terça-feira, 31 de março de 2015

ENCENAÇÃO INFANTIL DA PAIXÃO DE CRISTO NO BAIRRO ELLERY


paxiaocrianças400Reviver o sofrimento de Jesus Cristo – representado pela Via Sacra – sem perder de vista o contexto atual.
Cerca de 70 crianças, entre 6 e 15 anos, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, bairro Ellery, passarão na próxima sexta-feira (da paixão), dia 03 de Abril ás 7h pelas principais ruas da paróquia encenando a Paixão de Cristo. Aproximadamente 30 participantes se dividem nas tarefas de produção e apoio ao espetáculo de rua. Completando 20 anos de tradição. Este ano a expectativa dos atores e dos moradores é bem maior. Durante 3 meses foram realizadas oficinas de técnicas teatrais, como interpretação, expressão corporal, impostação e técnica vocal para os atores mirins, cujo grande parte são oriundos de escolas públicas do bairro e adjacências. Desta vez, a Paixão de Cristo também envolve a Campanha da Fraternidade que tem como tema “Igreja e Sociedade”. O grupo irá chamar atenção para a morosidade da justiça diante do extermínio da juventude que se espalha por todo o País. Realizarão também um alerta com relação  a exploração sexual de crianças e adolescentes, e o comercio de drogas, de pessoas, e a sensação de impunidade na sociedade.
Serviço
Apresentação da Encenação da Paixão de Cristo.
Dia: 03 de Abril de 2015 (sexta-feira da Paixão)
Horário: 07h.
Local: Saída na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes  (percorrendo as principais ruas do Bairro Ellery).
Endereço da Igreja: Rua. Dr. Atualpa, 430 – Ellery
Contatos: 8755.4463/8670.9922/3281.5793
Por Paróquia Nossa Senhora de Lourdes.


Dilma Rousseff agradece livro: "Voz dos que não têm voz"

Fortaleza, 24/03/2015

A espiritualidade presbiteral segundo o Papa Francisco: pastor e não funcionário

Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) - O prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Beniamino Stella, fez dias atrás em Florença – região italiana da Toscana – uma conferência sobre a espiritualidade presbiteral segundo o Papa Francisco. Propomos, a seguir, alguns trechos da conferência, publicados no jornal vaticano “L’Osservatore Romano”.
Partindo da resposta do Santo Padre à pergunta “Quem é o presbítero?”, o purpurado, de fato, evidenciou a espiritualidade presbiteral segundo o Pontífice. O Papa Francisco responde dizendo que o presbítero, em primeiro lugar, é e permanece sendo um discípulo do Senhor.
Trata-se de uma afirmação simples somente aparentemente, que traz consigo consequências importantes para a vida dos presbíteros e para o seu ministério. Efetivamente, um presbítero que se sente discípulo não deixará de ter zelo para com sua relação pessoal com o único Mestre, não sentirá “ter chegado” ao ápice, tendo ao máximo a tarefa de “manter” o nível espiritual alcançado.
A espiritualidade presbiteral comporta também um traço característico, muito presente nas reflexões e nas exortações do Papa Francisco: o ser pastor, a imagem que mais caracteriza os presbíteros, inclusive na compreensão das pessoas.
O presbítero-pastor é chamado, em primeiro lugar, a ser guia para o seu povo, a assumir a responsabilidade de conduzir ao Senhor aqueles que, mediante a Igreja, o próprio Senhor lhe confiou; ele assume o caminho de seus fiéis, não com a lógica fria do “administrador” que cuida dos interesses de sua “empresa”, mas com a solicitude do pai que reconduz seus filhos para casa.
Portanto, não se trata de um “poder”, a ser exercido com autoridade, ou mesmo com dureza, mas da custódia amorosa daquele tesouro de Deus, que é cada homem.
O presbítero pastor é capaz de comover-se, de participar interiormente da vida de seus fiéis, não limitando-se a colocar-se como “benfeitor”, que realiza uma obra boa de modo ascético, impessoal.
Quando um sacerdote se identifica com aquilo que o seu próximo vive naquele momento, torna-se para ele possível servi-lo no modo mais eficaz, anunciando-lhe o rosto de Cristo necessário numa relação verdadeiramente humana.
Para o Cardeal Stella, a terceira dimensão caracterizadora da espiritualidade presbiteral segundo o Papa Francisco é a “profética”.
Até aqui procurei sintetizar a visão da espiritualidade presbiteral segundo o Papa Francisco, colhendo alguns dos numerosos elementos indicativos que o Santo Padre propõe continuamente, com sua pregação, seus discursos e, sobretudo, com seu exemplo pessoal, que para quem quiser compreender a sua visão do ministério ordenado é o “texto” principal a ser consultado, observou o purpurado.
Tal espiritualidade presbiteral é uma proposta “positiva”, construtiva, que busca livrar os presbíteros do risco da corrupção e do aburguesamento, a fim de que o povo de Deus tenha sempre pastores segundo o coração de Jesus.
De fato, o Santo Padre continua mostrando que os sacerdotes são um dom que Deus faz a sua Igreja e à sociedade no meio da qual atuam como pastores. Daí surgem algumas exigências, necessárias para fazer de modo que este dom não seja desperdiçado, mas, cuidado com alegre perseverança, possa dar plenamente seus frutos.
Em síntese, então, é necessário que todo sacerdote continue se sentido discípulo em caminho por toda a vida, por vezes necessitado de redescobrir e reforçar sua relação com o Senhor, e também, de deixar-se “curar”.
Não por acaso o Papa Francisco em seu discurso à plenária da Congregação para o Clero (3 de outubro de 2014) recordou que na estrada de discípulos “por vezes caminhamos velozmente, outras vezes nosso passo é incerto, paramos e podemos inclusive cair, mas permanecendo sempre em caminho”.
Na relação com o Senhor, o discípulo, chamado a ser pastor e enviado a evangelizar com espírito profético, é resguardado do tornar-se um “funcionário” do sagrado, um “profissional” da pastoral, talvez preparado na gestão de eventos e iniciativas, mas espiritualmente empobrecido, distante do povo e não mais capaz de contagiar com a alegria do Evangelho.
Obediente a Deus através da Igreja, exigente em primeiro lugar consigo mesmo, para custodiar a vocação e o ministério, instrumento da tenra proximidade de Deus aos homens, consciente de ser sempre, ao mesmo tempo, pastor e discípulo. (RL)
(from Vatican Radio)

