas e intrigas mais excitantes (e catastróficas!) que qualquer roteirista poderia imaginar para House of Cards. Na literatura, apesar das gratas surpresas, estreias e edições, não posso deixar de mencionar a lamentável perda de três gigantes: Umberto Eco, um dos maiores intelectuais do século XX, Harper Lee, que escreveu o eterno e atualíssimo clássico O sol é para todos e, no início de dezembro, o querido e controverso Ferreira Gullar.

Tentei listar aqui algumas das melhores obras de 2016. Escrever listas é sempre complicado e polêmico, sobretudo porque caímos na subjetividade, além de esquecermos de mencionar um ou outro livro. Tentei incluir livros de não ficção, poesia, autores nacionais e estrangeiros e graphic novels. Muitos lançamentos do ano não estão na lista porque já foram resenhados anteriormente no DCM, como Enclausurado, de Ian McEwan, e Dois anos, oito meses e 28 noites, de Salman Rushdie.

Tive que abrir uma exceção para Elena Ferrante. Primeiro porque, após ter falado sobre o primeiro romance da tetralogia napolitana em janeiro, a Biblioteca Azul lançou os dois volumes seguintes. Segundo porque creio que Ferrante foi a grande descoberta do ano – tanto que acabou se tornando objeto de pesquisa do meu doutorado – não só pela polêmica envolvendo a escritora quando um jornalista supostamente revelou sua verdadeira identidade em outubro, mas sobretudo por sua escrita ao mesmo tempo complexa e espontânea e por retratar de maneira tão despretensiosa, mas não isenta de reflexões, o universo feminino italiano na segunda metade do século XX.

Segue a minha seleção:

Ouça a canção do vento & Pinball, 1973 (Haruki Murakami) – Alfaguara, 264 páginas

Murakami já é um escritor consagrado há algum tempo, inclusive no Brasil. Favorito para o Nobel nos últimos anos, ainda não foi contemplado. O universo dos seus livros mistura o fantástico com referências a filmes, músicas e literatura ocidentais. Essa edição – caprichadíssima e bem colorida – traz as duas primeiras novelas do escritor, de 1978, com tradução inédita em português. Nelas, já vislumbramos as marcas do estilo de Murakami: solidão e mistério. Em Ouça a canção do vento, um rapaz relembra os amores da juventude ao embarcar em um novo relacionamento. Já em Pinball, 1973, um tradutor vê-se obcecado por uma máquina de Pinball.

A guerra não tem rosto de mulher (Svetlana Aleksiévitch) – Companhia das Letras, 390 páginas

A escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2015 e teve seus três livros traduzidos e editados para o português em 2016. Neste, a escritora reuniu depoimentos de centenas de mulheres que lutaram no Exército Vermelho soviético durante a Segunda Guerra Mundial. Os relatos são alternados com trechos do diário que Svetlana escreveu enquanto realizava as entrevistas, na década de 1980, e inclui passagens que foram cortadas pela censura na primeira edição, de 1985. Como a própria autora afirma, o livro é uma tentativa de contar a “alma da história”: a guerra vista individualmente, a partir de pequenos relatos pessoais, sob a perspectiva feminina.

Desconstruindo Una (Una) – Nemo, 208 páginas

Una é o nome da artista britânica que produziu essa narrativa gráfica tão cara para a reflexão sobre o machismo e o empoderamento feminino. Entre 1975 e 1980, o serial killer Yorkshire Ripper assassinou no mínimo 13 mulheres. Era um cidadão comum, simpático e casado, e foi interrogado pela polícia nove (!) vezes antes de ser descoberto. Una, uma garota de 12 anos, cresce nesse meio em que a violência contra a mulher é banal, questionando os valores sociais e como, infelizmente, não podíamos contar  com a justiça.

