domingo, 30 de novembro de 2014

O Papa Francisco e a fome no mundo

Padre Geovane Saraiva*
Quanta alegria, graças, louvores e bênçãos, nas palavras vindas da boca do Santo Padre, o Papa Francisco, ao proclamar Jesus Cristo, o Cordeiro imolado que tira o pecado do mundo, aquele que veio para estabelecer a paz e a concórdia entre os povos da terra, em um mundo marcado por paradoxos, antagonismos e conflitos. O Filho de Deus, na sua missão de caminhar para Jerusalém, que deve ser também a mesma dos cristãos batizados, quando se aproximou e avistou a cidade de Jerusalém, começou a chorar (cf. Lc 19, 41). O Romano Pontífice, em sua missa matutina de 20.11.2014, ao comentar este Evangelho do dia, explicou que o Senhor chora pelo fechamento do coração da cidade eleita, do povo eleito. Não havia tempo para abrir-lhe a porta! Estava ocupada demais, satisfeita de si mesma. Por outro lado encoraja-nos: "Não tenhamos medo da felicidade que o Senhor nos traz!"

Jesus chora quando o coração da criatura se fecha às suas surpresas, disse o Papa Francisco. Daí o esforço e a disposição constante para perceber os sinais, a hora e momento de Deus, compreendidos à luz da palavra de Deus, quer dizer que temos que viver e conviver com o momento presente, mas olhando para frente, de acordo com a vontade de Deus, na busca do projeto da feliz esperança, missão oferecida a cada pessoa como algo próprio e intransferível, tendo como certo os acontecimentos futuros e a vitória final.  Observou o Bispo de Roma, na conferência feita no organismo da ONU (Fao), que “embora as nações estejam entrelaçadas entre si, tais relações acabam danificadas pela suspeita recíproca, que se converte em agressão bélica e econômica, uma realidade bem conhecida por quem passa fome e não tem trabalho”, contrariando o projeto do Pai, instaurado por seu Filho Jesus.

"Quando encontramos uma pessoa verdadeiramente necessitada, reconhecemos nela o rosto de Deus?" Temos a resposta no Papa Francisco, ao discursar sobre a realidade da fome no mundo, na conferência promovida pelo Organismo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), realizada na cidade de Roma. Mais ainda, criticou a ganância que dificulta o combate a fome.  Expressou-se deste modo: “Dói constatar que a luta contra a fome e a desnutrição é dificultada pela ‘prioridade do mercado’ e pela ‘preeminência da ganância’, que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita à especulação, inclusive financeira. E enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede um documento de identidade, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Pede-nos dignidade, não esmola”.

Nosso Senhor Jesus Cristo quer das pessoas de boa vontade, que se encontrem em volta da generosa mesa da partilha e solidariedade, dizendo não ao interesse próprio que se opõe ao dom precioso do bem comum. Pelas palavras de Francisco a seguir, fica claro que a renúncia e a doação são caminhos de vida e salvação, ao morrer para gerar a vida. “Jesus, então, continua batendo às portas, como bateu à porta do coração de Jerusalém: às portas de seus irmãos, de suas irmãs, às portas de nosso coração, às portas de sua Igreja. Jerusalém se sentia contente, tranquila com a sua vida e não precisava do Senhor: não havia percebido que necessitava da salvação. E por isso, fechou o seu coração ao Senhor. O pranto de Jesus sobre Jerusalém é o pranto sobre a sua Igreja, hoje, sobre nós”.

No meu entendimento, o desejo do Papa é o mesmo do Filho amado do Pai, quando afirma: “Se conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas não, isso está oculto aos teus olhos”. Jerusalém tinha medo de ser visitada pelo Senhor; tinha medo da gratuidade de sua visita. Estava segura nas coisas que podia administrar. Nós somos seguros nas coisas que podemos governar, mas a visita do Senhor, suas surpresas... nós não podemos controlar”. Ainda na Conferência da ONU, acentuou também que a falta de solidariedade é desafio no combate à fome, lembrando também que todos têm direitos garantidos de amor, justiça e paz, que todo Estado tem o dever de estar atento ao bem-estar de seus cidadãos. Nesse sentido, ele também destacou o papel da Igreja católica, que procura dar a sua contribuição manifestando solicitude, em especial, aos marginalizados e excluídos. Francisco concluiu sua intervenção no evento com um pedido: “Peço também para que a comunidade internacional saiba escutar o chamado desta conferência e o considere uma expressão da comum consciência da humanidade: dar de comer aos famintos para salvar a vida no planeta”.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com

