domingo, 31 de janeiro de 2016

A nova CEI: menos “autorreferencialidade”, mais “testemunho”

No comunicado final da Assembleia do Conselho Permanente, os bispos italianos reiteram a necessidade de novas políticas pela família e apoiam a reforma do processo de nulidade matrimonial querido pelo Papa
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29 JANEIRO 2016 LUCA MARCOLIVI OIGREJA E RELIGIÃO
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Defesa da família natural, novas políticas familiares, crise econômica e desemprego, cristãos perseguidos e migrantes, motu proprio sobre a nulidade matrimonial. São alguns dos principais temas abordados pela assembleia invernal do Conselho Episcopal Permanente da CEI, que hoje produziu o seu comunicado final.

Os bispos fizeram também um balanço do Congresso eclesial nacional de Florença e mostram uma vontade de enfrentar a secularização, tirando linfa vital da exortação apostólica Evangelii Gaudium..

Sobre a primeira questão levantada, o episcopado italiano sublinha “as dificuldades e provações da família” e, ao mesmo tempo, “a sua beleza, singularidade e centralidade”. A tentativa de igualar o matrimônio e a união civil, que introduziria “uma alternativa à família” foi abordada pelos bispos “dentro da mais ampla preocupação pela mudança cultural que atravessa o Ocidente”.

Ao lado da questão antropológica está o dilema econômico: diante do flagelo do desemprego, “não bastam os chamados à solidariedade, mas é necessário um novo empreendedorismo e um welfare de comunidade”. Continua a preocupação da Igreja Italiana por um inverno demográfico” e a falta de “políticas familiares eficazes”.

Por conseguinte, a CEI sugere um “investimento não assistencial, mas estratégico no Meridião” para a recuperação econômica e a luta “pela legalidade”, e também a “valorização do Mediterrâneo, tanto para fins de desenvolvimento como de “diálogo com as Igrejas do Norte da África, em vista de uma cultura não da emergência, mas da acolhida”.

O Congresso Eclesial Nacional de Florença, realizado do 9 ao 13 de novembro de 2015 – continua o comunicado final – deu a inspiração para o Conselho Permanente da Cei para acolher um “novo humanismo” e renovar um “anúncio de fé que não fique só no plano das fórmulas, mas chegue a iluminar as perguntas de sentido que atravessam a existência humana”.

Em particular, o Conselho Permanente sublinhou “a centralidade dos pobres, portanto, o compromisso por uma família que seja mais sujeito político, atenta a construir alianças com a escola e a comunidade”.

Observando a “mudança cultural e ética que acontece no País”, os bispos italianos, “sem ceder a lamentações ou queixas” se interrogaram sobre uma “religiosidade generalizada” que persiste, mas que muitas vezes “não se expressa em sentido eclesial e não leva a uma real vida cristã”.

Com os tempos atuais, em que “a própria visão do homem e a prática ética não têm mais uma forma comum e compartilhada”, o episcopado acredita que não pode se contentar com uma “pastoral de conservação” e deseja, em vez disso, “novas formas de presença testemunhal e de ação”, rejeitando qualquer forma de “autorreferencialidade”.

Uma passagem do documento é dedicada à reforma do processo matrimonial canônico, sancionada pelo Papa no Motu proprio Mitis Iudex Dominus Iesus e acolhida com “firme convicção” pelos bispos para a “justa simplicidade e celeridade dos processos”, para a “acessibilidade e proximidade física e moral das estruturas eclesiásticas”, pela “gratuidade” – tanto quanto possível – dos procedimentos para as partes e pela “centralidade do papel do Bispo”.

O Conselho Permanente reconheceu, portanto, “a oportunidade de que na atuação de tal reforma sejam procuradas a nível de Região eclesiástica soluções compartilhadas em mérito ao emprego, na eventual recolocação e na justa retribuição das pessoas envolvidas nos tribunais eclesiásticos”.

A Conferência Episcopal Italiana também garantiu o compromisso de avaliar “a entidade e as condições da própria contribuição econômica”, para que seja atuado “o princípio da justiça e da gratuidade dos procedimentos”. Virá, portanto, modificada – na sede da Assembleia Geral – a normativa Cei sobre o regime administrativo e econômico dos tribunais.

Em conclusão, os bispos mencionaram o XXVI Congresso Eucarístico Nacional, programado para Gênova do 15 ao 18 de setembro de 2016 com o tema A Eucaristia fonte da missão: “Na tua misericórdia viestes ao encontro de todos”.

Em preparação para esse evento, o Concílio Permanente identificou “alguns aspectos da relação entre Eucaristia e transformação missionária das comunidades cristãs” e dos “âmbitos da vida social em que a Eucaristia exige um renovado testemunho”. Zenit

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