O tribunal da quinta-feira (Michel Laub) – Companhia das Letras, 184 páginas

O escritor gaúcho Michel Laub reflete sobre a privacidade em tempos de internet e o linchamento virtual a partir de um enredo envolvendo o HIV: o publicitário José Victor troca mensagens irônicas e, se descontextualizadas, um tanto quanto preconceituosas, com o seu melhor amigo Walter, homossexual e soropositivo. Após uma traição seguida de divórcio, a ex-mulher de José Victor expõe para alguns amigos as mensagens, que acabam vazando e viralizam. O “tribunal” está montado: as atitudes de José Victor são analisadas, criticadas, censuradas e escrachadas no mundo virtual, trazendo consequências para a vida profissional e afetiva do publicitário.

Meia-noite e vinte (Daniel Galera) – Companhia das Letras, 208 páginas

Aurora, Antero, Emiliano e Andrei, quatro amigos que, no final da década de 1990, produziam o fanzine virtual Orangotango, voltam a se reunir cerca de quinze anos depois, após o assassinato de Andrei em Porto Alegre. Narrado a quatro vozes, o novo romance de Daniel Galera, do premiado Barba Ensopada de Sangue (2014), fala dos anseios e da solidão da geração que viu o nascimento da internet e as inovações digitais.

Como se estivéssemos em palimpsesto de putas (Elvira Vigna) – Companhia das Letras, 216 páginas

O décimo romance da escritora carioca Elvira Vigna fala sobre prostituição, mas não apenas isso: é um breve ensaio sobre as relações humanas. João, um homem casado, relata à narradora seus encontros com garotas de programa. Juntamente com Daniel Galera e Michel Laub, Elvira Vigna é um dos grandes nomes brasileiros da atualidade.

A amiga genial, História do novo sobrenome e História de quem foge e de quem fica (Elena Ferrante) – Biblioteca Azul

Elena Ferrante era um nome controverso na literatura italiana até sua identidade ser revelada em outubro. Independente de quem seja a escritora, sua tetralogia napolitana narra com naturalidade, sem cair na pieguice, a vida de duas amigas a partir da infância, na década de 1950 em um bairro pobre de Nápoles, até a velhice, nos dias atuais. Lina e Lenu são inseparáveis e se admiram mutuamente, o que não impede que caiam nas armadilhas de toda amizade: rivalidade, traições, inveja, competições. O entorno da vizinhança em que crescem choca pela brutalidade banal. O quarto volume deverá ser traduzido e publicado em breve.

Inconfissões. Fotobiografia de Ana Cristina Cesar (Organização de Eucanaã Ferraz) – IMS, 176 páginas

“Eu era menina e já escrevia memórias, envelhecida. O tempo se fazia ao contrário”: assim como esses versos é a fotobiografia de Ana Cristina Cesar (1952-1983), ao contrário: começa pelo fim de sua vida e termina com retratos, desenhos e até mesmo o boletim escolar da escritora quando criança. Homenageada na FLIP deste ano, Ana Cristina Cesar ganhou também uma nova edição da sua Poética completa. A edição da fotobiografia foi organizada pelo também poeta Eucanaã Ferraz e é um mimo, quase um afago, feita para ser apreciada nos mínimos detalhes.

A gigantesca barba do mal (Stephen Collins) – Nemo, 240 páginas

Na Ilha Aqui, tudo funciona perfeitamente. Nada está fora de lugar, desde a limpeza das ruas à pontualidade das pessoas em suas rotinas. Todos os homens são barbeados. Dave é um homem comum, exceto por um fio de barba que insiste em brotar em sua face. Sua barba começa a crescer por completo, por mais que Dave a corte. E, junto com ela, a confusão toma conta de sua vida. Essa excelente graphic novel é mais uma fábula sobre as incertezas da vida e comportamentos que não são aceitos em nossa sociedade.

Como ser as duas coisas (Ali Smith) – Companhia das Letras, 312 páginas

Como ser as duas coisas, da escritora escocesa Ali Smith, pode ser lido de duas maneiras, como o leitor preferir: começando pela história da garota de 16 anos George, que vive nos dias atuais, ou pela do pintor renascentista Francesco del Cossa, responsável pelos afrescos de um palácio em Ferrara, no século XV. No Reino Unido, as duas “versões” foram publicadas simultaneamente. Mais uma vez, Ali Smith perpassa a fluidez dos gêneros: George tem nome de menino, mas é uma garota ainda explorando a própria sexualidade. Francesco nasceu menina, mas se fantasia de homem. As histórias se cruzam quando a mãe de George morre repentinamente e a garota relembra uma viagem que fizeram a Ferrara.