Boa noite Padre Geovane Saraiva
  
Li o artigo publicado em 18/11/2014 sobre "moradores de rua", gostaria de compartilhar sobre seu relato.
Tenho 54 anos e sou aluna do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC , 7ª fase e faço estágio com População em Situação de Rua, numa capital conhecida como Ilha da Magia......Florianópolis, que possui no Centro da cidade muito mais de 100 pessoas nesta condição. No centro  há um banheiro público, perdão banheiro pago, apesar do insignificante R$ 1,00 cobrado o torna privado e longe de permitir usar a população em situação de rua usar gratuitamente a privada.
Chuveiros na rua fantástico, obrigado por compartilhar essa notícia.

Obrigado pelo belo comentário!
                                                                

            magda swoboda

"Esta vida é uma estranha hospedaria
 De onde se parte quase sempre às tontas
 Pois nunca as malas estão prontas
 E a nossa conta nunca está em dia".
              Mario Quintana


Papa e patriarca de Constantinopla apelam a intervenção internacional em defesa dos cristãos

Agência Ecclesia
 
(Lusa)
(Lusa)

Declaração conjunta manifesta preocupação particular pela situação no Iraque e na Síria

Istambul, Turquia, 30 nov 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco e o patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, assinaram hoje uma declaração conjunta na Turquia em que apelam à intervenção internacional em defesa dos cristãos no Médio Oriente.
“Expressamos a nossa preocupação comum pela situação no Iraque, na Síria e em todo o Médio Oriente”, refere o texto, divulgado pelo Vaticano.
A assinatura decorreu na sede do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, a atual Istambul, após uma celebração na igreja de São Jorge, assinalando a festa de Santo André, patrono do patriarcado.
Francisco e Bartolomeu I denunciam a “dramática situação dos cristãos e de todos aqueles que sofrem no Médio Oriente”, que exige “não só uma oração constante mas também uma resposta apropriada por parte da comunidade internacional”.
“Não podemos resignar-nos com um Médio Oriente sem os cristãos, que ali professaram o nome de Jesus durante dois mil anos”, sustentam os dois líderes cristãos, recordando que muitos “são perseguidos e, com a violência, foram forçados a deixar as suas casas”.
“Até parece que se perdeu o valor da vida humana e que a pessoa humana já não tem importância alguma, podendo ser sacrificada a outros interesses. E, tragicamente, tudo isto se passa perante a indiferença de muitos”, advertem o Papa e o patriarca ecuménico.
A declaração conjunta revela a unidade de católicos e ortodoxos “no desejo de paz e estabilidade” e na vontade de “promover a resolução dos conflitos através do diálogo e da reconciliação”.
“Apelamos a quantos têm a responsabilidade dos destinos dos povos que intensifiquem o seu empenho a favor das comunidades que sofrem, consentindo a todas, incluindo as cristãs, de permanecerem na sua terra natal”, assinalam.
A declaração alude ainda à importância do “diálogo construtivo com o Islão”: “Muçulmanos e cristãos são chamados a trabalhar, juntos, por amor da justiça, da paz e do respeito pela dignidade e os direitos de cada pessoa, especialmente nas regiões onde durante séculos viveram em coexistência pacífica e agora, tragicamente, sofrem juntos os horrores da guerra”.
O Papa e o patriarca ecuménico deixam uma palavra de solidariedade a “todos os povos que sofrem por causa da guerra”, em particular na Ucrânia.
“Apelamos às partes envolvidas no conflito para que procurem o caminho do diálogo e do respeito pelo direito internacional para pôr fim ao conflito e permitir que todos os ucranianos vivam em harmonia”, referem.
O texto fala num “ecumenismo do sofrimento”, sustentando que “a partilha dos sofrimentos diários pode ser um instrumento eficaz de unidade”.
Nesse sentido, é apresentado o “desejo de continuar a caminhar juntos” a fim de superar os obstáculos que dividem a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa.
“Expressamos a nossa intenção sincera e firme de, em obediência à vontade de nosso Senhor Jesus Cristo, intensificar os nossos esforços pela promoção da unidade plena entre todos os cristãos, e sobretudo entre católicos e ortodoxos”, assumem os responsáveis.
Francisco e Bartolomeu I deixam uma palavra de estímulo ao trabalho promovido pela Comissão Mista Internacional para o diálogo teológica, instituída exatamente há 35 anos, que “se encontra atualmente a tratar das questões mais difíceis que marcaram a história” da divisão entre as duas Igrejas e que requerem “um estudo cuidadoso e profundo”.
Após a assinatura desta declaração, o Papa e o patriarca almoçam com alguns membros das respetivas delegações na sede do Patriarcado, situando no Fanar, no antigo bairro grego de Istambul.
OC