Cinesesc reabre nesta quarta

A reabertura será para convidados - e o filme escolhido é A Luneta do Tempo, de Alceu Valença.

A Luneta do Tempo, de Alceu Valença.
Um batalhão de operários ainda trabalhava nessa segunda-feira, 30, nos últimos retoques da reforma do Cinesesc. Tudo tem de estar nos trinques para quarta-feira, 1º de abril, quando a sala da Rua Augusta volta a funcionar, sediando o Festival Melhores do Ano. A reabertura será para convidados - e o filme escolhido é A Luneta do Tempo, de Alceu Valença, em presença do cantor e compositor convertido em diretor. É um musical rico em colorido e musicalidade, contando a história de Lampião e Maria Bonita. A partir de quinta, 2, o público em geral poderá conferir as novidades, e elas são muitas. Na fachada nem tanto. Nem no lobby que reabre com uma exposição de Marcelo Cipis, retratando a visão do artista de grandes filmes nacionais e estrangeiros. Vá logo para os painéis referentes a Praia do Futuro, de Karim Aïnouz, e Boyhood, de Richard Linklater. O fato de esses dois estarem sendo destacados não significa que os outros dez não estejam no mesmo nível.
A grande mudança está lá dentro. Nos últimos anos, o cinéfilo acostumou-se ao formato interno do Cinesesc. A plateia dividida em dois blocos de assentos. Agora, são três. Os 328 lugares foram diminuídos para 254. Não apenas as poltronas foram mudadas e estão mais confortáveis - as antigas também eram boas, mas saíram de mercado -, como aumentou o espaço entre as fileiras. Os muito altos e os obesos terão mais conforto na hora de esticar as pernas. Os espectadores de terceira idade e os deficientes vão agradecer ainda mais. Com programas voltados para o público idoso, há tempos o Cinesesc vinha se preocupando com a questão da segurança. A sala está cheia de corrimãos para garantir a acessibilidade.
Para o mezanino, onde costumam ocorrer debates, há agora um sistema que atende a cadeirantes. E durante todas as sessões do Festival dos Melhores, deficientes auditivos e visuais serão contemplados com sistemas para lhes garantir a inclusão. O bar continua operante e será possível continuar assistindo às sessões lá de dentro. A novidade é que o vidro que isolava o bar da plateia era formado pela junção de várias placas e, a partir desta terça, 31, será um bloco único - que ainda não havia sido instalado nessa segunda, 30. A tela também vai mudar, mas como foi encomendada no exterior ainda está chegando - de navio. O sistema de projeção não muda. Dois projetores para películas, mais o sistema digital instalado há três anos. A operadora Daniela Fava garante a funcionalidade. Com 11 anos de experiência na rede Cinemark, mais cinco no próprio Cinesesc , ela exibe os novos sistemas de lentes. “Tudo do mais moderno”, celebra.
O coordenador de Comunicação Social do Sesc, Ivan da Hora, acompanha o repórter e informa - “Há tempos essa reforma vinha se fazendo necessária. 
Pode até parecer piada, e os funcionários contam como se fosse, mas um dia um espectador se levantou e o casaco enganchou no braço da poltrona, que foi junto. Não era o caso de fazer pequenos remendos. O Sesc preferiu fechar a sala para promover uma grande reforma.” Orçada em R$ 900 mil, quem ganha é o público. Mas vêm mais transformações por aí. Há outro projeto para transformar o Cinesesc num conjunto, com uma ou duas salas adicionais. A casa do lado já foi adquirida, mas o projeto ainda aguarda luz verde.
Ocorre uma coisa curiosa em São Paulo. As salas de rua, como o Cinesesc - o Espaço Augusta, a Reserva Cultural e Caixa Belas Artes -, especializaram-se em salas de arte, formando o circuito cinéfilo da cidade. Ademar Oliveira, do Espaço Augusta, observa que esses espaços, na verdade, resistiram à ‘shopinização’ do circuito cinematográfico. “Com o investimento maciço nas salas de shopping, esses espaços viraram mais alternativos, atendendo a um tipo específico de produção artística.” E ele diz mais - “As salas de shopping necessitam de um aval para exibir filmes mais seletivos. Tem de ter o Oscar ou algum prêmio importante, mas que seja conhecido. Minha programação é diferente no Espaço Augusto e no Arteplex Frei Caneca. É diferente até no Cine-Sala, ex-Sabesp, em Pinheiros.”
Jean-Thomas Bernardini, da Reserva Cultural e da distribuidora Imovision, lembra que há alguns anos ainda era possível encontrar filmes de arte nos Multiplex. “Hoje, eles se afastaram da gente. Ninguém quis exibir um filme como Timbuktu, mesmo que tenha ido para o Oscar.” O Cine-Sala, na Fradique Coutinho, onde já funcionou a Cinemateca Brasileira, foi reformado - e digitalizado - por Ademar Oliveira em parceria com a empresa que cuida da imagem de Raí - sim, o jogador -, e também tem como sócios Paulo Velasco e outras figuras destacadas. Enquanto busca patrocinador para a sala, Ademar admite que o público tem respondido ao conceito ‘Multiplex numa salinha’. “Exibimos três filmes em quatro sessões diárias e o público de Pinheiros está correspondendo.” As redes sociais podem destruir, mas têm ajudado na divulgação dos bons filmes, sem discriminação dos espaços. O cinema de rua virou a salvação do filme de arte.
Agência Estado

Aquecimento afeta desenvolvimento de peixes

O aumento da temperatura da água do mar está ameaça a sobrevivência dos peixes.