Um amor feliz (Wislawa Szymborska) – Companhia das Letras, 327 páginas

Wislawa Szymborska foi considerada o “Mozart da poesia” pelo júri do prêmio Nobel, em 1996. Segundo livro da escritora polonesa publicado no Brasil, esta coletânea contém 85 poemas, escritos de 1957 até a morte de Szymborska, em 2002. O interessante é a edição bilíngue – delicie-se com o polonês – e a temática dos poemas, que versam sobre o amor, a beleza, a pureza e a natureza mas também sobre a matemática e a astronomia.

O caso Meursault (Kamel Daoud) – Biblioteca Azul, 168 páginas

Meursault, o protagonista do clássico O Estrangeiro, de Albert Camus, é condenado por assassinar um árabe em uma praia. Sem ter sequer um nome, o “árabe” ganha personalidade nessa novela do escritor argelino Kamel Daoud. Moussa, o árabe, é rememorado por seu irmão, Haroun, mais de 50 anos após o seu assassinato. Aqui, temos reflexões pertinentes sobre a sociedade argelina.


DCM
Luísa é graduada e mestra em Letras, graduanda em Filosofia.

Dia Mundial da Paz 2017: "A não violência, uma política pela paz"

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Cidade do Vaticano (RV) – Foi publicado nesta sexta-feira (26/08), o tema da Mensagem do Papa para o 50° Dia Mundial da Paz que se celebrará no dia 1° de janeiro de 2017.
“A não-violência: estilo de uma política para a Paz”: este é o tema escolhido por Francisco para o próximo Dia Mundial da Paz, o quarto do seu Pontificado.
A violência e a paz estão na origem de dois modos opostos de construir a sociedade. A difusão dos focos de violência gera experiências sociais gravíssimas e negativas.
O Papa resume esta situação na expressão “Terceira guerra mundial em capítulos”.
Ao invés, a paz tem consequências sociais positivas e permite um verdadeiro progresso. Devemos, portanto, agir nos espaços possíveis, negociando caminhos de paz, até mesmo onde tais caminhos parecem tortuosos ou impraticáveis.
Diálogos de Paz
Deste modo, a “não violência” pode assumir um significado mais amplo e novo: não apenas aspiração, inspiração, rejeição moral à violência, às barreiras, aos impulsos destruidores, mas também método político realista, aberto à esperança.
Trata-se de um método político fundado na primazia do direito. Se o direito e a igual dignidade de cada ser humano são salvaguardados sem discriminações e distinções. Consequentemente, a “não violência”, entendida como método político, pode constituir um meio realista para superar os conflitos armados.
Direitos e deveres
Nesta perspectiva, é importante reconhecer, sempre mais, não o direito da força, mas a força do direito.
Com esta Mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Santo Padre deseja indicar um passo ulterior, um caminho de esperança apropriado às circunstâncias históricas presentes: chegar à solução das controvérsias por meio de negociações, evitando que elas se degenerem em conflito armado.
Sensibilidade
Atrás desta perspectiva, há também o respeito pela cultura e a identidade dos povos, portanto, a superação da ideia segundo a qual uma parte é moralmente superior à outra.
Mas, ao mesmo tempo, isto não significa que uma nação possa ser indiferente diante das tragédias de outras. Pelo contrário, significa reconhecer a primazia da diplomacia diante dos estrondos das armas.
O tráfico mundial das armas é tão vasto a ponto de ser subestimado. O tráfico ilegal das armas sustenta muitos conflitos no mundo. A “não violência”, como estilo político, pode e deve fazer muito mais para superar este flagelo.
Tradição
O Dia Mundial da Paz teve início por desejo do Beato Paulo VI e é celebrado todos os anos no dia 1° de janeiro. A Mensagem do Papa é enviada a todas as Chancelarias do mundo e assinala as diretrizes diplomáticas da Santa Sé.
(MT)

