sábado, 28 de fevereiro de 2015

SECA

Grecianny Carvalho Cordeiro*

Há três anos atrás escrevi um artigo – que transcrevo uma parte abaixo - sobre a seca. Nada mudou. E ao que tudo indica, nada mudará. O fantasma da seca sempre rondará e sempre se fará presente para o Nordeste. Por vários motivos, especialmente, por falta de vontade política e também porque a seca é altamente rentável. Agora mesmo foi anunciada a liberação de 6 bilhões de reais por conta da seca. E sabemos que esses 6 bilhões jamais serão investidos na resolução do problema, além do que, mais da metade desse dinheiro se perderá no meio do caminho, nos bolsos de alguns. Triste realidade. Nefasta mentalidade.
Estamos em pleno século XXI e o problema da seca no Nordeste ainda não foi resolvido. Somente paliativos. Carros-pipa, irrigação artesanal, medidas de emergência que se renovam a cada ano. Decretação de estado de emergência. Construção de açudes e de passagens molhadas, geralmente, em terras de políticos e de pessoas influentes. Sempre a mesma ladainha.
É impensável que, com a revolução tecnológica, a profissionalização de pessoas, a globalização, ainda não se tenha encontrado uma solução para a seca no Nordeste. Será que não existe ninguém capacitado a resolver esse problema? Duvido disso.
É de se pensar que inexiste boa vontade política para resolver esse problema. Essa é a grande verdade. A seca traz recursos para Estados nordestinos e seus municípios, a seca ajuda a manter o quadro de pobreza que implica na vinda de recursos vultosos do governo federal.  A seca trouxe o DNOCS e inúmeros empregos. A seca rende votos. A seca faz com que o estado de pobreza e de ignorância de muitos permaneça. A seca possibilita a manutenção de uma política assistencialista. A seca é um fenômeno extremamente rentável para muitos, uma verdadeira mina.
O Estado de Israel conseguiu irrigar o deserto! Dubai foi construído em pleno deserto, numa das regiões mais quentes e áridas do planeta! Por que eles conseguiram e nós não? Alguém saberia dizer?
O Nordeste do Brasil não consegue tamanho feito. Não consegue se livrar da seca que maltrata boa parte de sua gente. Mas por quê? Pra quê? Será que isso é politicamente interessante? Parece que não. Talvez melhor continuar sendo o primo pobre. E aquela conhecida frase se mantém perfeita:’é a ignorância que atravanca o progresso’.
Enquanto isso, o agricultor nordestino sofre. E o nordestino da capital também sente os efeitos da seca. Dentro em breve, tal problema será irremediável. 

*Promotora de Justiça, escritora e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

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