O aumento da temperatura da água do mar está prejudicando o desenvolvimento dos peixes na zona equatorial, ameaçando a sua sobrevivência e a das comunidades que vivem da pesca, alerta estudo divulgado hoje (31) na Austrália.

A investigação, feita por cientistas da Universidade James Cook, analisou o impacto do aumento da temperatura da água em larvas de peixes recolhidas em área de 2 mil quilômetros entre o sul da Grande Barreira de Coral e o Norte da Papua Nova Guiné, próxima da linha equatorial.

"Descobrimos que onde as temperaturas aumentaram acima de 1 ponto perto do Equador, para 29 graus, o ritmo de desenvolvimento das larvas atrasou-se", disse o autor do estudo, Ian McLeod, em comunicado da universidade.

A maioria dos peixes marinhos atravessa uma etapa de desenvolvimento da larva em mar aberto que os torna mais vulneráveis aos predadores. Se passam muito tempo nessa situação, têm menos possibilidades de sobreviver.

"O crescimento rápido durante a etapa de larva dá vantagens de sobrevivência porque podem desenvolver-se mais cedo e sair com mais rapidez dos perigosos ambientes marítimos", explicou o cientista australiano.

O coautor do estudo, Philip Munday, alertou para a vulnerabilidade dos peixes equatoriais ao aquecimento global, enquanto outro investigador, Geoffrey Jones, advertiu que milhões de pessoas nas zonas equatoriais dependem da pesca para viver.

"Muita gente nas regiões equatoriais, como a Papua Nova Guiné, depende dos peixes, que são a sua principal fonte de proteínas. O estudo leva a uma reflexão sobre o futuro da segurança alimentar nesses lugares", destacou Jones.
Agência Brasil

A Igreja em defesa da dignidade dos povos da Amazônia. Entrevista dom Roque Paloschi