Animais Fantásticos e Onde Habitam (D)

Título original: Fantastic Beasts and Where to Find Them
O excêntrico magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) chega à cidade de Nova York com sua maleta, um objeto mágico onde ele carrega uma coleção de fantásticos animais do mundo da magia que coletou durante as suas viagens. Em meio a comunidade bruxa norte-america que teme muito mais a exposição aos trouxas do que os ingleses, Newt precisará usar suas habilidades e conhecimentos para capturar uma variedade de criaturas que acabam saindo da sua maleta.
País: Eua, Reino unido
Ano: 2016
Gênero: Fantasia
Classificação: L
Direção: David Yates
Elenco: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler
Duração: 2h13 min.

Pequenas esperanças

domtotal.com
No fundo, a gente sempre esconde pequenas esperanças de que o ano novo traga alguma coisa especial
Acendo um incenso perfumado e mentalizo dias melhores para a Humanidade.
Acendo um incenso perfumado e mentalizo dias melhores para a Humanidade. (Reprodução)
Por Fernando Fabbrini*

Para mim, nessa fase da vida, a passagem de ano não é um evento digno de pompa e champanhe, como nos tempos da juventude. Geralmente atravesso o portal do calendário gregoriano dormindo em paz, numa boa. No máximo acendo um incenso perfumado e mentalizo dias melhores para a Humanidade. Em solidariedade ao amigo vira lata Bruno, aguardo que termine o insuportável foguetório para recolher-me e, desse jeito, só percebo que encararei mais 365 dias quando olho a folhinha, de manhã.

Entretanto, no fundo, a gente sempre esconde pequenas esperanças de que o ano novo traga alguma coisa especial, sei lá; um alento, boas notícias – sobretudo após este atribulado e inesquecível 2016. Eu me contentaria com pouco; nada além de pequenos desejos que, se realizados, já estariam de bom tamanho.

Por exemplo: que no ano novo todos aqueles que batem em mulheres, molestam crianças, maltratam animais, dirigem bêbados causando acidentes sejam exemplarmente punidos e mofem na penitenciária. E que, nesses casos, jamais ouçamos o repórter dizer: “os acusados pagaram fiança e responderão ao processo em liberdade”. Chega.

Espero também que no ano novo os políticos safados, os viciados em privilégios ilícitos, os profissionais da corrupção continuem fazendo fila para as celas, acompanhados ou não de japoneses, enquanto houver espaço, sem mais delongas. Se necessário, que se construam mais prisões. De preferência nos confins da Amazônia, cercadas de piranhas e antropófagos, caso ainda existam.

Para os jovens Nem-Nem – a famosa categoria que não estuda nem trabalha – desejo que virem gente grande, adultos responsáveis; que tomem vergonha na cara e aprendam a ralar, pagando seu próprio custeio de vida com recursos provenientes de trabalho honesto. Deem folga para seus pais, tios e avôs, que já penaram muito para os sustentar.

Seria ótimo também se em 2017 os motoristas fossem mais cordiais; que não avançassem as faixas de pedestres; que freassem seus carros e fizessem um gesto cordial de “pode passar, senhora!” para a velhinha insegura, paralisada no meio-fio. E que não buzinassem tanto por besteira, que não brigassem e se matassem por motivos fúteis na loucura do trânsito.

Outro desejo sincero é que os humanos desistam de buscarem felicidade em coisas – joias, relógios, bebidas, drogas, sapatos de grife, mansões com piscinas, roupas de luxo, automóveis imensos e – principalmente – eletrônicos digitais. Que a vida seja vivida no off-line, que é onde ela acontece de verdade – e não apenas no virtual ilusório. E que a tal felicidade não seja medida pelos gigas & megas de um celular, rodando os braços na propaganda ridícula – mas que, ao contrário, venha materializada pelo carinho verdadeiro que eletriza o chip, alcança a nuvem e desce, glorioso, até o coração da pessoa amada.

