sábado, 31 de agosto de 2013

Dom Odilo fala sobre 'a vocação de todos'

Dom Odilo explicou que o chamado de Deus 'só pode ser percebido quando se está atento'
Em artigo publicado recentemente, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, afirmou que a primeira e essencial vocação de todos "é o chamado à vida e para alcançar a salvação", alegando que "a compreensão cristã sobre a vida nos leva a afirmar que ninguém nasceu, sem que isso fosse também do conhecimento de Deus", que "já os conhecia até mesmo antes que fôssemos formados no seio da mãe (Sl 139, 15-16)".
Dom Odilo disse que a pessoa, quando chamada por Deus, alcança a plenitude da vida, a "salvação eterna". "O homem não é capaz de dar a si mesmo a salvação: em última análise, recebe-a de Deus quando a busca e acolhe de coração sedento e aberto", frisou. Ao recordar-se da Festa de Santo Agostinho, celebrada pela Igreja no mundo no dia 28 de agosto, o Cardeal resumiu as palavras do Bispo de Hipona ao enfatizar que "o homem tenta dar a si mesmo a satisfação plena de sua existência; é compreensível que o faça e não poderia deixar de fazê-lo, sem frustrar o sentido de sua existência", mas que "cedo ou tarde, percebe que é incapaz de resolver essa questão existencial".
O Arcebispo de São Paulo explicou que o chamado de Deus "só pode ser percebido quando se está atento", pois "muitas coisas nos distraem e desviam nossa atenção, não deixando perceber o chamado de Deus e a silenciosa e forte atração que ele exerce sobre a existência humana." Para reforçar seu pensamento, Dom Odilo argumentou que desde os tempos de Adão e Eva, "o homem foi sempre a de dar ouvidos e de seguir a voz de ´alguém outro´, que se propõe no lugar de Deus em nossa vida".
O Cardeal ainda referiu-se à Encíclica sobre a Esperança (Spe salvi), publicada pelo Papa Emérito Bento XVI, que falava sobre a falta de esperança entre os homens. O Arcebispo, então, propõe um questionamento aos seus leitores acerca do assunto. "O homem ainda espera algo mais da existência, que vá além do que ele se pode dar aqui na terra?" Logo em seguida, Dom Odilo respondeu que "muitos não esperam nada de Deus, nem mesmo a ´salvação eterna´", sendo assim, "uma existência sem esperança acaba não tendo um motivo alto para viver, lutar e aprimorar a vida e a convivência." Finalizando seu artigo, o Arcebispo concluiu que "o homem é chamado a se lançar para além dos próprios limites", usando as exortações feita pelo Papa Francisco aos seus fiéis "a não perderem a esperança e a não deixarem que lhes fosse roubada a esperança." "O homem só pode ter esperança verdadeira quando se abre para Deus. Então, sim, será capaz de olhar para além dos próprios limites", finalizou Dom Odilo.
SIR

Mais de 37 mil cubanos e 10 mil estrangeiros estudam medicina em Cuba

Mais de 37.000 cubanos e 10.000 estrangeiros iniciaram ou concluíram seus estudos de medicina em Cuba, enquanto outros 40.000 seguiram carreira e cursos técnicos na área da saúde, informou o jornal oficial Granma.
"Apenas em Medicina, nos seis anos que demandam seus estudos, a matrícula de alunos chegou a 47.676, dos quais 37.302 são cubanos e 10.374 jovens procedentes de outros países", indica o jornal.
Há mais de 13 anos, Cuba concede diplomas a estudantes estrangeiros que ingressam no curso de medicina na ilha, fundamentalmente na Escola Latinoamericana de Medicina (ELAN).
Contudo, desde 2012, foram adotadas novas modalidades para alunos que podem pagar por seus estudos. Segundo relatório da Prensa Latina, 900 estudantes sul-africanos pagaram mais de 10 milhões de dólares em 2012.
Além de manter o sistema nacional de saúde, cerca de 60.000 médicos e paramédicos cubanos trabalham em mais de 50 países, a metade deles na Venezuela, e seu trabalho, além do de outros profissionais como professores e treinadores esportivos, arrecada para o país mais de 6 bilhões de dólares, sendo a principal fonte de ingresso da ilha, superando o turismo, os impostos e a exportação de bens.
"O ano escolar 2013-2014, que se inicia na próxima segunda-feira 2 de setembro, receberá em suas aulas 85. 871 estudantes de Ciências Médicas, segundo dados preliminares, que abarca dois níveis de ensino: o superior, com 13 carreiras, e o técnico com 24", indica a revista.
No final de 2012, Cuba dispunha de mais de 85.000 médicos para uma população de 11,1 milhões de habitantes, um médico para cada 137 pessoas, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas, o que deixa a ilha em uma posição privilegiada a nível internacional.
AFP

Tudo bem, nós vamos dar um jeito


De pouco em pouco estamos perdendo não só a capacidade de amar, mas de nos entender, de refletir sobre nós mesmos
Certa vez ouvi uma amiga dizer que a sua frase favorita era: ‘vai ficar tudo bem, nós vamos dar um jeito’. Nunca tinha parado para pensar nela. E de fato, é mesmo uma frase especial. É uma frase reconfortante, sem julgamentos ou críticas. É um abraço traduzido em palavras. E ela ainda se pontua na primeira pessoa do plural, com um baita ‘nós’. Ou seja, quem quer que a pronuncie não se exclui do problema. Ao contrário disso, o assume e diz: ‘Nós vamos dar um jeito’. 