 Patricia Fachin
Dom Roque Paloschi com Pe. Geovane Saraiva
A ação das indústrias extrativistas e os direitos dos povos indígenas e não indígenas foi o tema do encontro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, no último dia 19 de março, e contou com a presença da Rede Pan-Amazônica, da qual Dom Roque Paloschi, bispo de Roraima, faz parte. Segundo ele, essa "foi a primeira vez que a Igreja católica nas Américas esteve em uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos".
Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Dom Roque comenta os principais temas abordados no encontro e enfatiza que os representantes da Rede Pan-Amazônica salientaram as questões que "inquietam" a Igreja brasileira hoje, como "o avanço do agronegócio, das hidrelétricas, da indústria extrativista, e o desrespeito aos direitos dos povos originários, o desrespeito às leis internacionais sobre o meio ambiente".
Dom Roque Paloschi também comenta a situação dos indígenas que vivem em Raposa Serra do Sol e enfatiza que "a ausência do Estado" é o principal fator que contribui para que os indígenas enfrentem dificuldades. "E digo isso pela minha experiência, porque sou padre. Chego em comunidades ondem moram 20, 25 famílias, com 30 e tantas crianças em aula, e não encontro uma sala de aula, uma cadeira para sentar, uma carteira escolar, uma lousa. Isso é muito significativo. Quando olho a questão da saúde, a questão do transporte, dos acessos, dá vontade de chorar. Então, o primeiro ponto a se falar sobre a questão indígena é a ausência do Estado", conclui.
Gaúcho de Lajeado, Dom Roque Paloschi é bispo de Roraima e acompanhou de perto a demarcação da terra de Raposa Serra do Sol.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Em que consiste a Rede Pan-Americana? Quais são as articulações da rede e quem participa dela?
Dom Roque Paloschi - A Rede Pan-Americana - REPAM é fruto de uma iniciativa da Comissão Episcopal da Amazônia, do Departamento de Justiça Social do Conselho Episcopal Latino-americano - Celam, da Conferência dos Religiosos da América e do Caribe e da Cáritas das Américas. Essas entidades, analisando a presença da Igreja na grande região Pan-Amazônica e vendo os desafios, ouvindo os gritos de Deus na região, optaram por criar a REPAM como uma possibilidade de perspectiva de responder mais presentemente aos desafios que a região nos pede. Assim, a REPAM nasceu com o apoio de organismos internacionais e entidades do próprio Conselho de Justiça e Paz no Vaticano.
IHU On-Line - Quais são os projetos da REPAM?
Dom Roque Paloschi - A REPAM nasceu na primeira quinzena de setembro de 2014, em Brasília, e agora ela está passando pelo processo de se tornar conhecida pelas prelazias e dioceses da grande região Pan-Amazônica, que é uma região continental. Evidentemente, nós estamos na maior região territorial do Brasil, que corresponde a 67% do território nacional. Juntamente com esse território, mais nove países compõem a região Pan-Amazônica. Então, temos que fazer com que ela seja conhecida.
Membros da REPAM participaram de uma reunião em Roma, onde ela foi apresentada ao Santo Padre. O papa Francisco, através do Secretário de Estado Pietro Parolin, enviou mensagem de apoio à REPAM, a qual também nos desafiava a dar novos passos, a caminhar numa perspectiva de rede. A REPAM também foi recebida no início de março pelo Santo Padre em uma reunião na sala de imprensa do Vaticano, e teve uma grande aceitação. Depois, a participação da REPAM na Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi fruto de um pedido feito pelo departamento de justiça do CELAM.
IHU On-Line - O Senhor esteve presente na reunião com o Papa Francisco?
Dom Roque Paloschi - Não. Quem esteve com o papa foi o presidente da Comissão Episcopal da Amazônia, Cardeal Dom Cláudio Hummes.
IHU On-Line - Como foi o encontro de Dom Cláudio Hummes com o papa Francisco? Sabe se o papa tem conhecimento sobre a atual situação dos indígenas no Brasil e da atuação da Igreja nesta causa?
Dom Roque Paloschi - Ele tem muito mais que conhecimento; o papa tem isto no coração. As fotos que foram divulgadas mostram, primeiro, o monsenhor Pedro Barreto, do Equador, juntamente com Dom Cláudio, apresentando a REPAM ao Papa. Depois, mostram que essa questão indígena também está no coração dele. O papa não só tem conhecimento como tem dado todo o apoio e incentivo para que efetivamente a Igreja da região Pan-Amazônica responda de uma maneira corajosa aos desafios da evangelização deste grande chão, desta grande terra Amazônia.
IHU On-Line - Como a CNBB tem se posicionado sobre a REPAM?
Dom Roque Paloschi - A REPAM nasce com o apoio da CNBB. Quando houve a reunião em Brasília, a presidência da CNBB esteve presente, o núncio apostólico esteve presente manifestando apoio, manifestando a comunhão. A Comissão Episcopal para a Amazônia está em profunda sintonia com a presidência da CNBB, em profunda sintonia com os passos que a CNBB vem dando, também, no caminho de assumir esta responsabilidade da missão nessa região amazônica.
Os marcos mais decisivos para nós foram a criação da Comissão Episcopal da Amazônia e depois a campanha da Fraternidade de 2007, quando refletimos com o lema "vida e missão neste chão". Ali se abriram as portas e o coração do Brasil sobre a realidade amazônica como desafio. Porque no passado, todo o caminho da Igreja era de responsabilidade dos institutos missionários e das congregações missionárias. A partir de Paulo VI, que dizia, em 1967, "Jesus Cristo aponta para a Amazônia", o desafio desta região passou a ser assumido por toda a Igreja do Brasil.
"O papa não só tem conhecimento como tem dado todo o apoio e incentivo para que efetivamente a Igreja da região Pan-Amazônica responda de uma maneira corajosa aos desafios da evangelização deste grande chão, desta grande terra Amazônia"
IHU On-Line - A CNBB e a Igreja do Brasil de modo geral têm adotado uma nova postura em relação aos temas sociais após o Pontificado do papa Francisco?
Dom Roque Paloschi - O Papa está nos convidando a caminhar e nós somos uma Igreja de comunhão. Que há críticos a ele, há. Mas o importante - o Papa, desde a sua posse, nos desafia a ser uma Igreja em saída, uma igreja samaritana, uma Igreja servidora, uma Igreja que não é autorreferencial - é que fomos chamados a uma Igreja de comunhão com o sucessor de Pedro, com a sua orientação. Eu, como bispo de Roraima, preciso caminhar com Pedro, porque sou chamado a caminhar em comunhão. A CNBB também é chamada para caminhar em comunhão com o Santo Padre. Mas nós respeitamos aqueles que pensam diferente.
De todo modo, tenho que dizer publicamente que a CNBB, diante da realidade de Roraima - porque passamos momentos muito difíceis -, nunca se omitiu em apoiar, e estar presente diante da posição que a Igreja de Roraima assumiu em relação à situação indígena. Respeito quem pensa diferente, mas não posso deixar de dizer que um dia Jesus irá falar para mim, mas também para você: "Tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, fui peregrino e não me destes abrigo; estive nu e não me vestistes, enfermo e na cadeia e não me visitastes". E assim por diante, como já conhecemos em Mateus 25.