Turquia: Francisco diz que guerra é «sempre um mal» e lembra drama dos refugiados

Agência Ecclesia
 
ACNUR
ACNUR

Papa denunciou «condições intoleráveis» em que estas populações vivem

Istambul, Turquia, 30 nov 2014 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com um grupo de jovens e adolescentes refugiados iraquianos e sírios que estão a ser acolhidos pela comunidade salesiana na Turquia, anunciou o Vaticano.
“Quero manifestar-vos a minha participação no vosso sofrimento e espero que esta minha visita, com a graça do Senhor, possa dar-vos um pouco de consolação na vossa difícil situação. É o triste resultado de conflitos exacerbados e da guerra, que é sempre um mal e nunca constitui a solução dos problemas, antes pelo contrário cria outros”, disse o Papa, na última intervenção da sua viagem de três dias em solo turco, nos jardins da representação pontifícia em Istambul.
Além da Síria e do Iraque, os jovens vinham de outros países do Médio Oriente e África, representando, segundo o Papa, os refugiados e deslocados que são “diariamente assistidos pelos Salesianos”.
“As condições degradantes, em que muitos refugiados têm de viver, são intoleráveis! Por isso, é preciso fazer todo o esforço para remover as causas desta realidade”, denunciou.
Francisco observou que estas pessoas não têm, por vezes durante muito tempo, vários “bens primários”, como uma habitação digna, assistência sanitária, educação ou trabalho.
“Tiveram de abandonar não apenas coisas materiais, mas sobretudo a liberdade, a proximidade dos familiares, o seu ambiente de vida e as tradições culturais”, acrescentou.
O Papa apelou por isso a uma “uma maior convergência internacional” para resolver os conflitos que atingem as terras de origem destes jovens, combatendo “as outras causas que impelem as pessoas a deixar a sua pátria”.
“Encorajo, quantos estão a trabalhar generosa e lealmente pela justiça e a paz, a que não desanimem. Faço um apelo aos líderes políticos para terem em conta que a grande maioria das suas populações aspira pela paz, embora às vezes já não tenha força nem voz para a pedir”, prosseguiu.
Tal como fizera no voo desde Roma, o Papa agradeceu a assistência prestada pelas autoridades turcas “assistência aos deslocados, especialmente aos refugiados sírios e iraquianos” e pelo empenho com que procuram satisfazer as suas exigências.
“Espero que não falte o necessário apoio também da comunidade internacional”, declarou.
Francisco deixou uma palavra de esperança aos jovens, desejando que continuem a acreditar num “futuro melhor”, apesar das dificuldades, e disse que a Igreja Católica, através das suas organizações sociais e caritativas, quer continuar ao seu lado, defendendo a “causa” dos refugiados diante do mundo, exigindo aos que ocupam cargos de responsabilidade que promovam “a justiça, a segurança e a paz, sem hesitação e de modo verdadeiramente concreto”.
Após o encontro, o Papa dirigiu-se para o aeroporto internacional de Istambul, de onde regressa para Roma.
OC