Que a arte seja livre – e jamais atrelada a ideologias, a mentalidades tirânicas, a cabeças limitadas, a grupos de ódio. Que a educação, o conhecimento e a cultura brotem do pântano imundo, renovados como a flor de lótus Zen. Que as escolas não sejam depredadas e furtadas um mês após sua inauguração. Que haja respeito e reverência por quem ensina e pelo que se aprende.

Que as crianças e jovens sejam mais corajosos. Não me refiro à coragem de dar porrada, de vibrar com o sangue na lona do MMA, de crescer bíceps na academia para amedrontar transeuntes; de heróis fictícios do cinema. Quero a coragem associada ao bem; à generosidade e à compaixão; à vontade de fazer um mundo melhor, lutando (olha a coragem aí) sem medo, contra os dragões da maldade.

Que haja menos mentiras e mais abraços. Menos joguinhos de poder e mais beijos apaixonados. Muito menos exibicionismo e ostentação. Mais sinceridade. Mais respeito ao diferente, ao exótico, às ovelhas negras, azuis, verdes, amarelas, roxas, xadrezes. Que haja mais simplicidade – ah! Como isso faz falta! Que se reparta tudo e não se acumule nada. Que Haagen-Dazs seja acessível a todos aqui no chão e não somente aos passageiros ilustres dos aviões oficiais, pagos por nós.  

E, finalmente, que o idealismo prevaleça, que não sucumba diante de tanta adversidade, de tanto desânimo e tentações que podem transformar-nos em idiotas comuns, normais e desprezíveis. Que venha assim 2017, o ano lunar do Galo, sob as duras regras do inflexível Saturno, mas também com espaço para o generoso Júpiter. Vou acender dois incensos - só por precaução.

* Fernando Fabbrini é roteirista, cronista e escritor, com quatro livros publicados. Participa de coletâneas literárias no Brasil e na Itália e publica suas crônicas também às quintas-feiras no jornal O TEMPO.

O mistério da manjedoura

Padre Geovane Saraiva*
O clima alegre e esperançoso do Natal do Senhor favorece-nos a um bom mergulho no projeto de Deus. Para que essa esperança não seja passageira, somos convidados a contemplar o contexto misterioso da manjedoura, numa atitude de oração, louvor, agradecimento e súplica. Na missa da noite de Natal de 2016, na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco falou de uma noite de glória, alegria e luz, e recordou as crianças que “jazem nas miseráveis manjedouras de dignidade”. Disse que no Menino Deus “faz-se concreto o amor de Deus por nós”. Na simplicidade e fragilidade de um recém-nascido está Deus, e não na “sala nobre de um palácio”[1].

A contemplação do mistério do amor de Deus, visivelmente expresso na manjedoura, com toda sua forte simbologia, é claro que indica mudança interior. A reflexão do Santo Padre leva em conta as angústias e as dores, nas quais o mundo está envolvido, asseverando: “É um Menino que nos interpela e que nos chama a deixar as ilusões do efêmero para ir ao essencial, a renunciar às nossas insaciáveis pretensões”[2]. Francisco falou das manjedouras de dignidade, referindo-se às crianças refugiadas, migrantes, as que não nascem, as que não são saciadas e as que não têm brinquedos, mas armas.

O Sumo Pontífice alimenta no íntimo do coração o sonho de Deus-Pai: o do esforço por um mundo solidário, capaz de eliminar a indiferença, vendo-a como um dos males de nossos dias. Deixou claro o paradoxo do Natal como mistério de esperança e tristeza, falando do sabor da tristeza quando José e Maria encontram portas fechadas na hospedaria e tiveram que colocar Jesus numa manjedoura. O Natal tem sabor da esperança no mistério: “Deus, nosso enamorado, atrai-nos com a sua ternura, nascendo pobre e frágil no meio de nós”[3].

A palavra do Bispo de Roma é um forte grito e consequente clamor, querendo acordar a humanidade: “Jesus nasce rejeitado por alguns e na indiferença da maioria. E a mesma indiferença pode reinar também hoje, quando o Natal se torna uma festa onde os protagonistas somos nós, em vez de ser Ele; quando as luzes do comércio põem na sombra a luz de Deus; quando nos afanamos com as prendas e ficamos insensíveis a quem está marginalizado”[4].