IHU On-Line - Como foi sua participação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA,no dia 19 de março? Quais temas foram discutidos e que avaliação faz do encontro?
Dom Roque Paloschi - Discutimos a ação das indústrias extrativistas e os direitos dos povos indígenas e não indígenas. Foi a primeira vez que a Igreja católica nas Américas esteve em uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A REPAM foi bem acolhida, e estavam conosco um representante do Episcopado do Canadá - porque é lá que está a maioria destas indústrias extrativistas que atuam na região amazônica - e um representante do Episcopado norte-americano. Foi um sinal de comunhão entre as igrejas do Canadá e dos Estados Unidos em relação a esta petição do CELAM.
A comissão foi muito bem aceita e se desenvolveu a partir da seguinte perspectiva: Primeiramente Dom Pedro Barreto comentou os objetivos da nossa audiência, depois Dom Álvaro Ramazzini, da Guatemala, falou a partir do olhar e da dor que a Igreja sente diante da avalanche de tantos projetos extrativistas na região, de um capital sem rosto, sem ética e sem sensibilidade aos direitos dos povos indígenas e não indígenas. Em seguida o advogado da Universidade Católica de Lima mencionou casos emblemáticos, entre eles um caso do Maranhão, mostrando também a posição e o caminho da Igreja diante dessa realidade. Maurício Lopes, que é o secretário executivo da REPAM, apresentou as questões da Pan-Amazônica, que são questões que nos inquietam como Igreja diante do avanço do agronegócio, das hidrelétricas, da indústria extrativista, e do desrespeito aos direitos dos povos originários, desrespeito às leis internacionais sobre o meio ambiente e assim por diante. E, por fim, comentei, em nome da Comissão, algumas propostas que foram feitas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, propostas também aos Estados da América e à sociedade civil, às organizações e, por fim, disse também uma palavra de gratidão aos povos indígenas da grande região Pan-Amazônica.
Nossa audiência teve esses cinco pontos, obteve uma grande aceitação da presidência e dos comissionados, que acolheram aquilo que nós apresentamos e desejam também estreitar relações com os trabalhos que a Igreja desenvolve em defesa da vida e da dignidade dos povos desta região.
"O papa está nos convidando a caminhar e nós somos uma Igreja de comunhão"
IHU On-Line - Quais suas expectativas para um próximo momento, pós-reunião da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA? Qual será o próximo passo da REPAM?
Dom Roque Paloschi - Nós não temos uma "coisa" pronta, mas acreditamos que "caminhando se abrem caminhos". Nós precisamos responder a apelos em relação àquilo que diz o documento do Vaticano II, na encíclica Gaudium et Spes, ou seja, os sonhos e esperanças dos homens e das mulheres de hoje são as alegrias, as armas e o sofrimento da Igreja do nosso Senhor Jesus Cristo. A nossa pauta é a pauta de estarmos atentos, sensíveis aos gritos de Deus e aos gritos dos sofredores desta região.
A previsão é de que seja feita uma reunião envolvendo as comissões episcopais que fazem parte do CELAM e também as dioceses que estão nessa Região da Pan-Amazônica para divulgar e articular ações que possam facilitar o andamento dos trabalhos que vêm sendo feitos nesta região.
IHU On-Line - Como o senhor descreve a situação dos povos da Amazônia? Como eles vivem?
Dom Roque Paloschi - Penso que aquela expressão usada pelo Ministro Ayres Britto, quando votou o caso Raposa Serra do Sol, é muito pontual: "Em relação aos povos indígenas, há uma ausência do Estado". E digo isso pela minha experiência, porque sou padre. Chego em comunidades ondem moram 20, 25 famílias, com 30 e tantas crianças em aula, e não encontro uma sala de aula, uma cadeira para sentar, uma carteira escolar, uma lousa. Isso é muito significativo. Quando olho a questão da saúde, a questão do transporte, dos acessos, dá vontade de chorar. Então, o primeiro ponto a se falar sobre a questão indígena é a ausência do Estado. O segundo ponto é que nós vivemos em uma sociedade extremamente preconceituosa e discriminatória em relação à vida, aos costumes e às tradições dos povos originários. Terceiro, há uma avalanche de grandes projetos na região amazônica, com a monocultura, o agronegócio, hidrelétricas, entre outros, e uma tentativa do Congresso Nacional e da Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, de tirar os direitos que foram conquistados com muito sofrimento na Constituição de 1988. Isso se manifesta através da PEC-215, mas também através de tantas outras coisas que estão sendo aprovadas na calada da noite. O país, com a Constituição de 1988, quis pagar uma dívida histórica aos povos originários, mas infelizmente nós estamos aumentando a dívida; não estamos pagando.
IHU On-Line - Qual é a atual situação de Raposa Serra do Sol?
Dom Roque Paloschi - Há pouco tempo veio um grupo de universitários visitar Roraima e quiseram marcar presença na Raposa. Eles conseguiram autorização, porque que se eu quiser entrar na Raposa, pelas leis do Supremo eu preciso de autorização, os missionários precisam de autorização para poder entrar com esses visitantes, todos brasileiros, todos da pátria amada e idolatrada, precisam pedir licença - não para as comunidades, pois elas acolhem, mas para as autoridades. Circulamos lá por alguns dias e eles comentaram que perceberam que lá não há policiais. Em Raposa Serra do Sol, onde vivem mais de 25 mil pessoas, não tem um policial. Eles têm problemas? Tem. Há poucos dias eu estava numa comunidade e perguntei ao tuchaua - no Norte as lideranças não se chamam cacique, mas tuchaua - se ali havia muitos problemas. Ele respondeu muito rapidamente, com bom humor: "Padre, nós também somos filhos de Adão e Eva". Mas o que a grande imprensa do Brasil tem divulgado são coisas muito criminosas, porque não é verdade que as pessoas estão passando fome. Eles têm seus hábitos alimentares próprios, seu próprio modo de vida, e é preciso respeitá-los, porque eles não são colonos poloneses, alemães ou italianos do Sul do Brasil. Eles são indígenas e têm sua cultura, sua tradição, seu modo de viver e de se relacionar com a natureza. Aliás, o modo de vida deles tem sido uma grande escola e o próprio governo reconhece que as áreas indígenas do Brasil são as áreas mais bem preservadas.
Então, a Raposa tem desafios porque estes 30 anos de luta para conhecimento, demarcação, homologação e saída dos não índios não foi brincadeira; teve muito sofrimento, e muito sangue foi derramado nessa terra. Tem aquela expressão bonita, de Jayme Caetano Braun, quando se refere ao Sepé Tiaraju, das Missões dos Sete Povos: "Mas o Rio Grande que é um indivisível - sagrado e teve o chão ensopado por teu sangue em Caiboaté, verá sempre em São Sepé um guasca canonizado". A Raposa também foi banhada por muito sangue, muita gente morreu por causa disso, houve feridas e há feridas que precisam ser curadas e estão sendo curadas pela graça de Deus e pelo caminho que as comunidades vêm fazendo. As comunidades da Raposa nos dão grandes lições. Eles têm problemas? Tem, mas eles precisam encontrar as soluções; não são pessoas de fora que irão resolver os problemas deles.