Patriarca Bartolomeu e Papa Francisco assinam Declaração conjunta

2014-11-30 Rádio Vaticana

A Declaração conjunta refere expressamente a preocupação comum pela situação no Iraque, na Síria e em todo o Médio Oriente, declarando-se “unidos no desejo de paz e estabilidade e na vontade de promover a resolução dos conflitos através do diálogo e da reconciliação”.
“Ao mesmo tempo que reconhecemos os esforços que já estão a ser feitos para dar assistência à região (lê-se no texto), apelamos a quantos têm a responsabilidade dos destinos dos povos que intensifiquem o seu empenho a favor das comunidades que sofrem, consentindo a todas, incluindo as cristãs, de permanecerem na sua terra natal. Não podemos resignar-nos com um Médio Oriente sem os cristãos, que ali professaram o nome de Jesus durante dois mil anos. Muitos dos nossos irmãos e irmãs são perseguidos e, com a violência, foram forçados a deixar as suas casas.”
“A dramática situação dos cristãos e de todos aqueles que sofrem no Médio Oriente exige não só uma oração constante, mas também uma resposta apropriada por parte da comunidade internacional.
“Os grandes desafios, que o mundo enfrenta na situação actual, exigem a solidariedade de todas as pessoas de boa vontade. Por isso, reconhecemos a importância também da promoção dum diálogo construtivo com o Islão, assente no respeito mútuo e na amizade. Inspirados por valores comuns e animados por um genuíno sentimento fraterno, muçulmanos e cristãos são chamados a trabalhar, juntos, por amor da justiça, da paz e do respeito pela dignidade e os direitos de cada pessoa, especialmente nas regiões onde durante séculos viveram em coexistência pacífica e agora, tragicamente, sofrem juntos os horrores da guerra. Além disso, como líderes cristãos, exortamos todos os líderes religiosos a continuarem com maior intensidade o diálogo inter-religioso e fazerem todo o esforço possível para se construir uma cultura de paz e solidariedade entre as pessoas e entre os povos.”
Não falta uma referência também à Ucrânia, “país com uma antiga tradição cristã”. Para além de assegurar a oração pela paz, os signatários apelam “às partes envolvidas no conflito para que procurem o caminho do diálogo e do respeito pelo direito internacional para pôr fim ao conflito e permitir que todos os ucranianos vivam em harmonia”.


(from Vatican Radio)