Quem, no mundo pós-moderno, diz algo do tipo? Somos o egoísmo personificado. E não digo isso pensando na relação existente entre você e a pessoa que esbarra na rua sem pedir desculpas, mas nas relações entre pessoas que convivem diariamente, entre as pessoas que dizem se amar e respeitar. Às vezes me parece que as relações são como um jogo de cartas, em que não se pode confiar em ninguém. Um jogo de manipulações e interesses, em que nada é de graça. Não existe um amor gratuito que não seja o materno. Não existe cumplicidade, paciência, compreensão. Não existe ‘nós’. Talvez não exista nem um ‘eu’. Talvez o que exista seja um emaranhado de todos e nenhum, concomitantemente. Talvez as pessoas estejam mais perdidas do que nunca e, por isso, não conseguem amar. 

Ou talvez seja sim amor... Só que de uma forma complicada. Afinal de contas o sentimento só estaria refletindo a própria complexidade humana. Talvez amar seja mesmo muito difícil. Talvez muitos de nós, humanos que somos, não consigamos amar nunca. Mas não seria o amor um diferencial da nossa espécie? Por que então, mesmo assim, ele (o sentimento), pareça cada vez mais distante? Cheio de regras e proibições, rancor e orgulho. Sem um ‘nós’ e sim um nada, um vazio tremendo. O amor tem mesmo que ser um milagre? Ele não pode simplesmente acontecer? Amar não deveria ser simples? Não deveria ser motivo de conforto ao invés do medo? 

Ou será que toda essa bagagem negativa não seja mesmo o amor? Talvez seja outro sentimento qualquer, sem nome ainda. Talvez as pessoas se casem sem amor, se beijem sem amor, trabalhem sem amor. Ou talvez exija limitações, cada um amando até onde consegue amar, enquanto outras amam a tudo e a todos de forma simples, leve. O mundo é um mistério, e o que cada ser humano sente é o maior deles. Alguns seres humanos são simples, decifráveis. Será que estes conseguem amar mais facilmente? Será o amor um sentimento humilde? Será que nós o complicamos? Será que o amor acompanha a ignorância da simplicidade, aquela em que a sabedoria vale mais que a inteligência? Será o amor um desapego? Se sim, o amor estará, então, cada vez mais distante, já que somos cada vez mais apegados... 

Seja como for, são mais indagações do que respostas. Mas porque falar de amor? Porque nossa capacidade de entendê-lo decresce à medida que a sociedade ‘evolui’. Somos cada vez mais carentes e necessitados. De que? Não sabemos. De pouco em pouco estamos perdendo não só a capacidade de amar, mas de nos entender, de refletir sobre nós mesmos, de admitir o que somos e o que nunca vamos conseguir ser. A humanidade cresceu sem rédeas, uma infância descomedida. E agora enfrentamos uma sociedade mimada, perdida.

Brígida Rodrigues Coelho é graduanda em Direito pela Escola Superior Dom Helder Camâra. Começou a escrever com 15 anos no jornal filosófico Conhece-te a ti mesmo e, atualmente, tem uma coluna no jornal o Baruc, de Congonhas e região. Vencedora de muitos concursos literários nacionais e internacionais gosta de focar em assuntos críticos os quais possa relacionar à filosofia. 

Ele eleva os humildes

É o humano que está em jogo, a verdade do homem que não é outra senão a verdade deste Deus
Marcel Domergue

São pouco edificantes, as propostas de Jesus! Olhando superficialmente, elas de fato apresentam a aparência de estarem preconizando um cálculo tortuoso, para que alguém se faça destacar favoravelmente durante um banquete festivo. Fazer-se pequeno, humilhar-se é usado como meio para se obter o resultado contrário: o que secretamente se busca com esta manobra é ser honrado.

Jesus disse que as coisas se passam de fato deste modo, no domínio das nossas relações com Deus? Certamente não. Devemos compreender que aqui se trata de uma parábola e que o suporte material das parábolas é tomado com freqüência dos comportamentos humanos e que estes, às vezes, são discutíveis. É assim com o juiz injusto que acaba concedendo o direito à viúva, não para que seja feita a justiça, mas para deixar de ser assediado pela queixosa (Lucas 18,1-8; ver também o amigo importuno, em 11,5-8). O administrador sem escrúpulos, de Lucas 16,1-13, pode passar como o modelo do gênero.

Tudo isto nos ajuda a compreender que, se "o Reino de Deus é semelhante" às realidades da natureza e aos comportamentos humanos (tudo, de fato, é criado à imagem de Deus), esta semelhança transpõe um limite quando se passa do mundo humano para o Reino. Nesta parábola, a última frase (“quem se eleva será humilhado...”) vai ao encontro das fórmulas do Magnificat e do ensinamento constante de Jesus (o fariseu e o publicano, o pedido dos filhos de Zebedeu, etc.). Naquela noite derradeira, o Cristo se põe em situação de servo para lavar os pés dos apóstolos, o que ganhará todo o sentido quando ele for "elevado da terra"; elevado ao mesmo tempo para a morte e para a glória.

O conflito das duas sabedorias

A corrida aos primeiros lugares, a fortunas colossais, ao pódio, ao recorde mundial, ao império econômico e também, para as nações, ao controle do mundo inteiro, tudo isso é o contrário da "loucura da cruz, sabedoria de Deus". A parábola que acabamos de ler anuncia o fracasso destas condutas de dominação. Não há nelas qualquer esperança de felicidade nem de realização, seja para os indivíduos e coletividades, seja para a humanidade inteira. No caminho até aí e uma vez aí chegado, temos a violência: esta violência que não poderá nada contra aquele que, Senhor, fez-se servidor, fazendo morrer nele toda a vontade de poder. A "Sabedoria da cruz", nos dias de hoje como no tempo de Jesus e como sempre, vem infligir um desmentido às nossas pretensões, à nossa loucura de grandeza. É uma mensagem dura para se ouvir, até mesmo aos discípulos do Cristo: tarefa jamais terminada e a ser retomada sempre. É o humano que está em jogo, a verdade do homem que não é outra senão a verdade deste Deus que, em total despojamento, não retém para si sequer a sua condição divina. Tocamos aqui no essencial da revelação de si próprio que Deus nos faz na pessoa do Cristo; revelação que, na cruz, encontra o seu acabamento insuperável. Manifestação de um amor tal que os homens não podiam imaginar: "o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu..." (1 Coríntios 2,9). O que, no entanto, nos é dado reproduzir para que nos tornemos imagem de Deus.