"Há uma avalanche de grandes projetos na região amazônica, com a monocultura, o agronegócio, hidrelétricas, entre outros, e uma tentativa do Congresso Nacional e da Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, de tirar os direitos que foram conquistados com muito sofrimento na Constituição de 1988"
IHU On-Line - Qual sua expectativa com a encíclica que o papa vai publicar nos próximos dias, com foco na questão ecológica?
Dom Roque Paloschi - Nossas expectativas são grandes. Esse sonho foi acalentado na nossa reunião das pastorais sociais da CNBB, e alguém disse, em maio de 2013: "Vamos escrever ao papa pedindo que ele publique uma encíclica sobre a questão do meio ambiente". E agora nós temos a graça desse presente.
Também para nós, como Igreja, precisamos dar muitos passos não só cobrando das esferas governamentais, mas como cristãos, dar passos significativos em relação ao zelo da nossa casa comum, para que todos nós possamos viver de maneira harmoniosa, pacífica e de maneira que todos possam ter o direito de usufruir dos bens da criação.
Fonte: www.ihu.unisinos.br

Dom Helder: sinal verde para a beatificação

Site diz que Santa Sé já assinou autorização para processo de beatificação de Dom Helder Câmara.


ROMA, Itália – O Vaticano assinou decreto autorizando a abertura do processo de beatificação de Dom Helder Câmara. A informação foi divulgada nessa segunda-feira (30) pelo site Vatican Insider. Segundo o site, a autorização, denominada "Nihil obstat", teria sido assinada no último dia 25 de fevereiro.

Na semana passada, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido recebeu carta do prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Ângelo Amato, informando que a Santa Sé havia recebido a solicitação para a abertura do processo.
O pedido de abertura do processo de beatificação e de canonização de dom Hélder foi apoiado e aprovado por todo o Episcopado brasileiro em maio do ano passado.
Com a decisão do Vaticano, poderá ser formalmente aberta a fase diocesana do processo. Dom Saburido ficará responsável pela criação de uma comissão que deverá estudar os escritos de dom Helder, ouvir testemunhas sobre a heroicidade das virtudes e a santidade de vida. Terminado este trabalho, todo o material será enviado da Roma para que o processo posso continuar até à declaração da santidade de dom Hélder.
Confira o texto sobre a autorização (em italiano).

SIR

'Faleceu no momento mais sagrado', diz arcebispo sobre padre do ES

Pe. Carlos de Assis Viana morreu neste domingo (29), na frente dos fiéis.
Arcebispo citou pároco como 'extremamente zeloso no serviço ao rebanho'.

Naiara ArpiniDo G1 ES

Padre Carlos Assis morre na frente dos fiéis durante missa em Cariacica, espírito santo  (Foto: Arquivo Pessoal)Padre Carlos Assis morreu na frente dos fiéis
durante missa em Cariacica (Foto: Arquivo Pessoal)
O arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, emitiu uma nota lamentando ofalecimento do padre Carlos de Assis Vianadurante a missa de Ramos, neste domingo (29), na comunidade São Sebastião, em Porto de Santana, Cariacica. “Pe. Carlos faleceu no momento mais sagrado da vida de um sacerdote: No altar do Senhor imolou-se com Cristo sumo Sacerdote!”, escreveu o arcebispo.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, às 18h30 a necrópsia já havia sido feita e o corpo do padre liberado. Mas a causa da morte só será divulgada à família. Segundo a Arquidiocese de Vitória, a previsão é de que o corpo chegue à paróquia às 21h para o velório.
Um grupo de padres se reuniu para tentar a liberação do corpo do padre Carlos, já que a família dele é de Minas Gerais e ninguém irá até o Espírito Santo para cumprir os procedimentos. Por isso, os padres estão sendo acompanhados por um advogado e aguardam a autorização da necropsia. De acordo com o vigário geral da Arquidiocese, padre Ivo Ferreira de Amorim, é necessária uma autorização judicial para conseguir a liberação do corpo. "Como os familiares do padre são de Minas Gerais, nós reunimos esforços para conseguir realizar esse procedimento", explicou o vigário.
Dessa forma, a Arquidiocese de Vitória precisou acionar a Justiça para liberar o corpo sem a presença dos parentes do padre. O advogado que está acompanhando os religiosos nos procedimentos de liberação do corpo está com o juiz para assinatura do alvará que libera a autorização da necrópsia.
O corpo do padre será levado para Caeté, em Minas Gerais, onde será sepultado. De acordo com a Arquidiocese, nesta terça-feira (31), às 8h, acontece a missa presidida pelo arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela e a previsão da saída do corpo para Belo Horizonte é às 10h.
Entenda o caso
O padre Carlos de Assis Viana, de 37 anos, morreu na frente dos fiéis durante a missa de Ramos no bairro Porto de Santana, emCariacica, por volta de 20h deste domingo. Assustados, os fiéis tentaram reanimá-lo e chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas quando o resgate chegou, ele já havia morrido.
A Arquidiocese de Vitória informou que a suspeita é que o padre tenha sofrido um ataque cardíaco. Ordenado em 2011, Carlos de Assis era pároco na Paróquia São Francisco de Assis, em Porto de Santana.
O padre Kelder Brandão, que trabalhou por mais de um ano com Carlos de Assis, disse que ele não apresentava nenhum problema de saúde. “Recebi um telefonema de um seminarista dando a notícia, e fiquei atônito. Ele não tinha nenhum indicativo de doença. Foi um susto para todos, um infarto fulminante”, informou.
Natural de Minas Gerais, o padre atuava há cerca de três anos em Porto de Santana. "O povo de lá tem muito carinho por ele. Estão todos em choque”, completou Kelder.
Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, vai a Roma (Foto: Amanda Monteiro/ G1 ES)Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela
(Foto: Amanda Monteiro/ G1 ES)
Confira o pronunciamento do arcebispo Dom Luiz na íntegra:
“Nosso querido Pe. Carlos partiu para os braços do Pai Misericordioso. A Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo colhida de surpresa com o falecimento repentino de Pe. Carlos de Assis Viana, pároco da paróquia São Francisco de Assis, Bairro Porto de Santana em Cariacica, em tudo louva o Senhor nosso Deus, Senhor da vida e de nossa história.