Papa Francisco assegura empenho na busca da unidade com os Ortodoxos

2014-11-30 Rádio Vaticana

Neste último dia da sua viagem apostólica à Turquia, o Papa Francisco esteve presente, na igreja patriarcal de São Jorge, em Istambul, à solene Divina Liturgia da festa de Santo André, presidida pelo Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I. Uma celebração quase inteiramente cantada, segundo a rica tradição comum a todas as Igrejas de tradição bizantina (ortodoxas e católicas) da Grécia, do Médio Oriente, do Leste europeu e mesmo do sul da Itália. 
Intervindo no final da celebração, o Papa Francisco sublinhou a importância da experiência do encontro pessoal, tanto na vida da cristã como no caminho ecuménico e recordou três “vozes” que as Igrejas cristãs não podem deixar de ouvir: a voz dos pobres, das vítimas dos conflitos e dos jovens. Não faltou uma referência ao recente atentado numa mesquita da Nigéria.
… a vida cristã é uma experiência pessoal, um encontro transformador com Aquele que nos ama e nos quer salvar. Também o anúncio cristão se difunde graças a pessoas que, apaixonadas por Cristo, não podem deixar de transmitir a alegria de serem amadas e salvas. Neste sentido, é esclarecedor o exemplo do Apóstolo André, referido no evangelho de São João: depois de ter seguido Jesus até onde ele morava detendo-se ali com Ele, «encontrou primeiro o seu irmão Simão e disse-lhe: “Encontrámos o Messias!” – que quer dizer Cristo. E levou-o até Jesus». Fica, assim claro que nem sequer o diálogo entre cristãos pode subtrair-se a esta lógica do encontro pessoal – sublinhou o Papa, que evocou, como exemplo, o abraço entre o Patriarca Atenágoras e Papa Paulo VI, há cinquenta anos, em Jerusalém. 
Recordando o Decreto do Concílio Vaticano II sobre a busca da unidade entre todos os cristãos, Unitatis redintegratio, publicado há precisamente 50 anos, o Papa sublinhou que neste “documento fundamental” a Igreja católica reconhece que as Igrejas ortodoxas «têm verdadeiros sacramentos e principalmente, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia». Afirma-se, portanto, que, para guardar fielmente a plenitude da tradição cristã e levar a termo a reconciliação dos cristãos do Oriente e do Ocidente, é de extrema importância conservar e sustentar o riquíssimo património das Igrejas do Oriente, não só no que diz respeito às tradições litúrgicas e espirituais, mas também as disciplinas canónicas, sancionadas pelos santos padres e pelos concílios, que regulam a vida dessas Igrejas.Considero importante reiterar o respeito deste princípio como condição essencial e recíproca para o restabelecimento da plena comunhão, que não significa submissão de um ao outro nem absorção, mas sim acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação realizado por Cristo Senhor por meio do Espírito Santo. 
Quero assegurar a cada um de vós que, para se chegar à suspirada meta da plena unidade, a Igreja católica não tem intenção de impor qualquer exigência, excepto a da profissão da fé comum, e que estamos prontos a buscar juntos, à luz do ensinamento da Escritura e da experiência do primeiro milénio, as modalidades pelas quais garantir a necessária unidade da Igreja nas circunstâncias actuais. A única coisa que a Igreja católica deseja e que eu procuro como Bispo de Roma, «a Igreja que preside na caridade» (declarou ainda o Papa), é a comunhão com as Igrejas ortodoxas. Esta comunhão será sempre fruto do amor «que foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado», amor fraterno que dá expressão ao vínculo espiritual e transcendente que nos une como discípulos do Senhor.
Foi neste contexto que Papa Francisco recordou a necessidade de escutar aquelas vozes que se erguem com intensidade no mundo actual: os pobres, as vítimas dos conflitos e os jovens. Antes de mais os pobres, que sofrem de grave desnutrição, com o desemprego crescente e pelo aumento da exclusão social. 
Não podemos ficar indiferentes perante as vozes destes irmãos e irmãs. Estão-nos pedindo não só que lhes demos uma ajuda material, necessária em muitas circunstâncias, mas sobretudo que os ajudemos a defender a sua dignidade de pessoas humanas. Além disso – observou o Papa – eles pedem-nos para lutar, à luz do Evangelho, contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de um trabalho digno, da terra e da casa, a negação dos direitos sociais e laborais. Como cristãos, somos chamados a vencer, juntos, a globalização da indiferença. 
Uma segunda voz que brada forte em muitas partes do mundo é a das vítimas dos conflitos – prosseguiu o Papa, evocando “algumas nações vizinhas” da Turquia, “marcadas por uma guerra atroz e desumana”.  Turvar a paz de um povo, cometer ou consentir qualquer género de violência, especialmente contra pessoas frágeis e indefesas, é um pecado gravíssimo contra Deus, porque significa não respeitar a imagem de Deus que está no homem. A voz das vítimas dos conflitos impele-nos a avançar apressadamente no caminho de reconciliação e comunhão entre católicos e ortodoxos. 
Neste contexto, o Papa fez uma referência expressa às vítimas do recente atentado numa mesquita da Nigéria, exprimindo todo o sofrimento e solidariedade perante este atroz ato de violência contra fiéis reunidos num local de oração.  Finalmente, uma terceira voz que nos interpela é a dos jovens. Muitos deles vivem sem esperança, dominados pelo desânimo e a resignação. 
As novas gerações não poderão jamais adquirir a verdadeira sabedoria e manter viva a esperança, se nós não formos capazes de valorizar e transmitir o autêntico humanismo, que brota do Evangelho e da experiência milenar da Igreja. São precisamente os jovens… que hoje nos pedem para avançar rumo à plena comunhão.
(from Vatican Radio)

Papa e Bartolomeu I pedem medidas contra perseguição a cristãos

30/11/2014 09h46

Eles estão preocupados com violência a cristãos no Oriente Médio.