A injustiça justificante

Sabemos que nos assemelharmos a Deus, fazer nosso este amor, "ser perfeitos como nosso Pai é perfeito" equivale a completar a nossa criação. Este empreendimento nos ultrapassa, uma vez que o ato criador, mesmo se a sua realização foi posta em nossas mãos, origina-se em Deus. Por isso recebemos o Espírito, amor criador, que vem nos habitar, nos esposar. A nossa participação, assim como a de Maria em Lucas 1,38, consiste em dizer "sim" à irrupção divina. Mas o final da nossa leitura nos convida a tomarmos consciência do admirável paradoxo do amor manifesto na cruz. Trata-se com efeito do inaudito da justiça divina que, desqualificando tudo o que chamamos de justiça, nos justifica gratuitamente. Podemos desde então falar de injustiça, uma vez que o perdão foi dado sem contrapartida, "sem pagar". Injustiça não por falta de justiça, mas por excesso de amor. É este exatamente o caso dos convidados sem dinheiro, que não têm como retribuir. Convidados para as núpcias do Cordeiro consumadas sobre o leito da cruz. Convidados e esposados a uma só vez (outro paradoxo), temos que fazer nossos os comportamentos do esposo. Agora é a nossa vez de convidar "os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos". Então, como não têm como retribuir, participaremos da injustiça do Amor; e é o Deus-Amor em si mesmo que, "na Ressurreição dos justos", compensará o desequilíbrio.
Croire

Severinas: as novas mulheres do sertão

Titulares do Bolsa Família, as sertanejas estão começando a transformar seus papéis na família e na sociedade do interior do Piauí e se libertando da servidão ao homem, milenar como a miséria.