Sofremos com o passamento de nosso querido irmão no sacerdócio, a quem tive a graça de ordenar presbítero da Igreja, tornando-se nosso muito querido colaborador no Presbitério, extremamente zeloso no serviço ao rebanho que lhe foi confiado, discípulo missionário, homem de fé e intensa caridade pastoral. Servo fiel!

Convido a todos os irmãos e irmãs a dar graças a Deus comigo pelo dom precioso que ele nos presenteou na pessoa deste sacerdote zeloso.

Cremos firmemente que Deus Pai Misericordioso o acolhe dizendo-lhe: “Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu Senhor!” (Mat.25,21).

Pe. Carlos faleceu no momento mais sagrado da vida de um sacerdote: No altar do Senhor imolou-se com Cristo sumo Sacerdote! Deus seja louvado. Choramos sua partida, mas damos graças a Deus pelo seu testemunho de fidelidade! Com Jesus até o fim para Glória de Deus pai! Amém!

Austrália revelou dados pessoais de líderes do G20, diz jornal

Funcionário enviou por engano dados de Obama, Putin, Merkel e outros.
Autoridades não haviam sido informadas sobre vazamento.

Da Agencia EFE

Líderes do G20 durante a abertura da cúpula neste sábado (15) na Austrália (Foto: Kevin Lamarque/Reuters)Líderes do G20 durante a abertura da cúpula do G20 em Brisbane, na Austrália (Foto: Kevin Lamarque/Reuters)

O Ministério da Imigração da Austrália divulgou acidentalmente os dados pessoais de todos os líderes do G20 que participaram da cúpula de realizada em novembro do ano passado, informou nesta terça-feira (31) a imprensa local.
Segundo a edição australiana do jornal 'The Guardian', um funcionário do ministério enviou por erro o número de passaporte, dados dos vistos e outros detalhes pessoais dos 31 dirigentes destes países aos organizadores da Copa da Ásia de futebol.
Entre os líderes cuja informação foi divulgada estão os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama; Rússia, Vladmir Putin; e China, Xi Jinping; além da chanceler alemã, Angela Merkel; e os primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi; Reino Unido, David Cameron; e Japão, Shinzo Abe.
Edição australiana do jornal 'The Guardian' (Foto: Reprodução)Edição australiana do jornal 'The Guardian' aborda tema (Foto: Reprodução)
O diretor do serviço de vistos do ministério informou no último dia 7 de novembro do 'erro humano' à Comissão Australiana de Privacidade para buscar conselhos, em uma mensagem em que assinalou ser 'improvável que a informação seja de domínio público'.
Também disse que a ausência de outros dados pessoais 'limita significativamente' o risco de violação (da privacidade) e enfatizou que o destinatário errado apagou a mensagem e esvaziou o arquivo de documentos apagados.

O diretor recomendou que os líderes não fossem informados da violação de sua informação pessoal 'dado que o risco é muito baixo e há medidas para limitar uma maior distribuição desta mensagem'.
Segundo o jornal, nesta terça-feira (31), o Ministro da Imigração pediu que o governo explique por que os líderes não foram notificados da violação no momento.

O mesmo ministério foi o responsável pelo maior vazamento de dados realizado por uma instância governamental da Austrália, quando acidentalmente revelou em seu portal de internet os dados pessoais de cerca de dez mil pessoas detidas, a maioria delas solicitantes de asilo, segundo denunciou o jornal em fevereiro
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No Brasil, 75% das adolescentes que têm filhos estão fora da escola

Brasil tinha 309 mil meninas de 15 a 17 anos nessa situação em 2013.
Mais de 257 mil delas não estudam nem trabalham, segundo levantamento.