Papa e patriarca ortodoxo Bartolomeu I se encontraram na Turquia.

Da Agência Efe

tópicos:
O papa Francisco e o patriarca ortodoxo Bartolomeu I pediram neste domingo (30), na Turquia, à comunidade internacional que "dê uma resposta apropriada" aos ataques contra cristãos em países do Oriente Médio.
Papa Francisco (esq) e patriarca ortodoxo Bartolomeu I se encontraram na Turquia (Foto: Filippo Monteforte/AP)Papa Francisco (esq) e patriarca ortodoxo Bartolomeu I se encontraram na Turquia (Foto: Filippo Monteforte/AP)
Ambos protestaram contra o que denominaram "um Oriente Médio sem cristãos" em alusão à violência cometida contra os fiéis dessa religião em conflitos nos países da região.
"Não podemos nos resignar com um Oriente Médio sem cristãos, que professaram o nome de Jesus ali durante dois mil anos", disseram os líderes religiosos em uma declaração conjunta assinada em Istambul.
Os dois manifestaram concretamente preocupação com os atos de violência contra cristãos "no Iraque, na Síria e em todo o Oriente Médio".
E disseram: "muitos de nossos irmãos e irmãs estão sendo perseguidos e foram expulsos com violência de seus lares. Parece inclusive que se perdeu o valor da vida humana, que a pessoa humana já não importa e que pode ser sacrificada por outros interesses".
"E, de maneira trágica, tudo isto choca com a indiferença de muitos", afirmaram o papa e o patriarca.
Eles exigiram portanto que a comunidade internacional dê "uma resposta apropriada para acabar com a terrível situação dos cristãos e de todos os que sofrem no Oriente Médio".
A assinatura da declaração aconteceu depois de ambos abençoarem os fiéis desde a sacada do Palácio Patriarcal após assistirem a divina liturgia na catedral ortodoxa de São Jorge.
Durante a cerimônia ambos fizeram curtos discursos em que apoiaram a unidade entre católicos e ortodoxos e o papa disse que a Igreja Católica 'não imporá exigências' para isso.
Francisco lembrou que não era a primeira vez que assistia a uma divina liturgia ortodoxa, pois já havia acompanhado uma quando era arcebispo de Buenos Aires, mas disse que a oportunidade de fazê-lo hoje em Istambul era uma "graça singular" de Deus.
veja também

Show de luzes inaugura 19ª edição da Árvore de Natal da Lagoa, no Rio

 29/11/2014 21h44

'Um Natal de Luz' é tema da árvore que tem 3,1 milhões de lâmpadas.

Atração turística da cidade ficará montada até o dia 6 de janeiro.