Não nos cansemos de agradecer ao bom Deus, na busca permanente de dignidade de filhos, pelo coração terno, afável e generoso do Santo Padre, ele que encarnou, infatigavelmente, o projeto de Deus: o dos seres humanos renovados, livres e resgatados, cheios de esperança, numa incessante e indissolúvel conjugação de esforços, esperança essa que tem sua origem no mistério da manjedoura: da terra se confundir com o céu e o céu se confundir com a terra. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com




[1]  Homilia do Papa Francisco, Missa do Galo, Natal de 2016.
[2]  Ibid.
[3]  Ibid.
[4]  Ibid.



Auto-DR: Discutindo a relação consigo mesmo

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Não basta estabelecer metas se você não coloca os meios necessários para alcançar o fim almejado.
A vida nova começa dentro.
A vida nova começa dentro.
Por Gilmar Pereira*

Vamos conversar seriamente. Do jeito que está não dá. Não é que esteja tudo ruim, mas precisamos acertar alguns pontos para melhorar a relação. Quer dizer, a relação não, as relações.

Em primeiro lugar vamos considerar a relação com o corpo. Você fez dieta... Ou melhor, reeducação alimentar, como gosta de dizer. Também se inscreveu na academia e conseguiu melhorar o condicionamento físico e a autoestima. Só que você desandou por uma série de desorganizações e voltou a comer desregradamente e até parou de se exercitar. Eu sei que o tempo é curto. Contudo, considere o quanto você perde com coisas inúteis como as que se encontram na internet, por exemplo.

Este, inclusive, é outro ponto: a desorganização. Saiba que ela não costuma vir de fora, mas de dentro. A rotina muda, imprevistos acontecem, o planejado nunca sai igual ao esperado, etc. Porém, um mínimo de disciplina é necessário para se levar qualquer projeto a cabo. Sabe aqueles livros que você comprou e não leu? Pois é, o conteúdo não vai ser transferido automaticamente para sua cabeça porque cérebro ainda não tem entrada USB. Ou você estabelece um tempo diário de leitura ou eles ficarão parados na estante.

O que eu quero dizer com isso? Que não basta estabelecer metas se você não coloca os meios necessários para alcançar o fim almejado. Quer mudar o corpo? Estabeleça os horários que vai à academia e se determine a cumprir o estabelecido. Vá num nutricionista e reveja o seu cardápio. Aliás, evite comer na rua. Assim você come melhor e ainda economiza dinheiro para aquela viajem que quer fazer. Se essa é outra meta, separe a quantia que precisa economizar a cada mês e lide com o dinheiro como se não tivesse o reservado como disponível.  Para isso, talvez, terá que sair menos ou descobrir modos de se diversão mais econômicos. Além do que, não é necessário sair sempre. Ou você se esqueceu que anda fatigado e precisa aprender a descansar? Se não conseguir ficar sem fazer nada por um tempo o problema é outro, é que não está lidando bem com o tédio.

E aqui chegamos ao ponto central. A necessidade de ter sempre que fazer algo pode estar mascarando o problema de convivência consigo mesmo. Esse tipo de inquietação é mais existencial, tem a ver com o desejo humano por algo mais e inconformidade com o estado da própria vida. Daí o que você precisa trabalhar primeiro são seus afetos.  Se eles não forem direcionados para onde devem, a vida inteira fica bagunçada. Já que a ansiedade não vai embora sozinha, use-a para correr, dando norte ao afeto e conquistando o objetivo da saúde melhor. Mas note que a ansiedade pode ter algo de necessidade por controlar tudo. Talvez você precise aprender a lidar com a frustração, com o erro, com a possibilidade das coisas não serem como quer que sejam. O desejo de perfeição, pode lhe tornar ansioso e, com isso, acabar bagunçando a própria vida. Daí vem a frustração e uma série de mascaramentos ou mecanismos de fuga para fingir estar tudo bem ou gerar algum simulacro de bem estar, o que causa mais descontentamento e desordem.