Em todo o Brasil, o Bolsa Família atende a 13,7 milhões de famílias – sendo que 93,2% dos cartões estão em nome de mulheres
“Cada um tem que saber o seu lugar: a mulher tem qualidade inferior, o homem tem qualidade superior.” É bem assim que fala, sem rodeios, um dos homens mais respeitados do município de Guaribas, no sertão do Piauí, pai de sete filhos (seis mulheres e um homem). “O homem é o gigante da mulher”, completa “Chefe”, como é conhecido Horacio Alves da Rocha na comunidade.
Para chegar a Guaribas são dez horas desde a capital, Teresina, até a cidadezinha de Caracol. Dali, 40 minutos de estrada de terra cercada de caatinga até o jovem município, fundado em 1997. Em 2003, Guaribas foi escolhida como piloto do programa Fome Zero. Tinha então o segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, 0,214 – para efeito de comparação, o país com pior IDH do mundo é Burundi, na África com índice 0,355. Hoje, Guaribas tem 4.401 habitantes, 87% deles recebendo o Bolsa Família. São 933 famílias beneficiadas, com renda média mensal de R$ 182. O IDH saltou para 0,508.
Em todo o Brasil, o Bolsa Família atende a 13,7 milhões de famílias – sendo que 93,2% dos cartões estão em nome de mulheres. São elas que recebem e distribuem a renda familiar.
“Eu vivi a escravidão”, diz Luzia Alves Rocha, 31 anos, uma das seis filhas de Chefe. Aos três meses, muito doente, ela foi dada pelo pai para os avós criarem. Quando eles morreram, uma tia assumiu a menina. “Achei que ela não ia aguentar aquela vida de roça: era vida aquilo?”, pergunta a tia Delci. Luzia trabalhou na roça, passou fome, perdeu madrugadas subindo a serra para talvez voltar com água na cabaça. “Quando tinha comida a gente comia, se não, dormia igual passarinho”, diz. Trabalhava sem salário, sem nenhum direito trabalhista, sem saber como seria a vida se a seca não passasse e a chuva não regasse o feijão e a mandioca. Era “a escravidão”.
Quando a seca piorou, Luzia pensou em migrar para São Paulo. Foi então que chegou o programa social do governo: “Com esta ajudinha já consigo levar”, diz. Luzia decidiu ficar em Guaribas. Os filhos estudam. O marido e ela cuidam da roça.
“A libertação da ‘ditadura da miséria’ e do controle masculino familiar amplo sobre seus destinos permite às mulheres um mínimo de programação da própria vida e, nesta medida, possibilita-lhes o começo da autonomização de sua vida moral. O último elemento é fundante da cidadania”, analisam os pesquisadores Walquiria Leão Rego e Alessandro Pinzani, da Universidade de Campinas e da Universidade Federal de Santa Catarinas, no livro Vozes do Bolsa Família: Autonomia, dinheiro e cidadania. Durante a pesquisa, eles ouviram beneficiários do programa observando as transformações decorrentes do Bolsa-Família – em especial na vida das mulheres. Chegaram à conclusão que a mudança é grande: “Quando você tem um patamar de igualdade mínimo, você muda a sociedade. Claro que as coisas não são automáticas. Isto não pode ser posto como salvação da nação, mas é um começo.”
Luzia conseguiu realizar o sonho de diversas das mulheres ouvidas pela socióloga Walquiria Leão. Ela juntou R$ 50 e seguiu para o hospital da cidade vizinha, de São Raimundo Nonato para fazer laqueadura das trompas: “se tivesse mais filho a vida ia ser mais pior”. Segundo Walquíria, o desejo de controlar a natalidade foi manifestado por diversas das mulheres que ela entrevistou entre 2006 e 2011 em Alagoas, Vale do Jequitinhonha, Piauí, Maranhão e Pernambuco.
Serena, uma das filhas de Luzia, tem 8 anos e está na terceira série. Ela ajuda a arrumar a casa, já sabe cozinhar, ajuda na roça. Mas não perde suas aulas. Logo depois de cantar o alfabeto e os números, diz que quer ser “advogada e médica”. Quando perguntada sobre casamento, a pequena afirma, com a mão na cintura: “eu não vou casar, vou ser sol-tei-ra…”, diz, demorando nas sílabas.
Em maio o valor do Bolsa Família de Luzia saltou de R$ 70 reais para R$ 212. A mãe comemora: “Agora já posso comprar as coisas para minha filha: a sandália dela arrebentou e pude comprar outra”. No pé da menima, o calçado que custou R$ 7,50. “Primeiro comprei para a menina, num outro mês compro pra mim”, explica Luzia, com os pés descalços.
“Minha sina”
Do outro lado do vale que liga o centro de Guaribas ao bairro Fazenda, Norma Alves Duarte, 44 anos, vive numa casa de dois quartos. Na sala, paredes mal rebocadas mostram as marcas da massa corrida. No canto, um pequeno móvel com uma TV. A vida toda ela ajudou a mãe doente, quase não estudou – cursou até a segunda série. Como todas as mulheres dali, as atividades de criança incluíam colher feijão, pegar lenha e buscar água no olho d’água, que fica a dois quilômetros.
Norma tem 12 irmãos, 2 filhos e vive com o segundo marido – o primeiro a abandonou depois de 20 dias. “Era pau e cachaça. Aí depois arrumei o pai destes meninos. É bom mas é doido, vaidoso o velho, bebedor… Ele é bruto demais, ignorante que só. Fazer o que né? Destino é destino: quem traz uma sina tem que cumprir.”
“Esta palavra, sina, faz parte do que nós chamamos de cultura da resignação e acho que ela foi de fato rompida com o Bolsa Familia”, diz a socióloga Walquiria Leão.
No início do programa, Norma ganhava R$ 42 com seu cartão. Agora “tira” R$ 200. “Mudou, porque eu pego meu dinheirinho, compro minhas coisas, assim mesmo ele (o marido) xingando. Eu não dou ele, ele tem o dele. Ele não me dá nenhum real, bota para comer dentro de casa mas não me dá nem um real, nem dez centavos.” Para Walquíria Leão, “a renda liberta a pessoa de relações privadas opressoras e de controles pessoais sobre sua intimidade, pois a conforma em uma função social determinada, permitindo-lhe mais movimentação e, portanto, novas experiências”.
Mais divórcios
Ao saírem da miséria, “da espera resignada pela morte por fome e doenças ligadas à pobreza”, nas palavras de Walquiria, estas mulheres começam a protagonizar suas vidas.
No vilarejo de Cajueiro, a uma hora do centro de Guaribas por uma estrada de terra esburacada, a água ainda não chegou às casas. Elenilde Ribeiro, 39 anos, caminha com a sobrinha por um areial com a lata na cabeça, outra na mão. É ela quem cria a menina. “Não quero que ela sofra como eu sofri”, diz. Chegando na casa, o capricho se mostra nos paninhos embaixo de copos metálicos, na estante com fotos de família, o brasão do Palmeiras, e um gato de louça ao lado da imagem de Jesus. Do lado de fora, o banheiro – onde se usa caneca e penico –, um pátio bem varrido, uma horta suspensa, e uma pilha de lenha que Elenilde mesma coleta e quebra, apontando: “está aqui meu botijão de gás”.
Os olhos de Elenilde marejam quando conta ter sido abandonada pelo marido há treze anos, mas seu tom de voz muda ao falar do papel da renda em sua vida. “Tiro R$ 134 no meu cartão Bolsa Família mas para mim está sendo mil. Porque com este dinheirinho eu tenho o dinheiro certo para comprar (na venda) e o dono me confia. E eu sei que com isso, com ele me confiar, eu já estou comendo a mais”, explica. Elenilde também se livrou de trabalhar na roça dos outros em troca de uma diária de R$ 5. “Eu quando pego o meu dinheiro (do cartão) vou na venda, pago a conta mais velha e espero pela vontade do vindião, aí ele vai e me franqueia… E eu vou e compro de novo”. Segundo Walquíria Leão, isso tem ajudado a mulher a conquistar um novo papel na comunidade. “A experiência anterior de vida era sempre de ser desrespeitada, desconsiderada porque ela não tinha dinheiro”.
No final da mesma rua, Domingas Pereira da Lima, 28 anos, não se arrepende de ter abandonado o marido. “Ele ficava namorando com uma e com outra e eu num resisti, vim embora”. Prendendo o choro, ela continua: “Deixava eu com as crianças e se tacava no meio do mundo. A vida não é fácil mas vou levando a vida devagarzinho aqui.” Desde então, Domingas cuida dos quatro filhos com o apoio das irmãs e da mãe.
Em 2003, quando chegou o Fome Zero, foram solicitados 993 divórcios no Piauí. Em 2011 o número saltou para 1.689 casos. Dos casos não consensuais, 134 foram requeridos por mulheres em 2003; em 2011 esse número saltou para 413 – um aumento de 308%.
Ainda assim, na pequena Guaribas, a mulher ficar presa em casa em dias de festa, o alcoolismo e a infidelidade masculina são histórias contadas com naturalidade. “Vixi, aqui se conta nos dedos as mulheres que não apanham do marido”, é comum as mulheres dizerem.
Na delegacia da cidadezinha, o delegado explica que por ali o clima é sempre “muito tranquilo, sem nenhuma ocorrência. Só umas brigas de casal, coisa que a gente aconselha e eles voltam” diz.
Mirele Aline Alves da Rocha é uma das que se conta nos dedos. Aos 18 anos, a bonita jovem explica: “Apesar da minha idade já ser avançada para os daqui, eu não estou nem aí para o que eles falam. Eu quero é estudar”. A maioria das amigas se casaram aos 13 anos. Já Mirele, soteira, cursa o terceiro ano do Ensino Médio na escola estadual de Guaribas, onde vive com a tia – os pais moram no município de Cajueiro. O cartão do Bolsa Família está no nome da mãe, que recebe R$ 102 por Mirele e pelo caçula de nove anos. Ambos estudam. “Eu vejo a realidade da minha mãe e não quero seguir pelo mesmo caminho. Eu quero estudar para ter um futuro, para ser independente, para não ficar dependendo de um homem”, decreta a jovem.
No primeiro bimestre de 2013, em Guaribas, a frequência escolar atingiu o percentual de 96,23%, para crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos – o equivalente a 869 alunos – e 82,29% para os jovens entre 16 e 17 anos, de um total de 175.
Mirele vai fazer o Enem e “ver o que dá”. Para cursar faculdade ela terá que sair de Guaribas mas planeja se graduar e voltar: “Gosto mesmo é daqui”. “Nunca é demais lembrar que nossa pobreza não é um fato contingente, mas deita raízes profundas na nossa história e na forma de conduzir politicamente as decisões estatais”, avalia Walquiria. “O Bolsa Família deveria se transformar em política publica, não mais política de um governo”. “É um processo, um avanço que mal começou. E ainda é muito insuficiente. Mas quem narra uma história tem que ser capaz de narrar todos os passos desta história”, finaliza.
Agência Pública