Ana Carolina Moreno e Gabriela GonçalvesDo G1, em São Paulo

Sheila Andrade tinha 16 anos e iniciava o terceiro ano do ensino médio na Zona Sul de São Paulo quando descobriu que estava grávida do então namorado. Aos cinco meses de gravidez, a dificuldade de se locomover a pé até a escola a fez desistir de estudar. Hoje, seu filho Brayan tem seis meses, e a jovem passa os dias em casa cuidando do bebê, enquanto tenta uma vaga em uma creche pública, para poder então voltar às aulas.
A jovem encara a realidade de outras mais de 309 mil mães adolescentes que estão fora da escola, segundo levantamento do Movimento Todos pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013, ao qual o G1 obteve acesso.
A Pnad mostrou que o Brasil tinha 5,2 milhões de meninas de 15 a 17 anos. Dessas, 414.105 tinham pelo menos um filho. Neste grupo, apenas 104.731 estudam. As outras 309.374 estão fora da escola. Um pequeno grupo só trabalha (52.062).
A maioria dessas jovens (257.312 adolescentes) não estudam nem trabalham. É o caso de Sheila, que depois do nascimento de Brayan teve de parar de estudar e trabalhar. "Quero concluir o ensino médio e conseguir um emprego", diz a jovem mãe.
Conheça a história de meninas que abandonaram a escola por causa de uma gravidez
Mães adolescentes e a educação
Veja a situação escolar e laboral das jovens com entre 15 e 17 anos e pelo menos um filho em 2012 e 2013
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Fonte: Todos pela Educação/Pnad 2012 e 2013
As garotas que já são mães, mas ainda não terminaram o ciclo básico de ensino, abandonaram os estudos e estão desempregadas são um desafio para o poder público, que tem até 2016 para matricular todos os e as adolescentes de 15 a 17 anos na escola.
O prazo faz parte de uma das 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE). A meta 3 diz que o Brasil precisa "universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%". Isso quer dizer que, além de ter todos os adolescentes matriculados, 85% deles precisam estar matriculados no ensino médio, e não em anos do ensino fundamental, com o aprendizado defasado.
A realidade atual mostra que 1,3 milhão de pessoas de 15 a 17 anos não estudam, não trabalham e não terminaram o ensino médio. A maior parte dessas pessoas é do sexo feminino.
No período analisado, o número de garotas sem diploma, aulas ou emprego aumentou mais que o de meninos. Ele foi de 715.139 para 806.220. Em 2012, as garotas nessa situação representavam 58,7% do total. Em 2013, elas passaram a representar 59,1% de todas as pessoas e 15 a 17 fora da escola e do mercado de trabalho.
No caso específico das mães adolescentes, houve aumento no número delas matriculadas na escola. Mas cresceu ainda mais o número de jovens com filhos sem estudo ou trabalho. Isso porque, em 2013, havia menos meninas de 15 a 17 anos trabalhando do que em 2012.
MEC não tem programa específico
Procurado pelo G1, o Ministério da Educação afirmou que não tem um programa específico que trate desse público (mães e gestantes em idade escolar que desistem dos estudos), mas que desenvolve dois programas de prevenção à gravidez na adolescente e de oferta de creches: o Escola que Protege e o Proinfância, programa para a construção de creches e pré-escolas em parceria com prefeituras.
"Cabe lembrar ainda que a oferta de educação infantil é de responsabilidade dos municípios, conforme coloca a LDB [Lei de Diretrizes e Bases]", disse o MEC, em nota (veja a nota na íntegra ao final da reportagem).
Sheila Andrade, 17 anos, e o filho Brayan, de seis meses (Foto: Caio Kenji/G1)Sheila Andrade, 17 anos, e o filho Brayan, de seis
meses (Foto: Caio Kenji/G1)
Meta fora da trajetória
Segundo Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do Todos pela Educação, o desafio de incluir os e as adolescentes no ensino médio exige "integrar outras políticas públicas para além da educação, para conseguir garantir educação básica de qualidade pra todos".
A meta "não está na trajetória certa", de acordo com ela. "O que a gente observa é que [a meta] não está na trajetória certa. Principalmente a segunda parte da meta, que é a taxa líquida de matrículas, o jovem chegando no ensino médio na idade correta. Para isso acontecer, a gente precisa que se regularize a situação também no ensino médio. A solução para o ensino médio depende do sucesso nas etapas anteriores."
Pior índice de escolaridade
O estudo mostra que as mães adolescentes que não trabalham nem estudam apresentam os piores índices de escolaridade entre a população de 15 a 17 anos fora da escola. A maioria delas (55,4%) não chegaram a completar o ensino fundamental. Considerando todos os jovens dessa idade que não trabalham nem estudam, a porcentagem média dos que não têm instrução, ou têm o fundamental incompleto, cai para 47,2%.
Em geral, adolescentes do sexo feminino fora da escola e do mercado de trabalho têm escolaridade mais alta que os do sexo masculino: 27,9% delas terminaram o ensino médio, 29,3% têm pelo menos o fundamental completo e o ensino médio incompleto, e 42,7% não chegaram a concluir o ensino fundamental.
Já entre os meninos nessa situação, 22,9% concluíram o ensino médio, 23,3% concluíram o ensino fundamental, e 53,8% deles deixou a escola sem o diploma do fundamental.
Maioria das mães adolescentes não estudam nem trabalham
Nº de jovens de 15 a 17 anos foram da escola e do mercado aumentou 17% entre 2012 e 2013
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Fonte: Todos pela Educação/Pnad 2012 e 2013
Evasão provocada pela gravidez
Alejandra afirma que as meninas têm níveis de escolaridade maior, de acordo com os dados, e que, por isso, a evasão escolar no caso específico das mães adolescentes é provocado pela maternidade, e não por falta de interesse na escola.
"As meninas acabam abandonando, apesar de terem tido uma trajetória escolar mais adequada que os meninos, um desempenho melhor. Elas acabam saindo por uma questão alheia à educação. A gente precisaria de políticas públicas,que também passam pela educação, mas a assistência [social], a saúde precisariam ser envolvidas para a gente poder enfrentar esse desafio", explicou a coordenadora do Todos pela Educação.

Veja a nota do Ministério da Educação
"Não temos um programa especifico que trate desse público. O que o MEC desenvolve, de forma suplementar, é o Proinfância. É um programa para construção de creches e pré-escolas em parceria com as prefeituras. Cabe lembrar ainda que a oferta de educação infantil é de responsabilidade dos municípios, conforme coloca a LDB.

Em relação à prevenção, o MEC tem ações por meio do programa Escola que Protege.

No entanto, diante das competências estabelecidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9394/1996 -, é responsabilidade de cada uma das unidades federadas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) atuar junto a seus sistemas de ensino em todos os temas e questões no âmbito de suas atribuições, considerando que as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação estão mais próximas da realidade dos estabelecimentos de ensino. Entendemos que é necessário apoiar, por meio de políticas públicas, os sistemas de ensino a estimular as escolas para que insiram, de forma sistêmica e integrada, o debate sobre preconceito, discriminação, violências no cotidiano escolar, com a participação de toda a comunidade e outros setores sociais.
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