Káthia MelloDo G1 Rio
As luzes de 2014 iluminam os céus da Lagoa (Foto: Alexandre Durão/G1)As luzes de 2014 iluminam os céus da Lagoa (Foto: Alexandre Durão/G1)
Um show de luzes no 19º Natal da árvore da Lagoa (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)Um show de luzes no 19º Natal da árvore da Lagoa (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
As luzes de 2014 (Foto: Alexandre Durão/G1)As águas da Lagoa refletem o brilho das luzes (Foto: Alexandre Durão/G1)
Com o tema "Um Natal de Luz", a  Árvore de Natal da Lagoa, na Zona Sul do Rio, foi inaugurada na noite deste sábado (29) pouco depois das 21h, após o show que contou com a participação do Coral da Fundação Bradesco, dos atores Cláudio Lins e Laila Garin, da cantora Simone, Família Lima e a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa.
Simone cantou "Aquarela do Brasil" ao lado dos mascotes das Olimíadas e Parolimpíadas. Cantou também "Ave Maria". Logo depois, a árvore foi acesa, junto com fogos de artifício.
O show de luzes emocionou o público que lotou o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas aproveitando o tempo bom e sem chuva. Este ano, a árvore apresenta quatro fases de iluminação. Começa com a luz das estrelas que remetem aos sonhos, passa para a luz do sol, para a luz do luar e termina com as luzes do Natal. A tradicional queima de fogos durou minutos.
Depois do réveillon e carnaval, a inauguração da Árvore de Natal da Lagoa é considerada  o terceiro maior evento do Rio. A festa teve transmissão on-line e tradução em mais de 30 idiomas.
Nesta 19ª edição, a árvore tem 85 metros (o equivalente a um edifício de 28 andares), 3,1 milhões de lâmpadas e 120 quilômetros de mangueiras luminosas, que ficarão baseados em 11 flutuadores. Ao todo, ela pesa 542 toneladas.
A árvore ficará montada até o dia 6 de janeiro e a expectativa diária de visitação é de 80 mil pessoas por dia. A produção para o espetáculo de inauguração começou em setembro. A árvore também já faz parte do Guiness Book.
Milhares de pessoas chegaram pelo menos duas horas antes ao Parque do Cantagalo, onde estava montado o palco, para apreciar o espetáculo.
O público que chegou mais cedo conseguiu lugar em cadeiras perto do palco, mas muitas famílias optaram por estender cangas no gramado e se acomodar para fazer um pique-nique enquanto não chegava a hora da festa. O governador Luiz Fernando Pezão chegou por volta das 20h30 na companhia da mulher Maria Lúcia.
A árvore ainda apagada contrasta com as cores do pôr do sol (Foto: Alexandre Durão/G1)A árvore ainda apagada contrasta com as cores do pôr do sol (Foto: Alexandre Durão/G1)
O público com a árvore ainda apagada ao fundo (Foto: Káthia Mello/G1)O público com a árvore ainda apagada ao fundo (Foto: Káthia Mello/G1)
O grupo veio da Zona Oeste para a festa da árvore de Natal (Foto: Káthia Mello/G1)O grupo veio da Zona Oeste para a festa da árvore de Natal (Foto: Káthia Mello/G1

'Ele amava o Brasil', diz fã de Bolaños que produziu shows de 'Chaves'

30/11/2014 07h05

Maurício Trilha, de 23 anos, passou dia na casa do artista em Cancún.

Jovem trouxe integrantes do elenco do seriado para espetáculos no país.

