quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Papa Francisco recorda que só Jesus pode curar e dar dignidade às pessoas

Por Alvaro de Juana
Papa saúda uma criança deficiente. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Vaticano, 31 Ago. 16 / 11:00 am (ACI).- O Papa Francisco afirmou hoje, em uma nova Audiência Geral na Praça de São Pedro, que de Jesus vem a salvação para todos os homens e pode curar as pessoas e dotá-las de dignidade pois “é a única fonte de bênção”.

“Jesus, mais uma vez, com o seu comportamento cheio de misericórdia, indica para Igreja o percurso a seguir para ir ao encontro de cada pessoa, para que todos possam ser curados no corpo e no espírito e recuperar a dignidade de filhos de Deus”.

O Santo Padre recuperou a catequese que não pronunciou na semana passada por decisão própria, devido ao terremoto que aconteceu no centro da Itália. Na ocasião, o Pontífice decidiu rezar o terço junto aos fiéis pelas vítimas do sismo.

A catequese de Francisco foi dedicada à passagem evangélica da mulher tida como impura por causa das hemorragias e que consegue tocar o manto de Jesus que passa no meio da multidão.

“Quanta fé, quanta fé tinha esta mulher!”, começou dizendo o Papa. “Animada por tanta fé e esperança, e com um pouquinho de esperteza, realiza o que tinha em seu coração”.

“O desejo de ser salva por Jesus é tamanho, que ela vai além das regras estabelecidas pela lei de Moisés. Essa pobre mulher pobre, na verdade, há muitos anos não era simplesmente doente, mas era considerada impura porque sofria hemorragias”, explicou.

Portanto, “estava excluída da liturgia, da vida conjugal, dos relacionamentos normais com o próximo” e “tinha consultado muitos médicos, usando todos os seus meios para pagá-los e suportando terapias e cuidados muito dolorosos, mas só piorava”.

Francisco ressaltou que “era uma mulher descartada pela sociedade”. “É importante considerar essa condição de ‘descartada’ para entender o seu estado de espírito: ela sente que Jesus pode libertá-la da doença e do estado de marginalização e indignidade em que se encontra há anos”.

Deste modo, o Santo Padre sublinhou uma vez mais a importância da mulher. “Todos devemos prestar atenção, também as comunidades cristãs, para óticas da feminilidade cheias de preconceitos e suspeitas que lesam a intangível dignidade da mulher”.

“Jesus admirou a fé desta mulher que todos evitavam e transformou sua esperança em salvação. Não sabemos o seu nome, mas as poucas linhas com as quais o Evangelho descreve o seu encontro com Jesus delineiam um itinerário de fé capaz de reestabelecer a verdade e a grandiosidade da dignidade de todas as pessoas”.

Assim, “no encontro com Cristo se abre para todos, homens e mulheres de todos os lugares e tempos, o caminho da libertação e da salvação”, destacou.

No momento em que toca o manto de Jesus, ele “a vê e o seu olhar não é de reprovação, mas sim de misericórdia e de ternura”. “Ele sabe o que aconteceu e busca o encontro pessoal com ela, aquilo que no fundo a própria mulher desejava”.

Francisco explicou que isso “significa que Jesus não somente a acolhe, mas a considera digna de tal encontro ao ponto de lhe dirigir a sua palavra e sua atenção”.

O Pontífice sublinhou que “na parte central desse relato, termo salvação é repetido três vezes” e lhe dá ânimo. “Este ‘coragem, filha’ é a expressão de toda a misericórdia de Deus por aquela mulher e por todas as pessoas descartadas”.

A salvação assume, então, “múltiplas conotações”: “Em primeiro lugar, restitui a saúde à mulher; depois a liberta das discriminações sociais e religiosas; realiza a esperança que ela tinha no coração, anulando seus medos e seus desconfortos; e, enfim, a restitui à comunidade, libertando-a da necessidade de seguir escondida”.

O Papa afirmou que “o que Jesus dá é uma salvação total, que reintegra a vida da mulher na esfera do amor de Deus e, ao mesmo tempo, a reestabelece em sua plena dignidade”.

Em resumo, “não é a túnica que a mulher tocou o que lhe dá a salvação, mas a palavra de Jesus, acolhida na fé, que é capaz de consolá-la, curá-la e restabelecê-la na no relacionamento com Deus e com seu povo”.

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