Por isso, pare. Pare e descanse. Reserve um tempo para visitar seus afetos, ver de onde vêm e para onde lhe levam. Escolha o que fazer e não seja um mero reagente dos próprios sentimentos e emoções. Coloque os meios e seja perseverante naquilo a que se determinar. Você vai notar que o externo é fruto de uma decisão interior. Não vou lhe perguntar o que deseja para 2017 e sim quem você quer ser nesse ano que se aproxima. A vida nova começa dentro.

Oficina de férias

Para mudar há de ser ter a coragem de experimentar o novo. Sair do lugar comum pode fazer muito bem ao coração, à mente, à alma. Um oportunidade de novas experiências está no SESC Tupinambás. A unidade oferece, de 9 de janeiro a 7 de fevereiro, oficinas gratuitas de dança, artes visuais e música, que serão ministradas de segunda a sexta-feira, em turnos diferentes. Haverá oficinas de artesanato com reciclados, criações em charge, stop motion , tango, bolero, forró, samba de gafieira e samba, frevo, maracatu, violão popular, teoria musical, canto coral e brincadeiras musicais. As inscrições devem ser feitas até o dia 5 de janeiro, na Central de Atendimento da unidade, 7h às 17h30, e é necessário levar o documento de identidade, CPF, comprovante de residência (dos últimos dois meses) e carteira do SESC para quem é associado. O Sesc Tupinambás fica na rua Tupinambás, 908, Centro – Belo Horizonte. Informações: (31) 3279-1586.

*Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, graduado em Filosofia pelo CES-JF, graduando em Teologia pela FAJE. Apaixonado por arte, cultura, filosofia, religião, psicologia, comunicação, ciências sociais... enfim, um "cara de humanas". Escreve às sextas-feiras.

Qual a paz que queremos?

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A paz trazida por Jesus é profética e cheia de esperança. Uma paz que se constrói com o esforço de todos e não por decreto de alguns.
O fruto da justiça será a paz.
O fruto da justiça será a paz. (Divulgação)
Por Rodrigo Ferreira da Costa, SDN*

Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus! (Mt 5,9).  Deus é o Deus da paz e o seu sonho é ver os seus filhos vivendo como irmãos irmãs, em paz. Mas qual a paz que queremos? A paz fruto do silêncio dos pobres e injustiçados? A paz promovida pela violência e pela força dos que tentam reprimir o “barulho” das minorias? A paz que procede da indiferença dos muros, grades e cercas elétricas, etc.? A paz do “cemitério”, que se impõe pelo poder das armas ou a paz inquieta, fruto da justiça, do respeito e da solidariedade mútua?

O dicionário de língua portuguesa define a paz como sinônimo de tranquilidade, repouso, silêncio, ausência de guerra. Esta definição de paz está presente no coração e na mente de muitas pessoas e é vendida por um preço bastante alto pelos meios de comunição, além de servir de propaganda ideológica para muitos políticos.

 Bem diferente dessa compreensão tão estreita da paz, as Sagradas Escrituras nos apresentam outro significado de paz, que amplia e aponta para outra direção, este sonho tão antigo e tão novo da humanidade que é viver em harmonia uns com os outros, em paz. Como escreve o profeta Isaías “o fruto da justiça será a paz. De fato, o trabalho da justiça resultará em tranquilidade e segurança permanentes” (Is 32, 17). São Tiago também comunga do mesmo pensamento ao afirmar: “um irmão ou irmã não têm o que vestir e lhes falta o pão de cada dia. Então alguém de vocês diz para eles: ‘vão em paz, se aqueçam e comem bastante’; no entanto, não lhe dá o necessário para o corpo. Que adianta isso?” (Tg 2, 15-16). Porém, este princípio revolucionário da paz é pouco assumido até mesmo entre nós cristãos. Parece que desconhecemos o que nos traz a paz (cf. Lc 19, 41-42).