Do G1 RS
Maurício Trilha Roberto Bolaños Chaves (Foto: Maurício Trilha/Arquivo Pessoal)Maurício Trilha ao lado de Florinda Meza e Roberto Bolaños no México (Foto: Maurício Trilha/Arquivo Pessoal)
“Perdi o meu maior ídolo”. Assim Maurício Trilha, de 23 anos, resume como se sentiu ao saber da morte de Roberto Gómez Bolaños, criador e intérprete dos personagens “Chaves” e “Chapolin”. Fã do seriado desde que se conhece “por gente”, o gaúcho de Porto Alegre produziu diversos shows com integrantes do elenco no Brasil e chegou a conhecer Bolaños pessoalmente.
Maurício conta que nunca vai esquecer o encontro que teve com o humorista no início de 2013 na casa dele no balneário de Cancún, no México. Foi lá que Bolaños se refugiou para amenizar os efeitos de uma doença respiratória e onde morreu na sexta-feira (28), aos 85 anos. O velório será neste domingo (30) no estádio Azteca, na Cidade do México.
“Foi uma experiência inacreditável. Só quem já se aproximou de um ídolo entende como eu me senti”, diz Maurício. “Ele amava o Brasil. Ele disse que um dos maiores arrependimentos da vida dele foi não ter vindo ao Brasil enquanto podia. Ele adorava o futebol brasileiro, citou uns 30 jogadores brasileiros. E o Pelé era o grande ídolo dele”, acrescenta.
Assim como muitos brasileiros, o produtor de eventos virou fã de Chaves e sua turma ainda na infância. “Tenho uma fita VHS com a festa de aniversário dos meus cinco anos de idade. Minha dinda me dá um boneco do Chapolin de presente e eu saio pulando superfeliz, imitando o personagem. As lembranças mais remotas que tenho da vida são sobre eu chegando da escola e ligando a TV para assistir ao Chaves”, recorda.
Com o passar dos anos, Maurício começou a participar de fóruns de discussão na internet sobre o seriado. Trocava informações com outros fãs, traduzia notícias e escrevia textos sobre o elenco e seus personagens. Não demorou muito para virar um dos diretores do maior fã-clube sobre “Chaves” e “Chapolin” da América Latina, com mais de 220 mil cadastrados, segundo ele.  
O produtor então passou a organizar eventos para reunir outros fãs da série, a maioria em São Paulo ou Rio de Janeiro. Foi através desses encontros que teve contato com os dubladores brasileiros e depois com os próprios atores mexicanos. O primeiro a conhecer foi Edgar Vivar, que interpretava Seu Barriga. “Conheci todos os atores vivos e os mortos também”, brinca ele, se referindo às visitas aos túmulos de Ramón Valdés (Seu Madruga) e Angelines Fernández (Bruxa do 71), no México.
Maurício Trilha Roberto Bolaños Chaves (Foto: Maurício Trilha/Arquivo Pessoal)Maurício e amigo cantam 'Boa Noite Vizinhança' para o ator (Foto: Maurício Trilha/Arquivo Pessoal)
Em 2012, Maurício foi o responsável por trazer a Porto Alegre Edgar Vivar para uma apresentação no bar Opinião. Um ano depois, repetiu a dose com o show de Carlos Villagrán, o Kiko, para quem chegou a roteirizar um espetáculo. O sucesso foi tanto que ele começou a acreditar na possibilidade de reunir todo o elenco vivo para um show no Brasil. “O nosso sonho sempre foi esse. A gente tentou armar esse evento, falamos com a Televisa e tudo, mas os médicos já tinham proibido o Bolaños de viajar”, conta.
Sem alternativas, o jovem decidiu fazer o caminho inverso e ir até o encontro do ídolo. Em janeiro do ano passado, ele e outro fã embarcaram para o México para gravar uma entrevista com Bolaños e a mulher dele, Florinda Meza, que interpretava a Dona Florinda na série. A gravação seria exibida em um evento para outros fãs. Eles não só conseguiram as entrevistas, como foram convidados para passar um dia na casa dos atores.
Maurício Trilha Roberto Bolaños Chaves (Foto: Maurício Trilha/Arquivo Pessoal)Maurício com Carlos Villagrán e o dublador Nelson
Machado (Foto: Maurício Trilha/Arquivo Pessoal)
“Quando fomos a gravar a entrevista, ele nos recebeu de camisa social. Depois, no sábado, quando fomos lá, ele nos recebeu de bermuda, chinelo de dedos e com uma camiseta do nosso fã-clube. Almoçamos juntos, conversamos, ele nos mostrou o livro que estava escrevendo, fotos dos netos. Meu amigo sentou no piano e eu cantei com ele ‘Boa Noite Vizinhança’. Foi emocionante”, recorda Maurício.
O jovem gaúcho conta que Bolaños já estava com a saúde bastante debilitada naquele momento. Se deslocava com a ajuda de andador ou cadeira de rodas, mas ainda não usava respirador artificial. Mesmo assim, estava entusiasmado com a presença de fãs brasileiros. Segundo o produtor, o próprio humorista reconhecia que era mais famoso no Brasil do que em sua terra natal.
Na sexta-feira (27), Maurício ficou sabendo da notícia da morte do ídolo ao receber a ligação de uma rádio de Porto Alegre, que queria um depoimento seu. Depois disso, seu telefone não parou mais de tocar. Muitos eram amigos oferecendo condolências, como se ele tivesse perdido um familiar.
Maurício diz que os fãs acompanhavam o estado de saúde de Bolaños à distância e já esperavam pela morte do ídolo. Em vez de lamentar, muitos preferiram lembrar os muitos risos proporcionados por ele. “Morre um dos maiores escritores da história. Morre um gênio. Morre um ídolo. Morre o cara que fez minha infância feliz. Morre o cara que, involuntariamente, transformou minha vida”, escreveu o fã em sua página em uma rede social.