Rompimento de dique atinge cerca de 700 casas em Porto Alegre

Kelly Oliveira

O rompimento de um dique de contenção da represa do Rio Gravataí na madrugada de sábado (31) provocou alagamento no bairro Sarrandi, em Porto Alegre. Segundo o secretário de Defesa Civil, Ernesto Teixeira, cerca de 700 casas foram atingidas. "É a maior tragégia de derramamento de água em [Porto Alegre] depois da grande enchente de 1941", avaliou Teixeira em entrevista por telefone a reportagem.

A prefeitura informou ainda que o trecho fissurado passa por reconstrução com areia e brita. De acordo com o secretário da Defesa Civil, a água ainda está subindo, porque o dique ainda não foi totalmente recuperado. Funcionários da prefeitura trabalham no local desde 1h.

Os moradores atingidos estão sendo removidos para Escola Municipal Liberato Vieira da Cunha. A prefeitura providenciou alimentação para cerca de mil pessoas afetadas pelo rompimento. De acordo com a prefeitura, não há registro de feridos.

Segundo a prefeitura, as causas do rompimento estão sendo apuradas. Como medida de segurança, foi interrompida a transmissão de energia elétrica na região durante a noite e o início da manhã, mas o fornecimento já foi normalizado.
Agência Brasil                          


País tem quase 267 milhões de celulares


No mês passado, a maioria dos celulares (79,23% do total) eram pré-pagos e 20,77% eram pós-pagos (20,77%)
Sabrina Craide

O Brasil fechou o mês de julho com 266,9 milhões de linhas ativas na telefonia celular e teledensidade de 134,81 acessos para cada grupo de 100 habitantes. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em julho foram registradas mais de 1,26 milhão de novas habilitações.

Os dados da Anatel mostram que, no mês passado, a maioria dos celulares (79,23% do total) eram pré-pagos e 20,77% eram pós-pagos (20,77%). A banda larga móvel totalizou 80,99 milhões de acessos, dos quais 257,2 mil são terminais 4G.

Em julho, a operadora Vivo liderava o mercado, com 28,69% de participação, seguida pela TIM, com 27,22%; da Claro, com 24,97%; da Oi, com 18,66%; da CTBC, com 0,35%; da Nextel, com 0,06% e da Sercomtel, com 0,03%. A Porto Seguro, que opera como autorizada da rede virtual, registrou 0,02% de participação no mercado.
Agência Brasil

Chesf só investiu 33% dos recursos previstos para 2013

 domtotal.com                                                    


Matéria publicada originalmente pelo Portal Contas Abertas, entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos, que reúne pessoas físicas e jurídicas, lideranças sociais, empresários, estudantes, jornalistas, bem como quaisquer interessados em conhecer e contribuir para o aprimoramento do dispêndio público, notadamente quanto à qualidade, à prioridade e à legalidade.

Dyelle Menezes e Marina Dutra
Do Contas Abertas

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que atua no setor de energia em todo o Nordeste, com exceção do estado do Maranhão, só investiu até o mês de julho R$ 651,1 milhões dos R$ 2 bilhões autorizados para o ano, o que equivale a 33% do total.

Das 15 iniciativas sob responsabilidade da companhia, apenas a ação de “Manutenção e Adequação de Bens Imóveis” recebeu mais de 50% dos investimentos previstos para 2013.  Ações de ampliação, reforços e melhorias no sistema de transmissão de energia elétrica da região atendida, por exemplo, receberam aplicações inferiores a 30% do total previsto.

A maior ação da Companhia, intitulada “Ampliação do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica na Região Nordeste”, que tem previsão para receber aplicações de R$ 658,8 milhões este ano, só recebeu R$ 197 milhões, ou 30% do autorizado, em investimentos.

A Chesf só investiu 25% do previsto na iniciativa Manutenção no Sistema de Transmissão de Energia Elétrica na Região Nordeste”. Foram autorizados R$ 351,2 milhões para a ação, dos quais apenas R$ 88,5 milhões foram aplicados.