Diariamente, chegam de todos os cantos do país notícias acerca do crescimento da violência. Nossas cidades estão cada vez mais inseguras, e a convivência entre as pessoas vai se tornando cada vez mais delicadas. Diante de tanta violência e insegurança tem-se criado a cultura do medo e do isolamento: muros, grades, cercas elétricas, segurança privada, confiança nas armas, etc. O outro é visto quase sempre como um inimigo em potência do qual eu tenho que me proteger.

Neste contexto de “guerra mundial em pedaços”, a paz deixou de ser buscada como um valor positivo, fruto da fraternidade, do respeito do outro e da mediação pacífica dos conflitos. Busca-se uma paz negativa, orientada pelo uso da força das armas, da intolerância com os “diferentes”, da punição..., ao ponto de colocar na pena de morte, na redução da maioridade penal e no aumento de cadeias a solução para a paz.  Porém, não é aumentando a violência que se constrói a paz, pois do cano de uma arma jamais pode nascer a paz!

“Não há caminho para a paz, a paz é o caminho” dizia Gandhi. A paz se faz quando aprendemos a respeitar as diferenças, quando dialogamos com aqueles que têm ideias diferentes, quando reagimos diante das injustiças e trabalhamos juntos por uma sociedade mais justa e igualitária. Pois, “uma paz que não surja como fruto do desenvolvimento integral de todos não terá futuro e será sempre semente de novos conflitos e variadas formas de violência” (Papa Francisco. EG. n. 219). 

Compreender a paz como “mera ausência de violência obtida pela imposição de uma parte sobre as outras. Também seria uma paz falsa aquela que servisse como desculpa para justificar uma organização social que silencie ou tranquilize os mais pobres, de modo que aqueles que gozam dos maiores benefícios possam manter o seu estilo de vida sem sobressaltos, enquanto os outros sobrevivem como podem” (Papa Francisco. EG, n. 218).  Como canta Zé Vicente, “Quando o dia da paz renascer; Quando o Sol da esperança brilhar; Eu vou cantar. Quando o povo nas ruas sorrir; E a roseira de novo florir; Eu vou cantar. Quando as cercas caírem no chão; e as mesas se encherem de pão; Eu vou cantar. Quando os muros que cercam os jardins, destruído então os jasmins vão perfumar.”

Talvez seja pensando nessa paz revolucionária que Jesus tenha afirmado que a sua paz é diferente da paz que o mundo oferece. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14, 27). A paz trazida por Jesus é profética e cheia de esperança. Uma paz que se constrói com o esforço de todos e não por decreto de alguns. Uma paz que não procura eliminar os inimigos, mas, ao contrário, reza por eles, perdoa sempre e toma a iniciativa de fazer o bem aos que nos odeiam (cf. Lc 6, 27). Porque “a não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos” (Mahatma Gandhi).

Não queremos a paz “maquiada” que esconde o sofrimento e a dor dos pobres e injustiçados. Não queremos a paz “elitizada” imposta pela força opressora de quem detém o poder. Não queremos a paz que a guerra traz. Bem ao contrário, queremos a paz que nasce da justiça. Queremos a paz para todos. Queremos a paz inquieta dos profetas. Queremos a paz e, não apenas a ausência de guerra!

Que o dia da paz verdadeira possa renascer entre nós, fazendo cair no chão o muro que nos impede de irmos ao outro para servi-lo e a cerca do medo que nos fecha em nosso isolamento doentio, a fim de que as mesas se encham do pão da dignidade e que cada um de nós seja construtor da paz. Porque é tão comum entre nós “ser agentes de guerras ou pelo menos agentes de mal-entendidos! Quando eu ouço algo de alguém e conto a outra pessoa, também faço uma segunda edição um pouco mais longa e a refiro… O mundo das intrigas. Essas pessoas que comentam, não fazem paz, são inimigas da paz. Não são bem-aventuradas.” (Papa Francisco).

Maria, a Rainha da Paz, interceda por nós, a fim de que sejamos sempre profetas da paz!

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*Rodrigo Ferreira da Costa é padre na congregação dos Sacramentinos de Nossa Senhora, possui graduação em Filosofia pela PUC-Minas e em Teologia pela FAJE.