Questionada pela reportagem no início do mês, época em que o relatório de investimentos das estatais no primeiro semestre foi divulgado, a Eletrobras afirmou que os atrasos foram decorrentes de fatores como a demora na contratação de trabalhadores especialmente qualificados para os serviços, atraso na entrega de componentes e materiais, retrabalho necessário devido à fiscalização nas obras, entre outros fatos.

Quatro obras de autoria da empresa, que juntas tiveram R$ 5,8 milhões autorizados para investimentos, não receberam nenhum recurso em 2013. São elas: “Implantação de Parques Eólicos de Geração de Energia Elétrica na Região Nordeste” (R$ 1 milhão), “Implantação do Projeto Solar para Geração de Energia Elétrica, a partir de Painéis Fotovoltálticos” (R$ 2,8 milhões), “Ampliação do Sistema de Geração de Energia Elétrica na Região Nordeste” (R$ 1 milhão) e “Ampliação da Capacidade de Geração da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga” (R$ 1 milhão).

Entre as iniciativas que receberam recursos, a ação de “Manutenção e Adequação de Bens Móveis, Veículos, Máquinas e Equipamentos” só teve 7% do total autorizado aplicado em investimentos. Foram pagos apenas R$ 2,4 milhões, dos R$ 36,1 milhões liberados.

Os dados sobre a execução dos investimentos da CHESF foram obtidos no Siga Brasil e segundo o portal estão atualizados até julho deste ano. 

Em valores correntes, entre 2000 e 2012, os recursos somados para a companhia chegaram a R$ 12,2 milhões. Porém, no período, a empresa deixou de investir R$ 3,7 milhões, pois as aplicações chegaram a apenas 69,7% do total previsto. Percentualmente, o pior ano de investimentos da Chesf foi 2002, quando 52,9% dos recursos foram utilizados. Já o melhor desempenho aconteceu em 2004, quando 88,7% foi aplicado. Nos últimos quatro anos, no entanto, os investimentos não superaram em execução a marca de 75%. (veja tabela)

Ainda em relação ao questionamento feito pela reportagem sobre os investimentos da Eletrobras em 2013, a empresa afirmou que, historicamente, a realização do investimento da empresa se realiza, de forma mais acentuada, no segundo semestre de cada ano. Ainda segundo a estatal, a ritmo de aplicação também contabiliza o adiamento nas liberações de licenças ambientais e a fatores de natureza interna, tais como demora nos processos licitatórios e atraso na entrega de materiais por parte dos fornecedores.

Apagão no nordeste

O apagão na região Nordeste nessa quarta (28) afetou todos os 326 municípios gerenciados pelo sistema Eletrobras. Eles se concentram nos Estados do Piauí (224 cidades) e de Alagoas (102).

Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a causa do apagão no Nordeste não possui relação com os investimentos, mas com uma queimada na fazenda Santa Clara na cidade de Canto do Buriti, no Piauí. Segundo o ministério, o blecaute provocou o desligamento de duas linhas de transmissão paralelas e totalizou um corte de carga de 10.900 megawatts.

Lobão afirmou que o “sistema é bom, é forte, é igual aos melhores do mundo. Queimada provoca esse tipo de desligamento, lamentavelmente acontece. Já aconteceu outras vezes no Brasil e no exterior".
Contas Abertas


Dominicanos preparam celebração dos 800 anos


O jubileu foi apresentado, no capítulo geral, como um tempo de renovação e de ação de graças pela vocação recebida, mas também como oportunidade para a Ordem dominicana olhar para o passado e o presente, num desejo de renovamento, sem triunfalismos ou falsas nostalgias, mas como um beber na própria fonte.

Renovação, aliás, foi a palavra forte do capítulo de Trogir, em continuidade com as decisões do capítulo de Roma, em 2010, onde foi iniciado, com realismo e esperança, um amplo processo de renovamento das estruturas da Ordem, a fim de melhor propiciar a missão e a vida fraterna, dimensões fundamentais e inseparáveis da pregação dominicana.

Neste capítulo, e já em preparação da celebração do oitavo centenário da Ordem, foram colocados três eixos fundamentais: a insistência sobre a palavra de Deus, a comunhão fraterna e o diálogo com o mundo. A reunião geral foi igualmente marcada por uma reflexão sobre a missão dos dominicanos, baseada originariamente na «pregação», e o papel evangelizador da Ordem no mundo de hoje. A este respeito, foi evocado o papel da internet na difusão do Evangelho, propondo-se que em cada Província da Ordem haja um irmão delegado para a comunicação.

A questão da identidade foi igualmente central nas conclusões da Assembleia. O capítulo geral sublinhou que os dominicanos devem permanecer fiéis à própria identidade e consolidar a sua missão, que consiste na «contemplação da Palavra, no estudo, e no diálogo com o mundo», lembrou o Mestre da Ordem Bruno Cadoré, na mensagem publicada na internet.

Insistiu-se também sobre a necessidade de aligeirar as estruturas do governo da Ordem e aliviar os irmãos de certas tarefas administrativas a fim de melhor poderem consagrar-se à evangelização. «Reapropriar-se daquilo que nos caracteriza, isto é, ser enviados a pregar o Evangelho», foi a fórmula utilizada por Bruno Cadoré para resumir o capítulo geral.


Fátima Missionária

Papa nomeia Pietro Parolin como novo Secretário de Estado

Pietro parolinO atual núncio apostólico na Venezuela, Arcebispo Pietro Parolin, foi nomeado pelo Papa Francisco como o novo Secretário de Estado do Vaticano, substituindo o Cardeal Tarcisio Bertone. A notícia foi anunciada oficialmente na manhã deste sábado, 31.
O comunicado ressalta que o Papa pediu ao Cardeal Bertone que permaneça no cargo até o dia 15 de outubro de 2013. Naquela data, em audiência com toda a Cúria Romana, Francisco agradecerá publicamente o fiel e generoso serviço prestado à Santa Sé pelo cardeal salesiano e apresentará dom Piero Parolin a seus colaboradores.
O novo Secretário de Estado nasceu em Schiavon, na região do Veneto, norte da Itália, e está com 58 anos de idade. De família simples, ficou órfão de pai aos 10 anos, ingressou no seminário aos 14. Estudou em Roma, foi ordenado sacerdote em 1980 e iniciou carreira diplomática na Santa Sé em 1986. Foi representante da Santa Sé na Nigéria e no México.
Em 2002, foi chamado novamente a Roma e nomeado vice-secretário da Seção para as Relações com os Estados, colaborando com os Cardeais Angelo Sodano e Tarcisio Bertone. Dom Pietro se ocupou das relações com os países asiáticos, como Vietnã e China até 2009, quando foi nomeado por Bento XVI para a Nunciatura de Caracas. A nomeação de Dom Pietro Parolin marca o retorno à Secretaria de Estado de um diplomata de formação.
Governadorato
Outra mudança importante foi anunciada pelo Papa Francisco na sexta-feira, 30 de agosto: a nomeação do sacerdote espanhol padre Fernando Vérguez Alzaga, de 68 anos, como novo Secretário-Geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano.
Membro da Congregação dos Legionários de Cristo, padre Alzaga exercia desde 2008 a função de diretor da Direção das Telecomunicações do Estado da Cidade do Vaticano. Ordenado sacerdote em 1969, fez mestrado em Filosofia e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana e obteve o diploma da Escola de Arquivista no Arquivo Secreto Vaticano.
Em 1972 iniciou seu serviço à Santa Sé na Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Em 1984 foi transferido para o Pontifício Conselho para os Leigos, assumindo, dez anos mais tarde, o cargo de chefia no Setor Internet da Santa Sé. 
CNBB

Reflexão para o 22º Domingo do Tempo Comum


No Evangelho, Jesus está jantando na casa de pessoas importantes da sociedade judaica. Ele observou, não apenas neste jantar, mas em diversas refeições de que participou, especialmente em banquetes, que as pessoas faziam verdadeiras ginásticas para estarem em lugar de destaque, próximos do anfitrião ou do homenageado. Ele aproveitou o momento para fazer algumas observações que não são de etiqueta, mas de postura em relação ao Reino do Céu.

Ele inicia quebrando certa visão conservadora de Deus e de relacionamentos “queridos” por ele.
Para Jesus não existe um Deus distante das pessoas e nem a necessidade de render-lhe homenagem com mortificações, penitências e jejuns. O Deus de Jesus Cristo é o Emanuel, Deus Conosco, que vem armar sua tenda em nosso meio, que vem participar de nossas alegrias e tristezas, que vem viver a nossa vida e nos quer ver alegres, felizes, em paz.

Em seguida, o Senhor faz uma advertência sobre quem convidar para o festim. 
Os convidados deverão ser os coxos, os aleijados, os excluídos, aqueles que jamais poderão retribuir o convite. Dentro da tradição, os convidados seriam irmãos, parentes, amigos e vizinhos. Jesus, rejeitou esse costume e deu novas orientações, como vimos.
Jesus dá o alerta em relação aos marginalizados, aos esquecidos. É com eles, com os que estão presentes apenas para servir, que o Senhor se identificou. Do mesmo modo Maria, nas Bodas de Caná, se identificou com os servidores, por isso ela percebeu a falta de vinho. Se estivesse sentada à mesa, não perceberia, mas como certamente estava ajudando a servir, apesar de convidada, percebeu. 
Neste momento poderemos nos perguntar de que lado nos posicionamos? Qual é nosso lugar social no mundo em que habitamos? Lugar social não tanto de nascimento, mas de opção. Colocamo-nos ao lado dos ricos, dos incluídos ou nos identificamos com os despossuídos?

Depois o Senhor entra na questão do acolhimento. Banquete, almoço, jantar ou uma simples refeição, supõe acolhida. Acolhemos apenas os sadios, os perfeitos, os íntegros, os santos, ou temos espaço para os doentes, para os que levam vida irregular e estão fora do politicamente e eticamente aceito?

Acolher os cegos, coxos e aleijados, siginificava na sociedade judaica acolher os pecadoores, já que o defeito físico, a doença e a miséria eram vistos como consequências de pecados. 
Jesus não está se referindo a uma refeição concreta, mas a uma postura de vida que aceita os puros, perfeitos, santos aos olhos dos valores éticos de nossa sociedade e rejeita aqueles que deveriam estar cobertos de vergonha pela vida que levam ou que levaram, pelas suas opções erradas, pela demonstração pública de que rejeitaram as inspirações para o bom caminho. Podemos pensar nos alcoólatras, drogados, viciados em jogos de azar, prostitutas e outros praticantes de atitudes que desabonam mocinhas e mocinhos virtuosos.

Concluindo nossa reflexão, peçamos ao Senhor a graça de mudarmos nosso lugar social e de nos identificarmos com aqueles que ele, sua e nossa bendita Mãe, se identificaram, ou seja, com os pobres, com os marginalizados.

Que a celebração eucarística, que nossa presença na igreja durante a missa, seja sinal do que acontece em nosso interior, e sintamo-nos irmanados com aquele que estiver ao nosso lado, seja conhecido ou não, bem apresentável ou não.

Não importa tanto se em nossa vida é frequente esse tipo de refeição, mas é fundamental que isso faça parte de nosso coração, de nosso querer, de nossa identificação, de nosso lugar de fé.
(CAS)

Rádio Vaticano 

Novo Secretário de Estado disse: "Missão será empenhativa e exigente"


Em declarações após a sua nomeação, Dom Pietro Parolin expressou profunda e afetuosa gratidão ao Papa Francisco pela – disse – “imerecida confiança” demonstrada em relação a ele, e manifestou a sua total disponibilidade em colaborar com o Santo Padre e sob a sua orientação para o bem da Igreja e da humanidade. 

O novo Secretário de Estado do Vaticano disse ainda sentir viva a graça desta chamada que, mais uma vez, constitui uma surpresa de Deus em sua vida. Disse sentir também toda a responsabilidade desta missão empenhativa e exigente, perante a qual as suas forças são frágeis, e pobres as suas capacidades. Por isso disse pôr-se ante esta tarefa com serenidade e confiança na misericórdia de Deus, na oração e ajuda dos outros. 

Dom Pietro Parolin recordou os seus familiares, a sua Diocese de origem, Vicenza, o Papa Bento XVI, países onde tem trabalhado, (Nigéria, México, Venezuela) e também a Secretaria de Estado, que “já foi a sua casa por muitos anos”, assim como o Cardeal Tarcisio Bertone, outros Superiores e colaboradores de toda a Cúria Romana. A todos - concluiu - sou largamente devedor.

Entretanto, neste sábado,31, de manhã, o Santo Padre confirmou nos respectivos cargos Dom Giovanni Angelo Becciu, Substituto para as Questões Gerais; Dom Dominique Mamberti, Secretário para as Relações com os Estados; Don Georg Gänswein, Prefeito da Prefeitura da Casa Pontifícia; Mons. Peter Wells, Assessor para as Questões Gerais ; e Mons. Antoine Camilleri, subsecretário para as Relações com os Estados. 


Rádio Vaticano 

INSS abre 300 vagas de analista do seguro

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) lança concurso para preencher 300 vagas de analista do seguro social, destinadas aos profissionais com formação de nível superior em diversas áreas de atuação. Deste total, 26 são reservadas a pessoas com deficiência. A remuneração total é de R$ 7 mil. (Confira edital)
O vencimento inicial bruto é de R$ 788,51, correspondente ao valor básico. São acrescidos os valores de R$ 1.261,61 (gratificação de atividade executiva); R$ 4.724 (gratificação de desempenho de atividade do seguro social); e auxílio alimentação de R$ 373; totalizando R$ 7.147,12.

As jornadas de trabalho são de oito horas diárias ou 40 horas semanais. Os postos de trabalho estão distribuídos pelas superintendências regionais Sudeste I – São Paulo; Sudeste II – Belo Horizonte; Sul – Florianópolis; Nordeste – Recife; Norte Centro-Oeste – Brasília; e Central – Brasília.
O candidato optará por atuar nas áreas de estatística (6); ciências contábeis (26); direito (31); administração (57); engenharia civil (31), mecânica (15), elétrica (13), de telecomunicações (7) e com especialização em segurança do trabalho (7); arquitetura (9); tecnologia da informação (26); terapia ocupacional (13); pedagogia (7); psicologia (24); jornalismo (2); publicidade e propaganda (1); fisioterapia (24); e letras (1).
As inscrições podem ser feitas até 13 de setembro, por este site, mediante pagamento de taxa no valor de R$ 67,21.
Diário do Nordeste

Grupo reivindica melhorias para o Parque Rio Branco

Amanhã, 1º, o Movimento Proparque realizará um piquenique e um protesto para cobrar ações efetivas do poder público no cuidado com o Parque Rio Branco, local de paisagem verde e canto de pássaros no bairro Joaquim Távora. O evento, marcado para as 8 horas, terá uma visita guiada até as dependências do espaço verde e explicações sobre as legislações que protegem o local.
Atualmente, o Parque Rio Branco passa por revitalização. A capinação e a limpeza começaram há mais de uma semana. Também será feita pintura de meio-fio e recolocação de pedras portuguesas, segundo informou a Secretaria Regional (SER) II. As ações são realizadas em parceria com a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) e ainda não têm data prevista para término.

Na última terça-feira, 27, sacos abarrotados de folhas e galhos estavam acumulados na entrada do parque. Resultado dos primeiros dias de limpeza. O diretor operacional de Podas e Corte da Emlurb, Franzé Cidrão, explica que foram retiradas seis árvores mortas, da espécie brasileirinho, que estavam acometidas por uma lêndea branca. “Fizemos ainda a poda para levantamento de copas. Algumas árvores estavam baixas e atrapalhavam o caminhar das pessoas”, pontuou.
A ação é contestada por Ademir Costa, gerente de documentação do Movimento Proparque, entidade que trabalha com ações de preservação do espaço verde há mais de 20 anos. Segundo ele, a poda devia ter sido feita de maneira adequada. “As árvores foram depredadas e não podadas”, argumenta.
Ademir Cota também fala sobre recentes ações de vandalismo que aconteceram no espaço verde. Segundo ele, muitas árvores chegaram a ser queimadas nas proximidades da nascente do Riacho Rio Branco. O grupo teme que ações violentas voltem a acontecer.

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (Seseg) informou que quatro guardas municipais permanecem no parque das 7h30min às 17h30min, de segunda-feira a domingo, para prevenir ações violentas contra as pessoas ou depredações ao espaço verde.
Os homens pertencem ao Pelotão Ambiental da Guarda Municipal. Também de acordo com a assessoria de imprensa da pasta, os guardas só são removidos, durante o fins de semana, se acontecerem operações especiais em outros pontos da Cidade. (Isabel Costa)

Serviço 
Domingo no parque
Quando: amanhã, 1º
Horário: 8h às 12 horas
Local: Parque Rio Branco (avenida Pontes Vieira, s/n)

O Povo